O Guardião

Oleh JaqueBastos

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Quarenta dias após a morte de seu marido, Julie Barenson recebe uma encomenda deixada por ele. Dentro da caix... Lebih Banyak

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 12
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37

Capítulo 10

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Oleh JaqueBastos


Mike estava na oficina, balançando a cabeça pensativamente e fazendo o possível para não estrangular seu cliente.

E para não matar Henry, por ter lhe empurrado esse cliente em particular.

Assim que Benny Dickens havia entrado, Henry subitamente se lembrara dar um telefonema importante e sumira de vista.

- Você não se importa de atendê-lo, não é, Mike?

Benny era um rapaz de 21 anos cuja a família era dona da mina de fosfato na saída da cidade, uma empresa com mais de três mil funcionários, o que a tornava a maior empregadora de Swansboro. Benny tinha abandonado a escola na décima série, mas possuía uma casa enorme na beira do rio, comprada com o dinheiro do pai. O rapaz nunca nem pensara em trabalhar e tinha dois filhos pequenos, de mães diferentes. Sua família era de longe o maior cliente da oficina, do tipo que as pequenas empresas não podiam se dar ao luxo de perder.O velho Dickens adorava Benny. Achava que o filho era um deus. Muito tempo atrás, Mike concluíra que o pai dele era um idiota.

- Mais alto - dizia Benny, começando a ficar com as bochechas coradas e a voz estridente. - Eu disse que queria alto!

Benny se referia ao ronco do motor de seu Corvette Callaway recém-comprado. Ele o levara para a oficina para Mike "deixá-lo mais alto". Provavelmente para combinar com as chamas que pintara no capô na semana anterior e com o sistema de som estéreo que mandara instalar. Benny iria com o carro para Fort Lauderdale nas férias de verão, na semana seguinte, com a esperança de seduzir o máximo de jovens que pudesse. Um rapaz realmente impressionante.

- Está alto - disse Mike. - Mais alto do que isso é ilegal.

- Não é ilegal.

- Você será parado pela polícia - disse Mike. - Posso lhe garantir.

Benny piscou como se tentando entender o que Mike dizia.

- Você não sabe do que está falando, seu mecânico estúpido. Isso não é ilegal, ouviu?

- Mecânico estúpido - disse Mike, balançando a cabeça. - Entendi.

Duas mãos em volta do seu pescoço, os polegares no pomo de Adão. Era só apertar e sacudir.

Benny pôs as mãos nos quadris. Como sempre, usava um Rolex.

- Meu pai não concerta todos os caminhões dele aqui?

- Sim.

- E não é um bom cliente?

- Sim.

- Não foi pra cá que eu trouxe meu Porshe e meu Jaguar?

- Sim.

- Não pago sempre em dia?

- Sim.

Benny agitou os braços, exasperado, sua voz se tornando mais estridente.

- Então por que você não deixou o motor alto? Lembro que vim aqui e expliquei isso muito claramente. Eu falei que queria alto! Para passear pela avenida principal! As garotas gostam de barulho! E não estou indo lá para me bronzear, ouviu?

- Garotas, nada de bronze - disse Mike. - Ouvi.

- Então faça com que fique alto!

- Alto.

- Sim! E quero o carro pronto amanhã!

- Amanhã.

- Alto! Consegue entender isso, não é? Alto!

- Sim.


                                                              ***

Atrás de Mike, Henry coçava o queixo. Assim que Benny saíra cantando os pneus do Jaguar, ele voltara para a oficina. Mike ainda estava mexendo no motor, fervendo de raiva e resmungando, e não notara a presença do irmão.

- Talvez você devesse deixá-lo mais  barulhento - disse Henry. - Estou me referindo ao motor.

Mike olhou para cima.

- Cale a boca, Henry.

Henry ergue as mãos, bancando o inocente.

- Só estou tentando ajudar.

- Sim, sei. Como o homem que liga o interruptor da cadeira elétrica. Por que me fez atender aquele moleque?

- Você sabe que não o suporto.

- Ah, e eu suporto?

- Talvez não. mas você é muito melhor em aceitar abusos do que eu. Lida com isso muito bem e sabe que a empresa do pai dele é um cliente que não podemos perder.

