Blue

By GioviSouza

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"Você era vermelho e gostava de mim porque eu era azul. Você me tocou e de repente eu era um céu lilás, então... More

Boas Vindas!
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 10

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By GioviSouza

Mesmo que não tivesse necessidade de estar em seus braços, não reclamei. Poderia muito bem ir mancando até a enfermaria, ele apoiaria o braço na minha cintura e estaríamos lá sem demora. OK, talvez fosse demorar muito mais. 

Cada lugar tocado ainda formigava quando ele me colocou na maca para o enfermeiro me examinar. Acho que eles diziam algo, mas eu não conseguia me concentrar em nada que não fossem os olhos verdes do senhor Hayes.

Alguns homens nasciam para serem chamados assim e aquele era um deles. Era só olhar para o seu rosto com a barba por fazer que o deixava charmoso e não desleixado. Cada parte daquele corpo clamava para que você o desejasse em sua cama. 

Balancei a cabeça, não poderia pensar assim do pai do meu melhor amigo. Será que era por isso que ele escondera o pai esse tempo todo? Por que todas se sentiam atraídas? Não era uma possibilidade a ser descartada.

- Blue? - Sua voz me chamou e eu atendi, olhando-o. - Está tudo bem? Ouviu o que o enfermeiro disse?

Ele tinha os olhos em mim, as sobrancelhas arqueadas esperando uma resposta. Me senti uma criança indefesa ou só uma adolescente idiota, mas com certeza passaria uma primeira impressão ruim para ele. Não que eu esperasse alguma chance, mas...

- Senhor, ela bateu a cabeça? - Ouvi o enfermeiro perguntar.

- Eu estou bem. - Olhei para o meu pé que estava bem enfaixado. - Logo vou estar boa.

Passei as pernas para o lado e desci da maca. O choque do meu pé no chão me fez gemer alto pela dor e eu me apoiei a maca. Respirei fundo, procurando fazer a dor passar pela expiração, mas sabia que não era possível.

- Venha, menina. Te deixarei em casa. - Nicholas disse.

Sem demora, eu tinha meu braço envolto no seus ombros. Eu estava me sentindo, definitivamente, um bebê. Novamente no colo dele, eu senti seus dedos apertarem a minha coxa e seu olhar indo diretamente para as minhas coxas vez ou outra. Tomando coragem para falar sem parecer idiota, eu quebrei o silêncio:

- Senhor Hayes, eu peço para um táxi me buscar...

- Pode me chamar de Nick. - Pediu, me cortando de imediato. - Pegaremos suas coisas e eu te deixarei em casa em segurança, OK?

De algum modo, aquele jeito autoritário dele me excitava e eu assenti, obediente. Pegamos nossos pertences e então estávamos em seu carro, rumo à minha casa.

- Eu sinto muito por isso. - Apontou para o meu pé. - Se precisar de qualquer coisa, por favor, me ligue. - Ele estendeu um cartão negro com seu nome, logo do hotel e telefones abaixo. 

Nicholas Hayes. Era um nome forte, autoritário e sedutor. Ah meu Deus, onde é que eu tava com a cabeça? Parecia até que tinha um órgão sexual masculino entre as pernas.

- Obrigada senh... Nick. - Mordi o lábio inferior e vi um sorriso brotar em seus lábios pelo meu pequeno deslize.

- Tudo bem, pequena Blue. - Ele continuou sorrindo, mas pude ver suas mãos apertando o volante. Franzi o cenho imaginando o que ele estaria pensando naquele momento.

Peguei as fotos que tirei e sorri para cada uma das paisagens. Eram lugares bonitos, momentos que não ficariam muito tempo grudados na minha mente. A não ser por um deles, um que havia tirado mais cedo antes da partida de tênis. Sorri comigo mesma, mordendo o lábio para me conter e não deixar que ele visse.

- Você gosta de tirar fotos? - Perguntou, chamando a minha atenção em mais uma tentativa de começar uma conversa.

- Oh, sim, eu amo paisagens. - Olhei para ele que, apesar de prestar a atenção no trânsito, vez ou outra me lançava um olhar de todo o tipo: curioso, atencioso, relaxado. Era lindo ver como seus olhos brilhavam e faiscavam na minha direção, quase como se produzisse choques elétricos no meu corpo.

