Intermináveis Sensações

By Wintem_Macol

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Nenhum resumo desta história poderia ser melhor que uma leitura do primeiro capítulo. More

1 - PILOTO (Parte I)
1 - PILOTO (Parte II)

2 - O Retorno dos Segredos Obscuros (Parte I)

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By Wintem_Macol

Samuel estava bastante ansioso naquele 27 de Julho, por duas razões. A primeira, era que ele finalmente iria rever a irmã, após alguns meses separados pelo oceano atlântico. A segunda razão para sua ansiedade fora do comum, é que naquele dia, há exatos três anos seu pai morrera. O falecimento ocorreu durante um assalto à mansão da família.

No momento em que o pessoal da investigação lançou a ideia de que talvez o crime tivesse sido motivado por vingança ou rivalidades, tendo em vista que a empresa da família Altgran estava avançando, e monopolizando o setor regional, a família apresentou uma reação negativa e brusca: Alegaram que não havia tal possibilidade, uma vez que Fernando era um homem bastante calmo, amigável e que sempre se deu bem, inclusive com a concorrência, com a qual firmava acordos de grande importância, para garantir o suprimento essencial: Uvas - A família produz vinhos.

Mas, os investigadores pressionaram tanto que um motivo a família tinha que apontar, e apontaram um suposto assalto. Assalto esse, que permaneceu alimentando o ódio e o medo dos devotos clientes, funcionários e amigos; indignados com tamanha brutalidade e criminalidade, numa cidade que era considerada muito calma até então. O assalto nunca foi confirmado, pois o criminoso nunca foi achado e nada na casa foi levado, porém, pelo bem dos próprios policiais e da família, foi melhor arquivar o caso, como assalto.

Foi no mês de Dezembro - como contava a viúva Vitória a todos os desinformados que ainda perguntavam. A mulher de fina classe, porém muito simpática, chegou em casa e deparou-se com o corpo do marido, e um assaltante, que tentou atirar nela, mas errou o alvo, por pouco.

- Teria sido melhor se acertasse. - Dizia ela, toda vez que contava a história. - A dor de perder meu marido, ainda me incomoda todos os dias, como o nascer do sol, que a cada dia se repete, as vezes atrasando, ou as vezes menos doloroso e brilhante, mas sempre nascendo, sempre doendo dentro de mim.

As poéticas palavras de Vitória, foram se construindo com o tempo. Pois no dia do ocorrido, Vitória fora encontrada no chão - chorando ao lado do corpo sem vida do marido -, por um empregado da família. Foi um crime chocante, a cidade não falou de outra coisa por meses, pois, apesar de ser bem desenvolvida, ainda guardava alma de cidade pequena.

Por mais que não fosse tão pequeno quando isto ocorreu, Samuel sofreu um choque imenso, ele e o resto da família, que passou a se policiar ainda mais, e a desconfiar das pessoas, levando fama de antipática por aqueles que não compreendem o motivo. A Altgran Vinhos, empresa que a viúva Vitória herdou, caiu na mão de investidores e sócios, restando apenas uma pequena parte de 20% para ela, e mais 20% para as filhas, adultas: Jeni e Cris.

Jenifer, conseguiu, com grande sorte, um cargo na representante da empresa em Portugal, e pra lá se mudou, logo após a morte de Fernando. Apoiada por Vitória e Cris, Jeni, se tornou uma empresária de sucesso, que mesmo sem a faculdade concluída, se destacou na administração de contratos internacionais, e se destacou tanto, que nos dias em que decide voltar ao Brasil, já era dona de 40% da empresa, conseguindo comprar e negociar uma parte correspondente a 20% da mão dos investidores.

Cristiane, por outro lado, não obtivera tanto sucesso quanto sua irmã gêmea. Não conseguira cargo na empresa, cursava administração, e sem grandes pretensões, passava as noites a base de bebidas alcoólicas caras e com homens desconhecidos.

