Uma década em uma noite [COM...

By LauraaMachado

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A última coisa da qual Bridget se lembra é do colegial. Minutos contados para que pudesse voltar para casa co... More

Projeto 1989
Prólogo
Capítulo 1 - Uma Década em uma Noite
Capítulo 3 - Voltando para Casa
Capítulo 4 - De Dezesseis a Vinte e Seis
Capítulo 5 - Ossos do Ofício
Capítulo 6 - Entre Tropeços
Capítulo 7 - Por Trás de Portas e Secretárias Eletrônicas
Capítulo 8 - Um Café e um Sorriso
Capítulo 9 - Trilha Sonora
Capítulo 10 - No Topo do Mundo
Capítulo 11 - Costa Oeste
Capítulo 12 - Segredos Acidentais
Capítulo 13 - Vestido de Noiva
Capítulo 14 - Um Novo Caminho
Capítulo 15 - Fora de Risco
Epílogo
Personagens
Playlist da Bridget e do Thomas
Agradecimentos

Capítulo 2 - Coisinha Brilhante

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By LauraaMachado

You took a polaroid of us
Then discovered

Capítulo 2
Coisinha Brilhante

"Como ela está?" O choque que levei ao ouvir sua pergunta foi quase tão grande quanto minha felicidade ao vê-la.

Por que ela não estava falando diretamente comigo? Era eu, sua filha, lacrimejando com a garganta apertada, esperando o momento em que ela sentaria na minha frente e poderia me abraçar. O que ela estava esperando?

"Pergunte a ela," a enfermeira falou.

Os olhos bastante enrugados da minha mãe me miraram só por um segundo antes de voltar a ela.

"Mas ela se lembra de mim?"

"Sim!" Eu mesma respondi, quase a alarmando.

Mas foi o suficiente para que finalmente andasse até mim, franzindo suas sobrancelhas como se tivesse medo de me olhar duro demais e me quebrar. Ela claramente tinha envelhecido, o que me deu um aperto no coração. Sabia que era por causa de uma década que eu não lembrava de ter vivido, mas só consegui sentir que era por estresse e isso era terrível. Não queria que ela sofresse assim, que envelhecesse assim.

"Ah, Bridget," ela segurava várias coisas e as deixou todas no pé da cama para chegar até mim e me abraçar.

Respirei bem fundo para inalar o máximo de seu perfume. Era doce, enjoativo, mas terrivelmente familiar. Pelo menos isso, ela não tinha mudado.

Assim que me soltou, minhas bochechas já estavam molhadas.

"Mãe, eles falaram que eu perdi minha memória," reclamei, meu nariz entupido do choro deixando minhas palavras soarem como uma birra.

Mas falar aquela frase em voz alta e logo para a minha mãe fez tudo ficar ainda pior. Se antes eu chorava, agora senti vontade de soluçar.

"Eu sei, querida," ela me puxou de novo para a abraçar pela cintura e apoiar minha cabeça na sua barriga. "Mas vai ficar tudo bem."

"Não, não vai! Eu perdi dez anos! E ela disse que eu posso nunca mais recuperar!"

A enfermeira, que estava de pé do lado da porta, levantou o rosto para mim, mas não respondeu.

"E se eu nunca recuperar?"

Meus olhos lacrimejavam tanto, que mal conseguia ver o rosto quase estranho da minha mãe. Mas ela se sentou à minha frente, afastando minha bolsa para lhe abrir lugar, tirou um lenço do seu terno que só podia pertencer aos anos oitenta e limpou cada uma das minhas bochechas.

"Dez anos nem é tanto tempo assim," ela disse, me fazendo bufar uma risada engasgada e dolorida. "Como sabem que foram dez anos?"

"Ela acha que estamos em oitenta e nove," a enfermeira respondeu.

"Ah, sim," minha mãe voltou a mirar meus olhos. Parecia ter uma certa dó de mim, enquanto também sentia um pouco da minha dor.

Mas não era dor que eu sentia. Era medo.

"O que aconteceu nesses dez anos?" Olhei para as minhas próprias mãos. "Onde nós estamos? Cadê o papai?"

