Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido

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By AliceHAlamo

Sim, demorei. Quem me acompanha no facebook viu que eu fiquei doente, uma semana sem poder fazer nada e isso atrasou meus trabalhos, a publicação do meu livro, meus estudos e, logo em seguida, começou minha semana de provas. Então, o atraso não foi por nada =/

E se você não segue ainda minha página, deem uma olhadinha lá: https://www.facebook.com/mypieceofdream/  



Gaara já estava entediado, e Ino nem havia terminado de arrumar as coisas para começar o esboço. Viu-a arrastar uma cadeira, parando-a na frente da tela em branco. Na mão, um pedaço de carvão sujava-lhe os dedos, mas ela não parecia se importar muito com isso. Nem com carvão nem com a expressão impaciente na face de Gaara.

Ele suspirou, olhando para o celular e conferindo a horas. Olhou as mensagens que havia recebido e voltou a bloquear o aparelho, levemente frustrado, ao ler o aviso de Naruto sobre ir se encontrar com Neji.

— Algum problema? — Ino perguntou, limpando os dedos e as mãos antes de voltar a segurar precisamente o carvão entre o indicador e o polegar da mão direita.

— Não — Gaara disfarçou, afinal estava trabalhando e não podia deixar problemas exteriores interferirem ali. — Como terei que ficar?

Ino sorriu de leve, olhando para a tela em branco enquanto pensava. Precisava aproveitar bem o tempo, precisava esboçar o quanto podia naquele dia. Nada de tinta ou de retoques. Não. Tinha que aproveitar o modelo, fazer quantos rascunhos fossem possíveis para aperfeiçoá-los em casa sozinha.

Levantou-se, caminhando até Gaara pensativa.

Gaara manteve-se inexpressivo. Ino o olhava como se estivesse diante de um manequim, era estranho o modo como os olhos azuis passeavam por sobre si, sem desejo, sem nada que não fosse concentração. Sentiu-se um objeto a ser avaliado e não gostou. Soava até irônico pensar em algo do tipo quando se exibia para estranhos e era leiloado exatamente como um objeto, mas era diferente. Alguma coisa ali tornava tudo diferente. Talvez fosse o objetivo final, não sabia.

Era comum ser avaliado pelos clientes, era comum muitos pedirem para o observar por um tempo antes de quererem algo mais. Contudo aí estava o x da questão: não iria para a cama com a mulher que o observava tão atentamente. Não, aquilo era mais... mais.... não sabia dizer, mas sentia que, pela primeira vez, alguém havia gasto dinheiro consigo para algo útil, algo menos egoísta e sujo do que satisfazer o próprio desejo, o próprio corpo. Sentia isso, e era o que o deixava desconfortável.

Não desviou os olhos dos de Ino quando se encontraram. Ela franzia levemente a testa como se estivesse em um dilema. As mãos dela se ergueram, e Gaara sentiu um toque suave em seu cabelo. Os dedos deslizaram por entre os fios ruivos, alinhando-os para depois, diante de uma negação mental de Ino, serem bagunçados com delicadeza.

— É... assim — Ela sorriu. — Você fuma, Gaara?

— Às vezes.

Ela assentiu, distanciando-se até a bolsa. Retirou o maço que carregava consigo e pegou dois cigarros para poder voltar a se aproximar do modelo. Deixou os cigarros sobre a cama, tomando uma distância pequena para analisar Gaara.

Sem camisa. Sim, sem camisa seria um bom começo. Poderia lhe traçar os músculos, desenhar o porte, fazer um molde inicial. Nos próximos dias, lembraria trazer roupas que quisesse desenhar.

Mais uma vez, como se ele fosse um manequim, ela o tocou nos ombros. Não havia pressão ou força, mas Gaara entendeu que deveria relaxar a musculatura. Ou tinha sido isso que quisera fazer diante do toque? Não importava. Ino parecia satisfeita.

— Apoie os braços em suas coxas e mantenha o cigarro na boca — ela pediu, entregando-lhe um dos cigarros.

— Você fuma? — teve vontade de perguntar de repente.

— Só quando estou bem irritada. Acontece quando passo mais de um mês correndo atrás de algumas horas com o modelo certo — ela riu animada.

Gaara se inclinou, apoiando os cotovelos sobre as coxas como ela pedira. Uma mão manteve próxima ao rosto, segurando o cigarro entre os lábios com o dedo médio e o indicador.

