Tiptoe

By larryshome

20.5K 1.4K 2.1K

"Talvez depois de pintá-lo com todos os verdes de sua paleta e em todos os ângulos que conseguisse lembrar, s... More

Butterflies
Not
A
{Larry Christmas}
{Olá, outono}
Date
Fireflies
{Avisos}

Fall

6.2K 418 591
By larryshome

resumo: Louis não está em um bom dia; Harry parece ter (ser) a solução; Pétala e poeminha em folha rasgada.

O tilintar do sino preso à porta do café soou e os olhares curiosos ou apenas assustados lampejaram naquela direção. Fechou a porta, sentindo os olhares queimando sobre sua pele, especialmente em sua bochecha, e caminhou com a cabeça baixa até o caixa. O moletom ensopado pesava em seu corpo, a franja grudava em sua testa e uma expressão levemente irritada e envergonhada emoldurava o seu rosto. A atendente lhe perguntou com uma voz entediada qual era o seu pedido e ele ergueu o olhar até o letreiro com o cardápio, umedecendo os lábios enquanto o encarava, uma ruga de dúvida cortando sua testa.

Duas mesas longe do balcão, um par de olhos verdes curiosos e quase encantadores o observava por cima do livro aberto em frente ao seu rosto. Ele assistiu a atendente perguntar com o mesmo tom de tédio se o garoto já havia se decidido e ele descer o olhar até ela como se pudesse matá-la com seus próprios olhos. Mordendo os lábios para conter uma risada, fechou o livro e caminhou lentamente até o garoto molhado. Ao parar atrás dele, notou o quanto ele era menor e observou-o dar de ombros.

– Você deveria pedir o latte macchiato. – falou e o garoto deu um pulo, virando-se para trás com as mãos no peito. – Desculpe, não queria te assustar. – completou, mordendo os lábios para conter uma risada.

O garoto molhado arregalou os olhos, arrumou a franja e abriu um sorriso tenso que dizia claramente que ele estava muito próximo a um colapso.

– P-por que eu deveria confiar na sua sugestão? – ele gaguejou um pouco, limpando a garganta no meio da frase.

– Você parece estar precisando de uma bebida quente, grande e gostosa. – apontou para as roupas molhadas e o rapaz seguiu o seu dedo, olhando para baixo e logo depois se virando para a atendente que, como esperado, já o aguardava com um olhar irritado.

– Quero um laté matiato. – ele pediu, sentindo uma gota escapar do seu cabelo e pousar em seu nariz.

Non, latte macchiato. – o mais alto corrigiu com o seu italiano perfeito. A atendente revirou os olhos e gritou o pedido para o seu colega no outro lado do balcão.

O mais baixo se voltou para o metido a italiano, uma gota de água fazendo cócegas em seu nariz, e passou a mão nos cabelos, jogando-os para trás.

Perdono, senhor bilíngue. – lambeu os lábios após, ironicamente, se desculpar, gastando o pouco conhecimento em italiano que possuía.

– Harry, meu nome é Harry. – disse o garoto de olhos verdes, como se estivesse o corrigindo, o sorriso convencido e quase pecador desenhando os seus lábios, sua língua calmamente umedecendo-os também.

Levou o seu polegar até o nariz do mais baixo e afastou a única gota em seu nariz.

– L-ouis. – ele respondeu, sentindo o toque queimar a sua pele.

A questão era, L-ouis sabia quem era a personificação do pecado sendo extra galanteador com ele. Ah, Louis o conhecia bem.

– Eu sei, Louis Tomlinson.

Os movimentos da boca de Harry falando o seu nome eram quase sensuais. Lento, calmo, como se ele quisesse aproveitar cada sílaba. Lou-eh Tom-lin-son. Era um espetáculo e tanto observar a sua boca que Louis quase – quase – deixou passar a real pergunta ali: Por que Harry Styles sabia quem ele era?

– O seu latte macchiato, senhor. – a atendente estressada empurrou o copo pelo balcão e com um olhar de confusão, Louis o pegou, sentindo a ponta dos seus dedos se aquecerem.

