Eu definitivamente não gosto...

By escrevelndo

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(em revisão) Amora e Mateus, dois adolescentes totalmente diferentes um do outro e encarados diferente do que... More

Nota inicial da autora
Amora
Mateus
Capítulo 1 - Amora
Capítulo 2
Capitulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9 - Mateus
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capitulo 21
Capítulo 22 - Mateus
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32 - Final
Epilogo
Nota final da autora
Especial 100k

Capítulo 5

30.2K 3.2K 1.5K
By escrevelndo

Capítulo revisado

Hoje é o grande dia. Talvez não tão grande, mas é o dia da audição para vocalista do grupo de música. Passei uma semana inteira ensaiando a mesma música, cantei no caminho pra escola, no chuveiro, enquanto estudava, se duvidar eu dormir cantando a música.

Tudo isso pra me sentir o mais confiante possível e preparada para competir com um ou trinta candidatos. É claro que esse não foi o resultado, meu corpo inteiro estava tomado pelo insegurança naquela manhã, mas pensar que eu só teria que passar por aquilo uma vez, me ajudou a respirar, pelo menos por dez minutos.

Para aquele dia, usei o de sempre: calça jeans, uniforme e um suéter que o Júlio insistia em chamar de "roupa de vó", eu não podia fazer nada se preferia o conforto do que a beleza.

Por fim, prendi o cabelo em um rabo alto, peguei a mochila e desci a escada correndo.

- Bom dia gente - falei quando cheguei na cozinha e me assustei ao encontrar apenas a minha mãe, colocando um lanche na sua bolsa.

- Amora? Ainda está aqui? O Júlio disse que já tinha ido - ela diz confusa, já quase pronta para mais um dia de trabalho.

_ Não, ainda é cedo - digo sentindo meu peito queimar de desespero - Não é? - olho pro relógio na parede e nem espero minha mãe responder.

Subi de volta para meu quarto e comparo o horário do celular e do despertador, que estava mais de uma hora atrasado e tinha colado nele um bilhete com os dizeres: "Vingança é um prato que se come frio".

Eu queria poder xingar o Júlio de todas formas possíveis, mas eu não tinha mais tempo para expressar a raiva que sentia dele, mesmo sem poder vê-lo.

Desci as escadas ouvindo minha mãe gritando:

_ Adianta Amora, desse jeito você vai chegar no intervalo - exagerada como sempre. Provavelmente eu iria chegar na aula antes do intervalo, mas isso não importava naquele momento, eu só tinha que chegar a tempo do teste.

Pego uma carona com a minha mãe, que antes de ir ao trabalho, promete me deixar na escola. O que me alivia um pouco, se o trânsito não estivesse tão congestionado eu chegaria lá em meia hora. Atrasada pro teste? Claro, mas ainda teria chance de fazer o teste, se pelo menos duas ou três pessoas apresentassem antes de mim.

Para a minha infelicidade o trânsito foi classificado como o pior dos últimos dias, segundo o rádio que minha mãe ouvia no carro, o que fez meu desespero e ansiedade aumentarem. Eu olhava mais vezes no relógio do que respirava, segundos nunca pareceram tão preciosos para mim.

Quando por fim avistei a escola, praticamente saltei do carro, sem nem me despedir da minha mãe direito. Quase não consegui entrar pelo portão da escola, mais como essa foi a primeira vez que cheguei realmente atrasada em três anos, o porteiro liberou minha entrada.

Corri direto para a sala de música, onde o grupo se reunia e entrei o mais silenciosamente possível. Os testes para entrar no grupo já tinham se encerrado, só havia no local as pessoas que fizeram a audição para vocalistas, três outros componentes do grupo de música que seriam os avaliadores, e algumas poucas pessoas, incluindo o Mateus, que parecia dar apoio a Larissa.

_ Agora vamos chamar a nossa última candidata a vocalista - a voz do Marcos me lembrou que eu estava ali para cantar pela primeira vez para todo mundo, e pior, que eu tinha que entregar meu formulário de inscrição.

A Larissa subiu ao palco improvisado e eu prontamente fui até o Marcos convencê-lo de aceitar minha audição de última hora, literalmente.

