O preço da Felicidade // DEGU...

By MihBrandao

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Capa por: Stephanie Santos ( @AutoraSSantos ) #-# Aos 18 anos, Alexia não pensa em se comprometer com nada ma... More

Aviso
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Bienal 2022

Capítulo 5

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By MihBrandao

Stefan

Acordei sentindo minha bochecha queimando e minha cabeça latejando, com a estranha sensação de que o sol estava bem acima de mim.

Não, espera... o sol está bem acima de mim! Puta que pariu, eu dormi na praia!

Levantei-me cambaleando, sentindo a ressaca da noite anterior me pegar desprevenido. Que inferno. O pirralho do meu novo irmão chega hoje.

Ainda sobraram duas latas de cerveja no fardo, mas eu as ignorei e caminhei com dificuldade até meu carro. Sorte a minha que a chave ainda estava no meu bolso e meu celular no porta-objeto, o que indicava que eu não fora assaltado.

Acho que demorei mais que o normal para chegar em casa e provavelmente minha aparência não estava muito apresentável, considerando a reação de Nanda.

- Por Deus, Stefan! Por onde você andou?!

- Acho que estou morrendo. Faz um remédio qualquer para mim, Nanda. Não, melhor... prepare meu banho. Eu preciso de um.

- Precisa que eu chame o Arthur para te levar para cima?

Eu ri.

- Ainda não estou inválido, amor.

Eu devo ter levado quase duas horas na banheira e, quando finalmente saí do banheiro com uma toalha envolta em minha cintura, encontrei Nanda no meu quarto.

- Seu irmão e seus pais estão te esperando lá embaixo.

Revirei os olhos.

- Até você? Ele não é meu irmão. - Entrei no closet.

- Ele é um garoto incrível, tenho certeza de que vai gostar dele.

- Se ele ficar na dele e não falar comigo, acho que vamos nos dar bem.

Ouvi Nanda suspirar enquanto eu vestia uma camisa e uma bermuda.

- Ele está louco para te conhecer.

- Ah, eu também! Estou superanimado! - Saí do closet e joguei minha toalha para ela. - Vamos descer.

- Não assuste ele, Stefan!

Eu desci sozinho sem prestar muita atenção ao que Nanda disse. Não esperei mesmo que ela fosse me acompanhar.

Encontrei minha mãe e meu pai no quintal, de costas para mim. Na frente deles, um garoto com metade da minha altura me olhou e abriu um sorriso, então eles se viraram. Minha mãe estava sorrindo, mas quando seus olhos me encontraram, sua expressão ficou alarmada. Eu sorri para ela transmitindo confiança enquanto caminhava até eles, e ela pareceu acreditar, porque sorriu de volta.

Inclinei-me para ficar da mesma altura que meu novo irmão e o observei por um momento. Olhos castanhos, pele morena, cabelo comprido que ele definitivamente precisa cortar... bem, eu não o apresentaria para os meus amigos como meu irmão. De fato, não o apresentaria a ninguém.

Seu sorriso vacilou.

- Qual é o seu nome? - perguntei.

- Thomas.

- Quantos anos você tem, Thomas?

- Oito.

Levantei-me.

- Beleza, é o seguinte... minhas regras são simples. - Levantei três dedos conforme dizia: - Não entre no meu quarto, não entre no meu carro e não mexa nas minhas coisas. Acha que pode fazer isso?

- Stefan... - Minha mãe disse como um aviso oculto.

- P-posso - Thomas respondeu sem nenhuma sombra de sorriso mais.

- Ótimo - Baguncei seu cabelo antes de completar: - Seja bem-vindo à família, pirralho.

Virei-me e saí, sentindo três pares de olhos focados em minhas costas.

Bem... eu não conseguiria ter sido mais educado do que fui.

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Alexia

Quando deixei Alice na creche, o dia estava ensolarado, mas conforme o tempo passava, eu via pela porta da lanchonete as nuvens cinzentas e pesadas começarem a cobrir o sol.

- Parece que vem chuva por aí... - Um dos clientes disse ao me ver olhando para fora.

- É, parece que sim... - Olhei para ele e sorri. - Deseja mais alguma coisa, Seu Antônio?

- Não, lindinha. Aqui, fique com o troco.

Eu o amava. Não existia sequer um dia que ele saía da lanchonete sem me dar uma gorjeta.

- Obrigada.

- Diga a Alice que mandei um abraço.

Quando me despedi de Rafael e Mari e saí da lanchonete no fim do dia, uma chuva fininha caía suavemente, mas prometia engrossar.

