Há muito que não me sentia tão bem, viva e tão feliz.
O Liam quis que eu acabasse de me arranjar para sairmos e vermos o pôr-do-sol. Não questionei onde nem como. Isso não importa desde que esteja com ele.
Fiquei com as calças desportivas justas na mesma, mas vesti uma blusa de manga comprida cinzenta e calcei uns ténis. Hunter pediu-me que fosse assim e cheira-me que vamos fazer alguma coisa.
Quando chego à sala Liam também trocou de roupa para uma mais prática e tem calçado uns ténis. Ele fica bem de qualquer maneira.
Ele está de costas para mim, ou seja, está virado para a janela mesmo junto à minha secretária e consigo ouvir o som dele a folhear alguma coisa. Aproximo-me enquanto faço o meu coque e o meu coração começa a acelerar quando me apercebo que ele está a ver os meus desenhos. Vou ser mais concreta: ele está a analisar o desenho que fiz dele.
Tusso levemente e ele vira-se com um sorriso idiota no rosto e com o retrato na sua mão esquerda.
- O que leva uma pessoa a desenhar outra? – ele questiona com um certo brilho nos olhos.
Mordo severamente o meu lábio inferior e vou andando para trás à medida que ele caminha para a frente. Em menos de nada estou encostada à parede e Liam coloca as minhas mãos por cima da minha cabeça libertando o meu lábio com a sua própria boca e um calor infernal instala-se no meu corpo.
- Eu acho que a isso se chama amor. – ele responde à sua própria pergunta após afastar os nossos lábios.
Já me tinha esquecido qual a sensação de ter os lábios doloridos e inchados de beijar e ser beijada. Sorrio com o pensamento e solto as minhas mãos passando os meus dedos por eles.
Liam retribui o sorriso.
- Fiz o retrato depois de vir de Tóquio. – confesso-lhe. – Eu gostei de ti desde a primeira vez que nos vimos, no entanto, estava convencida que nunca mais te veria e aqui estás tu... - faço uma pausa para examinar o seu rosto perfeito. - É sempre melhor ver-te assim – passo as minhas mãos pelo seu rosto barbado. – do que por um retrato.
Tiro o retrato das suas mãos e deixo-o cair no chão. A sua respiração fica entrecortada fazendo-o fechar os olhos.
Ele coloca as mãos nos meus quadris e beija-me de uma forma tão intensa. Não recuso os seus lábios e permito a entrada da sua língua na minha boca. Gemo na sua boca o que o faz apertar mais as suas mãos à volta dos meus quadris. Não precisaria de muito mais para ficar completamente em chamas.
O moreno para e afasta os seus lábios dos meus. Ambos tentamos recuperar a nossa respiração e então ele ergue a cabeça, visto ser mais alto do que eu.
- É melhor pararmos... - ele lamenta. – Ou não serei capaz de me controlar.
- E se eu não quiser que te controles? – provoco.
- Victoria! – ele geme mas sei que é uma repreensão.
- Tudo bem, ainda não...
- Ainda não. Agora vamos. – recebo uma palmada no rabo e dá-me a mão até estarmos fora de casa.
Quando saímos porta fora e vejo um Ferrari FF cinzento estacionado mais à frente sei de imediato que pertence ao meu chefe. Este homem é rico ou é impressão minha?
Fico paralisada à frente do carro a observá-lo. É lindo.
Liam praticamente coloca-me dentro dele e afivela o meu cinto.
Num fechar de olhos estamos a sair do estacionamento e estamos na estrada. Uhm... Ele é tão quente enquanto conduz. Desvio o olhar dele assim que ele tira o olhar da estrada para me dar uma breve atenção. Não faço ideia para onde vou ou o que vou fazer.
Ao final de uns quarenta e cinco minutos, Liam estaciona o carro.
- Estamos no The Castle Climbing Centre, em Green Lanes. Já alguma vez cá vieste, Victoria?
- Não. - estou nervosa.
Ele sai do carro e eu faço a mesma coisa.
Caminho ao lado dele por uma escada em espiral para o telhado. Ainda não tenho a certeza do que vamos fazer. O edifício que estamos a subir é uma estação vitoriana de canalização em forma de castelo. Interessante.
