[Liam]
Na segunda-feira quando o despertador toca, Victoria não está deitada ao meu lado, deixando-me em alerta.
Levanto-me e vou à sua procura. Passo pelo quarto de Daniel que ainda dorme e desço as escadas. Encontro Victoria encolhida no sofá da salinha pequena, com os cabelos bagunçados e o seu rosto está pálido. Fico imediatamente preocupado.
Agacho-me perto dela e examino o seu rosto.
- O que é que se passa? - aproximo os meus lábios da sua testa onde deposito um beijo. Ela está quente.
- Nada de grave, só estou menstruada. - ela murmura. - E hoje não me sinto bem.
- Oh, querida. - acaricio o seu rosto e depois sento-me no sofá, puxando-a para que ela deite a cabeça nas minhas pernas sobre uma almofada.
Acho que nunca vi a Miranda assim, nem as minhas irmãs. Isto é normal?
- Queres ir ao hospital? - pergunto enquanto afago os seus cabelos.
Ela vira o rosto para mim e meio que sorri. O que foi?
- Hospital? Estás a falar a sério?
Encolho os ombros sem saber o que dizer.
- Não sei, pensei só que talvez fosse melhor.
- Isto já passa. É só um pouco. - ela esboça um sorriso amável.
- Já tomaste alguma coisa? - ela assente.
- É por isto que eu te amo. - Victoria diz.
- Só por isto? - ergo o sobrolho.
- Não, por muitas outras coisas. - ela responde e coloca as mãos atrás do meu pescoço para aproximar os nossos rostos, e então beija-me.
Após uma pequena discussão com a minha linda mulher teimosa, ela cedeu ao meu pedido, ficando em casa. Não me lembro de ela ter ficado assim no mês anterior.
- Bom dia, Liam. - Alana cumprimenta-me quando passo à porta do escritório dela para ir até à assistente da Victoria.
Paro e Alana sai do seu escritório.
- Bom dia, Miss Sutton. - retribuo.
- Oh, deixa-te de formalidades. - Alana pede e eu sorrio. Só o fiz para a chatear. - A Vicky?
- Ela não se sentia muito bem. Vou agora pedir à Jeannelle para desmarcar todos os seus compromissos de hoje. - digo.
- Oh, o que tem ela?
- Nada de grave. - digo pouco convencido disso.
- Eu depois ligo-lhe. - Alana comenta.
- Sim, faz isso.
Ela sorri.
- Foi uma noite agradável a de sábado.
- Sim, foi mesmo. - nem ela imagina o quanto. Foi um dia em cheio, principalmente depois de a Victoria aceitar ser a senhora Hunter.
- Tens tempo para um café? - olho para o relógio e assinto. - Ótimo.
Depois de informar Jeannelle de que a Victoria não iria trabalhar nesse dia, eu e a Alana vamos até ao bar. Peço dois cafés e sentamo-nos numa mesa perto das janelas. Avisto Khan a umas mesas de distância com Madison, a rececionista. Não vou mesmo com a cara do tipo.
- Então o que queres falar comigo? - questiono a amiga da minha mulher. Suponho que também já sejamos um pouco amigos.
- Eu estou mesmo feliz que tu e a Vicky estejam juntos. - eu também. - Ela merece alguém como tu, se bem que tu às vezes consegues ser um bocadinho denominador. - rio alto. Um bocadinho denominador?
- O que queres dizer?
- Acho que às vezes queres as coisas só à tua maneira e não te podes esquecer que a Vicky teve um relacionamento complicado antes de ti.
- Eu sei. - suspiro. - Não é desculpa nenhuma, mas estive tanto tempo sem estar com ninguém que acho que me tornei demasiado protetor.
- A Paige comentou comigo que a Vicky lhe disse que tinha medo que vocês estivessem a ir rápido demais.
- Sim, eu e a Victoria já tivemos essa conversa. - dou um gole do meu café.
- Tu não imaginas como é que ela era quando estava com o Barry, era totalmente reprimida. Ela nunca foi tão descontraída e feliz como é contigo. - Alana fala brincando com a sua colher. - Tu fazes-lhe bem, só tenho medo que tu te fartes dela e a faças sofrer.
- Eu jamais a irei fazer sofrer, Alana. - digo, compreendendo a preocupação dela. - Eu estou perdidamente apaixonado.