- E você gostaria de ser fotógrafa? - Questionou mais uma vez.

- Não. A fotografia é só um passatempo. - Umedeci os lábios enquanto via que agora estávamos parados em frente à minha casa.

Ele saiu abruptamente, seu humor mudando da água para o vinho. Sem dificuldade, ele me tinha nos braços pela vigésima vez naquele dia, assim como os meus pertences. Eu desejei ser carregada assim pelo resto dos meus dias, naquelas mãos quentes, naqueles braços fortes, naquele abraço másculo e... Droga, eu tinha que me controlar. Mas é que ele ficaria tão lindo em uma foto naquele momento e eu não conseguia tirar os olhos dele enquanto ele fitava a porta de entrada.

- Tem alguém na sua casa? - Ele questionou, sério. - Porque... Teria que conversar com a sua mãe sobre...

- Não, estou sozinha. - Disse, vendo que o carro dela não estava ali, como era previsto. - Minha mãe não fica muito em casa. Mas Marceline deve estar.

A minha constatação foi animada, mas é claro que Marceline poderia não gostar nada daquela minha nova amizade. Ela não sabia nada sobre essa minha paixão platônica e com certeza não teria muito a dizer, certo? Assim que ele me colocou no chão e tocou a campainha, eu senti uma ansiedade crescente dentro de mim.

E se minha mãe estivesse em casa? Se eles se sentassem pra conversar sobre os filhos e se apaixonassem? Minha mãe poderia casar com um homem por quem eu me sentia fisicamente atraída e aquilo era patético, no mínimo.

Ele me colocou no chão ao seu lado e não demorou para uma Marceline afobada atender à porta. Seus olhos passaram de mim ao senhor Hayes. Primeiro veio o susto, ela com certeza não esperava que eu chegasse com uma versão mais velha de Noah. Depois a confusão por toda a situação que se desenvolvia ali, por isso me apressei a explicar tudo.

- Marceline, esse é o senhor Hayes, pai do Noah. Mamãe está em casa?

- Muito prazer, senhor Hayes. - Ela estendeu a mão e ele, cordialmente, beijou os nós de seus dedos. Por que o meu coração estava tão acelerado de repente? As bochechas de Marceline coraram de imediato. Traidorazinha! - Sua mãe não está, menina. - Seus olhos bateram no meu pé enfaixado e suas mãos foram diretamente aos lábios. - Oh meu Deus, o que aconteceu? Por favor, entrem.

Eu ia entrando, mas congelei quando senti que não tinha mais o apoio de Nick. Olhei na sua direção confusa e vi que ele parecia sério, o cenho franzido, estava pensativo e não se mexeu nem mais um centímetro. Após uma análise minuciosa da minha casa, ele decidiu:

- Está tudo bem, senhora Marceline. Eu preciso ir. - Disse, olhando-a com os olhos em fendas. - Eu sinto muito, Blue. - Pediu, entregando meus pertences à Marceline e caminhando para longe dali, sem me olhar para trás nem mais uma vez, sem um beijo no rosto, sem um adeus apropriado. Apenas arrancou com o carro para longe dali.


Nicholas

Era claro que ela parecia alguém, ela era exatamente como uma das minhas amantes. Não conseguia acreditar que todo esse tempo Aimée havia escondido sua filha. Não que nós travássemos algum diálogo em nossos encontros casuais, mas... Droga, eu estava atraído pela filha dela. Isso era errado, muito errado.

Eu deveria ter percebido quando a garota me passou o endereço, sabia que o conhecia: era o mesmo endereço de Aimée, de quando tinha de buscá-la ou levá-la para casa. Agora eu tinha certeza de que eu era um idiota, porque além de amiga do meu filho, vinte anos mais nova do que eu, ela também era filha de Aimée. Era o ponto final que eu precisava para deixar para lá essa história de uma vez por todas.

Não iria me perdoar pelos toques naquela coxa lisa e torneada, não me perdoaria por desejar que eu pudesse tocar sua coxa dentro do carro, não me perdoaria por desejar tê-la em meus braços até o fim dos meus dias.

Não era apenas uma atração física. Com Blue era quase como se fosse com Angel... Ah, minha querida Angel, se estivesse aqui eu não teria olhos para uma garota vinte anos mais nova. Mas eu tinha, estava encrencado por isso, poderia ser preso e isso me tirava o sono.