"Nós estamos em Nova York, querida," ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

E não respondeu minha segunda pergunta, o que ajudou a fazer meu coração encolher dentro de mim.

"Mãe," chamei, minha voz bem mais grave. Ela até parecia estar evitando meus olhos de propósito. "Cadê o papai?"

Quando engoliu a seco, lágrimas ainda maiores começaram a escapar dos meus olhos.

"Mãe, pelo amor de deus, me diga que papai está bem!"

"Bridget! É claro que ele está bem!" Ela me reprimiu. "Como você pode imaginar isso?"

Até o alívio que eu senti era sufocante.

"Você está fazendo tanto mistério!" Reclamei, cruzando os braços. "Onde ele está, afinal?"

Apesar de ser bom saber que ele estava bem e que eu não tinha me esquecido da pior coisa que poderia me acontecer, ainda era inegável o quanto ela parecia estar escondendo alguma coisa.

"Deve estar dormindo a essa hora," falou, se afastando um pouco e puxando uma caixa que tinha trazido para perto de mim.

"Como assim, deve estar?" Quis saber. "Você não tem certeza?"

Ela deu de ombros, ainda quieta demais para o meu gosto, se ocupando com um adesivo que eu mesma tinha colado naquela caixa.

Quem sabe deveria estar lhe dando mais importância, mas eu tinha visto aquela caixa ontem! Aquele adesivo de coração, eu colei naquela semana.

Ah, não. Colei faz dez anos.

Como era possível eu ter me esquecido do que realmente aconteceu ontem, mas lembrar de detalhes de um dia de dez anos atrás? Lembrar até que eu tinha mudado a posição do adesivo tantas vezes que precisei roubar uma cola da Lea para fazê-lo parar quando finalmente decidi onde o queria?

"Mãe, desembucha de uma vez. O que aconteceu com o papai?"

Ela suspirou alto. "A verdade, Bridget, é que eu realmente não gostaria de ter que lhe contar isso duas vezes-'

"Desculpa se a minha amnésia te atrapalha."

"Muito engraçadinha," ela fez questão de me olhar e me fazer encolher os ombros. "A verdade é que nós não estamos mais juntos."

Oi? Como assim?

"O que você quer dizer com não estão mais juntos?" Descruzei meus braços para abri-los no ar. "Espera aí, vocês estão divorciados?"

"Nada tão sofisticado," ela cruzou as pernas e se virou para a janela, querendo fugir da conversa com uma pose de desinteressada. "Ainda não chegamos a esse ponto."

"Então vocês estão só brigados?"

"Não, Bridget! Separados! Entenda isso de uma vez e me poupe da irritação de me lembrar dele! Você sabe como isso me dá nos nervos!"

"Mas-" seu olhar autoritário me cortou.

Era meu pai. Ele era um amor de pessoa, nunca faria mal para ninguém. O que poderia ter acontecido para os dois se separarem?

Abri a boca outra vez, mas ela levantou as sobrancelhas, me indicando que eu estaria arriscando bem mais do que pensava se continuasse aquela conversa. Minha garganta, por exemplo.

Então não continuei.

Mas a deixei em um canto da minha cabeça para me lembrar de perguntar depois diretamente para meu pai.

Se é que eu me lembraria daquele dia no futuro.

"Agora, será que podemos falar de coisas mais agradáveis?" Não era um pedido. "Eles já te devolveram suas coisas?"

"Sim," respondi, puxando a bolsa para perto de mim.

Nem a tinha aberto ainda. Só a enfermeira que tinha tirado o telefone de lá.

Como chamava mesmo? Celular?

Abri o zíper com cuidado, percebendo pela primeira vez como ela parecia cara também. Quando a virei de ponta cabeça para que tudo caísse à minha frente, a porta se abriu.

"Olá," era o médico de novo. Minha mãe correu para ir apertar sua mão, ajustando seu terninho no caminho. "Sra. Thorne."

"Srta. Collins," ela o corrigiu, me fazendo revirar os olhos para seu nome de solteira.

