Apenas Diga Que Me Ama/ Capít...

By Lucy_Benton

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Não estava nos planos de Emma Jones, engravidar do seu namorado. Ainda mais no seu último ano da faculdade de... More

Prólogo
Cap. Um
Cap. Três
Cap.Quatro
Cap. Cinco
Cap.Seis
♥♥Recado♥♥
Recado♥
E-book Gratuito♥

Cap. Dois

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By Lucy_Benton


     Emma

Eu me sinto um lixo completo.

Tenho a sensação de que os meus olhos se fecharão involuntariamente a qualquer momento. Eu poderia dormir por meses certamente, poderia hibernar como um urso no inverno. Sinto-me tão cansada, mas forço meus pés a continuarem caminhando pelo quarto em movimentos repetitivos que o pequeno espaço me permite; com meu lindo e nervoso bebê acalentado em meus braços.

Max acordou às três da manhã, com uma forte dor de barriga. Ele está chorando sem parar há quase duas horas e não sei mais o que fazer para acalmá-lo. Já fiz tudo o que podia para fazê-lo sentir-se melhor, mas nada funcionou.

Estou exausta e preocupada, não acho que seja bom para um bebê chorar tanto assim. As lágrimas já secaram e agora sobraram apenas os gritos. Eu me sinto mal também pela Rachel, sei que ela precisa dormir e estar descansada para o trabalho pela manhã. Ela costuma ser sempre compreensiva, mas estamos tão distantes agora, com interesses e obrigações tão distintas. Acho que nossa amizade está estremecida e a última coisa da qual preciso nesse instante; é que ela resolva ter outra colega de quarto e nos coloque na rua.

Ok... Talvez eu esteja exagerando com relação a isso. Acho que Rachel não faria algo assim, mas prefiro não arriscar. Ela paga a maior parte do aluguel, já que sou uma mãe solteira de vinte e dois anos, falida e com um emprego de meio período na Starbucks do Shopping local.

Meu pai morreria mais uma vez, se soubesse que meu diploma de Literatura em uma das melhores universidades do mundo, acabou em uma das minhas gavetas... E que eu terminei o meu curso com um bebê nos braços e sozinha. Jordan, meu ex-namorado e pai de Max, mudou-se para Washington logo após o nascimento do filho e de sua formatura em Administração. Foi trabalhar com o pai e gerenciar os negócios da sua família rica.

Sempre soube que eram esses os seus planos; conseguir o diploma em outro estado e o máximo de experiência que isso pudesse trazer à sua vida e depois voltar para os braços da família. Mas, seria mentira se não dissesse que achei que o nascimento de Max o faria mudar de ideia. Para o meu próprio prejuízo, preciso confessar que alimentei a ilusão de um final feliz para nós. Algo que é obvio agora, sempre esteve muito longe de acontecer.

Jordan me apoiou durante a gravidez, mas fugiu de suas responsabilidades na primeira oportunidade, quando as coisas se tornaram difíceis demais. Ele nos abandonou sem pestanejar, ainda me surpreendo com o quão fácil para ele foi fazer isso.

Ao menos, me mandou dinheiro desde então. Isso não me consola em quase nada, mas de certa forma não aumenta os meus problemas também.

Então, me apego a esse detalhe cada vez que me sinto sozinha e desamparada. Ele partiu meu coração no momento mais difícil da minha vida e fez com que eu me sentisse a pessoa mais descartável de todo o mundo. Como se eu fosse totalmente irrelevante e não houvesse mais ninguém para me estender a mão e caminhar ao meu lado. A dor do abandono é bem amarga quando provada. Porém, eu percebi, depois de muitas lágrimas, devo salientar, que embora tenhamos ficado juntos por quase três anos, não fomos feitos para estarmos juntos de forma permanente. A verdade dói, mas ela é imutável e preciso aceitá-la.

Aninho Max mais próximo ao meu peito e sussurro uma canção de ninar em seu ouvido. Não sei se a dor passou ou se ele está tão cansado quanto eu, mas quando a canção termina; ele finalmente volta a dormir. O silêncio nunca foi tão bem vindo. Caminho devagar até minha cama e coloco-o calmamente sobre ela. Ele tem um berço que usou pouquíssimas vezes, acabou se tornando mais fácil deixá-lo dormir ao meu lado, já que preciso acordar várias vezes durante a noite.

A pediatra me disse que não é bom para ele. Que bebês precisam desde cedo da sua independência e que isso o ajudará na construção da personalidade. Bem, eu concordaria totalmente com ela há alguns meses.

