1- A Telepata_ Persuadidos

By JssikaSoares

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" No segundo que eu olhei para ele, eu sabia que não tinha mais volta." Sarah Rens é uma garota comum que... More

Ajuda dos leitores ;)
Sinopse
Capitulo 0 - Prólogo
Capítulo 1 - Nada menos que estranho
Capítulo 2 - Lar das pessoas inconvenientes
Capítulo 3 - Intocável
Me da uma estrelinha? Nunca te pedi nada :)
Capítulo 4 - Pequeno milagre
Capítulo 5 - Cowboy
Capítulo 6 - Alguém perfeito
Capítulo 7 - Megafone
Capítulo 8 - Quebrando Muros
Capítulo 9 - Casamenteira
Capítulo 10 - Pessoas que nem existem
Capítulo 11 - Despretensiosamente
Capítulo 12 - Pensar com você
Capítulo 13 - Se eu pudesse fazer o que ele faz
Capítulo 14 - Rostos me encarando
Capítulo 15 - Conclusões sobre a vida alheia
Capítulo 16 - Uma versão do garoto de olhos cinzentos
Capítulo 17 - Algo que estava por vir
Capítulo 18 - Novas vizinhas
Capítulo 19 - Maldita telepatia
Capítulo 20 - Dependeria da sorte e do destino
Capítulo 21 - Seguindo em frente
Capítulo 22 - A leveza de Zac
Capítulo 23 - Do que você tem tanto medo?
Capítulo 25 - Me deixando envolver
Capítulo 26 - Viajem de feriado.
Capítulo 27 - Ela esconde tantos segredos quanto eu.
Capítulo 28- Não importa o que você escolha, o destino não muda
Capítulo 29 - Acho que estou completamente apaixonado por você.
Capítulo 30 - O destino nunca se altera, sempre se modifica.
Capítulo 31 - Como seguir em frente depois de estar com ele?
Capítulo 32 - Lobo na pele de cordeiro
Capítulo 33 - Tantas coisas nele faziam sentido naquele instante.
Você de roteirista, que tal?
Capítulo 34 - Agora estou pronta!
Capítulo 35 - Fique de olhos bem abertos, tente não perder nada.
Capítulo 36- Perto o suficiente da verdade.
Capítulo 37- Tudo parecia querer me engolir outra vez.
Capítulo 38- Era estupido prolongar aquela situação.
Capítulo 39 - Dessa vez não vai ter enganos.
Capítulo 40 - O preço por não pensar direito.
Capítulo 41 - Não desista amor, lute por nós.
Capítulo 42 - Eu estive lá esperando você cometer o menor dos erros.
Capítulo 43 - Não queria só a minha alma, queria me enterrar no inferno.
Capítulo 44 - Volte e tente terminar o que precisa ser terminado.
Capítulo 45 - Vamos viver a nossa vida a partir de hoje.
Capítulo 46 - Parecia que só os verdadeiros permaneceriam em pé aquela semana.
Capítulo 47 - Aquela bala nunca conheceu o destino que ele esperava.
Capítulo 48 -Bem longe de terminar. (FINAL)
Novas histórias :)
Continuação começa hoje 25/12
14 coisas que você não sabia sobre "A Telepata_"
***** Lançamento *****

Capítulo 24 - Se você pudesse ver

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By JssikaSoares


A fachada da minha casa era uma das mais bem cuidadas e amparadas da nossa rua. Peter pagava muito bem o nosso jardineiro, que cuidava das flores e aparava os arbustos do jardim. Na porta de entrada havia uma pequena varanda, que nos permitia ver praticamente toda a vizinhança próxima. Parte dela era fechada com vidro fume encoberto por trepadeiras em pleno vigor. Era um lugar aconchegante, criado exclusivamente pelo meu padrasto dedicado.

Tanto eu quanto Bruce gostávamos de sentar nos sofás de vime que ele havia espalhado por aquele canto e esticar as pernas por cima dos pufes para conversar nos dias quentes. Era onde também fazíamos reuA fachada da minha casa era uma das mais bem cuidadas e sofisticadas da nossa rua. Peter pagava muito bem o nosso jardineiro, que cuidava das flores e aparava os arbustos do jardim. Na porta de entrada havia uma pequena varanda, que nos permitia ver praticamente toda a vizinhança próxima. Parte dela era fechada com vidro fume encoberto por trepadeiras em pleno vigor. Era um lugar aconchegante, criado exclusivamente pelo meu padrasto dedicado.

