Pequenas Histórias

By haylelen

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Coletânea de pequenas "fanfics" e contos. More

0. Sobre
1. Letters To God
3. You Must Remember This
4. Another Daydream Away
4. Dear John

2. A Boy Who Loves A Girl

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By haylelen

Por mais de doze horas ele havia dirigido para se encontrar com ela. Não exatamente um encontro, ele teria certeza de que ela não o veria, mas ele a estaria observando, assim como sempre fazia antes de tudo começar, assim como no início do colégio quando tudo era normal...

Lembrava-se bem de quando a vira pela primeira vez, uma garota tímida adentrando a sala do professor de filosofia com um pequeno bilhete em mãos logo entregue ao citado professor.
Ela nunca olhara para ele, e ele tampouco se importava realmente, apenas a havia achado bonita - assim como tantos outros na classe - nada demais. Ao menos era o que Alec pensara a primeira vista.
Obviamente não fora apenas isso, apenas o bonita que havia lhe chamado a atenção, mas ele só poderia perceber isso dias mais tarde quando percebera o quanto ela era simpática apesar de tímida, inteligente apesar de bonita, sociável apesar de inteligente... Ela era tão... Annabelle. Dizer seu nome era a única forma de defini-la, nenhuma palavra mais poderia se encaixar tão perfeitamente...

Sorriu ao lembrar-se da primeira vez em que conversaram. Ele completamente perdido em números e letras pertencentes a uma equação de matemática que simplesmente não conseguia entender. Foi quando ela chegara com um sorriso simpático nos lábios oferecendo-lhe ajuda.
É claro que Alec aceitara de imediato, não podia deixar a chance de se formar lhe escapar de tal forma, certo?
Foram momentos engraçados com Annabelle tentando explicar-lhe como enxergar o problema, era tudo questão de ponto de vista.

De uma aula de matemática do terceiro ano numa sala abafada e sonolenta, passaram para aulas particulares de todas as matérias que envolviam contas com números e letras, definitivamente Alec não sabia de muita coisa, todos os anos em que passara no ensino médio foram um raspão por ele ao menos se esforçar e tentar aprender, mas realmente não sabia como diabos fora parar no terceiro ano sem conseguir entender uma linha de equação.
Foram dias suados para os dois mais novos amigos daquele colégio, e as coisas só pioravam quando os professores chegavam com matérias novas para explicar. Claro que a explicação de Belly era bem mais explicativa do que a dos professores...

Alec riu um tanto sem ânimo ao lembrar daquelas aulas particulares, ele se sentia tão burro por não saber aquelas coisas... Mas Belly nunca o chamara de tal forma, e tampouco achava que ele era lento para compreender as coisas, o fato era que ela dizia: "Você é que enxerga as coisas de modo diferente!", pois tudo era uma questão de enxergar o real problema.
Por conta dessas aulas particulares ambos tornaram-se bastante amigos. Na verdade Annabelle era a única amiga que Alec considerava verdadeira em sua vida. Ela era a melhor com ele, e ele faria qualquer coisa por ela, sentia isso.

Depois do terceiro ano Belly decidira não cursar uma faculdade de imediato, ela tinha 17 anos, era jovem e poderia esperar mais um pouco, queria primeiramente começar a trabalhar para conseguir fundos que lhe bancassem a universidade sem ter de depender dos pais para isso, queria ser independente.

Ela seguira um bom caminho, arranjara um emprego bom, era inteligente e bonita, teria tudo e mais um pouco para se dar bem na vida. Tudo e mais um pouco, menos Alec.
Alec perdera o pai pouco tempo depois da formatura, sua mãe caíra em depressão em resposta, e tudo o que lhe sobrou foram amargura, tristeza, raiva... E as malditas pílulas brancas que iniciaram tudo.
Sim, ele havia tornando-se um dependente químico. Saía de casa numa noite e não dava as caras por lá por um longo tempo. Não ia para casa, mas ia visitar uma certa pessoa em seu mais novo quarto numa casinha alugada.