– Nós fazemos aulas juntos, no caso de você estar se perguntando, Louis Tomlinson. – ele explicou, embora Louis soubesse que ele era Harry e seu sobrenome era Styles e eles dividiam (muitas) aulas juntos.

A real questão não respondida ainda era por que o cara mais charmoso, cobiçado, com pernas que poderiam correr por dias e dias, olhos verdes cativantes e cachos de cor chocolate que tiravam o fôlego, havia se importado o suficiente para saber o seu nome? Nem nos seus sonhos mais impossíveis, o que, àquela altura, já eram incontáveis, Harry Styles se importaria com a sua existência... Que dirá saber o seu nome e sobrenome.

Um rápido pensamento pintou na mente de Louis, mas Harry não poderia... Ou poderia? Bom...

O calor do seu latte macchiato queimando ao longo dos seus dedos o lembrara de responder o pedaço de arte na sua frente. As suas bochechas ficando furiosamente vermelhas e uma vontade de espirrar fazendo seu nariz coçar.

Ótima hora para adquirir um resfriado, Louis Tomlinson.

– Não, quero dizer, é... Eu sei. – ele respondeu, dando um gole no seu café extremamente quente e queimando a ponta da língua. Um sorriso no canto dos lábios de Harry o fizera perceber que a sua tentativa de esconder a careta de dor tinha sido uma horrenda falha.

– Quer companhia para tomar o café? – Harry perguntou, passando as mãos pelos cachos, enquanto segurava o livro com a outra.

Talvez beber o café não tivesse sido uma boa ideia. Se não fosse o seu autocontrole quase domado, Louis provavelmente teria cuspido todo o seu café italiano no casaco de Harry.

– Digo, pelo que eu vejo, você não tem companhia, então... Adoraria te ajudar com isso. – ele fingiu procurar por alguém olhando sobre seus ombros e atrás de Louis e deu de ombros. Os olhos pedintes e um pouco convencidos, implorando para que Louis dissesse sim.

Honestamente, quem era Louis para negar a companhia de Harry Styles?

– Claro, claro, adoraria companhia, Harry. – aceitou, então, vendo o sorriso presunçoso se alargar nos lábios do pseudo-italiano-galanteador.

– Harry está totalmente ok. Você pode me chamar de Harry. – Harry piscou – ele realmente piscou – para Louis e começou a caminhar em direção a mesa em que estava antes de correr com suas pernas sedutoras até o pequeno, e naquele momento confuso, Louis Tomlinson.

As roupas molhadas grudando no seu corpo e fazendo-o tremer cada vez que a leve brisa que escapava das janelas soprava de repente não o incomodavam mais tanto. O mau humor pós levar um banho de chuva totalmente inesperado fora embora no minuto que Harry Styles abriu a boca para falar em seu italiano perfeito.

Havia alguma coisa que ele não soubesse fazer perfeitamente?

Styles indiciou a cadeira vazia em frente à sua e sentou-se, observando Louis colocar a mochila no chão, o copo em cima da mesa e descolar o moletom do corpo. Ele sorriu tímido ao perceber que estava sendo assistido e Harry retribuiu, mas escondeu-se atrás do seu livro logo em seguida.

Não era necessário ser um especialista para saber que, finalmente, ele estava envergonhado e Louis tinha certeza de que o livro estava de ponta-cabeça, embora a capa fosse abstrata demais para a sua compreensão. Ele tinha um pressentimento de que estava ao contrário.

– O que você está lendo, Harry? – Louis arriscou falar, gostando do jeito que o nome de Harry soava em seus lábios. Harrey.

O pseudo-italiano fechou o livro e descansou-o na mesa. Sem marcar a página.

– É um livro de poemas que achei em umas dessas lojas de garagem. É bem trágico e um pouco complexo. Acho que foi impresso pelo próprio autor, porque é tudo bem simples... – enquanto Harry contava com entusiasmo sobre o seu achado, a única coisa que a mente de Louis conseguia processar era como sua boca fora feita para falar a palavra poema. Harry Styles era um belo poema. Belíssimo e teatral.

– Trágico como as tragédias de Shakespeare? Não entendo muito bem... – Lou perguntou, preferindo guardar sua opinião sobre a boca de Harry.