Ino sorriu satisfeita ao vê-lo olhar para o chão em um gesto casual e achou a pose que queria. Afastou-se para pegar o isqueiro na bolsa e voltou rapidamente, acendendo o cigarro sob o olhar atento de Gaara.

— Imagine que está frustrado. Mas não nervoso. Um frustrado meio que resignado, ciente de que já não há nada a ser feito para melhorar a situação — explicou, imaginando a pose. — Mantenha a cabeça voltada para baixo, mas de leve, e fume tranquilamente. Não precisa ficar necessariamente imóvel.

As mãos dela tocaram o rosto dele, virando-o com cuidado e mostrando a Gaara a posição desejada.

— É... agora, mantenha o olhar aqui — Ela pegou o isqueiro e colocou no chão, indicando a direção em que os olhos dele deveriam permanecer. — Isso! Só não se mexa muito, tentarei ser rápida. Está muito desconfortável?

Gaara negou, erguendo a cabeça a tempo de vê-la se levantar contente. Suspirou, voltando à pose indicada. A cadeira se arrastou no chão, e o primeiro som do carvão contra a tela foi ouvido. Era leve, era até relaxante. Podia ouvir cada traço, o deslizar sobre o tecido.

Tragou lentamente, sentido o gosto do cigarro, retendo-o em seus pulmões antes de soltar com preguiça. Manteve a posição como era possível, resistindo à vontade de olhar para cima e ver Ino desenhando. Vontade? Curiosidade. Afinal não era todo dia que posava para alguém, muito menos para Ino Yamanaka. Hinata daria pulos de alegria quando soubesse...

Fechou os olhos, respirando fundo, deixando a fumaça se acumular na frente do rosto e vendo-a se dissipar. Voltou a atenção para o isqueiro. Ouvia os riscos se intensificarem para depois diminuírem de velocidade. Fora isso, nenhum outro barulho era ouvido.

Ino se resumia à tela. Só a ela. Uma tela branca onde conseguia arrastar o carvão sem muita pressão, dando forma ao indefinido, personalidade ao desenho. A fumaça do cigarro era bonita. Sempre havia gostado de observar pessoas fumando. E Gaara fumava com uma displicência bonita, agradável. Os músculos relaxados, ombros caídos, tronco inclinado. Desenhou cada parte com atenção, contornando-lhe cada silhueta.

Só depois de ter rascunhado todo o corpo, voltou sua atenção ao rosto. Aquele modelo era belo, sabia que tinha escolhido certo! Valera a pena toda a dor de cabeça que tivera com as ligações para Jiraya. Suspirou, sentindo as noites mal dormidas fazerem seus ombros e costas doerem. Mas não pararia. Precisava desenhar, precisava, tinha prazos, tinha uma exposição, tinha um objetivo. Não só um objetivo... tinha uma responsabilidade. Massageou o ombro, levantando do banco para analisar à distância o que havia feito até então.

— Só falta o rosto. Está desconfortável? — perguntou ao ver Gaara se remexer na cama.

— Não.

Monossílabo. Ino odiava respostas daquele tipo. Ainda mais naquele tom seco e monótono. Respirou fundo voltando a se sentar e a segurar o carvão sem muita força. Focou no rosto dele, atentamente. A sombra estava perfeita. Sorriu animada! Traçou o queixo, sem barba, perto da mão que segurava o cigarro.

— Pode manter o cigarro na boca por enquanto? — perguntou, olhando diretamente para os lábios dele, sem conseguir desviar sua atenção.

Ele fez. Fez e se esforçou para se manter indiferente enquanto os olhos dela pesavam em sua boca. Sentia como se cada movimento fosse analisado, estudado. E isso o deixava inquieto. A vontade que tinha era de lamber os lábios tamanha a atenção que recebiam. Contudo se concentrou, deixando o cigarro entre eles de leve, tragando com vontade ao fechar os olhos e soltando a fumaça rapidamente como se suspirasse.

Era capaz de perceber o perambular dos olhos dela sobre si. Sabia exatamente quando ela mudava o foco, quando passava a desenhar outra parte de seu rosto. Por isso, não desviou o olhar mesmo sabendo que devia estar na direção do isqueiro.