Tanto eu quanto Bruce gostávamos de sentar nos sofás de vime que ele havia espalhado por aquele canto e esticar as pernas por cima dos pufes para conversar nos dias quentes. Era onde também fazíamos reuniões com os nossos amigos só para jogar conversa fora nos dias sem nada a fazer.

Eu estava sentada na parte não coberta de vidro da varanda. Onde havia uma pequena murada entre o piso de madeira e o início do gramado. Estava com as costas escorada na coluna de pedra e com um dos pés suspenso, balançando descontraidamente no ar. Lia um livro que tinha trazido para casa já fazia algum tempo e estava jogado em um canto do meu quarto.

A história em si não era nada de mais, mas estava me ajudando a manter a cabeça longe do garoto dos meus sonhos e dos últimos ocorridos. Todas as coisas que tinha visto na cabeça de Josh me perturbou bastante, tanto que havia passado boa parte do início da tarde pensando naquilo

Já havia lido quase metade do livro quando meu celular vibrou ao meu lado. Era uma mensagem de Zac.

Zac: O que você está fazendo?

Eu: Lendo um livro.

Zac: E ele é muito bom?

Eu: Digamos que já li vários melhores. Por que?

Zac: Estava pensando em convidar você para fazer algo J

Eu: Tipo o que?

Zac: Dar uma volta, meu sábado está um tédio total!

Eu: Está querendo me dizer que só lembrou de mim porque seu sábado está um tédio total?

Eu sorria olhando para o visor do celular esquecendo completamente o livro que estava lendo.

Zac: Na verdade meu sábado está um tédio porque passei o dia inteiro pensando em uma forma de encontrar você. Mas já é quase noite e eu não tive nenhuma ideia. L
Então resolvi ir direto ao ponto.

Pensei um pouco antes de responder, imaginando lugares onde seria divertido àquela hora do dia, que também fosse surpreendê-lo e ao mesmo tempo nos dar a chance de passar mais tempo juntos.

Eu: Que coisa triste!! Mas a gente pode resolver isso ainda... Você conhece à CN Tower?

Zac: Você está falando daquele negócio gigante( que é impossível de não se ver) que tem lá no centro?

Eu: Vai me dizer que você tem medo de altura?

Zac: Claro que não. Só que eu posso ver o negócio daqui de casa, e eu nem moro tão perto do centro assim.

Eu: Sorte a sua L

Zac: Então, era um convite naquela mensagem anterior?

Eu: Não sei. Talvez, se você aparecer aqui em casa possa descobrir.

Zac: Estarei ai em vinte minutos.

Eu: OK!

Zac: Obrigada por me ajudar a resolver meu problema de tédio ;)

Subi as escadas de dois em dois degraus. Estava empolgada com a possibilidade de deixar todas as coisas de lado e me divertir um pouco. A CN Tower era um dos lugares mais legais que existia em Toronto para quem gostava de altura. E por algum motivo eu gostava bastante de olhar para baixo e imaginar o quão pequena as pessoas parecem lá de cima.

Coloquei uma blusa justa, o meu melhor jeans e tênis. Fiz uma trança no cabelo, já que não teria tempo de arrumar até que ele chegasse. Aquele tipo de trança toda trabalhada que eu e Suan ficávamos horas treinando em frente aos vídeos do youtube. Suan sempre seria melhor nessas coisas do que eu, mas como ela não estava em casa tive que me virar sozinha. Aquele era o lado ruim dela estar finalmente namorando o meu irmão, ela não tinha mais tanto tempo para nós, e eu sentia muito a falta dela, mas estava feliz demais por ela para reclamar da sua ausência.

Depois de passar quase metade do tempo que tinha trançando o cabelo estava com um visual comportado, mas ao mesmo tempo bonito. Passei uma maquiagem leve, não queria que ele pensasse que estava apelando, até porque ele gostava de me ver ao natural segundo seus pensamentos.

Eu estava pronta e me encarava no espelho feliz com o resultado. Minha trança ia até a minha cintura e fios soltos emolduravam meu rosto arredondado. O efeito tinha ficado bacana, mas eu me sentia muito básica naquela roupa. Se vestir para um encontro era muito difícil sem Suan.