- Eu quase o estrangulei.

- Mas não estrangulou. E pense nisto: poderemos lhe cobrar mais.

- Mesmo assim não vale a pena.

- Ah, Mike, pare com isso. Você se portou como um verdadeiro profissional. Fiquei impressionado.

- Ele me chamou de mecânico estúpido.

- Vindo de Benny, você deveria encarar isso como um elogio. - Henry pôs a mão no ombro do irmão. - Mas ouça, se isso acontecer de novo, talvez deva tentar algo diferente. Para acalmá-lo um pouco.

 - Amordaçá-lo, talvez?

- Não, eu estava pensando em algo um pouco mais sutil.

- Como o quê?

- Não sei. - Ele fez uma pausa e começou a coçar o queixo de novo. - Que tal uma massagem nos pés?

Mike ficou boquiaberto.

Às vezes odiava o irmão.


                                                                ***

Um pouco depois das quatro, Jake Blenson chegou para pegar seu caminhão. Depois de pagar a conta no escritório, foi falar com Mike.

- As chaves estão na ignição - disse Mike. - Também dei uma regulada nos freios. Só para você saber. De resto, está tudo em ordem.

Jake Blenson fez um sinal afirmativo com a cabeça. Trabalhador típico, ele tinha barriga de cerveja, ombros largos e trazia sempre um palito entre os dentes e um boné da NASCAR na cabeça. A camisa estava ensopada de suor, com manchas nas axilas. Os jeans e as botas estavam cobertos de pó de concreto.

- Vou avisá-lo disso - disse Jake. - Para ser sincero, eu não sei dizer por que me meti nisso. A manutenção devia se encarregar de toda essa parte de veículos. Mas acho que você sabe como é. Os chefes lá fazem tudo errado.

Mike inclinou a cabeça na direção de Henry.

- Sei o que quer dizer. Aquele ali às vezes me enche a paciência. Mas ouvi dizer que ele toma Viagra, então acho que não posso culpá-lo. Deve ser difícil saber que não é um homem pleno.

Jake riu, gostando da piada.

Mike também riu, sentindo-se pelo menos em parte vingado.

- Então, quantas pessoas estão trabalhando lá?

- Não sei. Talvez umas duzentas. Por quê? Está procurando emprego?

- Não. Sou mecânico. É só que conheci um dos engenheiros que presta consultoria para a obra da ponte.

- Qual?

- Richard Franklin. Você o conhece?

Jake tirou o palito de entre os dentes, encarando Mike.

- Sim, conheço - respondeu.

- É uma boa pessoa?

- O que você acha? - perguntou ele.

A cautela em seu tom fez Mike hesitar.

- Vou tomar isso como um não.

Jake pareceu pensar na resposta.

- Por que quer saber? - perguntou por fim - É amigo dele?

- Não, como eu disse, só estive com ele uma vez.

- É bom que continue assim. Você não vai querer conhecê-lo.

- Por quê?

Depois de um longo instante, Jake balançou a cabeça e, embora Mike tentasse descobrir mai, o outro não disse nada. Em vez disso, voltou a falar sobre o caminhão e saiu da oficina alguns minutos depois, deixando Mike curioso sobre o que ele não lhe contara e por que isso subitamente pareceu mais importante do que as coisas que ele disse.

Contudo, seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Singer.


                                                             ***

- Oi, grandalhão! - disse Mike.

Singer se aproximou, pulou e se equilibrou sobre as patas traseiras, pondo as dianteiras no peito de Mike, como se eles estivessem dançando. Rosnou baixinho, parecendo empolgado.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou Mike.

Singer voltou a ficar sobre as quatro patas, se virou e se dirigiu ao armário de Mike.

- Não tem comida aí - disse Mike, seguindo-o - Mas sei que Henry tem no escritório. Vamos lá roubar alguma coisa.

Singer foi na frente. Mike abriu a gaveta da escrivaninha do irmão, sentou-se em sua cadeira e pegou as guloseimas favoritas dele - minirrosquinhas polvilhadas de açúcar e biscoitos de chocolate. Atirou as guloseimas uma por uma para Singer, que os pegou no ar e devorou como um sapo caçando moscas. Embora provavelmente isso não fosse bom para o cão, Singer gostou, abanando o rabo o tempo todo. O melhor era que Henry ficaria muito chateado quando descobrisse que seu estoque havia acabado. Era como matar dois coelhos com uma cajadada só.