Não conseguiu desviar. Não quis. Estava inquieto e curioso e não disfarçou nada disso. Encarou-a. E ela fez o mesmo desprevenida. Viu-a confusa e franziu o cenho enquanto o rosto dela ganhava um tom rosado.

Ino abriu a boca, voltando a fechá-la sem saber o que dizer. Pediria para ele olhar para o isqueiro? Mordeu o lábio, incerta. Os olhos verdes a encaravam sérios, intensos, intimidadores, mas não quis parar de encará-los.

Como conseguiria retratá-los? Preto, branco e cinza não conseguiriam transmitir nem a beleza nem o magnetismo que aqueles olhos possuíam. Precisaria pintá-los, colori-los. Nossa... seria difícil achar o tom de verde correto. Passaria, provavelmente, horas atrás da cor correta. Mas ficaria lindo. Sim, magnífico.

Queria aqueles olhos na tela.

Antes que se desse conta, a mão se movia, começando a desenhar os olhos de Gaara. Mudava da tela para ele rapidamente, deixando claro que o observava e estava desenhando exatamente o que via. Ele pareceu entender, visto que não mais se mexeu.

Ino sorriu, espontânea, começando a desenhar rapidamente os cabelos ruivos dele e se levantando do banco.

— Terminei o primeiro! — anunciou, batendo palmas em um gesto espontâneo de satisfação. — Pode se mexer.

Gaara retirou o cigarro da boca, levantando-se para se espreguiçar, girando os ombros para trás e caminhando até a artista.

— Posso ver? — perguntou embora já estivesse perto da tela.

Ino quis negar, mas viu que seria inútil. Gaara já estava ao seu lado, encarando o rascunho, indiferente.

Era bem estranho se ver desenhado. Primeiro porque a pessoa o desenhava como ELA o enxergava, isto é, de modo tão subjetivo que o fez inclinar a cabeça levemente para o lado, analisando-se sem se reconhecer por completo.

— Pronto? — Ino retirou a tela do cavalete, pegando outra um pouco maior para colocar no lugar.

— Quantos vamos fazer hoje?

— O suficiente para eu ter os rascunhos que precisam de você parcial ou totalmente nu. Nos próximos dias, trarei roupas específicas. Ah — Ela pareceu se lembrar de algo, medindo o corpo dele sem se dar conta de que fazia isso indiscretamente. —, preciso de suas medidas.

Gaara arqueou a sobrancelha, mas não pode questionar nada, uma vez que Ino já tocava seu ombro, indicando que ele retornasse à cama.

— E agora? — ele indagou ao se sentar.

— Tire o resto da roupa — Ela corou, como toda vez que tinha que pedir aquilo a um modelo. — Fique de joelhos, de costas para mim, mãos no cabelo, torso e cabeça levemente virados em minha direção.

Gaara piscou duas vezes ao ouvir aquilo. A coloração rosada no rosto da artista o divertia apesar de não querer demonstrar isso. Mesmo assim, foi por pura maldade que desceu a calça ainda olhando diretamente nos olhos azuis de Ino. Foi mais maldade ainda sorrir discretamente, bem de leve, ao abaixar a boxer que vestia antes de se virar e ficar na posição que a artista pedira. Levou a mão aos cabelos, bagunçando-os, segurando-os de forma despojada enquanto se virava um pouco para olhar Ino assim como ela havia sugerido.

Ela desviou os olhos para a ela rapidamente, segurando melhor o carvão entre os dedos e voltar a encarar Gaara. Não, voltava para encara o modelo. Vendo-o apenas como modelo, ficava mais fácil se livrar do maldito constrangimento que sempre a atingia naquele tipo de quadro.

E era só o segundo do dia...

* * *

Naruto olhou o celular, conferindo o horário. Neji estava atrasado, e isso era inédito. Neji era de uma pontualidade britânica; sempre que marcavam de sair era Naruto que se atrasava.

Quarenta minutos.

Já começava a se perguntar o que poderia ter acontecido com Neji quando o viu atravessar o restaurante, deixando os seguranças perto da entrada, caminhando com sua elegância habitual.

Acenou sem discrição alguma, vendo Neji continuar com a mesma expressão calma e se direcionar à mesa.

— Está atrasado — Naruto debochou assim que ele se sentou à mesa. — Problemas com a esposa?