Peguei uma echarpe com detalhes em preto que Suan tinha me dado e enrolei em volta do pescoço. Não é que ela tinha razão, o acessório dava certo charme a minha roupa comum. Passei a alça da bolça transversa pela cabeça e desci as escadas bem a tempo de Zac tocar a campainha.

Ele estava lindo com seu modelito despojado sem exageros.

-Está pronto para ver o mundo de outro ângulo?- meu sorriso ia de uma orelha a outra.

No rosto dele estava estampado o mesmo sorriso que o meu, o que fazia aquele pequeno sinal se aproximar ainda mais de seu olho.

-Mais do que pronto.

Fechei a porta e nos dirigimos ao seu carro, que estava tão limpo quanto da última vez que estive nele. Ele dirigiu com cuidado enquanto me contava sobre as coisas que ele fazia na sua antiga cidade.

Zac sempre tinha inúmeras histórias a contar e todas elas envolviam seus amigos antigos. Era bom ver como ele falava com carinho daquelas pessoas, e sinceramente esperava que meus amigos falassem assim de mim quando eu não estivesse por perto.

Ele me contou das vezes em que eles foram a praia "pegar onda", como ele dizia. Segundo ele não era um excelente surfista, mas se empenhava em aprender cada vez mais. De todas as coisas da sua cidade era do mar que ele mais sentia falta. De poder caminhar de pés descalços na areia quente e usar roupas leves na maioria do tempo.

Estava explicado porque ele se vestia daquela forma. Talvez o guarda roupa dele não tivesse passado por uma renovação quando ele veio para cá. O que pela calça jeans justa e a camisa xadrez que ele vestia, aquilo estava começando a mudar.

Quanto mais perto chegávamos da Torre maior ela parecia. E quanto maior ela parecia mais eu podia sentir que ele temia a altura. Era engraçado ver ele se esforçando para não demonstrar aquilo.

-Olha, a gente pode ir até o primeiro observatório se você tem medo.

-Não. Quero conhecer tudo.

-Você é quem sabe.- sorri para incentivá-lo.

Quando chegamos na entrada da Torre Zac começou a ficara ainda mais nervoso e não contive uma gargalhada quando ele perguntou ao guarda se havia um banheiro por perto.

-Sério, você precisa mesmo ir ao banheiro?

Ele estralou os dedos e depois deu um pequeno sorriso amarelo.

-Tudo bem, vou confessar tenho um pouco de medo de altura.

Eu revirei os olhos enquanto continha um sorriso. Olhando para ele por aquele ângulo novo, de garotinho assustado, eu conseguia ver uma coisa nova em Zac. Vulnerabilidade. E gostei daquilo.

Me aproximei dele e segurei a sua mão, entrelaçando seus dedos nos meus, como sonhei um dia fazer com o garoto dos meus sonhos.

-Vem, eu vou estar bem do seu lado.

O rosto dele corou por um breve segundo, mas depois ele estufou o peito e se encheu de coragem para seguir ao meu lado. Caminhamos até o início da escadaria e ele já não entendia mais nada. Quando subi no primeiro degrau ele me puxou pela mão.

-Aonde você vai?

Estava ansiosa para ver a reação dele quando eu dissesse que íamos subir 1776 degraus em aproximadamente 30 minutos.

-Vamos subir. -ele soltou a minha mão, como se dissesse que nem por um milagre ele faria aquilo.

-Você não está pensando em subir de escada não é?- ele olhou para as escadas e leu na placa, que ficava ao pé da escada, quantos degraus eram até o ultimo observatório.- São 1776 degraus!

-Sim. Não demora mais que 40 minutos.

Claro que eu não estava pensando em subir de escada, até porque íamos perder todo o nosso encontro ficando sem ar e morrendo de cansaço. Mas era engraçado ver aquele espanto no rosto dele.

-Mas eu vou precisar das minhas pernas amanhã!- ele olhou ao redor, onde um pequena fila se formava em frente ao elevador.- A gente não pode subir igual as outras pessoas normais sobem?

Olhei na mesma direção que ele olhava e sorri. Desci do degrau e me dirigi ao fim da fila arrastando ele pela mão. Eu podia ouvir ele soltando o ar de alivio e não contive um sorriso.

