[Liam]
Depois da conversa, Dan decide ir ver os desenhos animados, fazendo-me agradecer aos céus.
Victoria pega no seu bloco e nos lápis e senta-se num dos bancos altos à bancada, enquanto eu preparo as coisas para fazer o almoço.
Ela tem o queixo apoiado nas palmas das mãos, com os cotovelos em cima da superfície da bancada. Tem agora mais fios de cabelo soltos que caiem para a frente. Oh deus que me acuda! Ela está tão quente, sentada na nossa cozinha.
- O que estavas a desenhar quando chegámos? - eu pergunto-lhe e começo a cortar os legumes sob a tábua de madeira.
Ela coloca alguns fios de cabelo atrás da orelha e está de tirar o fôlego. Não vou conseguir terminar o almoço antes de a arrastar até ao quarto.
Ela morde o lábio inferior.
- Estava a desenhar vestidos de noiva. - ergo o sobrolho.
Vestidos de noiva?
- Vestidos de noiva? Alguém está a pensar em casar nos próximos tempos? - indago.
Ela sorri corada. O que tem ela hoje? Está diferente. Tem um brilho mais intenso e vibrante no olhar.
- A minha melhor amiga vai casar. - ela comenta. - E para além de ter sido convidada a ser dama de honor, também fui solicitada para desenhar o vestido dela.
- Uau! Isso é realmente muito especial, querida. - é mesmo. Eu amo tanto esta mulher, Cristo! É essa a razão de ela estar assim hoje?
- E quando dei por mim, estava a pensar que um dia poderei vir a desenhar o meu vestido. - as suas bochechas adquirem mais uma vez um tom avermelhado e ela baixa o olhar.
Caramba! Não aguento mais isto.
Retiro o avental e dou a volta até ela. Ela levanta os olhos e segue os meus movimentos até ela. Inclino o seu queixo para mim e não demora muito para que os seus lábios encontrem os meus. Ela arfa, extasiada.
Victoria põe-se de pé e vai abrindo os botões da minha camisa, passando de forma prazerosa as suas unhas pela minha pele, ao mesmo tempo que a minha mão esquerda percorre os milímetros do seu corpo e a direita segura a sua nuca, de forma a suster o contacto entre as nossas bocas. Ela desce os seus dedos até à barra das minhas calças, onde começa a desapertar o cinto e o botão das mesmas, parando para brincar com o zíper.
[Victoria]
Sinto as minhas costas a serem afastadas da parede fria e a ser levada por Liam ainda enterrado dentro de mim a pulsar e a contorcer-se. Ele retira-se e coloca-me na bancada, segurando o meu rosto com as duas mãos e inclina-se para me beijar.
Num movimento rápido ele volta a penetrar-me. Estou a amar cada estocada a mais que ele dá e não posso sequer gemer ou gritar com medo que Dan apareça a qualquer momento na cozinha e nos encontre. Agarro os seus ombros enquanto ele aumenta as suas estocadas. Ele engole os meus pequenos gemidos quando encontra os meus lábios, mergulhando a sua língua na minha boca.
É inevitável.
Estou prestes a dividir-me em pedaços. Puta merda!
Afundo os meus dentes no seu lábio inferior e ele geme baixinho. Estamos ambos a perder o controlo, prestes a chegar ao abismo.
Ele agarra-me com força, gemendo contra o meu pescoço e eu ao seu ouvido. Um gemido de pura satisfação.
Liam diminui os seus movimentos para nos aliviar a nós dois. Os meus músculos internos contraem-se em torno dele e ele volta a mover-se uma última vez, fazendo-nos chegar ao orgasmo.
- Linda. - ele diz simplesmente, beijando a ponta do meu nariz e desliza para fora de mim.
Os seus lábios quando me beijam demonstram uma exposição total de afeto.
Ele pega num pano húmido e limpa o interior das minhas coxas com resto de vestígios do sémen dele. Nunca mais vou entrar nesta cozinha e não me lembrar deste momento. É sério que nós fizemos isto aqui com Daniel na divisão mesmo ao lado? Caramba! Diabos me fodam!
Tenho a porra de um sorriso estúpido no rosto assim como ele, que agora já se recompôs.
- Amo-te tanto. - eu declaro-lhe.
- Eu sei. - ele responde com um sorriso convencido.
Ficamos assim a nos entreolharmos durante algum tempo. Ambos com sorrisos 'pós-sexo' enquanto nos tentamos concentrar nas devidas tarefas.
- O que tens hoje? - ele interrompe o silêncio.
