O Assistente (Romance Gay)

By FabianoNCardoso

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O sucesso de alguém começa com as pessoas que estão nos bastidores. Conheça a história de Gabriel e se surpre... More

Secretariado Executivo Trilíngue
Nota do Autor
Do Céu ao Inferno
Ethan
Jason
Metropolitan Hospital Center
Decisões
Dois
Amor
Os Agentes
A Patente
Recursos
Virada
Chantagem
O Acordo
Recomeços
Coleman & Moura

O Advogado

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By FabianoNCardoso


Eu não cheguei nem a pisar direito no escritório e Natasha já se levantou. Entramos no meu aquário e enquanto ela me entregava alguns documentos desatou a falar.


– Ontem eu dei uma apurada naquele assunto com a Susy do RH e a coisa é ainda pior do que imaginávamos. Não só o Coleman foi mesmo mandado embora, como vai ser processado pela empresa.

– Processado? – Eu queria ter dado um grito, mas dentro do escritório jamais.

– Alguma coisa sobre quebra de confidencialidade ou algo assim que eu não entendi direito, mas o povo do setor jurídico já entrou com um processo ontem mesmo.

– Nossa, eu to chocado – E morrendo de pena.

– Aqueles tubarões do jurídico vão arrancar até as calças do coitado – Disse Natasha que se virou e foi saindo – Qualquer nova notícia eu te falo.

– Obrigado Nat – Joguei-lhe um beijo e ela piscou retribuindo.


Apesar de adorar uma fofoca, Natasha, assim como a Jully são ótimas pessoas. Ridiculamente lindas e simpáticas. Elas trabalham direitinho e eu não tenho o que reclamar delas.

Naquele dia eu trabalhei preocupado com Ethan, achava um absurdo as acusações que ele estava sofrendo e nem as tais provas me convenciam. Tentei falar com ele duas vezes, mas seu celular estava desligado.

Naquela tarde eu falei com George, mas depois de deixar Ethan em seu prédio ele não soube de mais nada. Quando eu saísse do trabalho ligaria para a sua casa. Não obtive resposta.

Duas semanas se passaram e eu recebi uma intimação de um oficial de justiça, para uma conversa com o juiz do caso Empresa contra Coleman. Corri até o departamento jurídico.


– Bom dia, Cindy – Li no crachá da recepcionista – Eu sou Assistente Executivo no 83 e preciso falar com um advogado da empresa, qualquer um.

– Seu nome? – Perguntou simpática.

– Moura, Gabriel.

– Só um instante que eu vou ver se algum pode te atender ok?

– Muito obrigado Cindy – Me sentei numa poltrona e depois de um telefonema ela levantou.

– Senhor Moura – É engraçado os americanos dizerem meu sobrenome com sotaque – Pode me acompanhar por favor?

– Claro – Me levantei e caminhamos até uma sala.

– O sr. Cruz vai te atender – Ela me indicou a porta e saiu.

– Obrigado de novo – Bati na porta e ouvi um "Entre".

– Pois não sr. Moura? – Disse o tal advogado Cruz.


Jason Cruz, segundo a placa na porta da sua sala, ele não deveria ter mais do que 33 anos, moreno, com um par de olhos castanhos, barba cerrada, um cabelo preto e liso perfeitamente penteado e usando um Armani que provavelmente custava um mês do meu salário.


– Pode me chamar de Gabriel, até prefiro – Disse me aproximando de sua mesa.

– Sente-se, em que posso ajudá-lo?

– Recebi essa intimação agora pouco e não sei muito bem do que se trata – Lhe entreguei o papel e ele começou a ler.

– Você trabalhou diretamente com Ethan Coleman aqui na empresa? – Perguntou ainda lendo o papel.

– Fui assistente pessoal do sr. Coleman por 2 anos. Há 7 meses eu fui promovido e agora sou Assistente Executivo no 83 – Ao mencionar o andar o advogado me olhou por um instante e depois voltou ao papel.

– O sr. Coleman está sendo processado por quebra do contrato de confidencialidade que tinha com a empresa e por espionagem industrial. Essa intimação é uma conversa com o juiz do caso.

– Por que eu? – Era minha maior dúvida.

– Entramos com um pedido do congelamento dos bens do sr. Coleman, para garantir o pagamento de uma possível indenização. O advogado de defesa dele deve ter entrado com um recurso e nesse caso o juiz convoca pessoas para atestar sobre o réu.

– Então não é o julgamento do caso ainda? – Perguntei me odiando por não ter estudado um pouco da legislação americana.

– Ainda não, o juiz vai te perguntar sobre como é o sr. Coleman no dia a dia, como é a relação entre vocês, vai perguntar sobre o trabalho...

– Isso me preocupa ainda mais.

– Tem algo a dizer sobre o sr. Coleman?

– Muito pelo contrário, passei 2 anos cuidando de cada minuto do seu dia, da hora que ele acordava até a hora de ir dormir. Sua rotina de trabalho, exercícios físicos, compromissos da empresa. Não consigo acreditar que ele faria o que está sendo acusado.

– Então é o que você precisa dizer ao juiz.

– E isso não vai me colocar numa posição ruim dentro da empresa?

– De forma alguma.

– Eu preciso ir acompanhado de um advogado?

– Não precisa, mas eu te acompanho. O juiz deve ter intimado outras pessoas e lá na hora eu poderei instruir melhor quem estiver na mesma situação que você.

– Muito obrigado sr. Cruz – Me levantei e estiquei a mão.

– Pode me chamar de Jason – Ele retribuiu apertando minha mão com firmeza.