Tivemos que esperar o segundo elevador chegar, porque não couberam todas as pessoas no primeiro, e assim que fomos amaçados como sardinhas em lata ele olhou para mim e sussurrou.

-Você estava pensando mesmo em ir de escadas?

Sussurrei de volta.

-Achei que você fosse atleta.

Ao ouvir o que cochichávamos uma menina a nossa frente, que segurava a mão de uma mulher que aparentava ter idade para ser sua vó, arregalou os olhos na nossa direção.

-Eu estava brincado.

-Juro que eu cheguei a acreditar que ia mesmo ter que implorar pra gente pegar o elevador.

Nós dois rimos baixinho e depois alternamos olhares entre a menina que nos encarava e o resto das pessoas que não entendiam o motivo da nossa risada. Até que Zac começou a encarar fixamente o ponteiro do elevador.

Enquanto ele se preocupava com a altura que não parava de aumentar eu me concentrava nas pessoas a minha volta, inclusive na pequena menina, que parecia tão à vontade. Minha mente estava totalmente sobe controle, tanto que não tinha ouvido um pensamento sequer de Zac.

O que era bom sinal.

Mas o fato de estar amontoada em meio a tantas pessoas, as tocando com livre acesso e tentando ainda por cima respirar, me deixava um pouco vulnerável. Então fixei meu olhar na menina, decidindo que se iria mesmo me concentrar em algo para não perder o foco, seria nela.

Foi mais fácil do que qualquer vez que tenha tentado. Em poucos segundo eu estava dentro da cabeça da criança, que vim a descobri se chamar Anabelle. Foi exatamente como tinha sido com Josh, em pouco tempo eu estava sentindo as emoções dela, o calor que emanava da mão da sua vó materna, o carinho que ela sentia pela senhora, assim como o respeito. Me enchi de uma ingenuidade e segurança que me deixou feliz.

Me senti feliz com toda aquela onda de sentimentos e sensações. Nunca tinha estado na cabeça de uma criança antes e a sensação era de pura felicidade. Só quando chegamos ao nosso destino e a menina desceu é que a conexão foi quebrada. Tão naturalmente como um piscar de olhos. Não estava mais me concentrando e as imagens de dias felizes no gelo foram interrompidas por vozes que vinham de todos os lados do elevador.

Desembarcamos assim que foi possível e quando menos esperei Zac já estava me puxando para a vidraça, com nossos dedos entrelaçados.

-Meu Deus é muito alto!!!- ele parecia fascinado tanto quanto a menina do elevador. Já não sentia mais medo, parecia até um pouco criança.

-É legal não é?

-Incrível.

Ele pegou o celular do bolço da calça e tirou uma foto do lugar. A foto ficou muito boa, dava para ver perfeitamente onde estávamos e a boa distância que tínhamos do chão.

-Vem tirar uma foto comigo.- ele mudou para a câmera frontal do celular e tirou uma foto nossa sem dificuldades. -Meus amigos não vão acreditar quando virem o quão alto eu estive.

A foto tinha ficado engraçada comigo fazendo careta e ele mostrando a língua. A foto perfeita para descrever o momento.

Passamos boa parte do tempo rindo das pessoas assustadas e apreciando a vista. Zac estava eufórico e não parava de me fazer perguntas sobre o lugar. Contei a ele tudo que sabia sobre a torre.

Ele não quis subir na parte mais alta e eu prometi que não iria contar a ninguém sobre aquilo, porque já o estava achando corajoso o suficiente por estar ali comigo. Depois de caminhar pelo lugar, tomar um suco de fruta natural e rir bastante das pessoas, paramos em um canto e ficamos observando o dia dar lugar à noite.

-Olha essa paisagem.- eu não conseguia parar de me deslumbrar com o lugar. A beleza das cores todas juntas, se transformando em noite, era de tirar o folego. Assim como as luzes que se acendiam lá em baixo.- Não se pode ver o céu assim lá de baixo por causa dos prédios.

Quando olhei para Zac, que estava em silencio, me deparei com aqueles olhos na minha direção. Ele não olhava para nada que não fosse para mim. A expressão no seu rosto era de admiração.

-O que foi?

Ele se aproximou de mim e deslizou um dedo pelo meu rosto com delicadeza.