Mas eu estava mais preocupada com outra coisa. Entre toda a tralha irreconhecível e esquisita que tinha saído da minha bolsa, uma tinha chamado minha atenção.

"Bridget, cumprimente seu médico!" Era a voz da minha mãe, mas meus olhos estavam presos naquela coisinha brilhante.

Coisinha seria definitivamente injusto.

Era enorme.

E pesada.

E brilhante.

"Eu acho que essa bolsa não é minha," falei, apesar de saber que o fato de eu não reconhecer aquele anel não significava nem um pouco que não me pertencia.

Minha mãe riu, encostando de leve no braço do médico. "Claro que é, Bridget," ela veio até mim com passos apressados que ecoaram pelo quarto. "Não é possível que você se esqueceu de Max!"

Ela riu mais um pouco, enquanto eu só ficava mais confusa.

"Max? Max Warner?"

"Claro, querida," ela puxou a poltrona para se sentar perto de mim. "Você não se esqueceu do seu noivo, não é?"

E, ao ouvir sua risada exagerada, senti um arrepio frio e entorpecente correr pelo meu corpo inteiro, alcançando até as pontas de meus pés.

Se tinha uma informação capaz de me paralisar, era aquela. O resto do mundo continuou se movendo, enquanto eu questionava pela milésima vez se aquela finalmente era uma prova de que só poderia ser um sonho. Eu nunca ficaria com Max. Nunca! Eu o odiava! E não era pouco! Eu realmente o desprezava!

Poderia passar décadas, e isso nunca mudaria! Ele nem era Tony! Por que eu iria ficar com ele? Eu o odiava mais do que tudo no mundo!

Precisava ter uma explicação melhor que aquela! Chantagem, engano, qualquer explicação além de eu ter só decidido aceitar me casar com ele. Alguma que fizesse algum sentido! Ele era repugnante, idiota, tirava sarro de mim toda vez que notava minha presença! Além do mais, ele namorava a Lilian Parker. Ninguém trocaria Lilian Parker por mim!

"Bridget, preste atenção, por favor!" Era minha mãe de novo. "O médico está falando com você!"

Dessa vez, pisquei bastante, tentando focar ao que estava logo na minha frente.

Um grupo de pessoas tinha entrado atrás do médico e todos eles me observavam.

Todos de jaleco.

"Alguma dor de cabeça, Bridget?" O médico perguntou de novo.

"Não," respondi, mas não tinha certeza. Não conseguia realmente parar e analisar minha cabeça quando sentia que minha vista estava o tempo todo prestes a embaçar completamente. Até olhei de rosto em rosto, tentando ver se reconhecia alguém, mas era muita gente, umas dez pessoas. Era mais do que eu conseguia ver de uma só vez.

"Alguém apresenta?"

"Bridget Thorne, vinte e cinco anos," uma menina começou a falar. "Admitida ontem às duas da manhã depois de um acidente de carro. Traumatismo craniano..."

Suas palavras foram abafadas na hora em que eu encontrei um par de olhos entre eles que eu reconhecia. Tive que piscar algumas vezes para ter certeza de que não estava finalmente alucinando. Mas, se não estava enlouquecendo de vez, os olhos azuis que se abaixaram na hora em que encontraram os meus eram de Thomas.

Thomas Brown era médico? O garoto que passava seus dias lendo coleções de gibis com histórias que não faziam nenhum sentido e jurando que viraria músico algum dia tinha estudado medicina?

Será que eu tinha ido parar em uma realidade paralela também?

"Ótimo," a voz grave do médico foi o suficiente para me chamar a atenção outra vez. "Segundo a paciente, nós ainda estamos no ano de mil novecentos e oitenta e nove."

Não sabia bem por quê, mas fiquei bem envergonhada na hora. Me senti ridícula de acreditar no que treze pares de olhos juravam ser mentira. Ainda mais com Thomas ali.

Ele sempre tinha sido a única pessoa no mundo a me admirar. Agora eu era a garota que tinha ficado para trás.

"Quando ela vai poder sair daqui?" Minha mãe perguntou.

"Não tem nada fisicamente errado com ela, "ele explicou, "então devemos lhe dar alta hoje mesmo. Mas vamos acompanhá-la nos próximos meses, não se preocupe."

