Louis
Acordei tarde e logo deduzi que hoje não iria a escola, sentei na beirada da minha cama e fiquei observando meu quarto, logo os flash backs do sonho da noite passada vieram na minha cabeça, eu não entendi o porque de tudo isso, mas também não questionaria, fiquei pensando no sol e na lua que os garotos tinham em forma de tatuagem, e como ambas brilhavam intensamente, como marcas de nascença feitas pelo próprio universo. Isso fez despertar uma ideia em mim, depois do café da manhã vou desenhar no meu quarto, a lua e o sol exatamente como eu vi no sonho.
Levantei e fui em direção ao banheiro, onde tomei banho e fiz minhas higienes, em seguida me dirigi para cozinha, após preparar meu café fui para sala onde comi assistindo desenho.
Acho que os meninos vão jogar hoje e amanhã retornaram, fico ansioso pela volta do Caio preciso falar com ele, preciso esclarecer tudo.
Levanto e deixo a louça na pia, vou até o depósito pego a tinta azul e uma prateada, em seguida a dourada, pego alguns jornais para forrar o chão e subo as escadas para fazer os dois corpos celestes.
Caio
Acordei com o will entusiasmado, seria hoje o grande jogo, e amanhã iríamos retornar para casa. Levanto bocejando e vou em direção ao banheiro, faço minhas higienes e desço para o salão de refeições onde tenho certeza que todo time está concentrado, discutindo estratégias ou jogando conversa fora antes do jogo.
O treinador dizia algumas últimas instruções e todos escutavam com atenção, exceto por mim que ouvia vagamente enquanto me servia de frutas e cereal, meus pensamentos foram para o louis, queria saber como ele estava. Quando eu retornar vou conversar com ele, preciso falar com ele e esclarecer as coisas, não posso ignorar o aconteceu naquele banheiro.
Sentei à mesa e o time já estava super animado, mais tarde teríamos um dia cansativo, todos não comiam nada que fosse pesado, iríamos passar a tarde nos quartos ou no campo dependendo do treinador.
— Esse jogo é super importante, mantenham o foco e vamos levar essa classificação , as líderes já venceram mais um campeonato, e já estão treinando para o próximo, vamos ser como nossas garotas e trazer honra para a escola, conto com vocês — após essas palavras motivadoras, todos começaram conversar e will sentou do meu lado passando a mão no meu ombro.
— Dormiu bem?? — assenti.
— Sim, tô ansioso pro jogo — o que era verdade agora.
— Eu também, não vejo a hora de acabar com o Augusto — sabia que ia dar alguma merda.
— Will olha lá o que você vai fazer, por favor — ele sorriu travesso, pedir as coisas é o mesmo que nada.
— Relaxa, não vou fazer nada que comprometa a equipe — desisti dando de ombros.
— Assim espero
— Quer ligar pro louis? — neguei com a cabeça.
— Não, amanhã já vamos retornar, deixa que amanhã a gente fala com ele — will me lançou um olhar estranho.
Louis
Após terminar meus desenhos, estava um pouco sujo, tomei um banho e voltei para o quarto e fiquei deitado observando a parede. Não teria nada para fazer naquela tarde, e não queria incomodar Andreia e ícaro. Troquei de roupa, vesti o moletom que o will me deu, uma calça jeans e um tênis. Peguei o número da minha tia e liguei para ela.
"Alô tia bruna" — a ligação estava um pouco ruim por causa do barulho de fundo.
"Oi meu anjo, como você tá?"
"Bem e a senhora?"
" Também meu príncipe"
— Tia queria saber se você poderia me buscar para ficar com as meninas, ou então ficar no hospital com a senhora"
" As meninas estão na escola, mas posso te buscar para ficar aqui comigo. Onde estão os meninos?"
" Viajaram pro jogo"
" Por que você não foi amor?"
" Porque o treinador não deixou eu ir"
" Entendo, me espere vou tentar dar uma fugida e ir buscar você"
"Ok tia beijos"
Após uns vinte minutos ouço o carro buzinar e saio de casa trancando a mesma.
— Oi meu anjo — disse sorrindo.
— Oi tia — ela deu partida e logo estávamos indo para o caminho do hospital
— Como está a convivência com os meninos? E o William tem te tratado bem? — tia bruna perguntou enquanto dirigia.
— Tem sim tia, está super legal. Eles são muito legais comigo.
— Fico feliz meu anjo, muito feliz mesmo — assenti.
O caminho foi tranquilo, conversamos sobre várias coisas. Tia bruna estacionou e logo descemos, passamos pela recepção e logo uma pessoas cumprimentavam ela. Ela deve ter um papel importante nesse hospital.
— Bom, tenho que atender uma pessoas agora. Vou te deixar no bloco azul tá? No final do turno te pego — assenti e segui ela para o elevador, paramos num andar diferente,ele não era branco com quadros de paisagens como na recepção, ele era azul e rosa, tinha fotos de personagens de desenho,era super colorido e feliz. E tinha aquele cheirinho de limpeza e detergente de lavanda.
