Eu definitivamente não gosto...

By escrevelndo

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(em revisão) Amora e Mateus, dois adolescentes totalmente diferentes um do outro e encarados diferente do que... More

Nota inicial da autora
Amora
Mateus
Capítulo 1 - Amora
Capítulo 2
Capitulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9 - Mateus
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capitulo 21
Capítulo 22 - Mateus
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32 - Final
Epilogo
Nota final da autora
Especial 100k

Capítulo 4

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By escrevelndo

Capítulo revisado

Se tem algum dia em que eu consigo acordar contente pra ir a escola, essa dia é quinta-feira.

Eu me sinto como se estivesse no jardim de infância, quando mal conseguia dormir direito de tanta ansiedade para me divertir no dia seguinte.

Entre os grupos da escola, como o de esportes, o grêmio, o de cientistas, temos o grupo de música, responsável pela trilha sonora de todos eventos.

Por breves momentos em que nos reunimos na sala de música nesse dia da semana, eu me sinto importante, realmente algo existente na escola, apesar de preferir ficar nos bastidores e nunca participar das apresentações. Acho que esse é um dos poderes da música, conectar as pessoas, fazê-las se sentir vivas, únicas.

Nosso grupo, em especial, é formado por pessoas de idade, turma e estilo muito diferentes, alguns de nós, se não todos, só se falam nas "reuniões da banda", como chamamos nossos encontros de quinta, mas apesar de tanta diferença nos sentimos unidos, por um sentimento muito maior, o amor que temos pela música e a vontade de compartilhar o que sabemos uns com os outros.

Durante a reunião, Marcos, o líder do grupo, decidiu que teria um teste para vocalistas e novos membros. Assim que ouvi a ideia tive vontade de me candidatar, afinal quando eu entrei no grupo, a dois anos atrás, não tinha mais vagas para vocalista, então eu fiquei no teclado, mas eu nunca cantei fora do meu quarto, as chances de tentar fazer o teste e me saí mal são infinitas.

Me desconcentro tanto com meus pensamentos que só percebo que a reunião acabou quando vejo todos se levantarem e saírem da sala.

Fui a última a sair, mas antes de atravessar a porta e seguir meu caminho pelo corredor, ouço o Marcos me chamar.

_ Então, eu só queria te pedir pra ficar aqui por alguns minutos, esperando pra ver se alguém vem se inscrever para entrar no grupo, enquanto eu vou colocar o anúncio do teste no mural.

_ Ah, tudo bem - Marcos já ia saindo mas voltou pra terminar de me ouvir - mas se alguém vier, o que eu faço?

_ Tem alguns formulários ali - ele aponta para uma pilha pequena de papéis em cima da mesa - quem quiser se inscrever para ser membro do grupo ou vocalista deve preenchê-lo e guardar...- com pressa, ele procura com os olhos algo, mas logo desiste - em qualquer lugar, só preciso que me entregue-o depois - e então o Marcos saiu disparado, talvez com medo de que eu o perguntasse mais alguma coisa.

Pego o formulário para vocalista e leio, releio, e leio mais um vez, o suficiente pra gravar todas as perguntas e pensar em trezentas e cinco formas de respondê-las.

_ Se eu tivesse sua voz, eu me inscrevia - derrubo todas as folhas que estão na minha mão ao ver que não estava mais sozinha na sala.

_ Ai que susto, Mateus!! - ainda sem fôlego tento pegar todos os papéis que caíram no chão.

_ Desculpa - ele ri do meu embaraço - não era a minha intenção, mas ainda acho que você deveria se inscrever, essa escola merece ouvir sua voz.

Continuo pegando os formulários que caíram, e o silêncio toma conta da sala de tal forma, que eu esqueço que o Mateus está ali.

Olho para a mesa onde ele estava encostado e o encontro ainda segurando o riso, por causa do meu susto.

_ Muito engraçado - reviro os olhos e coloco todos os papéis onde estavam - O que veio fazer aqui?

_ Eu fiquei sabendo das inscrições para participar do grupo, então vim me inscrever.

_ Mas você não é do grupo de esportes?

_ Era - olho para ele confusa - Eu meio que não sou muito bom em futebol, minha coisa é a música.

_ Sério? Não parece - qualquer um que o visse jogando, diria o mesmo que eu - mas se você quer mudar de grupo, quem sou eu pra impedir? - o entrego uma ficha de inscrição e uma caneta que encontro no meu bolso.

Antes mesmo dele começar a preencher, a Larissa entra na sala, exibida como sempre, vai até o Mateus, dá um beijo demorado no seu rosto e só então parece notar que eu estou ali.

_ Eu quero uma inscrição, por favor - ela senta em uma cadeira e levanta a mão como se eu fosse uma garçonete ou a serviçal dela.

Entrego o papel a princesinha, que reclama antes mesmo de preencher.

_ Para vocalista, querida, se eu não for pra ser o centro das atenções eu nem quero tentar - seus olhos cerrados parecem me desafiar, mas respiro fundo pra não arrasta-la pelos cabelos.

_ Não é culpa minha se você pediu uma inscrição e foi burra o bastante pra não especificar o que queria - sorrio para ela ironicamente - querida.