– Um pouco menos, eu acho. – ele deu de ombros casualmente. Seu olhar analisou Louis de cima a baixo, demorando-se no moletom encharcado. - Você vai ficar gripado se continuar com esse moletom. – apontou o óbvio e Louis deixou um longo suspiro escapar.

– Não é como se eu pudesse secar minha roupa no secador de mãos do banheiro. – ele objetou, sentindo-se estúpido imediatamente pela resposta idiota.

O sorriso de Harry se iluminou e uma risada quase musical saiu de sua garganta.

– Isso não seria algo esperto para fazer, mas eu posso te emprestar um casaco, digo... Se você quiser, claro. - ele ofereceu, indicando que possuía outra blusa por baixo do seu pesado casaco.

Antes de responder, Louis deu um longo (e eterno) gole em sua bebida italiana sugerida por Harry Styles que ocasionalmente estava oferecendo o seu casaco para que ele não ficasse gripado.

Aquilo era a vida real mesmo?

– Acho que não 'tô numa situação para se recusar esse tipo de coisa. Digo, gripe é tudo o que menos preciso no primeiro semestre. – ele aceitou, falando demais porque ele sempre falava demais quando estava nervoso. Ele não conseguia evitar.

- Fofo. – Harry disse enquanto tirava o casaco para lhe entregar.

Louis tirou o moletom da Adidas, colocando-o em cima da mochila que já estava encharcada, então não haveria muita diferença e vestiu o casaco. Quente, macio e cheiroso. Inferno, cheiroso demais. Um perfume marcante, cuja propaganda era uma espécie de trailer de filme com atores franceses, com certeza.

– Obrigado, Harry. – agradeceu, sentindo-se quase anestesiado com o calor (do corpo de Harry) exalando contra a sua pele, e o perfume invadindo a sua mente sem nenhuma discrição.

– Não é nada. – ele abanou a mão no ar como se não fosse nada demais, sorrindo de canto. – Mas então, Louis Tomlinson, pulando a aula de história da arte também?

Pulando a aula de história da arte também? A pergunta ecoava por todos os cantos da mente de Louis. Uma pergunta simples, despreocupada, comum... Tão cotidiana quanto "como vai você?" e mesmo assim, soava surreal para ele.

Os últimos minutos, na realidade, soavam como uma cena de uma comédia-romântica ruim dos anos noventa. E quando na sua vida situações de filmes com a palavra romântica para descrevê-los poderia acontecer?

Nunca em um milhão de anos.

– O que eu posso dizer? Prefiro pegar chuva fora do campus a levar um banho de baba do Senhor Hemmings. – Louis ergueu as sobrancelhas no jeito mais sarcástico possível, arrancando altas gargalhadas de Harry. Não havia sido ao menos engraçado, mas Harry estava se esforçando muito.

Será que Louis deveria avisá-lo que ele não precisava se esforçar? Provavelmente não, estava divertido demais assisti-lo tentar.

– Justo! – Harry concordou, afastando uma lágrima de risada de seus olhos. – Você se importa, pétale? – perguntou, apontando para o copo. Louis notou os anéis em seu dedo e percebeu que aquilo não era italiano, uma ruga de confusão involuntariamente cortando sua testa.

– Claro que não, tome... – ele deslizou o copo pela mesa e Harry o pegou. – Pétale? – perguntou.

– É como se diz pétala em francês. Anote. – disse, o tom de voz quase atrevido, mas atrevido de um jeito bom, se é que isso era realmente possível. – Falei sério.

Louis revirou os olhos, mordendo os lábios para conter a vontade de rir para o atrevimento de Harry.

– Você é sempre assim? –  Louis perguntou, enquanto digitava no bloco de notas de seu celular: "Pétale, palavra francesa para pétala – Harry Styles também é cultura."

– Assim como?

- Fazendo amizades com pessoas aleatórias da sua classe no café enquanto mata a aula do Senhor Babão? – ele bloqueou o celular, erguendo o olhar e encontrando um Harry Styles realmente interessado. A postura ereta, seus olhos verdes intensos atentos e uma breve curva em seu sorriso.