Neji não respondeu de primeira. Ajeitou-se na cadeira, observando o garçom que se aproximava e lhes entregava dois cardápios. Esperou ele se afastar para, enfim, retirar os óculos escuros, apoiando-os na camisa social escura. Observou Naruto se inclinar em sua direção, soltando o elástico que mantinha seus cabelos compridos em um rabo de cavalo.

— Melhor — Naruto piscou, voltando ao seu lugar.

— Fiquei surpreso com sua ligação. Ainda mais por ser sábado. Aconteceu alguma coisa?

— Está desviando da minha primeira pergunta, Neji.

— Digamos que minha imagem eleitoral tenha recebido um pequeno abalo. Meu tio apareceu de surpresa em minha casa para me exigir uma postura mais.. — Estalou a língua no céu da boca. — adequada. Mas, me diga, o que houve para ligar e marcar esse almoço tão de repente?

Naruto cruzou os braços na frente do peito, e Neji percebeu as feições dele endurecerem. Os olhos azuis estavam sérios, uma expressão reprovadora começava a tomar conta da face tão bela.

— Machucou Hinata ontem.

— Quem? — Apoiou o cotovelo na mesa para usar a mão de suporte ao rosto.

— Você saiu ontem, irritado e apressado, da Akatsuki. Na saída, uma mulher foi te abordar preocupada, e você a machucou.

Neji franziu o cenho. Os olhos perolados continuavam indiferentes enquanto a mente buscava a cena que lhe era narrada. Uma mulher? Ah, sim... A mulher que bloqueara seu caminho.

— Não sei o que te disseram, mas não fiz nada.

— Segurou o braço dela, não foi? — Naruto pausou, esperando a confirmação de Neji. — Segurou com força demais — enfatizou. — O braço dela está com a marca da sua mão, eu vi.

— O que te garante que fui eu? — questionou sem se abalar, confuso com aquele interrogatório. — Pode ter sido qualquer um com quem ela dormiu ontem.

Naruto inclinou-se para frente, segurando a gravata de Neji e o puxando bruscamente para frente.

— Hinata é acompanhante social. Apenas isso. Ela não dormiu com ninguém ontem, e muitos viram você segurando o braço dela, Neji.

Neji estreitou o olhar para, então, revirar os olhos entediado.

— Não sabia que ela era importante para você.

— Mesmo que não fosse! — Naruto o soltou, exaltado. — Não pode descontar sua raiva desse modo nos outros. Irá se desculpar com ela. Você a deixou assustada. O que aconteceu ontem para ficar tão irritado?

— Já disse. Campanha e perda de tempo. Da próxima vez que eu for até Akatsuki, pedirei desculpas a ela se é o que quer. Não achei que a tivesse machucado — Ajeitou o cabelo que caía no rosto. — Podemos comer agora?

Não adiantava insistir no assunto, Naruto sabia disso. Bufou, balançando a cabeça negativamente enquanto via Neji chamar o garçom e fazer os pedidos.

Neji era teimoso, orgulhoso e, às vezes, insensível. Aquele comportamento só vinha piorando nos últimos meses graças à maldita campanha eleitoral. Mas era justamente por saber que aquilo era culpa da época do ano que não conseguia permanecer irritado com o outro.

— Como Ten-Ten está? — perguntou, mudando o assunto.

— Querendo um filho — Neji ofereceu a taça para que o garçom o servisse com o vinho que tinha escolhido. — Como se eu precisasse de mais essa preocupação.

— Vocês estão casados há um tempo já, é normal que ela queria um filho.

— Mas eu não quero — Neji enfatizou. — E ela sabe disso.

— Cuidado, Neji. Ela ainda está saindo com aquele... qual o nome do homem com quem ela estava naquele dia que fui em sua casa?

— Kiba. Sim, eles ainda estão saindo juntos de vez em quando de modo discreto para não chamar a atenção da mídia. Ela parou de vê-lo esses dias por causa da minha campanha. Acho que muito tempo sozinha fez com que tivesse essa ideia maluca de filho.

— Já imaginou se ela engravida dele já que você não quer? — Naruto tomou um gole do vinho, agradecendo ao garçom quando os pratos foram servidos.

— Não conhece minha esposa tão bem como eu — Neji sorriu de canto. — Ten-Ten é bem mais esperta que isso. Não corro esse risco.

