O Ceifador de Anjos: Antes da...

By JulieteVasconcelos

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Vincent Hughes nasceu e cresceu em meio ao conforto e aos cuidados de sua mãe, mas a felicidade nem sempre se... More

Bem-vindos!
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5.1
Agradecimentos

Capítulo 5

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By JulieteVasconcelos

Ao retornarem da lua de mel, Richard instalou-se na casa da esposa, pois concordaram em morarem lá, visto que era bem maior que o apartamento dele.

Logo, a pedido do marido, Jenna dispensou o trabalho de Alfred, pois já não precisava mais de um advogado administrando os seus bens, Richard poderia fazê-lo, já que tinha bastante experiência como administrador. Assim, em pouco tempo, as decisões legais e a movimentação financeira do casal, estava exclusivamente nas mãos dele.

Nos primeiros dois meses, Jenna sentia-se no paraíso. Tudo estava perfeito, Richard era bom para com ela e com o filho. No entanto, ele começou a demorar-se no trabalho, alegava que como cuidava do patrimônio dela e dos investimentos que ambos concordaram em fazer em sua floricultura, tinha muita coisa para fazer em pouco tempo.

A verdade, era que Richard voltara a jogar. Logo que assumira o controle sobre o dinheiro da esposa, quitou sua dívida e voltou aos poucos a vida de antes. No entanto, antes era solteiro e mesmo estando com Maria, não precisava dar satisfações do que fazia a ninguém, mas agora, tinha Jenna e ela cobrava sua presença em casa, o que muito o irritava.

Jenna percebera que o marido estava bebendo, segundo ele, com Max no trabalho, e isso em nada a agradava. Não demorou para que noite ou outra, Richard não fosse dormir em casa, para evitar os questionamentos da esposa. Assim, dormia no apartamento de Maria, que não somente o acompanhava em suas jogatinas, mas o incentivava, tanto a jogar, quanto a beber.

As discussões entre Jenna e Richard passaram a ser frequentes, mas sempre no dia seguinte, ele pedia mil desculpas pelo seu comportamento, a enchia de flores e presentes. Quanto ao menino, Richard nunca o destratava, independentemente do quão alterado estivesse, ele realmente gostava bastante de Vincent, para o qual sempre garantia momentos agradáveis quando estava em casa. Essa relação de pai e filho existente entre os dois era o que fazia real diferença para Jenna perdoar o mau comportamento do marido.

Os dias seguidos às discussões, Richard não retornava para casa, alegava que dormia no trabalho. E nos dias seguidos ao seu arrependimento, que de fato ele realmente se arrependia, Rick permanecia ao lado da esposa e do filho por semanas seguidas, mas a saudade de Maria e o prazer que obtinha jogando, acabava por vencê-lo.

As brigas não aconteciam somente pela ausência e bebedeiras do marido, mas também porque ele sempre via algo inapropriado nas atitudes da esposa, fosse em uma peça de roupa que vestia, algumas palavras que trocava com um amigo ou até mesmo o tempo que levava para retornar à casa quando saía.

Jenna sofria, aos poucos se acostumara com aquela situação. Não entendia como o marido mudara tanto e em tão pouco tempo. Por vezes, não o reconhecia, em outras, via nele o mesmo homem maravilhoso com quem se casou. Seu consolo era ver o filho feliz, pois Richard, com certeza, era um bom pai.

Logo Vincent completaria três anos, Richard e Jenna concordaram em fazer uma festa, a qual ela se encarregaria em organizar e ele faria os devidos pagamentos. Pelos dias que se seguiram aos preparativos, o casal parecia estar em nova lua de mel.

Faltavam três meses para a festa, quando Richard foi ver Maria e não a encontrou. O porteiro do prédio informou-o que a viu saindo com um rapaz, provavelmente um amigo. Esperou-a até cair a noite, ela não apareceu, o que o deixou ainda mais transtornado, por isso, ao invés de ir para sua casa, foi para o bar, de onde saiu apenas de madrugada, quando o estabelecimento fechou.

Ao chegar em casa, Jenna o esperava preocupada, ao deparar-se com o seu estado deplorável, a preocupação transformou-se em irritação.

Richard não queria dar satisfações, não se sentia obrigado a dar qualquer explicação, por isso, como querendo pôr fim à discussão, deferiu-lhe dois tapas na face e jogou-a no chão, insultando-a. Depois disso, foi deitar-se, deixando a esposa em choque caída no chão, sentindo a bochecha queimar por causa dos tapas recebidos, ao mesmo tempo em que as lágrimas desciam quentes pelo seu rosto.

No dia seguinte, Richard implorou por perdão, mas não sem antes justificar os seus atos, disse que aquilo fora um acidente e que apenas acontecera porque ela o provocara, que machucá-la não fora sua intenção. Prometeu que aquilo não tornaria a acontecer, porque ele a amava e queria fazê-la feliz.

O arrependimento de Richard era palpável para Jenna, o que a fez pensar que aquele extremo o fizera pôr a mão na consciência e que agora, ele iria mudar. Jenna já não estava mais feliz, mas estava esperançosa.

Com o passar dos dias, por razões que Jenna ignorava, Richard mostrou-se cada vez mais irritado e outros acidentes como o anterior acabaram acontecendo.

Na festa de aniversário, onde Vincent comemorou os seus três anos, eles pareciam uma família feliz. Jenna não queria chamar a atenção para si, tampouco estragar um momento único na vida do filho. No entanto, sua irmã Linda percebera que havia algo de estranho, principalmente pelo fato de Jenna manter os braços cobertos por uma camisa de manga longa, quando o dia estava realmente quente, mas como não conseguiu achar um momento apropriado para falar a respeito, deixou para abordá-la em outra ocasião, voltando sua atenção para o sobrinho Vincent e para sua filha Tamara, que brincavam animados com outras crianças. 