Meu pai sempre me disse que você reconhece uma pessoa de caráter quando ela tem um aperto de mão firme. Só a atitude de Jason em me dizer para ser sincero já foi uma prova de valor para mim.

Saí da sala mais tranquilo e por mais que tentasse não conseguia contato com Ethan. Decidi passar em seu apartamento e depois do trabalho quando cheguei lá e o porteiro me avisou que ninguém tinha notícias a dias.

Ethan não foi visto pelos porteiros, a empregada não aparecia mais e ninguém respondia aos interfonemas e o telefone tocava sem resposta.

No dia da audiência com o juiz, eu e outros funcionários intimados ganhamos folga e ao chegar na corte o advogado Jason Cruz estava bem na entrada. Conforme as pessoas iam chegando ele as recebia, as acalmava e dava instruções.

Uma a uma as pessoas foram sendo chamadas para conversar com o juiz e depois de um longo tempo só restamos Jason e eu sentados num banco no corredor. Ele parecia mais cansado do que eu.


– Eu queria muito que esse caso fosse resolvido logo, evitar julgamentos longos – Desabafou.

– Achei que todo advogado gostasse desse tipo de coisa.

– Alguns dos meus colegas na empresa adoram os holofotes quando acontece um escândalo, eu fui para o meio corporativo para evitar esse tipo de circo.

– Parece difícil de acreditar ouvindo de um cara usando CK e couro italiano – Apontei para seu terno e seus sapatos.

– Minha família é de origem porto-riquenha, tenho cara de latino e meu sobrenome é Cruz. Sem os ternos e meu diploma de Princeton eu seria engolido vivo naquele setor.

– Mas você é americano – Conclui.

– Cresci no Harlem, fui aluno da primeira turma, do primeiro centro de capacitação profissional que a empresa abriu. Não ligo tanto assim para os ternos... – Um oficial me chamou interrompendo a conversa e eu entrei.

– Bom dia sr. Moura, sou o juiz White e isso aqui é só uma conversa informal ok? – Disse o juiz, um velhinho com cara de velhinho. Mas ele tinha um ar muito imponente.

– O advogado da empresa o sr. Cruz me informou previamente.

– Senhor Moura, o que pode me falar sobre Ethan Coleman.

– Meritíssimo, o sr. Coleman é uma boa pessoa. Eu fui seu assistente pessoal por 2 anos e não tenho o que falar dele.

– Descreva para mim um pouco do seu trabalho com o sr. Coleman.

– Eu chegava na sua casa bem cedo, separava sua roupa de trabalho enquanto o sr. Coleman estava no banho, ajeitava o café da manhã que sua empregada, Flores, deixava praticamente pronto – Pensei um pouco...

– E o que mais?

– Enquanto o sr. Coleman tomava café e lia as seções de economia e tecnologia do jornal eu começava a repassar seus compromissos do dia. No trajeto entre sua casa e a empresa falávamos sobre compromissos futuros que se aproximavam.

– E?

– Na empresa ele ficava em sua sala trabalhando e eu na minha mesa. Atendia ligações, agendava reuniões, encomendava seu almoço. Meritíssimo, o sr. Coleman era uma máquina de trabalhar, se eu não levasse água ou comida ele simplesmente ficava sem.

– Ele tem algum distúrbio? – Perguntou o juiz.

– Não senhor, meritíssimo. Apesar de eu ter que avisar duas ou três vezes para o sr. Coleman ir ao banheiro, sua saúde era em perfeito estado. Três vezes por semana ele praticava esportes em um clube. Eu até aproveitava esse tempo para usar a academia de lá.

– E quanto a atividades sociais?

– Meritíssimo, nunca vi o sr. Coleman se relacionar com outra pessoa. Os jantares e reuniões eram sempre para falar de negócios. Nunca o vi receber ligações de amigos ou parentes, ou mulheres.

– Então ele só trabalhava?

– E trabalhava muito. A empresa está desenvolvendo alguma tecnologia nova e ele além de diretor do setor era um dos líderes do projeto.

– Acredita que o sr. Coleman trairia a empresa e venderia informações sigilosas.

– De forma alguma. A empresa tem um dos mais modernos laboratórios do planeta, tem recursos para financiar a pesquisa e o desenvolvimento dos projetos. Não faz sentido.

– Acha que o sr. Coleman poderia fugir do país?

– Ele nunca me pareceu ser o tipo de homem que faria uma coisa dessas... Meritíssimo.

– Muito obrigado pelas suas informações sr. Moura.


O mesmo oficial que me chamou para entrar, me conduziu para fora da sala e Jason estava em pé um pouco afastado falando no celular. Quando me viu, desligou o aparelho e veio em minha direção.

Quando olhei a hora eram mais de 5 da tarde e ao se aproximar ele tinha um sorriso no rosto que contrastava com sua expressão cansada.


– Tudo certo com o juiz White?

– Tudo sim, respondi todas as suas perguntas. To mais aliviado.

– Eu preciso de um drink, me acompanha? – Aquilo me pegou desprevenido.

– Drink? – Repeti tentando organizar meus pensamentos.

– Tem um bar a meia quadra daqui que é quase um reduto dos advogados e promotores.

– Eu não sou muito de drinks, acho que vou deixar para a próxima – Eu tentei ser educado.

– Que pena então. Eu iria gostar de uma boa companhia – Tipo, oi? É comigo?

– Quem sabe uma próxima – Disse tentando ser simpático.


Fui embora para casa pensando nas últimas palavras de Jason. Deve ter sido coisa da minha cabeça, ele só estava sendo educado e tecnicamente somos colegas de trabalho.

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