Agora? Eu a considero uma grande tola.

Ela certamente não tem filhos ainda e se os tiver, certamente tem um marido incrível, gentil e presente, com quem divide toda a responsabilidade que é criar uma criança. Se não tiver um marido, tem uma babá maravilhosa. Eu apostaria cem dólares, que não possuo, em uma dessas duas opções.

Se há uma coisa que descobri ao longo da minha gravidez e depois do nascimento de Max, é que cada mãe vai aprendendo com as suas próprias experiências. É sem dúvidas, o jeito mais fácil. Cansei de ouvir conselhos de pessoas que jamais viverão o que estou vivendo. E eu estou desesperada, portanto, Max permanece em minha cama até segunda ordem.

Olho para o meu bebê tão tranquilo agora e acaricio os poucos fios de cabelos loiros herdados do pai. Aliás, Max é todo Jordan; desde os lindos olhos azuis e pele clara, até uma pequena pinta do lado esquerdo da barriga, que ambos possuem em comum. Eu me aconchego mais perto dele e dou um suspiro imenso de tristeza, frustração, desânimo e todos os sentimentos que possam caber em um só coração. Amo muito o meu filho, eu o amei sempre e o amo mais a cada dia. Mas tenho medo de que o meu amor apenas não seja o suficiente. Seguro sua mãozinha entre meus dedos e caio no sono também.

♥♥♥

A luz da manhã entra no quarto pela janela entreaberta, o sol toca meu rosto e faço um esforço sobre-humano para abrir meus olhos. Olho para Max que ainda continua a dormir, a serenidade estampando seu rosto de bebê. Viro-me para a mesa de cabeceira e alcanço meu celular para ver as horas; nove e meia. Conseguimos dormir um pouco e foi uma vitória imensa, mas ainda me sinto exausta. Mesmo assim, forço meus pés para fora da cama e caminho até o banheiro para tomar um banho rápido. Sinto falta do tempo em podia me perder no chuveiro e me esquecer da vida, cantando toda a minha playlist da Adele.

Agora, mal consigo lavar o cabelo e raspar as pernas sem que Max choramingue e exija a minha atenção. Entro no banheiro que ainda está com vapor e cheirando a sabonete e acho estranho que Rachel ainda esteja em casa a uma hora dessas.

Ela conseguiu o emprego dos sonhos, dos meus sonhos, em uma nova editora e volta para casa todo dia tarde da noite. Nós quase não nos encontramos mais. Às vezes passamos dias sem nos falar e isso só acrescente um pouco mais de solidão à minha vida. Não quero lamentar exaustivamente a vida que deixei para trás, não quero me tornar uma mãe amargurada para o Max, mas morando com Rachel, isso se torna quase impossível. Respiro, deixando as minhas lamúrias de lado e me concentro nas tarefas que me esperam.

Depois do meu banho de cinco minutos, volto para o quarto e encontro Max acordado, brincando com as suas mãozinhas rechonchudas. Ele acabou de completar quatro meses e está cada vez mais esperto. É fascinante acompanhar o crescimento de uma criança assim tão de perto, eu me sinto encantada e orgulhosa a cada nova descoberta dele.

Troco-me rapidamente, colocando apenas minha calça preta do uniforme, justa e quente demais para o calor da Califórnia. Fico de sutiã para amamentar Max, que suga ferozmente meus dois seios. Parece que ele nunca se sente saciado e está crescendo muito e perdendo suas roupas rápido demais para a minha alegria. Roupas de bebês custam uma pequena fortuna e preciso comprá-las com muita frequência, minha conta bancária está quase zerada.

Devo pontuar que é nesse momento em que o dinheiro que Jordan envia todos os meses, consegue me deixar remotamente feliz. Eu nunca poderia manter um bebê sozinha. São tantas coisas e ainda não vivemos em uma sociedade na qual um bebê se sustente apenas de amor.

Após amamentá-lo, troco sua fralda e coloco um body simples de algodão, azul como seus lindos olhos. Quando estamos prontos, olho ao redor do quarto e procuro por seu bebê conforto, me lembro então que devo tê-lo deixado na sala na noite anterior.

Com Max em meu colo, caminho até a sala e encontro seu bebê conforto no sofá. Eu o ajeito nele e prendendo-o com o cinto, caminhamos até a cozinha.