Por fim entrego o formulário e a vejo olhar para o Mateus, que só dá de ombros. Antes que a Larissa pudesse dizer mais alguma coisa, o Marcos chega e eu finalmente vou para a sala de aula.

Depois da aula, sigo o caminho inteiro pensando no que o Mateus tinha dito sobre a minha voz, e me questionando se ele realmente falava sério ou estava sendo sarcástico, como sempre é, de qualquer forma, não custa nada tentar, talvez eu seja a nova vocalista ou talvez ganhe mais um mico para a coleção, mas esse tipo de coisa não tem como saber.

Não eram nem duas da tarde quando eu recebi uma mensagem do Mateus. Perguntando se podíamos nos ver hoje pra continuar o trabalho, já que temos pouco tempo.

Por um lado ele estava certo, tínhamos que começar logo para terminar antes de acumularmos muitos trabalhos e provas, os professores parecem que combinam de marcar tudo para a mesma semana.

Respondi a mensagem dizendo que hoje não poderia, e não demorou muito para receber uma ligação dele.

_ Você é insistente, não é? - disse assim que atendi a chamada.

_ Calma frutinha - reviro os olhos só de ouvi-lo falar, como se tivesse alguma intimidade comigo - só acho que deveríamos começar logo.

_ Olha só, Mateus, eu realmente não posso fazer isso hoje, estou pensando em ensaiar para o teste, e... - começo a pensar em desculpas para dar a ele, mas logo lembro que não preciso fazer isso - Você sabe que as coisas nem sempre são como você quer, não é?

_ Ô se sei - ouço-o suspirar do outro lado da linha.

_ Enfim, eu lamento muito, mas não posso hoje.

Já estava quase desligando o telefone, quando ele continua:

_ Se você quiser assim, tudo bem, só não me culpe depois por não ter te avisado com antecedência - continuei em silêncio, pensando que mesmo que eu perguntasse ele não me diria por telefone, não tinha como dizer não pra ele - Na praça daqui a uma hora - Mateus conclui convencido.

_ Na minha casa, em uma hora, te mando o endereço por mensagem - e desligo o telefone.

Assim que ouço a campainha tocar, grito para o Júlio abrir a porta.

- Abra você, estou ocupado - seria uma surpresa se ele me fizesse um favor.

Desci as escadas, mexendo no celular e fui abrir a porta, ignorando o Júlio que jogava videogame no sofá.

- Oi - disse o Mateus meio sem jeito.

- Oi - respondi sem tirar os olhos do telefone, e quando levantei a cabeça levei um susto ao encontrar um Mateus mais arrumado do que necessário.

Ele vestia uma calça jeans escura, e uma camisa de botão que me deixavam desconfortável por estar usando uma roupa tão surrada e velha.

Depois de alguns segundos parada só sentindo o cheiro do seu perfume, que concluí ser amadeirado com um toque cítrico, além do cheiro de "acabei de sair do banho, dá pra ver pelo meu cabelo molhado" que tomava conta dele, me toquei de que o Mateus ainda estava ali, e eu parecia uma idiota segurando o celular e expirando o máximo que conseguia daquele cheiro.

_ Eu posso entrar? - ele aponta para dentro de casa e eu me afasto da porta, para que ele entre.

- Ah claro, entra - abaixo a cabeça constrangida por ter me perdido, aposto que agora o Mateus está todo convencido achando que me desconcertou.

E ele de fato, me desconcertou, isso eu não podia negar, mas ele não precisava saber.

- E aí, Júlio? - o Mateus cumprimenta-o e em seguida olha para mim e para o Júlio.

_ E aí? Beleza? - ele responde sem nem olhar para o Mateus.

_ Eu não sabia que vocês... - Mateus sussurra pra mim.

_ Ninguém sabe, o Júlio não quer que saibam que somos irmãos.

_ Ah! Vocês são irmãos? - ele pergunta surpreso.

_ Infelizmente - Júlio grita do sofá.

Era impossível ficar sala com o som alto do videogame do Júlio, então vamos até meu quarto.

- Aqui é muito legal - Mateus comenta sem.disfarçar - o que são todos esses papéis? - aponta para as partituras em cima da cama.

- São umas músicas que eu estava tocando no teclado, na verdade eu procurava uma em especial, pra tocar na audição, caso eu faça - ele sorri só com a boca fechada e de repente parece se lembrar de algo.

- Ah! eu tenho uma notícia boa e outra ruim, qual você quer primeiro? - Mateus fala, tomando a liberdade pra sentar na cadeira em frente a escrivaninha.

- Não sei, a ruim, talvez? - digo recolhendo as partituras da cama, fingindo não estar abalada com aquilo. Odeio quando as coisas não saem como eu planejo.

- A ruim é que não vamos mais poder fazer as entrevistas com os alunos para o nosso trabalho.

- Mas por quê? Já estava tudo certo - viro pra ele, pronta para pegar o caderno onde escrevemos as idéias.