Naruto concordou. Neji era... peculiar em todos os sentidos. Quando ele se casou, lembrava-se da preocupação dele a respeito da esposa. Preocupação essa que morreu na primeira semana do casamento. Neji havia aparecido de volta na Akatsuki na segunda semana, do mesmo modo de antes e, o mais estranho, sob total conhecimento da esposa.

Ten-Ten. Conhecera-a na própria casa de Neji durante uma semana em que ela viajaria a trabalho. Lembrava-se vergonhosamente de estar de quatro no meio da sala enquanto Neji o fodia quando ouviram o barulho característico do salto contra o piso. Tentara parar! Tentara morder o lábio para não gemer enquanto Neji acertava-lhe a próstata e mordia-lhe o pescoço! Mas qualquer que tenham sido seus esforços, eram todos inúteis.

Viu-a parar na entrada da sala, segurando a mala de rodinhas em uma mão e o celular na outra. Morena, cabelos castanhos presos em dois coques, batom vinho, olhos de um marrom magnífico e que transmitiam diversão.

— Ah... — ela deixara escapar surpresa. — Está explicado por que você não atende o celular, Neji. Não suje meu tapete dessa vez, foi um saco explicar as manchas para a empregada.

Neji rira baixo, piscando para ela antes de vê-la sair em direção às escadas que levariam ao quarto.

Naruto apenas choramingou, sentido seus cabelos serem puxados para o lado para que Neji o trouxesse para um beijo. Assim, dessa forma atípica e constrangedora, descobrira que o outro havia se casado com alguém que era simplesmente o seu reflexo em versão feminina. Claro, Ten-Ten e Neji não se pareciam em tudo. Ela era muito mais educada e aparentava sempre estar alegre, além de ter um gosto e conhecimento anormal por armas. Contudo, quanto à ambição, à inteligência, ao modo de liderar e ser obedecido, eles eram tão parecidos que Naruto sempre se assustava ao ouvi-los conversar sobre política.

Além disso, diferente do esperado, Ten-Ten sempre o recebia sem reclamações na casa dela. Conversava, dizia onde Neji estava, nunca o destratava ou demonstrava o menor sinal de ciúmes. O que foi explicado depois: ela e Neji tinham um acordo. Nenhum dos dois queria mesmo casar, não se gostavam a esse ponto e já estavam envolvidos com outras pessoas. Por isso, continuavam suas vidas desde que com discrição.

Para a mídia, para os eleitores, para qualquer um, eram um casal perfeito. Neji até então não estava envolvido em escândalos políticos ou fofocas, ela não era vista fazendo nada que a sociedade julgasse "imoral", apareciam juntos para fotos, sorriam para as câmeras, encenavam como um bom casal que eram. Mas só para a mídia...

O amante de Ten-Ten era um empresário de classe média que a conhecia desde a faculdade ou algo assim. Já o vira umas três ou quatro vezes, deixando a casa dela discretamente pela manhã ou durante a madrugada.

Discrição. Essa era melhor palavra para definir o modo como Neji e ela conduziam suas vidas paralelas.

— Naruto? Está distraído — Neji tocou em sua mão, despertando-o da lembrança. — Podemos sair daqui se quiser, minha casa está vazia hoje.

Naruto sorriu, limpando os lábios com o guardanapo.

— Não posso. Prometi a Hinata que iríamos ao cinema.

— Ela é...

— Uma amiga, assim como Gaara — Naruto o cortou com um sorriso. — Quase uma irmã e, por isso, insisto que se desculpe com ela e... Neji, acho que seus seguranças estão com problema.

Neji virou o rosto rapidamente, percebendo a movimentação na entrada do restaurante. Seus seguranças e alguns dos funcionários do restaurante conversavam com algumas pessoas que tentavam a todo custo entrar. Por sorte, conseguiu virar o rosto a tempo de não ser pego pelo flash disparado por uma câmera.

— Bem, aí está o motivo da minha irritação — ironizou com raiva. — Nosso almoço fica para a próxima, Naruto. Não se esqueça que temos compromisso na quarta à noite. Irei ao leilão.

Naruto assentiu confuso. Neji levantou-se da cadeira, mantendo-se sempre de costas para à entrada do restaurante para se aproximar e se inclinar sobre o outro, beijando-lhe de modo breve, mas, ainda assim, possessivo.