- Esse amor irá desaparecer algum dia?
Encosto-me na cadeira e encaro-a alguns segundos.
- Eu pedi-a em casamento. - anuncio. Não sei se a Victoria queria que elas soubessem, mas também não é para ser segredo.
- O quê? - ela parece chocada. Isso é bom ou mau?
- Eu e a Victoria estamos noivos.
- Tu sabes que ela não pode engravidar? Tu sabes do aborto?
- Sei.
- E então?
- Isso era suposto fazer-me desejá-la menos?
Alana balança a cabeça negativamente. Que bom, porque eu não estou disposto a amar menos a Victoria por isso.
- Estou verdadeiramente impressionada.
- Alana, o amor não se resume a sexo ou a diversão. Não comigo. - declaro.
- Eu acho que percebo o que dizes e sentes, porque eu sinto exatamente o mesmo em relação ao Thomas... - Thomas? Quem é Thomas? O melhor amigo da Victoria? Sim!
- Só te queria fazer um pequeno aviso.
- Sou todo de ouvidos.
Ela termina o seu café e quando termina, pousa a pequena chávena de lado e chega-se à frente.
- Se a magoares, vou-te às bolas, entendido? - dou uma gargalhada.
Caramba.
- Qual é a piada?
- Não tenho medo de si, Miss Sutton. - brinco. Eu sei que ela vai ficar furiosa.
- Ai ai! Hunter, tu consegues tirar-me do sério. - ela abre um sorriso.
Quando volto para o meu gabinete depois de almoço verifico o meu correio eletrónico.
De: Vicky Renner
Para: Liam Hunter
Assunto: Saudades.
Data: 16 de novembro, 14:23 pm
Como está a ser o teu dia? :)
Victoria Renner, Diretora de Design Editorial, Hilarious.
P.S: Tenho saudades tuas.
De: Liam Hunter
Para: Vicky Renner
Assunto: Saudades.
Data: 16 de novembro, 14:34 pm
O meu dia está a ser aborrecido sem ti aqui.
Como te sentes, babe?
Liam Hunter CEO, Hilarious, Hunter Participações e Empreendimentos Inc.
P.S: Estou a morrer de saudades tuas.
De: Vicky Renner
Para: Liam Hunter
Assunto: Saudades.
Data: 16 de novembro, 14:36 pm
As dores quase que desapareceram. Sinto-me melhor. Não te preocupes, amor.
Devo ir buscar Daniel à escola?
Victoria Renner, Diretora de Design Editorial, Hilarious.
P.S: Que bom.
P.S.S: Precisamos de falar...
Não gosto nada deste "Precisamos de falar."
De: Liam Hunter
Para: Vicky Renner
Assunto: Saudades.
Data: 16 de novembro, 14:37 pm
É claro que fico preocupado.
Ele vai gostar que sejas tu a ir buscá-lo. :)
Não gostei do teu "Precisamos de falar." O que é que se passa?
Liam Hunter CEO, Hilarious, Hunter Participações e Empreendimentos Inc.
De: Vicky Renner
Para: Liam Hunter
Assunto: Amo-te.
Data: 16 de novembro, 14:40 pm
Não te preocupes, meu amor. :)
Vou deixar-te a trabalhar.
Amo-te tanto.
Xx, Vicky.
Victoria Renner, Diretora de Design Editorial, Hilarious.
Como assim não me preocupo? O que raio anda ela a aprontar?
O meu dia chega finalmente ao fim. Alana apanha-me no elevador e vamos juntos até ao estacionamento. Algo chama a nossa atenção. Está um tipo com uma faca apontada à garganta de outro, enquanto trocam gritos um com o outro, mas não percetíveis à distância que estamos.
- Oh meu deus! - Alana grita.
Olho para o lado para a encarar.
- É o Barry e o Rowdy. Vou ligar para a polícia. - ela começa a revirar a sua mala para encontrar o seu telemóvel. Dou-lhe o meu, uma vez que ela está a demorar uma eternidade para encontrar o dela.
Pouso a minha pasta no chão ao pé da Sutton e aproximo-me deles.
- Liam! - ela chama-me. - Liam! - ela chama-me repetidamente, mas eu finjo que não ouço. - Tu não vais fazer isso, Hunter! - ela continua a gritar. - Liam!