Depois que a tive em meus braços no baile de máscaras, percebi que o que eu tinha com Blue não era dessa vida, era algo que beirava a alma. Tive uma grande repugnância pelo meu ser por dias, achei que só estava tentando arrumar desculpas para ser o pedófilo que eu era, mas não era verdade. Eu estava encantado por aquela garota com a qual pouco me comunicava.

Foi por isso que eu decidi que iria conquistá-la, que mostraria que nenhum outro seria o suficiente, que ela não poderia sofrer nos braços de mais ninguém, que eu nunca mais deixaria isso acontecer. Eu queria que Blue fosse minha, queria conhecê-la e amá-la assim como ela faria comigo, dia após dia até o fim de nossas vidas.

Poderia parecer estranho e era, mas eu só me sentira assim uma vez na vida e foi com Angelique. Sempre diziam que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas estavam errados.

Assim que passei pela porta, vi que Noah estava sentado no sofá assistindo a televisão e me aproximei, sentando ao seu lado. É claro que aquele tipo de atitude causou estranheza da sua parte e eu vi, pelo canto do olho, que ele pareceu confuso por um momento, porque eu normalmente me trancafiava no meu escritório e lamuriava sobre a morte da minha esposa, mas não naquele dia. Apesar de estar devastado com a minha descoberta sobre a maternidade de Blue, eu não desistiria de algo forte como o sentimento que estava se formando dentro de mim.

Me limitei a assistir a série de comédia a qual ele estava entretido pouco antes da minha aparição.

- Pai? - Ele chamou e eu o olhei, esperando que ele perguntasse o porquê de tudo aquilo, mas não foi o que ele fez. - Pode me dar um conselho?

Arregalei os olhos e me senti nervoso de repente. Um conselho? Para o meu único filho? Era um honra! Tentei não assustá-lo com o novo Nicholas e me virei para ele, assentindo. Tinha certeza que meus olhos brilhavam.

- Claro, pode falar. - Pedi, esperando que ele começasse e ouvindo com atenção.

- Então, tem essa garota... - Será que era aquela ruiva que vinha sempre aqui? Só poderia ser. - Ela é uma grande amiga e eu não queria estragar as coisas com ela. Só que eu gosto muito dela, muito mesmo, e não aguento mais guardar isso pra mim. Ela não demonstra que sente nada a mais por mim e isso me deixa inseguro. - Ele parou, me olhando em expectativa. 

Aquela garota ruiva estava fazendo meu garoto sofrer? Eu sempre os via juntos. Será que minhas suspeitas sobre os dois estavam erradas?

- OK, eu nunca tive oportunidade de contar a minha história e a de sua mãe. - Dei um suspiro e engoli em seco antes de continuar: - Quando eu a vi, soube que era ela. Sem pensar nas diferenças e ignorando os "não" que ela me deu, eu conquistei aquela mulher até o fim de sua vida. Foi uma vida curta, mas eu não perdi um segundo longe dela, Noah. Se você se sente assim sobre ela, se acha que ela é única no mundo, lute por ela.

De alguma forma, aquilo também valia para mim. Eu lutaria por Blue, assim como lutei por Angelique. Elas foram as minhas curas. Blue me aproximaria de meu filho, nós conseguiríamos nos ajeitar e depois ajeitaríamos a nossa vida, mas tudo ficaria bem. E, além disso, ela me fez conseguir superar a morte do meu primeiro amor, agora eu conseguia pensar em Angelique com amor, carinho e saudade, mas não tristeza. Angelique me livrara de noitadas e me dera um filho lindo - mesmo que precocemente. Noah parecia a coisa mais certa que havíamos feito dentre tantas outras.

E foi com esse pensamento que eu decidi que Blue era a pessoa certa, que tudo se encaminharia de algum jeito e eu a teria para mim no final.

Noah sorriu para mim, assentindo e me dando um abraço apertado. Fazia muito tempo que eu não abraçava meu próprio filho. Talvez nos abraçássemos em datas comemorativas, mas nunca um abraço cheio de emoções como aquele. Parecia que nos reconciliávamos de uma discussão que nunca tivemos e, com dois tapas em suas costas, eu me afastei, sorrindo verdadeiramente.

Aquele era apenas o começo.


xxx



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