Logo após a morte de Fernando, Vitória sofreu um acidente, caiu da escada da casa, e então passou a viver com limitações, na condição de deficiente física. Só conseguia se locomover com a ajuda de uma cadeira de rodas, o que lhe forçou a abandonar a enorme suíte em que dormia com o falecido, e começou a dormir no quarto de hospedes, onde não havia a necessidade de subir e descer escadas.

Tudo mudou depois da morte de Fernando Altgran: a casa, parecia estar mais silenciosa, por mais que nunca tivesse sido chamativa – exceto pela bela arquitetura extravagante. Mas naquele dia, em que Jeni retorna, o barulho da casa voltaria novamente.

Finalmente, naquela manhã, quando o avião parou de bater asas no aeroporto da cidade, o sol brilhou, e pode iluminar a tristeza e as vergonhas de cada um dos cidadãos, inclusive de Cris, que acordara num motel. Inclusive de Eduardo, que já não sabia mais se a noite anterior havia sido verdade ou só um sonho. Mas a dúvida não iria atrapalhar o decorrer do tempo, e foi no espelho do banheiro que ele analisou seu corpo: nenhuma marca, embora ele lembrasse de mordidas e chupões no pescoço. Mas, afinal, deveria mesmo ser só um sonho. Como Ricardo iria entrar no quarto dele sem que ele percebesse? Eduardo sentiu-se um pouco triste... Como pude me iludir com uma besteira dessas? - Pensou.

Ricardo vestiu o uniforme branco, azul e com listas vermelhas da escola. Penteou o cabelo e desceu para tomar café. Dona Helena, sua mãe estava arrumando uma mala rápido colocando coisas dentro, e seu irmão estava fixo na tv enquanto comia o cereal com leite.

- Bom dia. - Disse.

- Ah. Que bom que chegou, precisamos conversar sobre uma coisa. - Disse a mulher de cabelos pretos, franzindo a testa sobre o nariz longo e fino.

- O que houve? A Tia Glória piorou? - Perguntou Eduardo enquanto sentava na mesa, o mais longe possível de Júlio.

- Não. Ela está bem... - Encostou-se na parede e cruzou os braços - Mas eu percebi que aconteceu algo aqui ontem a noite.

- O quê? - Perguntou Júlio - Eu fui dormir cedo hem, não sai nem nada.

- Garotos, minha caixinha de jóias desapareceu. Eu quero saber quem pegou, e por que pegou. Podem falar agora, é melhor pra vocês. - Disse Helena com um tom bastante sério. Júlio achou que não era o momento de prestar atenção na TV, e olhou para a mãe. Eduardo congelou, inconscientemente. Começou a acreditar que talvez a noite passada não tivesse sido só um sonho.

- Eu não peguei nada mãe, juro.

- E você, Eduardo? Sabe de alguma coisa?

- Eu também não peguei. - Disse com uma voz fraca.

- Okay. - Helena sentou-se a mesa, e olhoupara os dois garotos com intervalos regulados de oito ou dez segundos cada. - Eu realmente preciso saber da verdade. Um de vocês pegou a minha caixinha de jóias, não tem mais ninguém aqui. Eu não ligo pra quem pegou, de verdade... eu só quero saber o motivo. Vocês precisaram roubar aqui em casa, e nunca precisarão. Se estão em problemas, eu quero que me falem.

- Mãe, eu não sei de nada. - Disse Júlio.

- Eu também não peguei a caixa de Jóias.

Helena coça a cabela, leva as mãos à testa e em seguida levanta-se em silêncio, procurando alguma coisa para dizer. Até que em fim, fecha o zíper da bolsa que estava enchendo e diz:

- Eu estou muito decepcionada com vocês. Não foi assim que eu criei vocês. Vocês não precisam mentir pra mim.

- MAS MÃE... - Protestou Júlio.

- E, - Acrescentou Helena - Vocês tem até a noite de hoje para me contarem aonde estão minhas jóias, ou eu nós definitivamente vamos ter que... fazer algo aqui.