Após chegarmos ao telhado, um homem dá um aperto de mão a Liam e dá-me um sorriso caloroso assim que o homem com quem vim nos apresenta. Colin, é o nome do outro homem a quem nos juntamos, e é instrutor. De escalada? Parece-me que vamos fazer escalada. Liam coloca um braço no final das minhas costas e sussurra ao meu ouvido.
- Vamos fazer rap jumping. - ele mata finalmente a minha curiosidade.
Ele está tão entusiasmado. Os seus olhos vibram de felicidade. Rap Jumping? Que raio é isso?
Colin, o instrutor, esclarece-me que rap jumping é um desporto de aventura que nos faz descer de uma superfície vertical por meio de uma corda fixa numa posição de pé, de frente, enquanto enfrentamos o chão.
De repente sinto o meu estômago dar literalmente uma volta de 360º graus.
Liam parece tão tranquilo. Talvez ele goste destas coisas ou já tenha praticado alguma vez. Ele parece estar vontade e parece conhecer o instrutor.
O instrutor informou-nos (ou informou-me) sobre o que ia acontecer, o que realmente me ajudou a sentir muito mais segura. Fui equipada e dez segundos mais tarde, eu estou a correr para baixo na frente de cerca de 150 metros. Posso descrever como absolutamente aterrador mas completamente viciante.
Eu gritei e foi uma completa descarga de adrenalina. Quando já cá estou em baixo, vejo Liam a descer. Ele está animado e não razões para não estar.
Agora compreendo o porquê de ele me ter pedido para vestir a blusa de manga comprida, porque lá em cima faz frio e a descer também.
Quando ele já cá está em baixo, ele abraça-me contra o seu peito e sinto o seu coração acelerado, tal como o meu.
- Estás bem? - ele pergunta-me.
Quando os nossos corpos se afastam dou-lhe um beijo casto e é-lhe desenhado um sorriso no rosto.
- Sim. - respondo por fim. Tantas sensações novas. Não sei se de facto estou bem. - Podemos repetir?
Ele tira alguns dos fios de cabelo que fugiram do meu rabo de cavalo dos meus lábios e passa o seu polegar pelo meu lábio inferior entreabrindo-os.
- Claro. - ele respondeu.
Ele está com um ar tão atraente, jovem e descontraído. Será que ele já praticou isto com a sua ex -mulher ou serei a primeira com quem ele está a fazê-lo?
Nós voltamos a fazer o caminho pela escada em espiral até ao telhado e desta vez foi Liam o primeiro a descer esperando por mim lá em baixo. Isto é espetacular. Uma descarga de adrenalina incrível. Viciante.
- Com fome? - Hunter pergunta-me quando estamos a regressar ao carro abraçados.
- Sim. Estou faminta. - admito.
- Eu também. Gostas de comida grega?
- Aparentemente, sim. - respondo calmamente enquanto saímos do estacionamento.
- Conheço um sítio que vais adorar.
Ótimo. A minha deusa interior está felicíssima, eu não sei se é por ele me ter trazido para praticar com ele rap jumping, se é por ele me estar a levar a jantar ou se simplesmente por eu estar com ele, se é por tudo o que tem acontecido ao longo do dia, simplesmente porque ele me faz esquecer tudo o que existe à nossa volta. Faz-me sentir que somos só nós.
Cerca de cinco minutos mais tarde, chegamos a um restaurante onde no letreiro diz "Exodus". Uhuh.
Entramos e o meu chefe cumprimenta o empregado atrás do balcão. Ele leva-nos até à nossa mesa e eu suspeito que Liam já tinha tudo pensado, e isso faz-me sorrir.
- É bom saber que te faço sorrir. - ele comenta.
Oh nem tu não sabes o quanto.
Ele passa os dedos pelo seu cabelo despenteado. Dão-lhe um ar atrevido.
- Que tal foi praticar rap jumping? - ele interroga.
- Foi... aterrador.
- Aterrador bom ou mau?
- Bom, eu acho.
Ele esboça um sorriso adorável.
- E viciante.- faço uma pausa para o admirar devidamente. - Foi incrível, Liam. Adorei ver o pôr - de - sol de outra forma. Obrigada.
