[Victoria]
14 de novembro
É sábado e eu e as meninas fomos buscar o pequeno-almoço ao Caffe Nero. Estamos sentadas num dos bancos espalhados pelo Jubilee Gardens, a ver a London Eye mover-se de forma lenta sob o Tamisa. Está um dia surpreendentemente agradável depois de alguns dias bem chuvosos e péssimos e muitas famílias aproveitaram para sair e apanhar um pouco de sol, que é raro na altura do ano em que estamos.
- Tenho algo para vos contar. - Paige comenta bebericando o seu chocolate quente.
- Conta, conta, conta! - a cusca da Alana senta-se melhor para ouvir.
É então que Paige estica o braço e mostra a sua mão esquerda onde no dedo anelar reluz um anel de ouro com um diamante.
- Oh. Meu. Deus. - Alana suspira agarrando na mão da minha melhor amiga e concentra a sua atenção no anel.
Dou um sorriso e como o que resta do meu muffin de mirtilo com uma dose tripla de chocolate belga.
- Foi ontem à noite. Não podia ter sido de outra forma. - Paige diz envergonhada. Raras foram as vezes que a vi corada.
- Quer dizer que estamos próximas de vir a ser tias? - brinco, ingerindo o resto do chai latte - uma mistura perfeitamente equilibrada de canela, especiarias, chá preto e açúcar infundido com leite vaporizado suave e sedosa.
Com um ar de incredulidade, ela pergunta:
- O quê? Estás louca?
Alana dá uma gargalhada e encosta-se ao banco.
- Tu sabes que não gosto assim tanto de crianças. - Paige resmunga, revirando o olhar.
- A Vicky é que encontrou alguém que é o pacote completo. - Alana comenta com Paige. - Juro que nunca pensei que ela e o chefe se fossem envolver. - o quê?
Abro a boca para responder obviamente chocada por aquilo que ela disse, contudo, volto a fechá-la.
- Pacote completo? - Paige ergue o sobrolho.
- Rico, maduro, bonito, sexy, bom de cama, pai e bom marido. - como é que ela sabe?
- Eu mereço alguém como o Liam. - respondo-lhes, refletindo melhor. - Aliás, eu não mereço alguém como o Liam... Eu mereço o Liam.
- E como é que ele é na cama? - Paige quer saber. Era mesmo o assunto que estava a fazer falta na conversa.
- Não existe melhor lugar no mundo do que os braços dele. - dou uma risadinha porque sei que não é a resposta que elas querem ouvir.
- Victoria Ellen Renner! - gritam ambas o meu nome enquanto põem os cabelos delas para trás das costas, fazendo-me suspirar.
- Por que raio só pensam vocês em sexo? - eu resmungo.
- Está bem. Diz-nos então só se vocês já o fizeram. - Paige pede. Ela está impossível!
- Já o fizemos. - não me quero alongar muito nesse assunto.
- Sexo incrível? - a minha melhor amiga investiga.
Rio-me.
- Sexo incrível. - respondo.
Ela abre um enorme sorriso para mim.
- Alana! - capturo a sua atenção que estava concentrada no parque com as crianças a jogarem à bola.
- Eu e o Thomas estamos a viver juntos. - Alana conta-nos.
Franzo o cenho tal como Paige.
- Mas já? - Paige parece chocada. Alana assente mas eu não a posso censurar, não quando também estou a viver com o meu namorado cerca de 3 meses depois de o conhecer.
- O Thomas é ótima pessoa. - sorrio.- Talvez vocês as duas se pudessem casar no mesmo dia? - sugiro com um tom brincalhão.
Alana faz uma careta.
- Eu e o William estamos a pensar em casar no próximo verão. E eu queria saber se vocês queriam ser as minhas damas de honor. - mais uma vez Paige está envergonhada.
- Claro! - respondemos ambas em uníssono.
Ela bate palmas e levanta-se ficando à minha frente. Ergo o sobrolho. O quê?
- Mas eu quero pedir-te algo muito especial, Vicky... - Paige encolhe os ombros e quando balança ligeiramente a cabeça, os seus cabelos longos esvoaçam com o vento.