Minha tia chamou uma enfermeira, e conversou com ela. Logo ela se despediu de mim e foi para o elevador, a enfermeira se chamava Ester e me guiou para uma das salas. Ao entrar pude notar várias crianças, e logo entendi o porquê daquele bloco ser tão especial. Era o bloco das crianças que estavam em tratamento contra o câncer, que estavam lutando dia após dia. Entrei e logo algumas me olharam com curiosidade no olhar.
— Oi meus amores, esse é o louis, ele vai ficar aqui com vocês hoje. É um novo amiguinho — ester disse animada.
Sorri e algumas crianças bateram palmas, eu me senti feliz muito feliz mesmo. Conversei com um por um, brinquei de várias coisas, deixei as garotas me pintarem e colocarem uns negócios no meu cabelo. Uma garota chamada clara disse "espero que um dia meus cabelos voltem a crescer, e que sejam bem bonitos que nem o seu". No mesmo instante eu fiquei com os olhos cheios de água, e ela passou a mão no meu rosto e sorriu e eu acompanhei o sorriso.
Percebi no quarto um garoto que estava sempre quieto na cama e não brincava, então resolvi me aproximar.
— Oi me chamo louis, qual seu nome? — ele ignorou e continuou olhando as bolas de futebol estampadas no edredom.
— Você gosta de futebol? — seu olhar se iluminou e ele me olhou me dando atenção.
— Então, eu tenho dois amigos que são jogadores e hoje tem uma partida importante — ele me olhava com atenção e logo falou
— Meu nome é andy, e sim gosto de futebol — ele disse sem muita empolgação, mas pra mim já estava bom ter a atenção dele.
— Seus amigos são profissionais? — perguntou após alguns segundos dando continuidade no assunto.
— Ainda não, mas acredito que eles tem muita chances de se tornarem profissionais — disse lembrando dos treinos.
— Sério? Como eles são?
— Hum o will é forte e engraçado, e o Caio também é forte mas é mais fofinho — andy sorriu.
— Será que algum dia eles podem vir aqui? — assenti.
— Claro meu anjo, eu vou pedir para eles virem e venho também — iria tentar trazer os meninos.
— Obrigado louis, muito obrigado mesmo — ele sorriu.
Ficamos conversando por vários minutos, talvez horas. Até que ele pediu para mim ler um livro, e quando percebi ele havia dormido. Levantei com cuidado e tomei um susto ao ver minha tia e as enfermeiras na entrada da sala, super quietas apenas me observando com um olhar de orgulho. Me dirigi até elas e saí da sala, e no corredor recebi vários cumprimentos.
— Viu doutora bruna, viu como o pequeno andy estava interagindo e sorrindo, a tempos eu não via o pequeno desse jeito — ester disse se referindo ao momento de minutos atrás.
— Vi sim, estou tão feliz quanto você. Louis você fez uma coisa que muitas de nós não conseguimos. Andy tem leucemia, e o tratamento dele é rigoroso, isso esgota as energias dele. E como você viu ele ficou na cama durante todo o tempo. Ele parou de interagir depois de um tempo, não falava fala conosco. E você quebrou essa barreira dele, muito obrigada — ela disse emocionada, e eu sorri, estava feliz também.
— Não tem de que tia, nos vamos para casa agora? — ela assentiu.
— Sim meu anjo, nos vamos — ester me abraçou e agradeceu pelo o que fiz pelo andy.
— Louis, se puder volte mais vezes, isso deixaria ele feliz — concordei.
— Eu vou voltar doutora Ester prometo.
Ester e minha tia se despediram, e logo fomos para o carro, quando me acomodei percebi o quão cansado eu estava, mas logo pensei que iria levar o Caio e o will até o bloco azul e rosa e isso me deixou animado demais. Passamos na creche das meninas e pegamos elas, logo elas se animaram quando me viram e pediram para brincar, eu estava super cansado. Mas não negaria isso para elas.
Passamos em uma pizzaria e minha tia comprou 3 pizzas, seguimos para o apartamento, e logo as meninas entraram me puxando pelo braço.
Caio
A noite chegou como um flash, logo o time estava no ônibus rumo ao ginásio da escola rival, todos super animados numa euforia enorme. Descemos e entramos no ginásio, e estava cheio com a torcida local da escola, fomos para o vestiário e lá o clima estava de pura ansiedade.
Logo treinador começou falar e todos ouviam, após várias palavras de incentivo, saímos do vestiário em direção ao campo. O céu estava estrelado, e isso fez eu lembrar de Louis, e lembrar dele me deu um gás a mais para vencer hoje.
Estávamos todos em formação, pude ver o Augusto do outro lado, ele ria, e quando me viu fechou a cara. William estava focado nele e isso me deu um certo medo.