"O senhor é muito bom," ela disse, sorrindo demais. "Serei eternamente grata."

Por eu ter perdido dez anos de uma vida que supostamente vivi?

"Se precisar de alguma coisa, é só mandar me chamar," ele me disse, e eu assenti.

E então todos começaram a ir na direção da porta. Se era Thomas mesmo ou não, era minha última chance de descobrir. Ele tinha se mantido escondido atrás dos colegas o tempo inteiro ali, o que realmente parecia ser algo que ele faria. Mas eu precisava de outro rosto familiar! Principalmente um que se conectava tão facilmente à Leanne.

Assim que a porta se abriu, eu falei: "Thomas Brown?"

O sobrenome me parecia tão desconfortável, mas fez com que ele parasse de andar, o único de todos os médicos ali, e saísse de trás deles.

Uau. Era ele mesmo.

Como ele estava alto! E menos magro. O inverso de mim tinha acontecido com ele.

Mas estava bem melhor assim.

Suas sardas ainda estavam ali, seu cabelo tão bagunçado quanto antes, senão mais, só bem mais curto. Até o jeito que ele andou até mim, praticamente cambaleando a cada passo, era familiar. Mas ele ainda estava diferente. Maior. Mais-

Adulto.

Ele era adulto.

Thomas era adulto.

Aquilo era bizarro.

Quase mais do que eu mesma ser.

"Achei que era você," falei, quando ele chegou mais perto, e puxei a coberta da cama para me cobrir. "Você virou médico."

Ele sorriu de lado de um jeito até triste. "Residente," me corrigiu, como se fosse muito diferente. "Você está bem?" Por um segundo, senti que talvez ele ainda me visse do mesmo jeito que eu mesma via. Seus olhos se apertaram para me observar com tanta preocupação, que ele nem precisou falar nada para que eu sentisse que ele queria fazer mais por mim do que eles diziam conseguir.

Eu também queria. Queria encontrar um botão para fazer o tempo voltar. Queria acordar e descobrir que era um sonho. Mas foi estranhamente reconfortante perceber que ele sentia a mesma aflição que eu.

"Estou," respondi, ainda sem poder mesmo entender o que estar bem significava para dar uma resposta realmente honesta. "E Leanne? Você sabe onde ela está?"

Ele abaixou os olhos, suas duas mãos atrás das costas, como se fizesse o melhor para continuar se escondendo, mesmo em evidência. "Ela está no Oeste."

"Oeste?"

"Ela estudou em Stanford," explicou, me fazendo sorrir na hora.

Ela tinha conseguido estudar na universidade dos sonhos dela! E, se ela estava lá ainda, não podia ser a pessoa que tinha estado comigo no acidente!

Respirei aliviada, mesmo que ainda sentisse certa falta de ar.

"Ela trabalha em uma empresa em São Francisco agora," Thomas continuou.

"Empresa de moda?"

Ele balançou a cabeça. "Algum produto aí. Ela se formou em administração."

Foi só então que caiu a minha ficha de que eu não sabia o que eu mesma tinha estudado!

"E eu?" Perguntei, virando pra minha mãe e de volta para ele. "Eu fui para alguma universidade?"

Ele levantou o rosto para encontrar meus olhos, mas o pouco que franziu as sobrancelhas me fez pensar que ele não sabia a resposta para a minha pergunta.

Não queria nem começar a cogitar a distância que poderia ter se aberto entre nós. Naquele momento, era bom que ele me respondesse tudo que eu queria e, nem que só pelo meu bem, fingisse que tudo ainda era igual a antigamente.

Eu não saberia como reagir se tivesse que ouvir alguém falando que, ao ficar noiva da pessoa mais desprezível do mundo, eu tinha me afastado da mais bondosa.

"Claro que foi, querida," minha mãe interrompeu antes que ele pudesse falar alguma coisa. "Foi onde você e Max se apaixonaram."