— Termine sua refeição. Essa corja vai me seguir, então não ficarão para te fotografar. Aliás, seria interessante se você pudesse despistá-los caso te sigam — Acariciou-lhe o rosto antes de se afastar.

Naruto viu os seguranças de Neji continuarem na porta e decidiu mudar de lugar, afastando-se do foco de qualquer câmera. Tudo o que menos precisava era se expor mais do que seu trabalho já o expunha. Pegou o celular, checando as mensagens e conferindo o horário. É, ainda tinha duas horas para almoçar. Depois, encontraria Hinata e enrolariam no shopping até que Gaara finalmente estivesse livre.

É, certamente era o melhor a se fazer.

* * *

Sasuke acordou extremamente cedo naquela manhã. Junto de Sakura, arrumou a casa toda, verificando se algo havia sido levado pelos invasores. Nada. Nenhum mísero objeto tinha sido roubado, mas muitos estavam quebrados.

— Quer ajuda para fazer o almoço? — Sakura tocou seu ombro.

— Já ligou para Itachi?

— Não, ele deve estar ocupado — Ela sorriu, pegando uma segunda panela e a colocando sobre o fogão.

— Preocupado, você quer dizer. Ligue antes que ele venha pessoalmente checar como estamos.

Sakura suspirou, ouvindo o bater ritmado da faca contra a tábua de acrílico.

Sasuke não a olhou. Sabia que se o fizesse, ela inventaria uma desculpa qualquer e não ligaria para Itachi. Sorriu de canto ao ouvir os passos dela se distanciando gradativamente. Pelo seu relógio, eram onze horas. O almoço ficaria pronto até meio-dia. Almoçaria correndo. Depois, iria para o jornal.

Seu chefe já havia ligado às sete da manhã. Pain era sensato e de fácil diálogo. Pediu, como o protocolo exigia, a comprovação da história, o boletim de ocorrência, nada mais do que o normal. Itachi também já tinha ligado. Duas vezes. Uma perguntando se estava tudo bem, outra avisando que já tinha entrado em contato com sabe-se lá quem para trocar todas as fechaduras da casa de Sasuke.

Riu baixo, despejando os legumes na panela com azeite e começando a fritá-los. Sakura apareceu vinte minutos depois, o humor nitidamente melhor, embora o cansaço e a preocupação estivesse visíveis em seus olhos.

— Quando vai ao veterinário ver Pandora? — ela perguntou, ajudando-o no almoço.

— Depois do expediente se possível ou amanhã de manhã.

— Não está preocupado?

— Sakura, por que eu não estaria preocupado? — questionou levemente irritado.

Ela deu de ombros. Talvez fosse a calma com que ele agia, talvez fosse a rotina programada que estavam seguindo como se o ocorrido do dia anterior não fosse nada demais, talvez fosse a máscara de indiferença que ele tão bem vestia! Aquilo a irritava! Era um dos únicos motivos que a fazia perder a paciência com ele!

— Você se preocupa demais, Sakura — Abaixou o fogo. — Fique de olho aqui, vou me trocar para o jornal.

Ela assentiu. Esperou ele sair da cozinha para olhar novamente o celular. Seu chefe havia dispensado tanto Sasuke quanto ela naquele dia, mas Sasuke era teimoso! Ela não iria. Mas também não ficaria naquela casa. Precisava sair, esfriar a cabeça, tentar esquecer por completo o que havia se passado. Digitou rapidamente para Deidara, marcando de encontrá-lo para saírem. Ele não negaria, nunca negava.

Desligou o fogo, mexendo na comida com uma colher e servindo os pratos para leva-los à mesa. Ouviu a porta se abrir e viu Sasuke sair do quarto calçando o sapato.

— Quer que eu te deixe em casa depois do almoço? — Sasuke indagou ao se sentar.

— Não, me deixe no centro, perto da casa de Deidara. Sasuke... O que você acha que aconteceu aqui ontem? Entendo que não queira falar, mas, se você não precisa entender, eu preciso!

Ele terminou de mastigar, deixando os talheres no prato e a olhando.

— Por que acha que eu sei o que houve? Você mesma viu que não roubaram nada. Não tenho como saber o motivo de terem invadido minha casa.

— Mentira! — ela se exaltou. — Eu sei quando mente! E é óbvio que está fazendo isso agora. Está escondendo o jogo, Sasuke, sei que sim. Isso não é uma matéria que não pode vazar para a concorrência, é a sua vida, e você não está me contando o que está acontecendo com ela.

