Gabrielle pensa em quanta dor deve ter sido sentida naquele lugar. Sim, porque o ambiente está com uma pressão de raiva, ódio, rancor, e muitas outras emoções tristes e de energias baixas. Por todo o lugar onde ela anda, seus pés pisam em cinzas e dor. Gabrielle tem o poder de sentir as emoções vividas pelas pessoas através dos objetos que elas manuseavam. Ela nem precisa segurar nada nas mãos para sentir toda aquela sensação negativa vinda daquela casa.
-Vamos dar o fora daqui, Gabrielle. – Fábio tenta levar a garota embora. Ele não sabe o que tudo aquilo significa pra ela, acha apenas que ela esteja curiosa em saber mais sobre o incêndio. – Vamos dar o fora, aproveitar a tarde...
-Me desculpe, Fábio... Eu estou me sentindo mal! É como se eu ... não sei, eu deveria ter feito algo para evitar isso!
-Evitar isso? Mas não tem como! Nem eu que sou BOMBEIRO consigo fazer isso!!! Tudo o que posso fazer é apagar o incêndio depois!
-Não estou falando do incêndio em si, Fabio... Antes disso!
-Antes disso, Gabrielle? Mas você nem conhecia as pessoas que moravam aqui?
-Eu sei que isso pode parecer maluquice, mas... É que tem uma coisa que eu vim fazer e não posso te contar, então fica tudo muito complicado!
-Você nem imagina como fica complicado, minha linda. Mas eu imagino que tenha algo a ver com o fato de você ser à prova de fogo e ainda poder desaparecer e aparecer por aí, não é?
Gabrielle se cala. Apenas sorri. Um sorriso angelical!
Nesse momento um policial surge por ali gritando pelo capitão. Parece que um prédio no Bairro Velho simplesmente explodiu! Os policiais ficam discutindo entre si por alguns segundos, quando decidem se dividir. Alguns vão para o local da explosão, outros continuam ali para terminarem o processo de analise do local.
Fábio havia se distraído por alguns segundos acompanhando toda a agitação da polícia quando se lembra de Gabrielle, e tenta a encontrar passando os olhos por todo o lugar. Nada. A garota sumiu!
Quando ele coloca os braços na cintura, olha pra cima e puxa bastante ar para dar um grito, ela reaparece bem na frente dele...
-Você sabe onde fica esse Bairro Velho?
-Claro que sim senão que tipo de bombeiro eu seria?
-Me leva lá?
-Agora?
-Sim, por favor.
-De bombeiro eu virei motorista, agora?
-Não, é.... – Gabrielle tenta se manter séria, mas a cara de irritado de Fábio não a deixa – É,... é isso mesmo, meu motorista!
Fábio tira as chaves do carro do bolço e faz um movimento com o corpo e os braços, indicando o caminho até o carro:
-Por favor, madame!
Gabrielle sorri e coloca a mão na bochecha dele:
-Eu... não sou uma pessoa normal, Fábio... Bom, isso você já deve ter percebido... Então, por favor, me leva até esse lugar, me deixa lá, e vai embora, tá?
Fábio olha muito sério para Gabrielle:
-Vamos fazer assim. Eu te levo nesse lugar. A gente vê o que tá acontecendo alí.
-E depois...
-E depois nada! A gente vai lá e vê esse tal prédio que explodiu! ...e pronto. OK?
Gabrielle sorri:
-OK!
E os dois entram no carro de Fábio, uma Pick Up Strada branca, e partem para o Bairro Velho.
Fim do Capítulo 11