- Tu és um filho da mãe! Se tu te voltas a aproximar da Vicky de maneira a que a deixes desconfortável, da próxima vez não serei tão meigo. Estás a ouvir? - Barry ameaça Khan.
Não estou perto o suficiente mas consigo ver que Khan sangra de qualquer sítio.
- És algum ex-namorado com ciúmes? - Barry dá uma gargalhada lunática.
Então depois diz:
- Não é problema fazer com que a tua morte pareça um suicídio.
Aproximo-me mais dele. Barry está de costas e vai ser fácil atacá-lo.
Rowdy olha para ele, e vê-o de olhos arregalados e um sorriso. Ele é doente.
Coloco uma mão na nuca de Barry e forço a cabeça dele até ao chão.
- Algum problema, Barry? - questiono, forçando-o a ficar de barriga para baixo. Ele não tem como se mexer.
Alana é uma chata que ainda não parou de gritar. Entretanto juntou-se um grupo de pessoas à volta.
Barry tenta movimentar a mão ainda com a faca, mas tiro-a.
- Ainda te posso matar cabrão. - Barry ameaça.
Como é que a Victoria se apaixonou por este merdas?
Olho à volta e Khan desapareceu.
- Tenho uma arma. - o doente mental continua a falar.
Tenho que admitir que praticar boxe dá muito jeito.
- Tu devias morrer por tudo aquilo que fizeste à Victoria! - digo-lhe, tentando encontrar a arma, e depois tiro-a também.
- Ela é minha! Ela sempre foi minha e vai voltar a ser, menos pura agora, mas vai voltar a ser.- mas o discurso deste idiota é por acaso coerente?
- Tu devias ser internado.
Ele mexe-se para tentar desenvencilhar-se de mim. Não vai conseguir.
- Tu não mereces sequer aquilo que tens a meio das pernas. Tu e pessoas como tu desonram o que é ser homem. És um absoluto anormal imbecíl, que não merece viver.
- Que lindo, palhaço! Mata-me logo e honra os homens! - ele levanta a cabeça, mas eu empurro-a com força novamente contra o chão.
- Achas que sou igual a ti? Que imbecíl!
Onde está a porra da polícia? Mas que merda! Tenho uma enorme vontade de matar o anormal imbecíl, mas não posso.
- Ela vai voltar para mim! - ele grita. Ele cheira insuportavelmente a álcool.
- Ela não vai voltar para ti! - esmago as suas costelas com força, fazendo-o inspirar com dificuldade. - Se a tivesses tratado bem da primeira vez, talvez não a tivesses perdido. Os relacionamentos funcionam assim, não sabias? - Barry grunhe. Que pena.
- Tu vais pagar-me.
- Se tivesses estimado a Victoria e a relação que tinhas com ela, talvez hoje ainda estivesses com ela. A Victoria é uma mulher incrível, tu é que não lhe soubeste dar valor.
- Tretas! - bato com a sua cabeça novamente na calçada.
Finalmente ouvessem-se as sirenes. Fico satisfeito quando vejo o imbecíl dentro do carro policial.
Alana corre até mim.
- Liam Hunter, deixa-me olhar para ti. - ela examina-me com o olhar, certificando-se se tenho algum hematoma. - A Vicky matava-me se alguma coisa te tivesse acontecido. - ela abraça-me.
Momento estranho, mas retribuo o abraço para a acalmar.
- Alana, eu sabia o que estava a fazer, pratico boxe há muito tempo. Relaxa. - mostro-lhe um sorriso.
- Tu és completamente louco.
Assinto apenas para lhe dar razão.
- Onde está Khan?
- Foi levado para o hospital, mas não era nada de grave. - Alana responde.
Pergunto-me o porquê de a Victoria nunca me ter dito quem era o Barry. Podia-me ter mostrado uma foto dele, talvez? Não a posso culpar, porém teria deixado-me mais preparado.
Tive que prestar declarações na esquadra, assim como a Alana e Khan. Apesar de não gostar do tipo por ser um convencido abusador, fico contente por o ter ajudado e por ele estar bem.
A Victoria foi buscar Daniel à escola e eu chego perfeitamente inteiro a casa.