— Como eu disse: você se preocupa demais, Saky Se te tranquila, se eu estivesse metido em algo perigoso, Itachi já estaria aqui, não é? — Arqueou a sobrancelha.

Sakura pensou em rebater, mas o argumento era válido. Itachi com toda certeza já estaria ali pessoalmente para limpar a bagunça de Sasuke se fosse necessário. Inspirou profundamente, derrotada, balançando a cabeça em negação antes de voltar a comer.

Quando terminaram, Sasuke levou os pratos à pia e rapidamente os lavou enquanto via Sakura se retirar para terminar de se arrumar e pegar seus pertences.

Sentiu seu telefone vibrar e revirou os olhos quando leu a mensagem de Itachi: pegue leve com ela, otouto. Ué, não estava fazendo isso?

Guardou o celular no bolso e pegou a mochila com o notebook. Esperou Sakura na garagem, segurando o capacete dela. Quando ela apareceu, forçou-se, ao máximo, a sorrir enquanto a puxava para um abraço. Itachi ainda teria que o compensar por aquilo.

— Vamos, pare, prometo que te conto quando tiver certeza. Melhor assim? — Soltou-a e estendeu o capacete.

Sakura concordou, contrariada, aceitando o capacete para então subir na moto atrás de Sasuke. Ele a deixou onde havia pedido. Tentou mais uma vez convencê-lo a não ir trabalhar, mas fora em vão.

Teimoso demais.

Dirigiu-se ao café de sempre, notando como a parte rica da cidade era diferente de onde vivia. Deidara tinha muita sorte mesmo. Conhecia-o há pouco mais de dois anos, no jornal. Ele era o único jornalista da área de política e economia que tinha bom humor! Aliás, como Deidara podia sempre estar de bom humor? Era até irritante.

Enquanto todos surtavam com os prazos, passavam raiva diante do computar, xingavam amigos e parentes nas horas de estresse, Deidara simplesmente se espreguiçava em sua mesa, contando uma piada estúpida e indo irritar ou ela ou Sasuke.

Ouviu o sino na porta indicar a entrada de mais um cliente e levantou o olhar. Deidara estava de folga naquele fim de semana e, por isso, vinha até ela com seu melhor sorriso e com suas roupas pouco usuais.

— Você parece ter saído de um conto gótico — Ela bebericou o café enquanto analisava o lápis de olho no rosto de Deidara, junto com todos os brincos e piercings que ele não podia usar no trabalho.

— E você de um drama. Que cara é essa? — Ele riu, apoiando os braços na mesa. — Itachi já tem namorada?

— Sério que você acha que minha vida se resume a um romance? — Sakura bufou. — O que eu e Itachi fazemos não é de seu interesse.

— O que não fazem, você quer dizer.

— Foda-se, Deidara! — disse nervosa. — Não foi por isso que te chamei. A casa de Sasuke foi invadida ontem.

O sorriso animado de Deidara morreu aos poucos, diminuindo à medida que ele arrumava a postura. Ele respirou fundo, tirando o casaco roxo escuro que vestia e arrumando de forma nervosa a franja loira que caía na frente de seus olhos.

— Como? Mas ele está bem, não é? Ele saiu ontem à noite.

— Sim, ele saiu e pediu para eu cuidar da cachorra dele. Eu fui e...

— Você estava na casa? — Deidara a cortou, arregalando os olhos. — Pera, você estava na casa de Sasuke na hora em que invadiram?

Sakura enterrou a cabeça nas mãos, segurando os cabelos rosas com força antes de voltar a encostar no estofado do assento.

— Ele pediu para eu cuidar da cachorra que ganhou de Itachi, e eu fui. Quando estava indo dormir, invadiram e reviraram tudo, quebraram tudo, atiraram na cachorra dele!

Deidara balançou a cabeça em negação, chamando o garçom e pedindo um chá de camomila com urgência.

— Te machucaram? — conseguiu formular a pergunta.

Sakura negou, e ele suspirou enfim aliviado.

— Sasuke acha que sabe o que houve, mas não me conta.

— E não vai ser para mim que ele vai — Deidara sussurrou nervoso, batendo os dedos contra a mesa em um movimento repetitivo. — Sabe se ele publicou algo importante nesses últimos tempos? Ele mexeu com alguém grande? Denunciou algum esquema?