- Mamãe! - Alice correu para mim assim que me avistou do portão da creche. - Vamos bincar na suva?

- Não, amor, você pode pegar uma gripe - Abri sua mochila e peguei a sombrinha que ela sempre leva para a creche. - Aqui. Vamos brincar de outra coisa quando a gente chegar em casa.

Ela não discutiu. Uma coisa que eu amo em minha irmã é seu senso de compreensão, são poucas as crianças que o possuem.

Ela preencheu o ambiente com sua vozinha suave por todo o caminho de casa, segurando minha mão com uma de suas mãos e a sombrinha com a outra. Quando chegamos, dei um banho nela, a alimentei com biscoitos e suco natural, ensinei-a a fazer seu dever de casa - cortar letras "A" de revistas e colar em seu caderno - e brincamos com seus ursos até Lívia chegar.

- Não tem estelas hoje, não, é mamãe? - Alice perguntou olhando a chuva que batia na janela.

- Não, princesa. Durma cedo, está bem?

- Tá bem.

Megan me deu carona para a faculdade ao som de Thinking of you, e enquanto a música ecoava tranquilamente no interior do carro, eu me peguei pensando no quanto a melodia fazia jus ao ambiente cinza que eclodia do lado de fora.

- Acho que vou ter que ficar depois da aula - Eu disse enquanto minha amiga dirigia.

- Por quê?

- Tenho alguns trabalhos pendentes. E a partir de semana que vem, vou dar monitoria todos os dias.

Megan bufou.

- Imagino o que vai ser de você. Mal consegue dormir dando monitoria para períodos inferiores três dias por semana... o que vai fazer agora?

Encolhi os ombros.

- Estudar em dobro.

- Por que não deixa para fazer os trabalhos em casa?

- Não temos computador, lembra? Hoje a tecnologia exige que eu faça isso.

- Então deixe para fazer amanhã. Hoje o tempo não está bom para isso.

- Você sabe como odeio deixar as coisas para cima da hora. E eu vou fazer na biblioteca, não no campo de futebol.

- Você é meio louca, sabia? - Megan balançou a cabeça em reprovação.

- Eu sei. Coloque Alice para dormir com você? Eu a pego quando chegar.

Ela estalou a língua.

- Você sabe que eu não me importo se ela dormir comigo a noite toda, certo?

- Eu sei, quem se importa sou eu. Não durmo bem longe dela.

- Como você sabe se nunca tentou? Aliás... - Seus olhos se dirigiram para mim brevemente antes de se voltarem para a estrada: - Desde quando você dorme?

Minha única resposta foi um riso contido.

Na sala de aula, preenchi totalmente minha mente com trabalhos e atividades. A chuva engrossava gradativamente, e eu me perguntei várias vezes se Megan tinha razão em me mandar fazer os trabalhos no dia seguinte.

Não, ela não tinha.

Quando finalmente encerrou a aula, eu saí da sala e fui direto para a biblioteca. Eu sabia que a faculdade fechava duas horas da manhã, mas ainda assim a área dos computadores estava vazia. Então, ouvindo o céu desabar sobre o telhado, me sentei na frente de um deles e o liguei.

Minha noite com certeza seria produtiva.

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Stefan

Eu amava a chuva. Odiava ouvir alguém reclamar disso. Lembro-me de que, quando eu era criança, meus pais brincavam comigo no meio das poças, sentindo as gotas caírem sobre nós. Era minha brincadeira preferida.

Quando eu saí para faculdade, minha mãe estava fazendo isso... com Thomas.

Revirei os olhos e entrei no carro sem me despedir.

- A gente devia fazer alguma coisa depois da aula - André comentou durante o intervalo.

- A boate do centro está aberta hoje - Fabrício respondeu.

- Tenho uma ideia melhor. Vamos jogar futebol, depois vamos para lá.

- Pirou, Stefan? O campo é aberto!

- Por isso mesmo.

Eu não sou dramático nem sentimental, mas queria relembrar como era brincar na chuva. Acho que foi porque vi minha mãe e Thomas brincando.

No final, todo mundo aceitou minha ideia. Seria divertido.

Ao final das aulas, pegamos a bola que os alunos de Educação Física usam e, antes mesmo do primeiro chute, já estávamos ensopados. Ainda assim, não vimos o tempo passar. Só paramos quando ouvimos pelo alto-falante que a Universidade fecharia em dez minutos.

- Pedro chuta bola igual mocinha - Fabrício ria enquanto andávamos sob a chuva em direção ao meu carro.

- Vai se ferrar! E você, que nem sabe jogar?!