_ Por favor, Marcos, eu me esforcei muito nessa última semana. Só preciso que me dê uma chance, eu posso até cantar a metade da música se você quiser.

_ Tá bom, Amora, você pode apresentar, mas só vai ter três minutos e não pode contar pra ninguém que eu abri essa exceção - me contive pra não pular de alegria. Pela primeira vez alguma coisa boa tinha acontecido naquela manhã.

Marcos nem me espera agradecer e volta a dar atenção a Larissa que cantava, não tão mal como eu esperava, na frente de todo mundo.

_ Bom pessoal, eu achei que essa seria a última audição, mas eu tinha esquecido da Amora - agora no palco, Marcos aponta para mim que estou um pouco mais afastada e pisca, se isso acontecesse a dois anos atrás eu ia passar semanas repetindo aquela cena e a piscadinha na minha mente.

Quando ele deu lugar a mim no palco improvisado, meu corpo inteiro tremeu e eu já não conseguia falar nada. A melodia, a letra da música, tudo pareceu fugir da minha mente.

Olhei de novo para a plateia a minha frente que me olhavam de volta esperando que eu começasse, avistei o Marcos um tanto impaciente olhando o relógio, a Larissa rindo do meu embaraço e por fim o Mateus ao lado dela, fazendo sinal para eu cantar.

Sem mais demora me posicionei em frente ao teclado e com os olhos fechados repito pra mim mesma que eu só precisava fazer aquilo uma vez e quanto antes começasse, mais rápido terminaria.

O medo de errar me fez cantar no automático e aquela acabou a sendo a minha pior versão da música, pior até do que os ensaios, mas não tinha mais nada que eu pudesse fazer.

Acordei bem depois do horário, não comi direito, cheguei atrasada por teste e esqueci de fazer o mais importante: relaxar, para não transmitir a ansiedade na minha voz, mas quando eu cantei a última estrofe da música não tinha quem negasse, que nem pra backvocal eu servia.

Desci do quase palco com os olhos ardendo, fiquei o tempo inteiro em frente a porta para ser a primeira a sair e me esconder, enquanto o Marcos dizia que os resultados seriam divulgados no intervalo.

Sai da sala assim que vi o líder descer do palco improvisado. Teríamos uma aula antes do intervalo e eu nem queria ver a derrota que tinha sido o resultado, espero que eles não tenham feito um ranking.

O plano era me esconder no banheiro durante o intervalo todo e sair de lá só quando a próxima aula começasse.

E assim eu fiz, tive aula de química, e logo que o sinal tocou fui pro banheiro, levando uma barrinha de cereal no bolso, sem ninguém perceber, não que percebam geralmente, mas dessa vez fiz o possível pra não notarem que eu não estava bem.

Entrei em uma das cabines do banheiro e sentei no chão, com a cabeça encostada na parede, eu amo fazer um drama quando as coisas não saem como eu espero.

Depois de alguns minutos lamentando não ter ido bem na audição e ansiosa para saber quem foi selecionado, ouço uma voz familiar no banheiro.

_ Amiga, você foi maravilhosa - disse a Stefane, carrapato da Larissa.

_ Sim, eu sei, mas eu devia ter ficado em primeiro lugar - opa! Levanto de onde estava e me encosto na porta pra ouvir mais de perto - Pelo menos eu não fui tão mal quanto aquela sardenta ridícula - e eu acabo de entrar na história.

_ Nem me fala, ela pagou o maior mico, toda atrapalhada - ouço as duas caírem na gargalhada, e não as julgo, eu fui horrível.

_ Mas sabe, Ste, as vezes eu queria ser como a Amora e passar despercebida, ser o centro das atenções cansa - sarcástica como sempre a Larissa diz fazendo a Stefane rir mais uma vez.

_ Coitada, é tão sem graça e esquisita que ninguém nota ela, por isso que não tem amiga nenhuma e louco é o cara que chega perto dela, se é que alguém chega. Ouvi dizer que ela fede e não dá pra conversar com ela nem por um minuto, de tão chato que é - Stefane completa baixinho, mas o suficiente para que eu pudesse escutar e tentar fingir que aquilo não me abalava.