Sakura riu sem humor.

— E quando ele não faz isso? Sasuke tem amor à profissão, não à vida.

Deidara massageou as têmporas, enquanto recebia o chá. Sasuke se arriscava demais, já o havia avisado muitas vezes sobre aquilo! Como se avisar funcionasse... Sasuke era completamente insano, parecia que gostava de viver sobre uma corda bamba, andando sempre no limite, desafiando quem pudesse apenas pelo prazer de se mostrar certo, de se mostrar vencedor! Precisava fazer mais a respeito de tudo o que estava acontecendo.

— Como ele está?

— Bem, quer dizer, do jeito dele. Você o conhece.

— Se eu o conheço, Sakura, ele está agora indo para o jornal e ficará investigando a invasão durante os intervalos. Ah, esquece, você não devia estar pensando tanto nisso. Deve ter sido horrível ontem. Tenho uma ideia! Tem uma exposição de arte no museu nacional. Eu estava louco para vê-la!

— Pintura? — Ela sorriu, já sabendo a resposta.

— Com certeza! A arte é incrível, e esse pintor é magnífico! As cores que ele usa são vibrantes, e algumas fazem você achar que está em um outro mundo!

Sakura riu do entusiasmo do amigo antes de concordar.

— Só me espere um momento. Vou pagar nossa conta — Ela se levantou.

Deidara assentiu. Olhou o relógio e abriu o celular, procurando as manchetes do dia. Suspirou um pouco mais aliviado por não achar nenhum escândalo e digitou rapidamente uma mensagem. Sasuke tinha que tomar cuidado, tinha que parar de mexer com quem não tinha como disputar forças, parar de ser tão atrevido e inconsequente! Ou então acabaria os matando de preocupação, ou pior, matando a si mesmo.

* * *

Neji sorria discretamente para as câmeras que o seguiam enquanto andava junto de Ten-Ten pelas lojas de roupas.

— Até quando vou ter que fazer isso? — resmungou para si mesmo quando Ten-Ten entregava-lhe um terceiro terno para experimentar.

— Você é o prefeito, precisa trabalhar um pouco o seu marketing pessoal. Eles precisam nos ver fazendo essas coisas. Dê material inútil para eles e talvez eles parem de te perseguir em busca de matéria nova.

— Podíamos ter saído para comprar algo mais útil que um terno — Ele ajustou a gravata, olhando-se no espelho enquanto os flashes ultrapassavam o vidro da loja.

— Nem pensar — Ten-Ten deu um tapa leve no braço dele. — Ternos passam boa impressão. E a imagem de você estar me consultando e me deixando ajudá-lo passa a típica imagem de que sou uma boa esposa. Sabe como são hipócritas. Sorria, segure minha mão, ande comigo, elogie, faça gentilezas. Eu rio, arrumo sua roupa, seu cabelo. Depois que você tiver que ir ao trabalho, vou ao mercado, finjo fazer as compras do jantar como uma boa dona de casa. Posso até passar na lavanderia para pedir que lavem seu terno novo porque esse que você está vestindo agora — Ela o abraçou por trás, olhando o reflexo dele no espelho. — ficou perfeito.

Neji girou o pescoço, sentindo as mãos da esposa a massagearem a musculatura. Assim como ela recomendou, virou-se, segurando as mãos dela antes de as beijá-las e se afastar para informar que havia escolhido o terno.

Mais flashes.

— Não me disse se conseguiu falar com aquele seu contato — Neji se virou para questioná-la.

— Por que eu não conseguiria? — Ela sorriu. — Já está resolvido. Um problema a menos com as fofocas. Agora vamos, as câmeras estão sedentas por nós.

— Por que parece que você está se divertindo com isso, Ten-Ten?

Ela riu, entrelaçando os dedos nos dele e colocando os óculos escuros.

— Querido, eu amo receber atenção, principalmente se eu estiver com um vestido caro e ao lado de um homem bonito e influente.

— Fala como se não tivesse influência alguma — Neji ironizou. — Humildade não combina com você, pare. Não finja que não controla parte dos fios da marionete.

Ten-Ten parou, virando Neji para si apenas para erguer a cabeça e poder beijá-lo enquanto ouvia mais flashes sendo disparados.

— Que isso, "amor"... Só estava entrando no personagem.

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