- Sejamos honestos, Fabrício... você joga igual uma lesma manca.

Apesar do clima entre eles estar agradável, eu não me intrometi. Estava mais focado em dissolver o maldito sentimento de saudade que pairava em mim.

Eles ainda estavam rindo quando entraram no meu carro, e eu soube que teria que dar um jeito de secá-lo no dia seguinte.

- Ei, Stefan... aquela ali não é a garota que te negou monitoria? - Pedro perguntou apontando com o queixo enquanto colocava o cinto ao meu lado.

Olhei na mesma direção que ele e, por um momento, me perguntei o que Alexia ainda estaria fazendo ali, no meio da chuva, àquela hora.

- Te negou monitoria?! Que louca! - André emitiu num tom que revelava tanto curiosidade quanto surpresa. Em seguida, completou: - Aí, mano, acho que está na hora de se vingar. Veja a poça na frente dela.

Realmente, Alexia estava parada na calçada, na frente da faixa de pedestres e de uma poça d'água enorme, esperando o sinal fechar.

Eu ri. Eram plenas duas horas da manhã, o que se passa na cabeça de uma pessoa que não vê nenhum carro na rua, mas ainda assim espera o sinal ficar vermelho?!

- Vamos, Stefan! O sinal vai fechar para a gente!

Liguei o carro hesitante, mas quando percebi que existia uma mínima chance de eu estar preocupado com a Nerdzinha Marrenta Destruidora de Festas, afastei totalmente a voz insistente da minha consciência que me mandava não fazer isso e acelerei.

A animação tomou conta do carro quando deixamos os portões da faculdade.

- Mais rápido!

- Vai fechar!

- Ela vai ficar ensopada.

E risos.

O sinal ficou amarelo e eu pisei fundo ouvindo as vozes animadas dos meninos. Alexia estava segurando alguns livros na mão e sua sombrinha em outra, e eu tentei não pensar muito no estrago que iria fazer.

O sinal ficou vermelho, mas antes que ela saísse da calçada, meu carro passou quase voando em sua frente em cima da poça d'água, criando um tipo de chuveiro lateral sobre ela. Não consegui evitar o riso. Nem os meninos.

Ouvimos seu grito de surpresa e, pelo retrovisor, percebi que os livros tinham caído.

Espero não a ter deixado encrencada por isso.

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Alexia

Ainda faltavam os últimos detalhes do trabalho quando a bibliotecária anunciou pela caixa de som que a Universidade fecharia em dez minutos. Bem, eu já tinha adiantado o suficiente. Agora, com a ajuda de alguns livros, eu conseguiria terminar em casa.

Salvei o trabalho no pendrive, desliguei o computador e peguei os livros nas prateleiras.

- Esses são primeiras edições, Lexy - A bibliotecária avisou registrando-os no sistema. - Tenha muito cuidado com eles. O preço é equivalente a um dos seus pulmões.

Eu ri.

- Que exagero, Mônica.

Mesmo assim, me perguntei por que a biblioteca possuía livros tão valiosos. Não eram todos os alunos que eram caprichosos.

Saí da biblioteca e caminhei pelos corredores semiescuros e silenciosos da Universidade. Parei na porta, pesquei meu guarda-chuva na bolsa e o abri. Estava prestes a sair quando vi Stefan e seu grupinho ridículo de amigos alienados caminhando até o carro dele. Estavam rindo e brincando, sem se importar em se molhar com a chuva.

Bem, eu devia admitir que se eles não fossem tão idiotas, eu até os consideraria bonitos. Stefan, por exemplo, numa escala de um a dez, poderia facilmente receber 9,8. André, por outro lado, tinha colocado sua reputação em risco ao pintar de vermelho seu cabelo cor de caramelo...

Droga, o que eu estava pensando?! Eles certamente são os meninos mais ridículos do campus - agora, depois de quase dois anos admirando a beleza deles de longe, eu finalmente sei disso.

Por um segundo, imaginei o que eles estariam fazendo na faculdade àquela hora, então percebi que não era da minha conta.

Abracei cuidadosamente os livros contra o peito e saí, protegida debaixo da sombrinha. Passei pelo portão já sentindo meus pés encharcados pela chuva, e parei na faixa de pedestres esperando o sinal fechar. Do outro lado, mesmo com a chuva e a neblina espessa, eu conseguia ver três táxis estacionados, resistindo firmemente à intensidade do temporal. Bati meu pé no chão, tentando manter a temperatura do corpo já que a chuva trazia um vento frio como bônus, e agradeci aos céus quando o semáforo ficou vermelho. Contudo, antes de eu sequer mover meu pé, um carro ultrapassou o sinal mais rápido do que devia, exatamente em cima de uma poça de lama na minha frente, me molhando completamente e me fazendo soltar os livros num impulso.