Deixo Max em cima da mesa e vou para a geladeira pegar o leite e o suco de laranja. Eu amo café e não conseguia viver sem, principalmente pela manhã, mas precisei parar de beber porque a cafeína pode ser nociva para os bebês. Embora, não bebê-lo, não esteja fazendo muita diferença para as cólicas de Max. A noite anterior foi uma grande prova disso.

Deixo o leite e o suco em cima da pia e fico na ponta dos pés para pegar um copo e uma tigela para o meu cereal. Estou sentada à frente de Max, com a primeira colher de cereal na boca, quando uma pequena tosse me chama a atenção. Levanto meus olhos em direção à porta e quase morro engasgada ao me deparar com um cara parado a alguns metros de onde estou.

Faz tempo que Rachel não traz companhia para casa, embora eu ache que ela namore muito, simplesmente creio que todos os caras que passam a noite aqui, saem com ela pela manhã. Desta vez, aparentemente a rotina foi quebrada, talvez ele seja um dorminhoco ou tenha perdido a hora porque Max não o deixou dormir direito.

Ele é alto e muito bonito, não posso encontrar outra forma de descrevê-lo a não ser impactante. Por um tempo ele apenas sustenta o meu olhar, o seu curioso, o meu certamente cheio de surpresa. Não é toda a manhã que eu encontro um estranho bonito em minha cozinha.

Suas mãos estão casualmente no bolso de trás do seu jeans escuro, esperando que eu faça ou diga alguma coisa. Eu me sinto mortificada de vergonha, quando me lembro que estou apenas de sutiã, sentada à mesa. Instintivamente eu puxo Max para mais perto de mim, tentando me esconder dos olhos dele.

—Oi... Olá — digo finalmente e minha voz soa estranha até mesmo para mim. Meu tom repleto de timidez — Sou Emma...

— Sou Damian. — ele replica, sorrindo enquanto passa as mãos por seu cabelo castanho bagunçado.

Acho que nunca conheci alguém com um nome tão forte; mas combina muito com ele. Ele certamente é lindo como seu nome. Ele está usando uma camiseta preta do Metallica, uma tatuagem em preto e branco adornando seu braço esquerdo e sumindo dentro da manga da camiseta. Algo tribal ou alguma coisa parecida.

Ficamos em silêncio por um tempo, ao que parece a situação é tão constrangedora para ele, quanto é para mim. Então eu volto a comer meu cereal, pensando na melhor forma de sair o mais rápido dessa cozinha.

—Esse rapaz tem pulmões muito fortes. — ele diz caminhando até Max e eu — Fiquei preocupado; mas Rachel me garantiu que estava tudo bem.

Sinto meu rosto queimar novamente de vergonha. Primeiro porque agora ele tem uma perfeita visão dos meus seios enormes, que mal cabem no meu sutiã simples preto. Segundo porque ao que parece, ele e Rachel estavam tentando fazer sexo ontem e o choro de Max atrapalhou. Isso é terrível... Uma pena eu não poder me esconder embaixo da mesa.

—Sinto muito por isso. — digo olhando para minha tigela e não para ele — Ele não é sempre assim.

—Está tudo bem, não se preocupe. — ele está mais perto agora e segura a mão de Max entre seus dedos — Ele é muito bonito.

—Obrigada!

—Como ele se chama?

—Max— respondo alegremente, repetir o seu nome sempre me traz um grande orgulho — Era o nome do meu pai.

—É um lindo nome. — Percebe-se ternura em sua voz, como se ele gostasse realmente de crianças e não estivesse apenas tentando ser gentil como a maioria das pessoas.

— Obrigada, eu também acho.

—Posso segurá-lo?— pergunta sorrindo, os olhos ainda apenas no meu bebê — Tenho dois sobrinhos, sei como segurar um bebê.

Estou um pouco surpresa pelo seu pedido, na verdade muito surpresa, mas aceno levemente e destravo o cinto de Max para que ele possa segurá-lo. Ele estende seus braços, colocando as duas mãos nas axilas de Max e trazendo-o até seu peito com um rápido impulso.

Max dá um pequeno grito de felicidade e traz um punhado de sua camiseta até a boca e a enche de baba. Damian lhe dá um grande sorriso e beija sua cabeça carinhosamente; parece fofo. Meu coração se aperta ligeiramente com a cena e penso que Jordan jamais viverá cenas assim com Max. Ele não se importa com o filho, ou se importa de uma maneira que não parece realmente importante.

Termino meu cereal e suco, me debatendo como vou fazer para sair dessa cozinha sem perder um pouco mais da minha dignidade. Devo apenas caminhar como se não estivesse seminua?