– Não, não exatamente. Só achei que como dividimos muitas aulas juntos, não iria me matar conversar com você. Mas eu posso, totalmente, ir embora se você quiser!

– NÃO. Digo, não, estava só curioso. Você é curioso.

– Vou encarar isso como um elogio, pétale. – Harry arqueou levemente uma sobrancelha.

– Foi um elogio. – Louis apressou em se explicar, mastigando a pele da sua bochecha, pensando nas possibilidades de sair correndo e pedir para mudar de faculdade na terceira semana de aula. – Italiano, francês... Tem alguma coisa que você não saiba, Harry? – mas preferiu apenas mudar o assunto. Era uma saída mais viável.

Harry ergueu as sobrancelhas, sugestivo e malicioso. A grande e teatral erguida de sobrancelha que sugere um milhão de coisas.

– Acho que você vai ter que descobrir, pétale. - Harry abriu uma página do livro, rasgou um pedaço com cuidado e colocou-a embaixo do copo de café enquanto procurava uma caneta em sua mochila. - Aqui. Me mande uma mensagem se quiser companhia pra exposição que vai ter no campus mais tarde. - abriu a caneta, colocando a tampa na boca enquanto escrevia seu número (e um Harry com um coração ao lado) no final da página rasgada do livro. Deslizou o papel segurando-o com as pontas dos dedos, levantando-se da mesa e ficando ao lado de Louis.

O ar havia escapado dos seus pulmões e o tempo havia congelado ao redor de Louis.

Os seus dedos chocando-se, nada propositalmente, nos dedos de Harry ao pegar o papel.

– Vou esperar, Louis Tomlinson.

Louis leu os números duas vezes e virou o papel. No verso, estava um poema:

"The atoms of me

And the atoms of you

Will be ink one day

And paper and pen,

And then, at last,

We will b..."

A folha estava rasgada no meio de uma palavra. Louis ergueu o olhar para perguntar a Harry qual era o final – porque, merda, isso o assombraria para o resto do dia –, mas o metido a italiano-francês já havia ido embora. Deixando para trás somente o rastro do seu perfume.

E o seu casaco.

nota: fall é o prefácio (prólogo*) - porque eu gosto de estações do ano e o Louis também; Os capítulos podem demorar porque ele são bem grandes, mas não desiste de mim; Harry não vai ser metido a cult, mas vai ter bastante arte (até porque...), então podem ficar tranquilxs; Espero que gostem de poemas escritos por autores desconhecidos; Louis é uma mistura de 2012/2015, same goes for Harry; Espero que gostem e se gostarem, votem e comentem e divulguem para quem vocês mandariam esse poeminha supimpa!

nota (04/08/2020): eu tô viva. não sei se o wattpad manda notificação quando faz alteração em um capítulo, então é só pra não matar ninguém do coração. tô rescrevendo tudo e já tenho metade de um capítulo novo pronto. sem promessas e datas, mas dançando conforme a música da minha criatividade. vejo muito amor e carinho por essa fanfic e quero retribuir pelo menos 0,1% disso, concluindo a história. as mudanças serão sutis, nada que afete a história. alguns personagens podem mudar de nome ou sumir. é isso. (continuo no mesmo lugar se quiserem puxar minha orelha: serendiptty, no twitter)

Yours sincerely, Laura.

Continue Reading

You'll Also Like

1.1M 67.2K 47
Atenção! Obra em processo de revisão! +16| 𝕽𝖔𝖈𝖎𝖓𝖍𝖆 - 𝕽𝖎𝖔 𝕯𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔| Fast burn. Mel é uma menina que mora sozinha, sem família e s...
1.9M 158K 121
Exige sacrifício, não é só fazer oração Ela me deu o bote porque sabe que eu não sei nadar Eu desci o rio, agora ficou longe pra voltar Tem sangue fr...
231K 14.5K 50
Elisa, uma jovem mulher que pretende se estabilizar no ramo de administração depois de sua formação. Ela entregou seu currículo em várias empresas, m...
224K 1.9K 32
Oiiee amores, uma fic pra vcs!! Irá conter: - masturbação - sexo - traição Se não gosta de nenhum dos assuntos a cima, já sabe não leia.