Lady Charlotte

By lavsmiranda

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Livro 1 da trilogia "Irmãs Harrison". Charlotte Harrison, a filha caçula do duque de Cambridge, vai fazer dez... More

Dedicatória
Prólogo
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXIX
Epílogo
Agradecimentos

XXI

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By lavsmiranda

O baile fluía tão bem, que George já sentia o cansaço. Tinha dançado muitas valsas, e muitas quadrilhas. Perdeu a conta de quantas pisadas recebeu nos pés, e os milhares de perdões. Ele se sentia tão feliz em ter ficado perto de Charlotte naquele dia tão importante para ele, que se sentia extasiado, como se não precisasse de mais nada em sua vida, mesmo sabendo que precisava. Sua próxima valsa tinha sido reservada para ser com Jade. Ela estava com uma expressão debochada ao dançar com o duque Roberts, e ele dançava elegantemente com a irmã de Charlotte, Scarlett.

Quando acabou a valsa, os homens foram para o lado direito, e as mulheres para o lado esquerdo. Quando os violinos começaram a tocar, todos levantaram as mãos e foram em direção aos seus parceiros. George colocou a mão na de Jade, e rodou uma vez para a direita, e depois para esquerda.

— Parabéns pela coroação. — sorriu. — Nem tive muito tempo de dizer isso para você.

— Eu entendo. — ele colocou a mão em sua cintura. — Eu estava ocupado.

— Ficou ocupado demais para mim. — levantou os braços em movimentos perfeitos, colocando-os logo depois nos ombros de George. — Aposto que para sua amante, tinha todo o tempo do mundo.

— Primeiramente, ela não é minha amante. — segurou a cintura dela. — Respeite-a, está na minha casa e no meu país.

— Está bem. — ela troca de parceiro por alguns segundos, e voltou para George.

— Melhor assim.

— Acha que só porque é o rei de muitos países, é totalmente inabalável?

— Em nenhum momento eu disse isso. — a girou duas vezes. — Mas eu percebi que adora colocar palavras em minha boca. Você é realmente surpreendente. Estou arrependido de ter dançado com você, sinceramente. — revirou os olhos. — Você era mais agradável nas conversas antigamente.

— Você me deixou amarga, George. — tremou os lábios ao falar.

George percebeu que a valsa tinha acabado, curvou-se diante de Jade e sorriu amavelmente.

— Espero que adoce algum dia. — piscou o olho para ela. — No momento vou procurar minha... — colocou a mão no queixo. — Oh, lembrei-me, minha amante.

Saiu com um sorriso satisfeito nos lábios e foi procurar Charlotte pelo salão. Em muitos momentos, George foi parado por membros do Parlamento, outras vezes por membros da realeza, alguns conselheiros também paravam para lhe cumprimentar, e ele tinha que prestar atenção em cada assunto deles. Quando conseguiu se livrar do assunto político com o Primeiro-ministro Michael White, avistou Charlotte conversando com Alejandro e dando gargalhadas. Sentiu o ciúme preencher seu corpo por inteiro, e aquela cena o incomodava mais do que imaginava. Ele sabia que Charlotte nunca o trocaria por Alejandro. Ou trocaria? De repente sentiu uma grande insegurança, incerteza. Quando eles dançaram, ele percebeu que nada mudou, ou se tinha mudado, ele não sentiu. Passou muito tempo sem falar com ela, e ela poderia ter mudado os sentimentos. Uma mão tocou em seu braço.

— Meu irmão. — Millie afagou seu braço. — O jantar já foi anunciado, falta somente você.

— Vamos.

— Vou falar com Charlotte e Alejandro.

— Não precisa, ela está se divertindo. — disse ironicamente.

— Ela é uma convidada especial e ele é o príncipe da Espanha. Não precisa ter ciúmes, por favor, seja racional.

Millie soltou-se do braço do irmão e foi em direção dos dois. Charlotte soltou-se do braço de Alejandro e deu um abraço em Millie, dizendo algumas palavras e sorrindo. Millie sorriu, e ficou levemente corada. Deixando George curioso com aquilo, mas ficou no mesmo lugar. Quando Charlotte olhou em sua direção, deu um breve sorriso, e começou andar com Millie e Alejandro ao seu lado. Ele deu o braço para Millie, que aceitou de bom grado, enquanto Charlotte foi com Alejandro. Praguejou várias pragas possíveis, não deveria ter deixado ela ir acompanhada dele.