_ Coitada nada, eu sinto pena é do Mateus, ninguém merece ser dupla daquilo - e mais risadas ecoaram no banheiro, até que eu não ouvi mais a voz delas e decidi sair antes que alguém me visse ali.

Faltava alguns minutos para o fim do intervalo mas o que eu menos queria era voltar pra sala, então fui até o quartinho de limpeza, o lugar onde eu não iria ter que ver ninguém.

_ Seu Firmino, posso passar um tempinho aqui? - pergunto a um dos faxineiros do colégio.

_ Tpm? - ele pergunta já saindo do canto mais imperceptível da escola, só não mais que eu.

_ Não - sorrio pela primeira vez no dia, ao ver que ele lembra do quanto eu já pedi pra entrar ali só pra ficar longe de tudo quando estava naquele dias - dessa vez eu só quero ficar sozinha, literalmente - e mais uma vez o sorriso sumiu, assim como o Seu Firmino, que liberou minha passagem pra o pequeno vão cheio de vassouras, esfregões, baldes e produtos de limpeza.

Encontrei um canto para me encostar e não consigo evitar os pensamentos que insistem em repetir as palavras da Larissa e atribuir como verdade o que eu nunca tive coragem de enxergar.

Ela não estava mentindo, talvez tenha falado com um mais crueldade do que necessário, mas todo mundo sabia que eu era sem graça demais pra chamar atenção de outras pessoas, e tudo bem, ou não, mas eu vou ter que conviver com isso, como sempre fiz.

Ouço o sinal tocar e dou uma passada no mural antes de ir pra sala, como previsto, eu não passei, mas pelo menos eu podia continuar no grupo.

Quando entrei na turma, fui até minha carteira e pra variar a mesa ao meu lado não estava vazia.

_ Oi, eu não te vi desde o teste, o que aconteceu? - olho para ele confusa, provavelmente aquele não era o Mateus.

_ Não precisa fazer isso, tá legal? Eu sabia que poderia não passar - antes mesmo que ele pudesse responder, um dos seus amigos famosinhos grita do outro lado da sala.

- Mateus, vem sentar aqui com a gente, o que você tá fazendo aí? - Pablo fala e eu finjo não ter nada haver com isso.

- Não precisa, eu tô muito bem sentado aqui com a Amora - em vão, porque o Mateus faz questão de chamar atenção para mim.

Pelo menos o professor entrou na sala e acabou com essa confusão antes que ela começasse.

Incomodada com o fato do Mateus não ter sentado com eles, Larissa veio falar comigo no final da aula.

- Então quer dizer que você acha que pode tudo só porque o Mateus preferiu ficar com você? - a Larissa falou acompanhada da Stefane.

_ Não - ri da cara dela que estampava ciúme - Satisfeita?

_ Ainda não, espero que saiba que logo mais tudo isso vai acabar, o Mateus só sentiu peninha do desastre que foi aquilo que você chamou de apresentação e basta esse trabalho em dupla acabar pra ele esquecer de você, que não passa de mais uma esquisita inútil - Larissa falou apontando o dedo na minha direção.

_ Acabou? - me afastei dela com um sorriso irônico no rosto, era maravilhoso ver a reação dela ao ser contrariada.

_ Parece que sim, não é Larissa? - pronto, o Mateus chegou, agora só faltava o Pablo pra completar.

Só foi preciso alguns segundos para a Larissa fingir não ter acontecido nada e sair dali.

_ Não liga pra ela, a Larissa não faz por mal, mas às vezes parece exagerar - Mateus tenta amenizar o que a amiga fez, mas comigo isso não rola.

_ Ah claro, igual a você - começo a andar e o Mateus tenta acompanhar meus passos.

_ Eu não discordo - Mateus sorrir e eu me controlo para não me acostumar com aquela versão simpática dele, que infelizmente só aparecia quando estávamos sozinhos.

Antes de nos dividirmos, cada um para o seu lado, o Mateus me dá um abraço rápido.

_ Parabéns pela apresentação, eu sei que não é a vocalista, mas também sei do quanto se esforçou.

_ Obrigada - sorri feliz por ouvir aquilo, mas pra mim as palavras da Larissa ainda pareciam fazer mais sentido, mesmo com a minha mente querendo aceitar que não. 

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