— Você está linda, amor! — falou Richard ao entrar no quarto e ver a esposa prendendo os cabelos em frente ao espelho. Sem esperar resposta, ele colocou-se atrás dela e beijou seu pescoço.

Ao sentir o corpo estremecer, ao mesmo tempo em que o cheiro do álcool invadiu suas narinas, Jenna desvencilhou-se dele.

— Estava bebendo, de novo!

— Um pouco, amor, apenas para aquecer — respondeu puxando-a para o seu corpo. — Esse vestido te deixa tão gostosa, o colocou apenas para eu tirar, não é? — perguntou percorrendo com a mão o corpo de Jenna.

— Não, Rick, nem te esperava em casa agora à tarde. Devia estar na floricultura! — disse tentando se soltar dos braços dele.

— Não preciso ficar lá, querida! Max toma conta direitinho de tudo — disse e puxou-a novamente. — Quero você agora, amor! — Beijou-a.

— Me solta, Rick! Não estou a fim agora — falou tentando empurrá-lo.

— Não está a fim agora ou não está a fim de mim, Jenna? — disse segurando-a firme pelos braços. — Vamos, me diga! Por que se vestiu assim? Ia se encontrar com alguém, né? Com quem, Jenna, com quem? — Chacoalhou-a.

— Me solta, Rick! Você está me machucando, pare por favor! — pediu, nervosa.

— Você é mesmo uma vadia sem vergonha! — falou deferindo-lhe um tapa no rosto, fazendo-a cambalear para trás.

As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, mas limpou-as rapidamente ao olhar para porta do quarto, onde Vincent estava de pé, olhando-os com uma expressão assustada. Richard acompanhou o olhar da esposa e constatou a presença do garoto.

— Por favor, pare! — suplicou ela.

Richard apenas foi em direção ao menino e o pegou no colo. Levou-o para o seu quarto e o mandou brincar, fechou a porta e saiu, deixando Vincent fechado do lado de dentro. Em seguida, retornou para o quarto dele, onde encontrou Jenna chorando sentada na cama.

— Pare de chorar, a culpa é sua! — gritou.

— Rick, você precisa se acalmar... e precisa parar de beber! — arriscou ela.

— Não me diga o que devo fazer, sua vagabunda! — disse puxando-a da cama com raiva, apertando os seus braços. — Você ainda não me respondeu porque se vestiu assim, na certa, ia se exibir para alguém!

— Você está louco, Rick, louco!

Richard sentiu sua raiva aumentar ainda mais.

— Louco? Como se atreve, sua vagabunda! — gritou fechando o punho e lhe dando um murro. Descontrolado, a derrubou e continuou golpeando-a.

Jenna tentou aguentar calada, pois seu filho poderia ouvi-la, temia assustá-lo, mas as pancadas eram tão fortes e a dor tão latente, que não conseguiu segurar os gritos desesperados, implorando para que o marido parasse.

Richard somente parou quando a viu perder os sentidos, então a deixou caída no chão do quarto e saiu. Iria atrás de Maria e não retornaria para casa naquela noite.

Vincent ouviu a mãe gritar, aqueles gritos o desesperaram, ele não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas sabia que não era bom. Encostado na porta, ele não parou de chamá-la por nenhum momento, Vincent queria sair dali, queria vê-la.

Ele não tinha noção do tempo que se passara, mas já estava cansado de chamar por sua mãe para que lhe abrisse a porta do quarto. Sem obter resposta, tentava ele mesmo mover a maçaneta, mas a altura proporcional aos seus três anos de idade não o permitia alcançar.

Empilhou alguns blocos de brinquedos e subiu neles tentando se equilibrar, mas caiu. Levantou ofegante, ao mesmo tempo em que viu ao canto um pufe, reconhecendo nele a possibilidade de libertar-se. Empurrou o pequeno estofado até a porta com demasiado esforço, para em seguida erguer-se sobre ele.

Para sua alegria infantil, alcançou a maçaneta, forçou-a e a porta se abriu. Em poucos segundos, atravessou o corredor e adentrou o quarto de sua mãe, que era em frente ao seu.

Encontrou-a caída no chão, apesar dos ferimentos recentes no corpo e na face, para o menino, ela apenas dormia. Naquele momento, ele era incapaz de compreender que fora o cansaço e a dor que a tinha vencido, isso depois dos gritos que ela tentou, mas não pôde conter!

— Mãe? Mamãe, acorda! — chamou ele, ao mesmo tempo em que tocou-lhe o rosto, marcado pelas agressões sofridas horas antes. — Mamãe! — insistiu tentando movê-la.

Por alguns minutos ficou ali, chamando-a, até que desistiu, fosse porque entendeu que ela não acordaria naquele momento ou porque o sono o venceu. Então correu para seu quarto, chegando em sua cama, apanhou o travesseiro e puxou um pequeno cobertor.

Retornou rapidamente para o quarto da mãe. Abaixou-se e pôs o pequeno travesseiro ao lado da cabeça dela, para em seguida, jogar-lhe a fina coberta, cobrindo-lhe apenas parte do tronco.

— Boa noite, mamãe! — falou enquanto se aninhava entre os braços maternos, por debaixo do pequeno cobertor.

Jenna, mesmo inconsciente, sabia que alguém chamava por ela, mas não tinha forças para responder. Ela reconhecia aquela voz doce, sabia que era do seu pequeno anjo, do seu pequeno Vince.

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