Ao longo do caminho, nenhum deles falou absolutamente nada, o que era bastante estranho. A Sala do Baile já estava vazia, provavelmente todos já estavam na sala de jantar. Quando os guardas abriram as portas, a enorme mesa do palácio nunca esteve tão cheia de pessoas. Todos silenciaram as conversas, levantaram-se e curvaram-se diante de George quando ele entrou, o que deixou ele um pouco incomodado; não desejava tanta atenção, apesar de saber que seria assim durante o resto da sua vida.

Observou Charlotte se sentar ao lado do pai, quase no final da mesa. Alejandro sentou-se ao lado do pai, que estava ao lado esquerdo da mesa, bem perto dele. E Millie foi para o lado da sua mãe, que sorria. Ele sabia que tinha que falar algo, deveria haver algum discurso, mas ele não conseguia encontrar palavras.

— Senhoras e senhores, eu gostaria de saudá-los por estarem presentes esta noite no palácio de Buckingham, comemorando minha coroação, que será o início de um longo e bom reinado, se Deus permitir. Espero que aproveitem o baile, e espero que aproveitem o jantar. — ele sorriu e levantou uma taça com champanhe. — Que seja uma maravilhosa noite.

— Que seja uma maravilhosa noite! — ergueram as taças.

— Vida longa ao rei! — gritou o Primeiro-ministro.

— Vida longa ao rei! — todos repetiram mais uma vez.

— Podem se sentar, e que comece o banquete. — George sentou-se rindo.

Os empregados começaram a servir as comidas, e enchiam os copos dos convidados toda hora que eram esvaziados. George pediu para que a orquestra voltasse a tocar para alegrar o local. Bebericou o champanhe que continha em sua taça, e começou a brincar com a comida que tinha no seu prato. Lauren colocou a mão em seu braço e se aproximou dele.

— Não se sente bem? Nunca vi você brincando com a comida.

— Estou bem. — apertou a mão da mãe. — Estou cansado.

— Entendo perfeitamente.

— A senhora sempre é tão linda e agradável. — beijou sua mão.

— Você é um galanteador barato. — sorriu.

— Falando em galanteador, como vai seu romance com minha filha? — o rei Eduardo perguntou de repente.

— Não existe nada. — George bebeu todo líquido que tinha no seu copo.

— Seu pai mandou-me uma carta dizendo que seriamos uma família em breve. — o rei encarou ele.

— As coisas mudaram Majestade.

— Ele está apaixonado por outra pessoa, pai. — Jade disse. — Ela está sentada bem lá no fundo da mesa.

— Quem? — Alejandro comeu um pedaço de frango.

— A que chegou de braços dados com você. — respondeu com certo nojo na voz.

— Srta. Harrison? — arqueou a sobrancelha e olhou para George. — Bela troca.

— Cristian Juan Luís Alejandro Martinez! — o rei alterou um pouco a voz. — Como pode falar isso da própria irmã?

— Charlotte é adorável. Ela foi meio grossa na primeira conversa que tivemos, mas dessa vez ela foi muito agradável e divertida.

— Eu não sabia que minha vida amorosa era algo a ser discutido em um banquete. — George disse ríspido. — Com licença, vou para meus aposentos.

— Sinto se eu lhe aborreci, George. — o rei Eduardo disse. — Eu não sabia que o assunto deixaria você irritado.

— Deixou bastante. — levantou-se da mesa. — Boa noite. — quando ele olhou para a mesa, todos estavam de pé. — Vou me retirar, podem continuar sem mim. Estou exausto.

Todos fizeram uma reverência, e George saiu da mesa em direção ao seu quarto, completamente contrariado.

♛♛♛♛

George acordou cedo. Foi para seu armário, e com a ajuda do seu valete, vestiu uma roupa para montaria. Tinha dormido de péssimo humor, e acordou pior do que tinha dormido. Ele estava começando a se irritar com as pessoas se metendo em tudo que ele fazia na vida, mesmo sabendo que era daquela forma. Tinha chegado a planejar levar Charlotte para o jardim, mas o ciúme lhe possuiu, e depois surgiu a conversa desagradável no banquete. Saiu do seu quarto batendo a porta com força, fazendo uma das damas de companhia da sua mãe que estava no corredor, tomar um susto.