Annabelle o acolhia com carinho, e ao mesmo tempo em que cuidava dele, tentava persuadi-lo a abandonar tais vícios tão perigosos, tudo em vão, é claro.
Belly passava noites em claro porque temia que seu amigo acabasse por tomar uma dose exagerada das pílulas e tivesse uma overdose bem ali ao seu lado enquanto dormia. Perdera as contas de quantas vezes tivera de impedi-lo de pegar mais uma de seu "estoque" na jaqueta surrada e suja que usava. Ela chorara inúmeras vezes por ele, vezes essas em que ela tinha certeza de que ele estava dormindo. Não queria demonstrar fraqueza...
Mas uma única vez em que deslizara e não obtivera certeza de que Alec dormia antes de chorar fora o bastante para tudo na cabeça do rapaz mudar. O pequenino pedaço que restara do antigo Alec falara mais alto, e enquanto Belly finalmente dormia em uma daquelas noites, ele resolvera ir embora, sem dizer nada a ninguém. Simplesmente desaparecera.

Havia um ano que tinha sumido da vista de todos que o conheciam. Alec decidira pegar todas as suas economias para se internar em um centro de reabilitação.
Ele não queria mais ver sua Belly chorar por estar estragando sua vida, não queria mais fazê-la sofrer. Nas primeiras semanas enquanto estava perdido entre as ruas de uma cidade bastante diferente da que vivia, Alec recebera mensagens de Annabelle pelo celular...

"Alec, onde você está?
xx Belly"

"Alec, sinto sua falta, não vai voltar?
xx Belly"

Mas não, infelizmente ele não voltaria. Não podia, ao menos não naquele momento e naquele estado.
A medida que o tempo fora passando as mensagens foram diminuindo, e ao mesmo tempo em que ele agradecia por não ter de ficar sofrendo para não acabar respondendo às mensagens, também ficava angustiado por talvez a falta de mensagem significar que ela o estava esquecendo...

Chegara a um centro de reabilitação poucos dias depois que parara de receber as mensagens.
Eles queriam tirar o aparelho de Alec, mas ele queria tanto ficar com aqueles pequenos atos que significavam que ela ainda lembrava... Conseguira convencer os enfermeiros de permitir que ele lesse as mensagens que viessem a chegar pelo aparelho, e isso já fora o suficiente por ora.

Alec nunca mais recebera um torpedo sequer de Annabelle ou de qualquer outra pessoa, nunca mais até o dia anterior àquela viagem de mais de doze horas.
Ele fazia suas atividades como todos os dias no centro quando um enfermeiro já bastante conhecido surgira na sala pedindo permissão para tirar Alec da sala, pois precisava conversar com o rapaz em particular. Fora então que o enfermeiro mostrara o pequeno aparelho celular e logo entregara para o dono ler.

"Feliz aniversário, Alec... Sinto sua falta,
beijos, da sua Belly.

O rapaz sentira-se extasiado. Ele mal lembrava que era seu aniversário, mas ela havia lembrado!
Seu coração dera saltos de alegria, ela ainda se lembrava dele, sua Belly ainda se lembrava!
Fora então que desobedecendo a todas as ordens e regras, que Alec decidira roubar um carro de um dos funcionários do local para ir vê-la...
E então, lá estava ele, depois de treze horas de viagem ele finalmente estava de volta a sua pequena cidade.

Ele ficara rodando pela cidadezinha durante um longo tempo, parando apenas para se alimentar e atender às suas necessidades.
Por fim, quando a noite caíra, ele resolvera ir até a casa de Annabelle, e agradeceu profundamente por ela ainda morar lá. Não, ele não se mostraria, ficaria dentro do carro até poder vê-la de longe, e então, quando ela dormisse ele partiria de volta para a clínica na qual se internara.
Foi então que viu a luz do quarto acesa no segundo andar da casinha, uma sombra surgiu na janela fechada com cortinas... Ele reconheceria aquela sombra de longe, era ela...
Seu coração disparou em felicidade, felicidade essa que se esvaiu rapidamente... Uma segunda sombra surgira ao lado da primeira, esta Alec não pôde distinguir.

A sensação que se seguiu foi de vazio. Ele não via mais sentido no que estava fazendo, por que estava ali se ela não se lembrava dele como ele queria?
Sentira uma lágrima lhe escorrer pelos olhos, e piscou algumas vezes até que sua vista parasse de embaçar. Olhou para o banco do carona onde havia escrito uma pequena carta que estava envolta em uma pedra. Decidira no meio do caminho que deixaria um sinal de que ainda estava vivo para a amiga... Mas agora... Bem, agora ele sentia raiva. Sentia-se traído apesar de saber que não tinha o direito disso.