- Estou contente por te ter conseguido proporcionar uma experiência nova e diferente.
- Sem dúvida. - concordo. - Já tinhas praticado?
- Sim, é bom para descarregar as más energias. É uma completa descarga de adrenalina. A sensação é muito boa.
Concordo com ele.
- Já tinhas praticado com a Miranda? - uma pontada de ciúmes apoderam-se de mim.
A sua mão procura a minha em cima da mesa e aperta-a delicadamente provocando um arrepio na minha espinha.
Quando volto à realidade, está um empregado ao lado da nossa mesa e Hunter está a fazer os nossos pedidos.
Após alguns instantes, o empregado regressa com uma garrafa de vinho - a escolha de Liam - e serve-nos.
O moreno jeitoso à minha frente leva o seu copo aos lábios dando um gole enquanto me observa atentamente. Quando pousa o copo em cima da mesa, passa a sua língua de uma forma discreta pelos seus lábios. Uhm... Jogo sujo.
- Não, és a primeira e espero que a única mulher com quem pratico. - ele diz-me.
Solto um suspiro de alívio que nem eu própria sabia que estava a segurar.
- Nunca quis partilhar isto com ela e mesmo que quisesse ela jamais aceitaria fazê-lo. - Liam continua.
Ele faz-me um sorriso.
Levo o meu copo com a bebida aos lábios e dou pequenos goles. Bela escolha, Hunter!
- Obrigada por partilhares esta experiência comigo. Quero ver muitos mais pores- do-sol contigo. - eu admito.
Eu quero mesmo ver os quantos pores-do-sol existirem com ele. Eu quero ver os quantos nasceres do sol houverem com ele.
O empregado traz os nossos pratos, assim como Liam pediu. Mmm, tem um aspeto delicioso.
Iniciamos a nossa refeição calmamente.
- Eu gosto de estar contigo, Victoria. - adoro ouvi-lo pronunciar o meu nome. É tão sexy. - Gosto mesmo.
Coro levemente.
- Julgo que o mesmo se passa contigo.
- Sim! - eu respondo e depois coloco mais uma garfada dentro da minha boca e mastigo completamente maravilhada. É verdade. Eu gosto mesmo muito de estar com ele por inúmeras razões, mas uma delas e talvez uma das principais é que me faz sentir amada.
Ele acaba de mastigar os seus alimentos.
Vejo humor no seu rosto e isso faz-me sorrir. Ele é mesmo bonito. Como é que ele me consegue deixar tão perturbada?
O seu telemóvel vibra em cima da mesa assustando-nos a ambos.
- Desculpa, preciso mesmo de responder. - ele lamenta-se lendo a sua mensagem recém - recebida.
- Claro, está à vontade. - eu bebo mais um gole do vinho.
Os seus ombros contraem-se e a sua expressão facial altera-se rapidamente. Alguma coisa o está a preocupar.
- Está tudo bem? - eu pergunto encorajando-o a contar-me.
Ele pousa novamente o seu telemóvel em cima da mesa e sorri para mim.
- Era a minha irmã, nada de mais. Não te preocupes, pequena. - ele tenta descontrair.
Sorrio.
- Gosto dos teus cabelos. - ele elogia.
Tenho os cabelos castanhos-claros - aloirados encaracolados. Genes da minha mãe. O meu irmão não teve a mesma sorte, e saiu ao meu pai. Ambos são uns borrachos. O meu pai provavelmente deve ter partido muitos corações antes da minha mãe.
- Eu gosto que tu gostes. - oh deus. A minha boca nem espera que eu pense. Mas é verdade. Eu gosto que ele goste. Este homem faz-me ficar descontrolada.
Decido tirar o coque que fiz pouco antes da nossa aventura, ele deve estar péssimo e deixo os fios de cabelo caírem sobre os meus seios por cima da minha blusa cinzenta.
Liam parece satisfeito com a minha decisão.
Tivemos uma breve discussão porque ele não me deixou pagar nem sequer metade do jantar.
Tenho que confessar que estou completamente fascinada pelo seu carro e como é que ele tem tanto dinheiro.
Retomamos a minha casa numa viagem serena e com alguns carinhos. Acho que Liam não consegue manter as mãos longe de mim. E as minhas dele.