— Bom dia Majestade. — ela fez uma reverência.

— Bom dia Adelaide. — ele assentiu e saiu apressado pelos corredores.

Ele desceu as escadas em um ritmo acelerado, quando chegou perto das portas, os guardas abriram de prontidão. Vários guardas já estavam a postos, e ele sabia que teria que levar alguns, apesar de querer ficar sozinho para refletir sobre si mesmo.

— Preciso de quatro homens para cavalgar comigo pela propriedade. — falou com um guarda que estava do lado de fora da porta. — Estarei no estábulo esperando.

— Como quiser Vossa Majestade. — o homem se curvou.

— Antes de você ir, qual é o seu nome?

— Clark, Majestade.

— Obrigado soldado Clark.

— É uma honra servir Vossa Majestade. — e o homem partiu rapidamente.

George desceu as escadarias e foi em direção ao estábulo. Ele nunca gostou que ninguém escolhesse o cavalo que ele iria montar; nunca gostou que decidissem o que ele tinha que fazer. Tantas regras, tantas coisas para um jovem, que achava que estava ficando maluco.

O estábulo do palácio era enorme, e os cavalos eram cuidadosamente cuidados e escolhidos. George sempre teve afeição por cavalos, principalmente os pretos. Ele ganhou um cavalo preto quando tinha dez anos, e desde então se tornou o seu favorito. Tempestade foi seu primeiro cavalo, e era veloz como um raio. Morreu com uma doença que ninguém soube dizer, e o deixou desolado. Agora ele tinha Apolo, o cavalo mais belo que ele já tinha visto. Stevan estava cuidando dele quando ele chegou.

— Bom dia Sr. Stewart.

— Bom dia Vossa Majestade.

— Você nunca precisou usar títulos comigo. — acariciou a cabeça de Apolo.

— E você nunca me chamou de senhor.

Touché, Stevan. — sorriu.

— Vai precisar dele?

— Sim.

— Algo me dizia que você ia cavalgar. — colocou a sela em Apolo. — Toda vez que está aborrecido faz isso. — começou a amarrar a sela. — Apesar do seu pai nunca ter deixado você ser muito livre para isso.

— Quando começou a me conhecer tão bem?

— Desde que você vinha aqui me contar seus problemas. — terminou de selar Apolo e o entregou para George. — O que deixa você tão aborrecido?

— Todos querendo dizer o que devo e o que não devo fazer. — cruzou os braços. — Foi assim durante toda a minha vida, e piorou desses seis meses para cá. Aquele Parlamento está me deixando maluco! Eles vivem brigando. Claro, sempre terá divergências nas opiniões, mas aquilo... Santo Deus, que o Senhor me ajude.

— Precisa somente de paciência. Você é novo, e pensam que é tolo. Que você é um peão no jogo de xadrez deles. Eu acho que não é manipulável, e espero estar certo. — apontou o dedo para George. — Lembre-se que você é o rei, e não eles.

— Eu sei disso, Stevan. Mas...

— Não existe nenhum "mas" aqui. Existe você se tornar um rei com pulso mais firme, e que não abaixa a cabeça para ninguém. Não deixem governar por você, jamais. Você foi educado a sua vida toda para isso, e não pode desistir agora.

— Stevan, quando se tornou um ótimo conselheiro?

— Eu sempre fui. — riu. — E sabe de uma coisa? Você deveria ir ver algum amigo, ou sei lá.

— Eu queria ficar sozinho por uns momentos.

— Você já ficou demais durante sua vida. Aproveite enquanto ainda pode. Daqui a pouco a Inglaterra começa a murmurar problemas.

— Ela já está murmurando.

— Mas sempre piora.

Os guardas chegaram em seus cavalos e George apertou a mão de Stevan.

— Se eu soubesse que você iria me ajudar tanto, eu teria vindo antes.

— Eu sempre estarei aqui para ajudá-lo.

— Eu sei. — George montou em Apolo e disse para os guardas. — Vamos a Regent Street.

Ele pensou nas palavras de Stevan, e resolveu não visitar um amigo, pois não tinha, e sim, uma amiga da qual era completamente apaixonado.

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