Damian percebe meu mal estar tão evidente e me olha com um sorriso doce antes de dizer:

—Posso ficar com ele para você terminar de se arrumar, se quiser.

—Oh... Ok! — balbucio, surpresa com a sua oferta gentil — Obrigada.

Saio da cozinha em tempo recorde e me tranco no quarto em segurança. Coloco minha camiseta do uniforme e aproveito para arrumar minha bolsa e as coisas do Max também. Vou até o banheiro e escovo os dentes rapidamente após tudo estar pronto.

Então tenho tempo de enfim me olhar no espelho e me sinto derrotada. Meus grandes olhos castanhos, adornados com olheiras por causa das noites mal dormidas, parecem melancólicos e tristes. Tento parecer um pouco melhor prendendo meu longo cabelo escuro, em um coque no alto da cabeça, Max sempre puxa meu rabo de cavalo.

Passo um pouco de maquiagem para não assustar os clientes do meu trabalho. Mas a verdade é que faz muito tempo que não consigo me sentir bonita, desejada, sexy... Tudo isso ficou para trás. Agora eu me sinto feia, gorda e sozinha o tempo todo. E a pior de todas essas coisas é a solidão, acredite.

Volto para a cozinha com minhas bolsas e as chaves de casa e do carro na mão. Damian ainda está em pé perto da mesa, falando com Max na linguagem dos bebês. Ele me vê entrado e para levantando os olhos até onde estou.

—Starbucks? — pergunta, com uma sobrancelha levantada, olhando para minha camiseta — Você se formou em Literatura com a Rachel?

—Sim, me formei. — falo um pouco ríspida demais, pegando Max dos seus braços com pressa — Trabalho no Starbucks do shopping novo que fica próximo daqui.

— Entendi; talvez eu apareça qualquer dia desses, ainda não conheço o local.

—Sim, quem sabe? — dou de ombros, porque eu sei que ele só me disse isso para ser educado.

Ajeito Max em seu bebê conforto e seguro com as duas mãos, está ficando pesado transportá-lo dessa forma. Damian olha para mim e Max, um brilho de compaixão passa por seus olhos castanhos. Odeio que as pessoas se sintam assim sobre mim ou meu filho. Certamente Rachel contou sobre nossa situação para ele; a pobre garota burra o bastante para engravidar no último ano de faculdade e jogar todos os sonhos no lixo. Tenho a sensação de que me tornei uma espécie de animal exótico para ela, um do qual ela adora contar a história a todos que encontra por aí.

A verdade é que meus sonhos estão arquivados, guardados em um lugar bem profundo em meu coração. Ainda vou resgatá-los um dia, quando Max for maior. Agora, eu faço apenas o que posso para ser uma boa mãe.

—Espero vê-lo novamente, Damian. — digo por fim. Não suportando mais sustentar o seu olhar.

Caminho até a porta e Damian corre para abri-a antes de mim, percebo que está com as chaves da Rachel na mão, então acho que vou vê-lo novamente com certeza.

—Foi um prazer conhecê-la, Emma. — ele diz segurando a porta para podermos passar — Precisa de ajuda para ir até o carro?

—Não, obrigada. — falo rapidamente — Está tudo bem, já estou acostumada, faço isso todo dia.

Dou lhe um sorriso fraco, uma tristeza em minha voz, muito visível, mas que eu queria desesperadamente ser capaz de esconder. De repente me sinto emocional demais, com vontade de sentar e chorar aqui mesmo na porta, na frente desse completo estranho. Malditos hormônios.

Damian sorri abertamente, um sorriso doce e carinhoso e pega as mãos de Max em um gesto de despedida.

—Tchau, bonitão. — Max grita em resposta, sua voz de bebê ecoando pela sala — Tchau, Emma, tenha um bom dia.

Aceno levemente em despedida e caminho até meu carro, o calor da Califórnia tocando a minha pele a cada passo. Coloco a cadeirinha de Max no banco de trás do carro e prendo muito bem com o cinto de segurança, jogo minhas coisas no banco do passageiro e ligo o carro, uma vontade louca de sair daqui o mais rápido possível.

Mesmo assim, meus olhos ganham vida própria e se voltam para a entrada da porta, Damian ainda está parado no mesmo lugar, os olhos atentos em nós. Ele acena em despedida e coloco o carro em movimento. Seu sorriso gravado em minha mente e uma estranha sensação em meu coração.


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