Ayla:
- Ayla! Eles ainda estão acordados! - Henrique cochicha me repreendendo enquanto me puxa bruscamente o que nos deixa bem próximos.
- Aaaii! Assim você não ajuda.
- Claro! Cê ia dar mancada!
- E agora?
- E agora a gente espera uai.
- Ai eu sou muito anciosa sabe? Eu fico nervosa, você ta muito perto de mim sai! N.. - Sou interrompida com uma mão sob minha boca me fazendo calar.
- Xiii! Fala baixo criatura! Parece que nunca brincou de detetive, não teve infância. - Henrique gargalha baixinho e eu reviro os olhos.
- Sai! Eu tive infância sim! E foi ótima, já a sua...
- Você estragou.
- Não começa! Já falei pra se afastar Henrique.
- E se eu não quiser? - Me puxa novamente colando mais nossos corpos.
- Vai te catar Henrique! Também não te ajudo mais seu atrevido! - O empurro me afastando e saio andando, mas ele me puxa novamente.
- Ta bom! Eu me comporto. - Sorri - Vou ficar na varanda, quando estiver tudo certo você vai lá e me chama.
- Ta ta! - Digo e ele sai. Eu volto para o quarto.
Nossa, estou muito nervosa, que ansiedade! Amanhã sera o torneio, não vejo a hora de estar naquela pista, de ser campeã! Vai dar tudo certo.
Perdi muito tempo pensando, vejo se a Duda realmente estava dormindo, e sim, dormia feito uma pedra. Fiz o mesmo com meus pais, e eles dormiam tranquilamente. Então desço e vou até a varanda chamar o Henrique. Me aproximo lentamente, ele está de costa, tocando violão, ele canta muito bem... Canta lindamente, antes de chamá-lo, observo ele cantar.
" - Queria te dizer não, não ser tão dependente assim, ah se eu mandasse no meu coração, te esqueceria de uma vez, mas estou face a face com você amor, eu vou pros seus braços sem pensar eu vou."
- Adoro essa música, atrevido. - Digo encostada na porta com os braços cruzados.
- Está ai desde quando? - Pergunta me olhando da cabeça aos pés e vice-versa.
- Deixa pra lá, precisamos ir.
- Verdade. - Põe o violão sobre a mesinha e me segue em direção ao escritório.
Caminhamos lentamente em passos leves, entramos e fechamos a porta.
- E se a Duda acordar e não te ver lá? E se alguém pegar a gente aqui?
- Não me deixa mais nervosa, por favor Henrique?! Obrigada, por nada.
- São possibilidades.
- Você se esconde e pronto. Agora vai vigiar a porta, anda! - Digo e ele sai suspirando.
Vasculho praticamente tudo, já faz quase uma hora que estou fuçando as coisas do meu pai, mexo em gavetas, pastas, documentos, um monte de coisa e não encontrei nada de interessante.
- E ai? - Henrique abri a porta adentrando, vejo ele visivelmente apreensivo e ancioso por algo que não consigo encontrar.
- Nada ainda. - Falo me sentindo um pouco frustrada por não conseguir.
- Vigia enquanto eu procuro então!
- Claro. - Mal digo e ele já vem em minha direção. - Que não! Acha que eu vou deixar você mexer nas coisas da minha família?
- Ai meu pai, ainda mais essa. Larga de besteira uai - Ele diz e continua vindo em minha direção.
- Para! - Jogo uma pasta nele, que estava entre algumas que eu ainda não havia revistado.
A pasta cai juntamente com algumas fotos. Logo presto atenção nelas.
- Ai! Isso doeu! - Henrique resmunga enquanto ainda observo a distância as fotos. - Ei! - Olho para ele e vou até as fotos, me sento no chão e começo a revista-las.
Vejo varias fotos, algumas de quando eu ainda era um bebê, outras do Henrique criança... E encontro uma foto de alguém que não conheço com o Henrique nos braços. Separo a foto sem dizer nada ao Henrique e continuo procurando.
- O que foi? Quer que tem ai?
Encontro outra foto e comparo com a que separei. O mesmo homem está na outra foto com uma outra mulher que não conheço e meus pais.
