O cenário é o pior possível! Ainda existem algumas pequenas explosões acontecendo no subsolo do prédio, muito fogo, poeira e entulho espalhado por todo o lugar. Os bombeiros já chegaram e tentam controlar a situação. A policia tenta manter os curiosos afastados, mas tem muita gente invadindo a área de perigo para tirarem fotos e filmarem com seus celulares.
Gabrielle caminha entre os escombros. De alguma forma ela se despistou de Fábio no momento que chegaram ali, na verdade o rapaz a está procurando do outro lado do prédio. Ela esta caminhando sobre os escombros com o maior cuidado, pois ainda não sabe se existem pessoas soterradas ali. De repente ela escuta um grito, a chamando!
-Ei, você, morena!
Ela olha para a direção de onde veio a voz. Um homem barbudo e cabeludo, vestindo trapos sujos, a chama, protegido atrás de uma caçamba de coleta de lixo. Gabrielle sente na hora que há algo diferente nele, e começa a descer a montanha de entulhos, em direção a ele.
Os dois ficam parados frente a frente e se examinam por alguns segundos. Gabrielle consegue ver uma aura vermelha e intensa ao redor daquele homem, e ele, por sua vez, sente a energia azulada e refrescante vindo da garota.
-Sabia que estava aqui antes de você ter chegado. A sua energia é muito forte... quantos metros mede sua aura? – pergunta o homem, bastante ferido e amedrontado.
-Não sei... quando cheguei era fina, mas hoje de manhã percebi que havia se expandido...
-Sei, então deve ter feito uma boa ação ontem, não foi?
Gabrielle apenas olha para o homem, e o examina de cima a baixo. Então coloca a mão sobre seu peito, e uma espécie de energia azul clara sai de seus dedos e entra em seu corpo.
-Por favor, menina. Eu não mereço, eu não...
-Está tudo bem. Vou curar seus ferimentos.
-Não, espera... há outra pessoa aqui que precisa mais de sua ajuda do que eu...
O homem leva Gabrielle para dentro de um galpão abandonado. No canto do saguão ela encontra o corpo desmaiado de Seu Amadeu, muito debilitado, quase morto. Imediatamente ela se ajoelha, coloca suas mãos sobre seu peito e aplica sua cura energética:
-Este homem, meu Deus... está muito ferido. O que aconteceu com ele?
-Eu aconteci!
-Você?! Mas como, eu... – porem, conforme ela ia entrando em contato com aquele homem caído, ela ia aprendendo sobre ele... e entrando em contato com suas memórias e sentimentos...
-Este homem... tentou te matar...
-Sim, moça. Mas ele foi usado! Não pode culpá-lo, ele é só mais uma vítima.
-Ele... atacou você... é um manipulador de fogo! Antes disso, ele...
Gabrielle se cala mais uma vez. Ela havia descoberto tudo! Seu Amadeu havia aceitado o poder das trevas para se livrar de seu antigo patrão, que estava fazendo visitas à sua esposa enquanto ela estava sozinha. Seu Amadeu havia matado os dois e ainda incendiado a casa deles. O incêndio ainda havia destruído o prédio vizinho, colocado em risco a vida de tantas pessoas... Foi aí que a moça percebeu que havia chegado ao culpado do acidente da noite anterior.
Gabriele se levantou. Cruzou os braços. Ficou olhando de cima para o corpo caído de Seu Amadeu.
-O que vai fazer? – pergunta Gomez, o homem ao seu lado.
-O quê?
-Eu sei que você não é daqui, moça. Eu sei que sua aura é tão pura... como a dos anjos... Você pode escolher o que irá acontecer agora com ele.
-Eu... não quero que ele morra.
-Hummmmm... é engraçado, mas eu também não quero.
Passam-se alguns minutos, então Fábio entra no galpão abandonado:
-Mas o que está acontecendo aqui?!? Gabrielle, como eu vim parar aqui, meu Deus!!!
-Eu trouxe você aqui, Fabio. Me desculpe, não faço mais isso, mas...
-Você é louca?! Estava te procurando por aí que nem louco!! Você parece aquelas crianças birrentas... De repente saem de perto de você, some, e a gente fica igual idiota procurando por aí!
-Hehehehe... – Gomez dá uma risada bem fora de hora.
-Do que é que você está rindo, ô 'mendigão"!!! Fica na tua, senão ainda vai apanhar!
Gomez se quieta, não quer arrumar ainda mais confusão. Não cheio de policiais do lado de fora do prédio.
-Agora me fala que diabos você está fazendo nesse lugar escuro metida aqui com um bando de mendigos?
Gomez não consegue se calar mais uma vez:
-Hummmmm, péssimo uso de palavras, amigão.
Gabrielle segura o braço de Fábio, o puxa para perto, para que ele olhe para ela:
-Fábio... A coisa que eu mais temia aconteceu! Estamos com sérios problemas.
-ah é? O que aconteceu, heim? A rebelião dos maltrapilhos?!
Gomez começa a ir embora:
-Bom, acho que a vida desse mala não está mais em perigo, não é? Estamos conversados, então. Espero que vocês sejam felizes. Um beijo!!!
Fábio grita com o homem que não lhe dá ouvidos:
-Volte aqui, cara!!!
-Está tudo bem, Fábio. Não há nada que ele possa fazer agora.
-E quanto a esse velho todo arrebentado, largado no chão?
-Ele vai sobreviver, mas está muito ferido, só irá acordar amanhã.
-Você vai me dizer o que está acontecendo aqui? Será que já não é hora de me explicar alguma coisa, Gabi...
Gabrielle sorri:
-Gostei
-Gostou do que, meu Deus?
-Do apelido. Gabi. Gostei. Vai me chamar assim agora?
-Vai me contar o que tá acontecendo?
-Sim.
-Então sim, também, Gabi.
Gabrielle sorri novamente, dá um pulo e abraça Fábio, que fica sem jeito.
Ela dá um beijo no rosto do rapaz e acaricia seus cabelos:
-Vamos dar o fora daqui... Vamos tomar aquele sorvete que você me prometeu.
-Claro, Gabi... mas e quanto a esses caras, vai deixa-los por aí?
-Não se preocupe, eu os marquei... Estarei monitorando eles.
Fábio não entendeu muito bem, acreditou que a garota estivesse falando de algum sistema GPS ou algo do tipo. Mas o que ele queria mesmo naquela hora era tirar a garota dalí e leva-la o mais longe possível de toda aquela bagunça!
Fim do Capítulo 12