Não!

- Idiota! - Foi tudo o que consegui gritar para o carro, mas o som das risadas lá dentro estava tão alto, que eu acho que ninguém ouviu.

Lágrimas nasceram instantaneamente em meus olhos enquanto eu fechava a sombrinha e me abaixava para recolher os livros. Droga... como eu iria devolvê-los na próxima semana? Eu não tinha dinheiro para comprar novos.

O que Stefan tinha contra mim?

Pisquei algumas vezes. Eu não iria chorar, não por causa dele.

Levantei-me, guardei a sombrinha na bolsa e atravessei a rua com os livros nos braços, me perguntando se negar uma monitoria merecia tantas punições.

Estava claro que não seria possível terminar meu trabalho com livros molhados, então os coloquei para secar e deixei para terminar no dia seguinte.

Depois de tomar um banho e jantar, fui até o quarto de Megan e peguei Alice no colo com cuidado para não acordar nenhuma das duas e a levei para o meu quarto. Depois de deitá-la cuidadosamente na cama, admirei a inocência estampada em sua expressão por alguns minutos. Às vezes, ela parecia meu porto seguro, a quem recorrer quando as coisas não estavam bem. Era só olhar para ela que meu humor podia mudar completamente.

Foi isso o que me fez esquecer temporariamente o ódio mortal que eu estava sentindo por Stefan.

<<< >>>

Stefan

Eu, Pedro, André e Fabrício nos separamos assim que entramos na boate do centro da cidade. Cada um com, no mínimo, três preservativos no bolso da calça. Eu tinha quatro.

Estava no bar tomando um coquetel sem álcool dois minutos depois de chegar quando a primeira garota da noite se aproximou se insinuando e quase se sentando no meu colo. Eu a levei para o banheiro.

Depois dela, foi apenas uma questão de tempo até sobrar um último preservativo no bolso.

- Vamos para um lugar mais tranquilo? - perguntei no ouvido da ruiva que não parava de esfregar seu traseiro em mim.

- Só aceito se for um hotel.

- Por mim, tudo bem - respondi.

Realmente, eu não achei má ideia, tirando o fato de que ela jamais entraria no meu carro.

Eu a peguei pela mão e saí pela pista de dança procurando Pedro e torcendo para que ele não estivesse bêbado.

- A saída é por ali, gatinho - Ela disse quando eu enfim encontrei meu amigo quase engolindo a boca de uma garota que eu nunca havia visto na vida.

Rangi os dentes e ignorei o apelido que a ruiva acabara de usar. Uma coisa que eu não suporto, que me dá uma agonia absurda, é ouvir alguém me chamar de qualquer apelido no diminutivo. Apelidos em si já são ridículos o suficiente, não é necessário acrescentar "inho's" no final para piorar.

- Pedro - chamei puxando-o pela gola da camisa.

- Qual é, cara... não podia ter escolhido uma hora melhor?

Ótimo. Estava sóbrio.

- Leve meu carro para a sua casa. Passo lá amanhã para pegar. - Entreguei a ele minha chave.

- Falou.

Saí da boate com a menina que eu sequer sabia o nome - e nem queria -, e depois de dar o endereço do motel que eu costumo ir ao taxista, eu e a garota nos divertimos no banco de trás.

- Por que não viemos no seu carro? - Ela perguntou entre beijos.

- Gasolina insuficiente - respondi simplesmente.

Ela deve ter acreditado, porque não discutiu.

Acordei no dia seguinte enterrado no meio das cobertas e com um emaranhado de cabelo ruivo sobre meu braço. Eca. A garota ao meu lado estava babando.

Levantei-me devagar, com todo o cuidado possível para não a acordar. Depois de um banho rápido, vesti minha roupa, peguei meu celular e minha carteira e saí do quarto em silêncio.

Quando fechei a conta na recepção, o céu estava dispersando as últimas nuvens cinzas da noite anterior, o asfalto ainda estava molhado e algumas goteiras pingavam de alguns telhados, mas com certeza não iria mais chover. Pelo menos, não tão cedo.

Não demorei a encontrar um táxi e, enquanto o motorista dirigia depois de eu ter dado o endereço de Pedro, não foi na garota ruiva que eu me peguei pensando. Nem nas outras três, nem em Julia.

Será que os livros que eu fiz Alexia derrubar ontem eram importantes? Será que ela está em maus lençóis agora por minha causa?

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