                                                               ***

Quando seu último cliente foi embora, Julie olhou ao redor do salão.

- Você viu Singer? - Perguntou Mabel.

- Eu o deixei sair há algum tempo. Ele estava em pé junto da porta.

- Há quanto tempo foi isso?

- Uma hora, mais ou menos.

Julie olhou para o relógio. Singer nunca ficava tanto tempo fora.

- E ele não voltou?

- Acho que o vi indo para a oficina do Mike.


                                                               ***

Singer estava enroscado sobre uma velha manta, roncando depois de comer os biscoitos açucarados, enquanto Mike regulava a transmissão de um Pontiac Sunbird.

- Mike - gritou Julie. - Você ainda está aí?

Ao ouvir a voz dela, Mike levantou a cabeça e foi para o estacionamento.

- Estou aqui - gritou de volta.

Singer também ergueu a cabeça, com os olhos de sonolento.

- Você viu Singer?

- Sim, ele está aqui.

Mike apontou para o lado e pegou um pano para limpar as mãos O cão se levantou e começou a caminhar na direção de Julie.

- Ah, aí está você - disse ela. Quando Singer  a alcançou, Julie acariciou suas costas, com o cão girando em volta dela. - Estava começando a ficar preocupada.

Mike sorriu, grato por Singer não ter voltado.

Julie olhou para ele.

- Alguma novidade?

- Não muitas. Como você está?

- Bem.

- Só bem?

- Tive um dia daqueles - disse ela. - Sabe como é.

- Sim, acho que sei - disse ele assentindo. - Ainda mais hoje. Para começar, Benny veio aqui, e depois Henry quase morreu.

- Espere... Henry quase morreu?

- Hum... Quase foi assassinado... Eu me contive no último minuto. Não suportei pensar no que nossos pais me diriam quando eu estivesse atrás das grades. Mas vou lhe contar, cheguei bem perto de matá-lo.

- Ele implicou com você hoje?

- Quando é que ele não implica?

- Coitadinho. Lembre-se de chorar um um mar de lágrimas por você esta noite.

- Eu sabia que podia contar com você - disse Mike.

Julie riu. Às vezes ele era uma graça, especialmente com aquela covinha no rosto.

- Então, o que Henry fez? um buraco na parte de trás de seu macacão de novo?

- Não. Isso já perdeu a graça. Da última vez cobri uma chave inglesa com supercola e lhe pedi que a segurasse enquanto eu fazia outra coisa. Ele só conseguiu se livrar dela na manhã seguinte. Dormiu com ela na mão.

- Eu me lembro disso - Julie deu uma risadinha. - Ele ficou semanas sem aceitar nada que você lhe oferecia.

-  Sim - disse Mike, parecendo nostálgico. Esse tinha sido um de seus melhores momentos. - Eu deveria fazer coisas desse tipo mais vezes, mas não sou assim.

- Não importa o que você faça, Henry sempre implicará com você. Mas lembre-se de que ele faz isso por inveja.

- Você acha?

- Tenho certeza. Ele está ficando careca e tem a barriga caída.

- Barriga caída?

- Sim, a barriga dele cai sobre o cinto.

Mike riu e comentou:

- Deve ser difícil envelhecer assim.

- Então... você não respondeu à minha pergunta. O que Henry aprontou hoje?

Mike não podia explicar o comentário de Henry. Em vez disso, foi até a máquina de refrigerante e pegou uma moeda no bolso.

- Ah, você sabe. O mesmo de sempre.

Ela pôs as mãos nos quadris.

- Ele deve ter aprontado uma das boas, para você não querer me contar.

- Jamais contarei - disse Mike. Então se aprumou e sua voz assumiu um tom sério. - Mas às vezes não posso evitar achar que você tolera as palhaçadas dele, e isso dói.

Ele lhe entregou uma Coca Light e se serviu de um Dr. Pepper. Não precisava perguntar o que Julie queria: já sabia.

- Dói? - perguntou ela, pegando a lata.

-  Como uma punhalada.