Alec pegou a pedra envolvida pela carta e saiu do carro estacionado do outro lado da calçada de Annabelle.
Sem pensar no que estava fazendo, reuniu toda sua força e atirou a pedra em direção à janela, que com o contato brusco se trincou e logo se espatifou deixando que a pedra adentrasse o cômodo.
Ouviu a voz de Belly gritar pelo susto, e essa foi a deixa para ele sair correndo de volta ao carro. Nesse percurso foi que percebeu que garoava fracamente... Ele riu amargurado, uma garoa no meio de uma noite de outono fria e nada aconchegante... É, ele precisava ir embora, e rápido.

Foram mais treze horas de viagem de volta, dessa vez bem mais longas e cansativas do que ele imaginava.
Alec sentia-se um nada naquele momento. Sua vontade de melhorar para voltar à sua antiga vido desmoronaram, ele não queria mais aquilo... Que sentido havia se desde o início só decidira se curar por ela?

Três dias depois de Alec retornar a viagem e de levar uma bela bronca dos superiores do local, o mesmo enfermeiro que lhe trouxera a notícia da mensagem de Annabelle adentrou seu quarto com um envelope branco em mãos.
- Acabou de chegar para você, rapaz. - Murmurou o enfermeiro sorrindo e entregando o envelope a quem estava endereçado.
- De quem é? - Alec perguntou sem ânimo algum.
- Não sei, estava escrito apenas: De AMK. - O homem de ombros, logo saindo do quarto.
Alec ficara confuso, quem diabos poderia ser AMK? Apenas abrindo o envelope para tentar decifrar o mistério...

Abriu o envelope com cuidado, e de lá de dentro retirou um papel amassado, e quando prestou maior atenção reconheceu a própria caligrafia ali. Era a mensagem que havia atirado contra a janela do quarto de Annabelle...

"Aqueles bilhetes que você me escreveu, guardei todos.
Eu pensei muito sobre como te escrever de volta esse outono, em cada simples letra e em cada simples palavra, estará uma mensagem escondida sobre um garoto que ama uma garota.
Você se importa se eu não sei o que dizer? Você vai dormir essa noite, pensará em mim? Vou esquecer isso... Fingir que está tudo bem? Fingir que existe alguém por aí que se sente como eu?"

Ele suspirou... Ela havia devolvido sua "carta" com os dados que havia deixado para trás na tentativa de que ela sozinha descobrisse onde ele estava... E ela descobrira... Claro que ela descobrira! Era sua Belly!
Mas por mais que estivesse satisfeito, e talvez até orgulhoso de Annabelle por ter descoberto seu paradeiro, estava frustrado. Ela devolvera sua carta...
Foi então que resolvera virar o pequeno papel, e lá estava, aquilo que ele queria ver.

"Aquele bilhete que você me escreveu, guardei comigo.
Pensei muito em como te escrever de volta esse outono, em cada simples letra e em cada simples palavra, estará uma mensagem escondida sobre uma garota que ama um garoto...

Não, eu não me importo que você não saiba o que dizer, sempre conseguimos nos entender sem palavras, não seria diferente agora. Sim, eu dormirei esta noite, mas não pensarei em você, pensarei em nós. Não quero que esqueça ou que finja que está tudo bem, porque não está, mas poderá ficar; você não precisa fingir que existe mais alguém no mundo que se sente como você, tenha certeza que existe.
Sinto sua falta, mais do que nunca
Vejo você em breve
Belly"

Alec sorriu.
Existe alguém no mundo que me compreende melhor que ninguém. Existe alguém no mundo que se importa. Simplesmente existe.

--

Nota: Eu não lembro bem de como essa história surgiu, acho que foi escrita para um especial do finado All Time Fics HAHAHHA
Ela foi baseada na música "There Is" do Box Car Racer (dobradinha de BCR! \o/) e eu até estava pensando em criar uma pequena continuação. Mas vamos ver, né? DASNOIASNDO

xx

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