O jogo foi super tenso, haviam choques violentos dos corpos dos jogadores, tudo pirou quando time adversário fez um gol. A torcida vibrava e fazia nós ficarmos reprimidos. William gritou "NÃO PERCAM A PORRA DO FOCO".
Conseguimos fazer um gol e empatar, a torcida ainda vibrava e nos vairam bastante. Estávamos em formação novamente, o barulho do apito ecoou em meus ouvidos e logo a bola estava em meu domínio, eu corria como nunca desviando dos outros jogadores e dando uma passada mas longa que outra, e consegui marcar o segundo gol.
A pressão aumentava, ainda podia acontecer muita coisa e foi exatamente isso, Augusto machucou a perna de William, e ele é nosso capitão, perder uma peça essencial do time foi um choque duro. Vi meu amigo sendo carregado na maca, e faltavam 10 minutos para o jogo acabar, se houvesse empate estariamos perdidos.
William
Aquele filho da puta, fodeu minha perna propositadamente e o juiz fingiu nem ver. Agora tô deitado na porra dessa maca, enquanto meu time tá lá fora. Mas isso não pode ficar assim eu prometi pro louis que ganharia e é isso que vou fazer.
Com dificuldade levanto da maca, minha perna doía, mas era suportável, voltei para o campo e faltavam 5 minutos pro jogo acaba, estava empatado, o juiz não fez nada, e o treinador sorriu ao me ver.
Logo o apito ecoou, Caio passou a bola para mim, correu lado a lado comigo, bloqueando qualquer tentativa de me derrubarem, até que ele foi derrubado, e eu acelerei o máximo que eu pude e marquei o ponto decisivo, o ponto da vitória.
O silêncio foi imediato, mas logo a torcida adversária começou nos aplaudir, meus companheiros de time vieram e me carregaram, nos abraçamos. Abracei caio, e ele me carregou nas costas até o vestiário.
Estávamos todos comemorando, e o treinador estava super feliz, já havia ligado para a escola e avisado de nossa vitória, e eu não esperava a hora de dar a notícia pra louis, isso se ele não souber amanhã.
Mas eu preci focar em uma coisa, minha vingança contra Augusto e eu já sabia como seria.
Caio
Estávamos em uma festa que foi oferecida para os vencedores, e logo vi o will conversando com uma garota bonita, e imediatamente reconheci ser a namorada de Augusto, seja lá o que ele vai fazer, vai dar merda.
Logo o local encheu e eu não vi mais ele, as horas passaram e eu decidi ir embora primeiro que todos, estava super cansado, e também feliz, havíamos vencido o jogo e eu queria muito compartilhar isso com o louis.
Deitei na cama, e liguei a TV assistindo desenho, acho que peguei esse hábito do pequeno.
×
William movia seu corpo com rapidez sobre a garota morena, e a mesma gemia alto e arranhava suas costas. Essa era sua vingança, transar com a namorada do seu adversário, e não foi difícil conseguir, já que a mesma deu mole e se deixou levar pelo charme do garoto.
Os gemidos se tornavam intensos, mas William teve um acontecimento estranho, começou formar imagens do seu primo na sua cabeça, e logo sua concentração na garota que gemia em baixo dele começou se dissipar, e o mesmo parou os movimentos.
— Hey está bem? —a garota perguntou.
William nada disse, despertou do devaneio e voltou a se mexer, mas as imagens não paravam, então o mesmo ejaculou preenchendo a camisinha, e saiu o mais rápido possível de cima da garota. Vestindo suas roupas apressadamente, e indo para a rua pegando o primeiro táxi que passou rumo ao hotel. Sua cabeça estava confusa, e um misto de raiva e desespero lhe preencheu, precisava chegar urgente ao hotel e tentar esquecer o ocorrido.
Caio
Despertei com a porta do quarto sendo aberta com violência, vi o will meio atordoado, e logo ele começou chorar. E soluçava muito, fiquei sem reação, nunca vi ele assim, naquele instante ele havia perdido toda a pose dura e estava frágil.
Ele veio na minha direção e se jogou em cima de mim me abraçando forte, não disse nada apenas correspondi e deixei ele chorar, seja lá o que tenha acontecido foi sério, muito sério para ter deixado ele assim.
Will soluçava e me apertava cada vez mais, coloquei a mão nas costas e no cabelo dele e comecei mexer, queria que ele se acalmasse, após vários minutos ele se acalmou, foi até o banheiro e tomou banho e se jogou na cama dele. Fiquei observando o olhar perdido no teto, ele não estava bem.
— Will? — ele me olhou, os olhos estavam vermelhos devido o choro
Bati no espaço do meu lado, ele entendeu o que eu quis dizer, não disse nada, levantou e deitou do meu lado, puxei ele abraçando bem forte. Logo cobri nos dois com o edredom.
Ouvi ele sussurrar um obrigado, e naquele instante eu conheci o William frágil, que chora e se sente inseguro e que precisa de proteção.