Viro o olhar para Alana que encolhe também os ombros e então olho para a minha amiga à minha frente.
- Quero muito que sejas tu a desenhar o meu vestido. - ela analisa atentamente o meu rosto, mas eu fui completamente apanhada de surpresa. Estou totalmente desarmada para um desafio destes. - Diz alguma coisa, por favor.
Levanto-me e abraço-a.
- Eu estou sem palavras pela tua proposta. - sou-lhe sincera.
- Mas isso é bom certo? - porém somos interrompidas por Alana, que já está em pé ao nosso lado.
- Meninas, eu gostaria de ficar mais um pouco, mas combinei ir ter com a minha mãe.
- Está bem, vai lá. - dou-lhe um abraço que é correspondido e deixa um pequeno beijo na minha bochecha, tal como na de Paige. - Vemo-nos segunda-feira. - ela assente, deixando beijos pelo ar e vemo-la afastar-se.
Eu e Paige pegamos nas nossas malas e decidimos dar uma volta pelo parque.
- Eu estou contente com a tua proposta, só não sei se sou a pessoa ideal para o fazer. - admito. - Posso entrar em contacto com...
- Não! - ela corta-me mesmo antes de terminar a frase. Reviro o olhar.- Quero que sejas tu, Vicky. - estou-me a sentir verdadeiramente lisonjeada.
- Está bem, vou dar o meu melhor, contudo, acho que deves procurar outras opções. - aconselho séria.
Ela ri.
- Vai ser perfeito e único.
- Estou aqui a lembrar-me que a Ruth é organizadora de eventos, poderia organizar o teu casamento. - digo-lhe.
Ela para de andar com uma expressão atónica.
- Quem?
- Ah! Pois. - esqueci-me que ela ainda não conhecia as irmãs de Liam, nem mesmo a ele. - A Ruth é uma das irmãs do Liam.
Conheci a irmã do Liam na segunda-feira, porque era o aniversário dela e fomos almoçar os quatros: eu, o Liam, o Dan e a Ruth. Estou contente por estarmos a conhecer a família um do outro, os amigos um do outro e estou contente por estar feliz.
- Tu gostas mesmo dele, não gostas?
- Sim. Ele é divorciado, é pai e tem doze anos a mais do que eu...
- Uau! Ele é mesmo um homem mais maduro. Como é que te dás com os filhos dele?
- É só um. - corrijo-a. - E dou-me super bem com o miúdo. Ele é adorável.
- Isso é bom. - ela diz. - E os teus pais? O que acharam dele?
- Acharam-no encantador.
- Uau! Só a mim é que ainda não me foi apresentado. - reclama ela sorrindo.
Encolho os ombros.
- E o Barry voltou a chatear-me. Há uns tempos foi até à minha casa dizer-me que poderíamos voltar e ter outro filho. Ele deve andar desesperado por não ter onde cair morto, mas ele está a ficar muito assustador.
- Meu deus, Vicky! - paramos de andar mais uma vez. - O que é que ele te fez?
- Entrou na minha casa e criou um ambiente todo romântico e escreveu um bilhete dizer que eu estava melhor com ele. - suspiro. É de loucos.
- Tu foste à polícia? - assinto.
- O Liam fez-me ir à polícia e desde dessa altura que estou em casa dele.
- Alguém com bom senso. - ela meio que ri.
- Não achas que eu e ele estamos a ir muito rápido? - ela balança a cabeça negativamente.
- Cada casal tem o seu próprio tempo. Uns mais rápido, outros menos rápido. Se vocês estão felizes, se gostam um do outro e se têm essa vontade de partilhar a vida um com o outro, então acho que está tudo no vosso tempo certo. - ela conforta. - Alguns casais levam meses, outros levam anos, outros nunca chegam a lado nenhum.
- Só tenho medo que não funcione, que não resulte. - enfio os dedos nos meus cabelos num ato de nervosismo.
- Todos os casais têm os maus momentos, e quando o amor é verdadeiro, tudo é ultrapassado.
- Obrigada. - aproximo-me dela e dou-lhe um abraço.