-É que se você pudesse ver o que eu vejo também ia ficar sem palavras.- eu já não conseguia mais lembrar do que estava falando, só conseguia sentir o seu toque. E aquilo me aqueceu.

Direcionei meu rosto para ele e deixei que seus lábios pressionassem os meus. Seu beijo era cheio de ternura e delicadeza, como se ele tivesse medo que eu me afastasse de repente. Eu podia sentir seu coração sobre a minha mão que estava apoiada no seu peito e gostei da forma como ele batia rápido.

Deixei me levar pelo momento, me entregando completamente a ele. Me deixando envolver.

-Eu gosto de você.- disse ele encostando a sua testa na minha.

Ele me olhava de perto, com aquele pequeno oceano direcionado só pra mim.

-Eu não me decidi ainda sobre isso.- e com um pequeno sorriso voltei a beijá-lo. Envolvi sua nuca com os meus braços e absorvi toda a macies do seu beijo. Ele pareceu gostar da ideia, porque assim que me aproximei suas mãos já estavam na minha cintura.

Era engraçado aquele tipo de momento, porque eu não sabia muito bem o que esperar e o que fazer. Não que eu não soubesse beijar um garoto, mas era engraçado como eu me sentia estranha. Como se fosse fazer algo errado a qualquer momento. Nunca fui muito habilidosa quando se tratava de relacionamentos, e estar com alguém que me fazia tão bem, quanto ele fazia, me deixava um pouco menos ansiosa.

Tinha namorado um garoto no nono ano que era bem parecido com Zac. Ele era calmo e tinha bons assuntos. Sempre inventava uns passeios legais e boas histórias. Aquele tipo de garoto que toda garota sonha em conhecer, até que ele teve que se mudar para outra cidade e nunca mais nos vimos. Digamos que foi a minha primeira decepção amorosa, já que eu fiquei bem pra baixo com a partida dele. Gostava do garoto porque havia deixado bastante de lado meus sonhos quando o conheci. Estava vivendo mais no mundo real. Mas foi só ele virar as costas para que eu me afundasse de vez nos enormes olhos cinzentos todas as noites.

Eu já estava quase sem folego quando imagens começaram a se transportar da cabeça de Zac para minha com uma velocidade impressionante. Rica em detalhes e cores.

Era um dia ensolarado de praia, e havia algumas pessoas ao redor de uma prancha de surfe amarela. Ao todo haviam duas meninas e quatro garotos. Todos desconhecidos para mim.

O mar ao fundo parecia quase transparente quando morria na areia e as ondas lá atrás pareciam bem agitadas. A cena toda era nova para mim, mas quando prestei atenção bem lá ao fundo, eu pude ver um Zac de cabelos mais comprido beijando uma garota. Ele quase não parecia o mesmo, mas usava as mesmas roupas e se movia de forma semelhante.

A garota sim me era familiar, mas não de um jeito bom. Meus sentidos ficaram todos alarmados quando olhei para ela. Por algum motivo eu não queria olhar na sua direção, como se algo ficasse preso na minha garganta. A imagem rapidamente foi substituída por outra, onde Zac segurava a mão de alguém através de uma porta. Do ângulo que eu via muita coisa não podia ser vista, na verdade nada além de dedos sobre postos.

Ele parecia implorar por algo, mas a outra pessoa não parecia muito disposta a ceder. Assim que finalmente pude ver o rosto da outra pessoa meu sangue gelou. Por algum motivo aquela garota me assustou. No exato instante eu soube que se tratava da mesma garota da cena na praia, e o mesmo sentimento de repulsa me tomou por completo.

Parei o nosso beijo no mesmo instante, não querendo ver mais nada. Não entendia como alguém que eu nem conhecia podia me perturbar tanto como aquela garota tinha feito. Pisquei os olhos voltando a realidade, me convencendo de que era somente a parte de mim que gostava de Zac sentindo ciúmes. Porque não era possível odiar uma pessoa que só conhecia das lembranças de alguém.

Então só podia ser ciúmes.

-Então, decidiu?

Ele me olhava com os olhos semicerrados de um observador cauteloso.

-Acho que gosto de você também.- e aquilo parecia bem verdadeiro depois do ciúmes que me bateu por causa do seu passado.

Ele pressionou os lábios rapidamente nos meus mais uma vez e depois se afastou.

-Acho que a gente pode fazer isso mais vezes.