- Nada, só descobri que nós podemos fazer as coisas nos nossos tempos. - ele fica com uma expressão confusa.
- Como assim?
- Se nós temos a certeza que queremos estar juntos, então porquê achar que é cedo ou tarde demais para as coisas? - ele para os seus movimentos e dá-me toda a sua atenção.
- O que queres dizer?
- Eu achava que a nossa relação estava a evoluir rápido de mais. - digo com um encolher de ombros.
- E agora o que achas?
- Que está a evoluir no nosso tempo certo. - dou-lhe um sorriso sincero.
- Que bom que mudaste de ideias. - ele estica o braço e acaricia a minha mão.
Eu não poderia estar mais de acordo.
- Eu estava a pensar que poderíamos fazer uma noite aqui em casa. - ele diz.
Uhuh!
- Com quem?
- Dois ou três amigos meus, mais os teus. - ele sugere.
- Por mim, ótimo. - esboço um sorriso genuíno. - Parece-me muito bem, amor.
- Hoje?
Dou uma gargalhada.
- Prometes que não me vais deitar sob a bancada enquanto tivermos convidados? - pergunto num tom brincalhão, mas é sério, porque a probabilidade de sermos apanhados é muito maior e a vergonha também.
Ele ri.
- O teu humor é risível, Victoria.
- Que bom que achas isso. - rio também. - Prometes?
- Victoria, tu és somente minha. Não pretendo partilhar-te. Só para os meus olhos. Só para os meus ouvidos. Só para o meu toque. Compreendido? - oh deus! Sim! Este homem é tão intenso e só meu.
Assinto como resposta à sua pergunta.
- Então e quando é que te vais tornar a Senhora Hunter?
- Liam! - advirto-o.
- És tu quem está a perder. - ele diz deitando a língua de fora.
***
Opto por um vestido que vai até a meio das coxas, preto e justo; maquilhagem leve; umas sandálias de salto fino; e uma trança francesa que vai de um lado ao outro da cabeça mas não com todo o cabelo.
Sorrio com a minha imagem ao espelho. Eu e o Liam estamos a combinar: ambos de preto.
Quando eu desço do quarto, Liam está na sala grande com dois amigos: um loiro e um moreno. Dan está sentado ao colo do moreno.
Espera aí! Eu conheço o moreno.
Aproximo-me e todos olham para mim ao som dos meus saltos. Coro imediatamente. Não tenho a certeza se Liam vai aprovar o meu vestido, porém não é demasiado curto e não é decotado, portanto, espero que ele goste.
Liam aproxima-se e abraça a minha cintura, depositando um beijo atrás da minha orelha.
- Estás deslumbrante. - ele sussurra. Dou um sorriso envergonhado.
Ele guia-me até ao sofá lateral, visto os rapazes estarem sentados nas poltronas encostadas às janelas.
Suspiro quando Liam desce a mão até ao meu rabo. Abusador!
O moreno é Peter, o ex- diretor da Hilarious.
Cumprimento os rapazes, que devem rondar mais ou menos a idade de Liam, ficando a saber que o loiro se chama Gary e depois afundo-me no sofá ao lado do meu namorado.
- Nunca pensei que quando estavas a falar do teu anjo, que te referias à Vicky. - Peter comenta.
Anjo?
- Tio Gary, diz à mamã o teu trabalho. - Dan exige. Mamã? Ele chamou-me mamã?
O meu coração derrete e os meus olhos enchem-se de lágrimas que não caiem por eu olhar para cima.
- Está bem. - Gary concorda, endireitando as costas e eu aconchego-me no peito de Liam. - Sou professor de Golfe.
- Só não sei como é que ainda não arranjaste um anjo com um trabalho desses. - Peter resmunga.
- Porque ainda não foi o meu momento. - Gary responde-lhe.
"O meu momento."
- O Liam joga Golfe às vezes. - Gary continua. - Vocês podiam ir juntos um dia destes.
Franzo o nariz. Não percebo nada disso.
- Não sei jogar. - confesso. - Nunca joguei.
- Posso dar-te umas aulas. - Gary oferece e instantaneamente o corpo de Liam enrijece. Não gostou da ideia. Sei.
- Acho que não vai ser necessário. - Liam intervém. - Eu posso perfeitamente fazer isso.
A campainha toca. Digo que vou abrir e Liam permite que me levante, vindo Daniel atrás de mim.
- Não precisas de ser tão territorial, Liam. - ouço Peter dizer.
- Quantos anos tem ela? - Gary pergunta.
- Tem 26, porquê?