- MÃE EU JURO QUE EU NÃO PEGUEI! - Disse Júlio novamente convicto de sua inocência, pelo menos dessa vez.

- Primeiro a sanduicheira, depois as joias, e agora, quando eu entro na cozinha... onde estão os talheres que eu ganhei da minha avó? Se vocês estão metidos com algum vício é melhor me falarem agora ou a coisa pode ficar ainda pior. Vocês sabem que podem confiar em mim, vamos resolver isso.

Os garotos ficam em silêncio. Ambos sabem que não pegaram nada. Porém, um deles, sabe quem provavelmente roubou os objetos.

- Agora eu preciso ir. Fechem bem a casa, a noite conversamos. - E Helena saiu batendo a porta e assustando Eduardo, que estava com o coração na mão.

Enquanto tropeçava nas garrafas de bebida no chão, e tropeçava em si mesma para conseguir recolher sua roupa que estivera no chão pela noite toda, o telefone de Cris tocava no criado mudo, por sorte não acordando os dois homens que pareciam inconscientes na cama. Seu cabelo, armado, pareceu um empecilho para colocar o telefone no ouvido, mas ela o fez.

- Oi. - Disse com voz sonolenta.

- Você não vinha me buscar no aeroporto? - Cris ouviu uma voz familiar, e a sensação de impotência, por não ter conseguido lembrar do compromisso que firmara a menos de 24 horas atrás lhe atingiu a consciência.

- AH... não vou poder ir, chama um táxi. - Disse curta e grossa.

- Nossa que decepção. Depois de dois anos sem me ver, você não pode ao menos vir me buscar no aeroporto? - Indagou Jeni. Isso era exatamente o que Cris esperava ouvir.

- Então, você escolheu um péssimo dia. Desculpe Jeni.

- E quando é um bom dia para você Cris? Tem algum dia que você não acorde com ressaca num quarto qualquer?

- Conversamos em casa. Boa sorte com o táxi. – Cris desliga o telefone, mesmo que contra a vontade de Jeni, que ainda queria despejar um pouco mais de sua decepção sobre a irmã.

Cris levanta a calça jeans sobre a calcinha lilás, e ela lhe cabe perfeitamente, em seguida coloca a camisa preta, arruma o cabelo olhando para o teto, e é ai que ela consegue ver (pelo espelho acima) que um dos homens na cama acordou.

- Então você já vai gatinha? - Pergunta um homem corpudo, com os olhos vermelhos, um sinal na parte de cima da bochecha.

- Sim. A noite já acabou, vocês também deveriam ir.

- Mas nós... pensamos que seria um dia divertido.

- Eu paguei pelo quarto até as 12h. - Argumenta o outro homem, deitado de bruços na cama. Cabelos loiros, uma tatuagem de cobras se mordendo como no infinito nas costas.

É um quarto de luxo, um grande espelho no teto, uma enorme cama redonda, e muitas, mas muitas garrafas de vinho, vodca, cerveja e uísque no chão. A ruiva vira para os dois homens, bocejando e ainda meio incertos:

- Vocês podem se divertir sozinhos. - Sugeri Cris.

- Não ao mesmo tempo.

- Tenho certeza que vão conseguir... De novo.

- Espera, você não vai nem ao menos me dizer seu nome? - Cris coloca o óculos. O homem na cama parece confuso.

- Vocês são turistas aqui. Não precisam saber disso. Espero que tenham apreciado as bebidas.

- Gata, por favor, foi a melhor noite que eu já tive. E olha que eu nem me lembro de nada.

- Ah por favor, não que eu esteja decepcionada com isso, mas quem fez toda a diversão foram vocês ontem a noite. Eu já imaginava isso, vim só pelas bebidas.

- O que você está falando?

- Fui voyeur. Claro que coloquei um pouco de fogo em vocês pra que fossem pra frente, mas no geral vocês comandaram tudo.

Cris sai, e fecha a porta, cegando-se agora pela luz do sol.  

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