- Devo chorar dois mares de lágrimas esta noite?

-Seria bom, mas se chorar três, eu definitivamente a perdoarei.

Quando Mike sorriu, Julie percebeu quanto sentira falta de conversar com ele.

- Então fora Henry, aconteceu algo importante hoje?

Mike fez uma pausa. Um homem chamado Jake Blansen veio e disse coisas enigmáticas sobre Richard. Quer ouvi-las?

Não, este não era o momento.

Ele balançou a cabeça.

- Na verdade não, e com você?

- Nada. - Ela olhou para Singer. - Exceto a fuga dele. Por um momento temi que tivesse lhe acontecido alguma coisa.

- Com Singer? Nenhum carro teria a mínima chance se o atropelasse. O veículo seria esmagado como um inseto.

- Ainda assim, fiquei preocupada.

- Porque você é mulher. Nós, os homens, não nos preocupamos. Somos treinados para não entrar em pânico.

Julie sorriu.

- Bom saber. Quando o furacão chegar, ligarei para você para pregar tábuas na casa.

- Você sempre faz isso mesmo, lembra? Até me deu um martelo especial.

- Bem, então não espere que eu ligue. Posso entrar em pânico ou algo assim.

Mike deu uma risada e por um momento eles ficaram em silêncio. E agora, o que tinha a dizer?, pensou. Além do óbvio.

- Então, como vão as coisas com Richard? - perguntou, tentando parecer casual.

Julie hesitou. Ela se fez a mesma pergunta.

- Bem - respondeu. - O fim de semana foi bom, mas... - Ela se deteve, pensando quanto realmente queria contar a Mike.

- Mas?

- Não é nada importante.

Mike a estudou.

- Tem certeza?

- Tenho. - Ela se forçou a dar um breve sorriso. - Como eu disse, não é nada importante.

Mike percebeu seu desconforto, mas não insistiu. Se ela não queria falar sobre Richard, ele também não. Não havia nenhum problema nisso.

- Bem, se você quiser conversar sobre alguma coisa, estarei aqui, certo?

- Certo.

- É sério - disse Mike. - Estou sempre por perto.

- Eu sei. - Julie pôs a mão amigavelmente no ombro dele, tentando aliviar a tensão. - Parte de mim acha que você deveria sair sair mais. Ver o mundo, fazer viagens exóticas.

- o quê? E perder minhas noites vendo reprises de S.O.S Malibu?

- Exatamente - disse ela. - Qualquer coisa é melhor do que televisão. Mas se você não se interessa por viagens, pode pensar em outra coisa. Como aprender a tocar um instrumento musical ou algo assim.

Mike mordeu os lábios.

- Isso foi golpe baixo, minha querida.

Os olhos de Julie brilharam.

- Tão bom quanto os de Henry?

Mike refletiu por um momento.

- Não - respondeu. - O de Henry foi melhor.

- Droga!

- O que posso dizer? O seu foi de principiante.

Ela sorriu e se inclinou um pouco para trás, como se o estivesse avaliando.

- É muito fácil se dar bem com você, sabia?

- Porque é fácil zombar de mim?

- Não, porque você leva as coisas na esportiva.

Mike tirou um pouco de graxa das unhas.

- Isso é engraçado - disse ele.

- O quê?

- As palavras que você usou. Andrea me disse exatamente a mesma coisa no outro dia.

- Andrea? - repetiu Julie, sem saber se tinha ouvido direito.

- Sim, este fim de semana. Quando saímos juntos. O que me faz lembrar que preciso ir buscá-la daqui a alguns minutos.

Ele olhou na direção do relógio e depois do armário.

- Mas... espere... Andrea? - Julie não conseguiu esconder seu espanto.

- Sim, ela é ótima. Nós nos divertimos muito. Mas escute, preciso correr... 

Julie o pegou pelo braço.

- Mas... Você e Andrea?

Mike a olhou seriamente por alguns segundos, depois deu uma piscadela.

- Você acreditou, não foi?

Julie cruzou os braços.

- Não - disparou.

- Ora, vamos. Apenas um pouco?

- Não.

- Admita.

- Está bem. Eu admito.

Mike lhe lançou um olhar satisfeito.

- Ótimo. Agora estamos quites.

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