- Eu descobrir que outra dupla já tinha dito a professora que faria assim - sento na cama me perguntando se seria tão ruim assim ter a apresentação igual a de outra dupla - mas a notícia boa, eu tive outra ideia pro nossa trabalho - Mateus sorri confiante e eu sinto uma ponta de esperança surgir.

- E qual é?

- Podíamos tocar e cantar uma música composta por nós mesmos - ele diz como se isso fosse simples assim.

- Tá de brincadeira, não é? - sorrio sarcástica já desesperada por imaginar que não temos mais nem uma ideia para o trabalho.

- Não, porque eu brincaria com isso? Eu me preocupo tanto quanto você - levanto de onde estava sentada e fico de costas pra ele, e com as mãos na cabeça, suspirando só de imaginar que talvez dê certo - Só acho que nós somos capazes, e ficaria muito legal.

Ficamos um tempo em silêncio. Eu sento novamente na cama, agora com os cotovelos apoiados na coxa, pensando em outra opção mais original e que ninguém tivesse pensando, enquanto o Mateus me olhava na esperança de aceitar sua sugestão maluca.

_ Está bem Sr. positividade - me dou por vencida e concluo que desenvolver a ideia usaria menos tempo do que pensar em outra - Começamos isso depois do teste de vocalistas, pode ser?

_ Claro, vou passar a semana inteira pensando na melodia, você acha melhor algo meio... - Seu telefone toca no bolso interrompendo o que dizia.

Finjo não escutar a conversa enquanto continuo procurando a música que quero ensaiar para o teste, mas era inevitável não ouvir a voz estridente da garota no telefone.

O Mateus só a respondia com frases óbvias "ok", "tudo bem", "tanto faz", "já estou chegando". E desligou, imagino que seja só mais uma ficante, o que explica o fato de estar tão arrumado, tem coisa mais interessante esperando por ele, do que sua dupla do trabalho usando uma roupa surrada.

_ Onde paramos? - ele pergunta e eu me viro como se quisesse ter certeza que falava comigo. Tudo tática para fingir que não estava ouvindo a conversa.

_ Você estava indo pro seu compromisso, enquanto eu ensaiava para a audição. - sorri sem graça, era impossível disfarçar - Finalmente encontrei a música - levanto a partitura que segurava nas mãos ainda constrangida por ter sido tão enxerida pela segunda vez.

_ Meu compromisso espera, fiquei curioso pra saber que música escolheu - ele desligou o celular e colocou novamente no bolso, se levantando e logo em seguida vindo em minha direção.

Sério que o Mateus parou a vida dele pra ver sua dupla no trabalho usando uma roupa surrada, tocar?

_ Eu escolhi essa da Colbie Caillat - entrego-lhe a partitura da música Rainbown - Ela não é muito conhecida, encontrei em um livro e assim que ouvi me apaixonei.

_ Então eu quero ouvir pela primeira vez, agora, na sua voz - o Mateus conseguia ser tão persuasivo que era impossível dizer não pra ele, por esse motivo que todo mundo gostava dele, ou queria ser seu amigo. O Mateus sempre dizia o que os outros queriam ouvir. Uma pena que ele finge melhor que ator de Hollywood.

Quando menos me dei conta eu já estava em frente ao piano tocando para o Mateus, que estava sentado em uma cadeira a minha frente. Ele recebeu uma nova chamada, e dessa vez o celular só vibra.

Mateus atende e eu paro imediatamente de tocar a música. Ao fim da ligação, que foi mais curta que a anterior ele diz:

_ Desculpa Amora, mas eu tenho que ir - sua expressão de lamento não me convence muito, mas não o julgo, às vezes eu posso ser bem tediosa - Mas você foi incrível, o que eu vi já deu pra perceber que não vai ser muito difícil pra você ser a nova vocalista.

Nos despedimos e eu volto pro meu quarto. Continuo ensaiando a mesma música por mais alguma minutos até sentir que estava a altura de apresentar na frente do grupo.

_ Amora - ouço o Júlio gritar atrás da porta. Já imagino o que ele vai dizer - Já são cinco e meia.

Todos os dias nesse mesmo horário nós corremos para pôr a casa em ordem, antes da nossa mãe chegar. Acredito que esse é o único momento do dia que entramos em acordo. Às vezes.

_ Você lava os pratos e eu varro a casa - digo assim que abro a porta do quarto, e imediatamente nos espalhamos cada um para o seu lado.

Assim que termino de arrumar toda a casa, dou uma olhada no Júlio que não tinha lavado nem a metade dos pratos da pia. Vou para meu quarto e decidi escrever.

Para mim só pensar nunca é o suficiente, eu preciso isso escrever pra me entender, ou ao menos tentar.

Pego o caderno simples de capa branca e desenho de folhas pretas e abro na primeira página em branco. Comprei mais um pro acervo a alguns meses, não foi difícil encontrar a última página que escrevi no novo diário.

Registei no papel desde a insegurança que sentia em relação ao teste para vocalista até a surpresa que tive com o jeito do Mateus, que apesar de só falar comigo quando não está perto dos amigos, não está agindo feito um idiota estúpido e por fim lembrei da Carol que faz muita falta e não vejo a hora de encontrar de novo.

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