- Ela é uma deusa. É o anjo perfeito para ti.
- Um anjo loiro. - Peter participa no assunto.
Será que eles sabem que consigo ouvir?
Quando chegamos à entrada, espreito pelo buraquinho a meio da porta para me certificar quem é, e depois abro-a.
- Então pequena? - Thomas é o primeiro a abraçar-me. - Como é que estás? - ele afasta os nossos corpos e aperta a minha bochecha.
- Estou ótima.
- Dá para ver. Esse novo brilho nos teus olhos fica-te bem.
Coro e agradeço. O meu melhor amigo cumprimenta Daniel com um aperto de mão, o que o deixa contente. Então Paige beija-me a bochecha e entra com a sobrinha de William, a Zoe. Surgem a seguir William e Alana. Vieram todos juntos?
Quando fecho a porta, Dan e Zoe desapareceram. Que bom que trouxeram a menina para Dan não se sentir mal no meio de adultos.
- Acho que te devo dar os parabéns, Will. - digo enquanto os guio a todos até à sala grande.
Ele ergue uma sobrancelha.
- Deves porquê?
- Pelo noivado?!
- Obrigado, Vicky. - ele dá-me um sorriso caloroso.
Todos são apresentados e sinceramente está a correr muito melhor do que aquilo que esperava.
- Um copo de vinho? - Peter aparece ao pé de mim com dois copos de vinho e oferece-me um deles.
Estão todos a conversar e a conviver ao som de música, criando um ambiente mais descontraído. Chegou há bocado mais um amigo de Liam, com o seu filho que imediatamente se juntou às brincadeiras de Dan e Zoe, e com a namorada, Danielle. Pareceu-me simpática. A casa está realmente cheia.
- Aceito. - Peter entrega-me o copo e eu dou um gole da bebida.
- Que estás a fazer aqui fora? - ele questiona.
Encolho os ombros e encosto-me mais à minha cadeira, ingerindo um pouco mais do vinho.
- Nada de especial. Precisava de ar. - é verdade.
Já bebi três taças de vinho e uma outra bebida que Paige me deu quando vou à casa de banho.
Estou confortável com os amigos de Liam e com ele a dar-se bem com os meus.
Paige apanha-me a meio do caminho da casa de banho e empurra-me para dentro da mesma, fechando a porta.
- Ei, o que estás a fazer? Preciso de fazer chichi! - resmungo e levo a mão à cabeça. Bebi tão pouco e a minha cabeça já parece chumbo.
- Ah, qual é Vicky? Faz e pronto.
Para não discutir com ela, acabo por fazer mesmo enquanto ela retoca a maquilhagem.
- O que é que queres? - pergunto quando estou pronta.
- Ele é encantador, Vicky.
- Eu sei. - respondo sabendo que ela se refere a Liam.
- Ele não parou de olhar para ti a noite toda. A Alana tinha razão.
- Sobre o quê?
- Sobre ele ser o pacote completo. - ela puxa-me para o espelho e tira-nos uma foto. - Somos lindas demais. - Quanto é que ela já bebeu?
Depois de todos se irem embora, eu e Liam arrumamos tudo, e enquanto ele deita Daniel na cama, uma vez que adormeceu no sofá da salinha pequena, eu tomo um banho.
Está um livro em cima da minha mesa de cabeceira que não estava lá até há bocado. Será que estou tão alcoolizada assim que não le lembro de o ter colocado lá?
Sento-me na beira da cama e pego no livro. E é então que vejo algo familiar. É uma ilustração feita por mim para um livro do qual o autor se desconhecia.
Puta merda! O autor é o Liam! Com as mãos trêmulas, abro o livro e na primeira página está uma mensagem escrita com a letra dele:
"Porque com a pessoa certa, não existe tempo certo. Quando, onde e como queremos. Todas as ideias se clarificaram quando te conheci, e uma das minhas certezas é que te quero mais do que isto, muito mais. Aceitas casar comigo?"
O meu coração está a bater fora do peito, está a bater que nem um louco.
Salto da cama e corro pela casa inteira até encontrar Liam na varanda, a fumar um cigarro. Ele está nervoso. Ele nunca fuma. Quando foi que ele deixou lá o livro? Quando foi que ele escreveu aquilo? Quando é que ele quer casar? Eu sou louca, não sou?
- Liam... - chamo-o.
Ele apaga o cigarro e vira-se para mim. Os nossos olhares cruzam-se e ambas as respirações estão aceleradas. Ele sabe que eu não vou negar mais. Não vou adiar mais. Quando, onde e como nós quisermos.