- Me diz! O que tem nas fotos?! - Henrique se altera e me sinto nervosa. Levanto a cabeça olhando para ele.
- Encontrei!
- O que? - Ele também senta no chão ao meu lado.
- Essas fotos! Essas duas fotos, olha! - Entrego as fotos ao Henrique, ele as encara por minutos. - Esse é você! Essas são as únicas fotos dessas duas pessoas, e essa esse homem esta com você quando ainda era criança.
- Eu não me lembro deles. - Percebo sua frustração. Me sinto nervosa mas isso me causa uma certa piedade, ele deixa escapar uma lágrima e logo a enxuga.
- E agora? - Pergunto.
- Agora a gente guarda tudo e fica com isso, pode nos ajudar.
- Verdade. Sabe? Eu não sei se devia te falar isso, não sei porque você confiou em mim.
- Cê ta me ajudando agora não ta?
- Sim, mas sei lá. Eu ouvi uma conversa dos meus pais no dia que cheguei daquela festa.
- Que conversa?
- Estamos com problemas financeiros não estamos?
- Sim.
- Eles conversavam sobre isso e sobre uma possível ajuda de alguém, mas você não poderia saber desse alguém.
- O que? Por que?
- Isso que eu não entendi.
- E o que mais?
- Não lembro.
- Ta, isso já é um avanço, agora vamos ajeitar tudo e ir deitar.
- Eu pensei em outra coisa. Que tal bagunçar mais isso aqui? - Proponho com um sorriso malicioso.
Eu estava focada em achar alguma coisa, mas também estava desejando bastante algo. A minha brincadeira predileta.
- Bagunçar mais? Pra que? Ta doida?
- Aham, doidinha.
Deito ele ficando por cima e dou vários selinhos enquanto subo sua camisa.
- Em uma situação dessa cê pensa nisso?! Para! Podem ver a gente!
- Xiiiu! - Ponho meu dedo indicador em sua boca e ele encara meus olhos. - Não faça barulho.
Ele apenas me puxa pela nuca para um beijo, nos beijamos intensamente e logo termino de tirar sua camisa, ele levanta me fazendo ficar sentada em seu colo, tira meu vestido, puxa meus cabelos com uma mão enquanto a outra passa por minha cintura, me observando. Nos beijamos novamente e então ele se afasta imediatamente e levanta.
- Não! Não podemos! - Diz ofegante. Não acredito que ele vai me dispensar desse jeito que estou.
- O que?! Claro que podemos. - Levanto e vou até ele novamente o abraçando por trás, beijo suas costas passando as mãos em seu abdômen. Ele respira fundo como se tentasse resistir.
- Não Ayla! Seria falta de respeito! Se veste logo. - Diz enquanto se afasta e veste a camisa.
- Nossa! Que legal Henrique! - Digo ironicamente. Você é muito certinho pro meu gosto! - Digo vestindo meu vestido.
- Eu certinho? Que nada! Cê que é maluca.
- Você bem gosta ne? Só que não toca mais um dedo enquanto eu não quiser! Ah vá! - Digo saindo do escritório. Ele vem atrás, me puxa pelo braço e dá uma "arrochada", me agarra, pra ser mais clara, e me beija.
- Boa noite! - Sorri esperto e me solta indo embora.
Ah esse sorriso, vai me dar trabalho. Não posso me deixar levar, que droga! Só preciso iludir, apenas iludir. Antes de dormir, mando mensagem para o Douglas que estarei esperando ele amanhã cedo, ele responde e então durmo.
Henrique:
Amanheceu em um clima tão bom que da dó de levantar da cama mas preciso ir fazer umas coisas. Levanto, faço o que tenho pra fazer, tomo café e quando vou saindo vejo a Ayla saindo também, só que está saindo da fazenda. Tento alcança-la e não consigo. Por que ela está saindo tão cedo? Ela nem acorda essa hora... Uai, ta saindo de moto?! Pra onde?... Vou até a casa dela e pego a chave de um dos carros e digo ao Mário que vou a um comércio decidido a segui-la.