Eu apenas sorri concordando.

Entrelaçamos nossos dedos e seguimos para a saída antes que alguns dos guardas nos expulsassem. Já que os mesmos nos olhavam com cara de quem não estava nem um pouco afim de presenciar nossos atos românticos.

Estávamos na fila do outro elevador e quando as portas magnéticas se abriram eu pude ver a mesma menina de antes me olhando atentamente. Não conseguia acreditar que ela estava vindo do andar de cima e eu e Zac nem se quer cogitamos a ideia de sair do primeiro observatório. Menina corajosa.

Descemos os andares com mais espaço do que havíamos subido, o que foi um alivio. Odiava ter que ficar me concentrando quando havia muita gente me tocando. Porque sempre que se presta muita atenção em alguma coisa especifica acaba-se perdendo os pequenos detalhes da vida, teoria que eu tinha concluído assim que consegui controlar permanentemente meu dom.

Quando saímos da Torre a menina, que andava de mãos dadas com a avó alguns passos a nossa frente, olhou para trás e sorriu para mim. O gesto dela foi simples, meigo e ao mesmo tempo misterioso. Como se ela soubesse de alguma maneira o que eu havia feito.

Mais uma vez admirei a esperteza daquela menina e deixei que a minha imaginação acreditasse que ela sabia o que eu tinha feito.

O caminho de volta foi tão agradável quanto a ida. Zac não parava de falar, contando uma história atrás da outra e arrancando gargalhadas de mim sem parar. Ele era tão divertido que antes mesmo que pudesse notar já estávamos em casa.

-Então, consegui ajudar você com o seu tédio?

Ele semicerrou os olhos e olhou para frente como se estivesse pensando sobre o assunto realmente.

-É, dá para se dizer que sim.

Soqueei seu ombro de brincadeira, caindo na sua implicância.

-Foi ótimo conhecer aquele lugar incrivelmente alto.

-Não se preocupa, não vou contar para ninguém sobre seu medo de altura.- disse sorrindo.

-Você vai esquecer isso um dia?

-Pouco provável isso acontecer.

Ele bateu com a mão levemente na cabeça se punindo por parecer tão medroso, o que me arrancou um sorriso do rosto. Cheguei perto dele e pressionei os lábios levemente na sua bochecha, e depois me direcionei para porta.

-Hei!- ele segurou minha mão antes que eu pudesse ir.

Assim que voltei meu olhar para o seu ele continuou:

-Não pode ir embora com um beijo assim depois de um dia como esse.

Ele falava com um sorriso convencido nos lábios, daqueles que repuxa o canto dos olhos e faz um garoto como ele parecer ainda mais bonito do que já é.

-Por que não?

-Porque é simples demais.

Revirei os olhos só para irritá-lo e depois deixei que ele me puxasse para mais um beijo carinhoso. Esperava não ter que ver nenhum tipo de imagem dele com a garota outra vez, já que me descobri bastante ciumenta. E foi exatamente assim que aconteceu. O beijo foi curto e terno, como toda despedida deveria ser.

Sai do carro e acenei para ele.

-Até amanhã.

-De novo?

Uma ruga surgiu entre as minhas sobrancelhas.

-Como assim?

-Você disse a mesma coisa na sexta, por isso achei que a gente se veria no sábado, mas no fim se eu- ele enfatizou o "eu"- não tivesse te chamado não teríamos nos visto. Você não pode ser ruim assim com um garoto legal.

Abri um sorriso na direção dele. Daqueles que as meninas dão quando se sentem boba.

Ele havia passado o dia inteiro esperando que eu ligasse para ele e por isso que por fim acabou me ligando. O que significava que ele gostava tanto de mim quanto eu esperava que gostasse.

-Vai ver eu estava prevendo que esse convite ia acontecer.

-Esperta! Então vou deixar você adivinhar se você vai estar certa sobre amanhã.- ele piscou para mim e depois acenou me dando tchau.

É claro que eu e ele sabíamos que eu não tinha adivinhado nada, assim como ele sabia que eu não tinha dito até amanhã de propósito só para jogar verde, mas mesmo assim foi legal perceber que estávamos construindo algo bom.



Meninas comentem o que estão achando... e amanhã terá capitulo dobrado :D

Música tema: Last Hope (Paramore)

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