Arregalei meus olhos para Thomas, mas ele não pareceu entender a graça, só abaixando os seus para o chão, como se esperasse o momento em que sairia dali. Meu coração estava acelerado, talvez só da adrenalina de tudo que acontecia, talvez pelo medo das respostas que teria.

"O que eu estudei?" Perguntei, determinada a mantê-lo ali.

"Direito," minha mãe respondeu, e ele olhou para ela.

Foi inevitável sorrir! Eu também tinha feito o que queria!

"Você é advogada, querida."

"Advogada?"

Não, espera. Eu não queria ser advogada. Queria ser promotora.

"Tipo, advogada pública?"

Minha mãe riu do meu lado. "Você realmente acha que um salário de advogada pública pagaria por esse quarto?" Ela perguntou, abrindo os braços e indicando todo aquele luxo desnecessário que nos rodeava.

"Não," respondi. "Mas também nunca pensei que eu estaria aqui."

Quando falei isso, os olhos de Thomas encontraram os meus, ainda parecendo quase tão abalado por tudo aquilo quanto eu.

"Eu vou embora agora," ele disse com certa impaciência, me fazendo engolir a seco. "Tenho que ir. Preciso terminar a ronda."

Concordei com a cabeça, apesar de querer que ele continuasse ali. Ou, pelo menos, que se despedisse um pouco mais calorosamente.

Mas, assim que saiu, percebi que queria era falar com sua irmã.

Peguei o treco vermelho de novo e apontei na direção da minha mãe. "A enfermeira disse que precisa de um código para isso."

Nem ela estava ali mais. Era só eu e minha mãe.

"Claro que precisa, Bridget. Mas ele é seu, eu não sei seu código!" Ela se recusou a pegá-lo de mim, então eu só o joguei de novo na cama.

"Eu precisava falar com Leanne," resmunguei, quase para mim mesma.

"Depois você manda um e-mail para ela," minha mãe fez um gesto no ar, dispensando minha vontade de contatar a única pessoa no mundo que provavelmente saberia do que tinha realmente acontecido para eu ter ganhado um anel de diamante de Max Warner.

Quer dizer, se eu estava sendo chantageada, ela definitivamente saberia!

"Um o quê?"

Minha mãe bufou. "E-mail, Bridget. É como uma carta, mas você manda pela internet," assim que eu franzi minhas sobrancelhas, ela riu. "Você também não sabe o que é a internet! Conhece pelo menos fax?"

"Sim, mãe," revirei os olhos. "O que você conhecia em oitenta e nove, eu conheço."

"Não tem como eu adivinhar, tem?" Ela veio se sentar na minha cama de novo. "Eu trouxe essa caixa para ver se você se lembra de alguma coisa. Claro que voltar para o seu apartamento vai ser ainda melhor."

Relutante, eu abri a tampa da caixa. Por fora, não tinha nada nela de novo. Ia até repetir para a minha mãe que me trazer coisas dos anos que eu lembrava não ajudaria em nada. Mas, quando finalmente dei uma olhada no que estava dentro, percebi que ela estava mais certa do que eu esperava.

Em cima de tudo, estava uma Polaroid bastante gasta. Nela, eu, Leanne, Thomas e um cara que eu não reconhecia. Parecia ter sido tirada talvez um dia depois da minha última lembrança, mas reconheci minha letra nas palavras 'setembro, 93' atrás dela, e Thomas usava um moletom escrito Columbia. Ele devia ter estudado em Columbia, o que me dava até bastante orgulho dele. Mas eu só conseguia mesmo pensar em como meu sorriso largo e não dentuço poderia ter escapado da minha memória.

Depois dela, várias outras polaroides que não reconheci, cartas, um pedaço de entrada de um show que aconteceu em noventa e cinco, mais um convite endereçado aos meus pais para a minha festa de noivado.

Se não fosse ruim o suficiente ver aquele anel como uma sentença de que algo muito terrível tinha acontecido, o nome de Max ao lado do meu era visualmente repugnante.

Mas nada pior do que ouvir uma batida na porta e o ver entrar no quarto.

A primeira coisa que eu fiz quando seus olhos encontraram os meus foi levar uma mão à boca, escondendo minha maior vergonha, que nem existia mais.

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