Fogo e Escamas (Em processo d...

By NMCMsama

145K 15K 2.2K

Lendas e mitos antigos falavam sobre seres místicos capazes de destruir vilas inteiras. Sua forma era semelha... More

O Jantar (editado)
Dragão Púrpura (editado)
O ataque (editado)
Dragões existem (editado)
Café da manhã
Território e Dragões vermelhos
Chegada ao churrasco
Ceremônia da Carne
Reunião e dança
Início da rotina
Signficado do beijo?
O plano de Felix -Part 1
O plano de Felix -Part 2
Fim do plano e um novo dragão?
Dragão Branco
Temores
510-n
Seu nome é Sion
Conversa na cozinha
A adição de um novo membro a família
Dragões vs Dragões
Buscado seu lugar na família
Provando suas habilidades
Ligação
O despertar da donzela em perigo
Bomm!
Gelo
Dragões: Aliados x inimigos
Desculpas
Pesadelo ou lembrança
Eliminando a culpa
Reunião
Problemas e mais Problemas!
Cruzar!
A conversa
Conseguindo o Alíbi
Dragão Marrom
Camuflagem e Camuflagem
Rival?
O despertar
O grande Cezar
Rituais e Festivais
Degustação!
Treinamento
O Grande Plano
Epílogo
Entendendo sobre os dragões

O passado e o presente

2.5K 277 34
By NMCMsama


–Ele é tão estranho... –Sussurrou uma criança a outra.

–Perguntaram sobre os pais deles e ele não soube responder... Como se tivesse escondendo algum tipo de segredo!

– Mas isso não o faz estranho mesmo, querem saber o que é realmente estranho? Tenho certeza que o ouvi rosnar! Como um cachorro!

–Pois, eu vi os olhos dele mudarem de cor... Tipo assim, do nada! Uma hora eram verdes e na outra vermelhos!

–Realmente, ele vai ganhar o prémio de esquisitão do ano!

–Devíamos fazer um troféu ou uma coroa!

–O rei esquisitão!

Os garotos começaram a rir com a sugestão... Pareciam não se preocupar com a possibilidade do dito "esquisitão" os escutasse.

Felix tentava ignora-los olhando para sua tarefa em branco de matemática. Porém, tudo parecia ser escrito em grego ou em outra língua indefinível, sua concentração estava, obviamente, em outro lugar.

–Eu acho que os pais deles não o queriam, afinal...Quem iria querer um bebê demoníaco! –Ao falar isso, as crianças riram ainda mais, eles sabiam que Felix os escutava, mas isso não impediam de tecer comentários cruéis.

–Meus pais...- Felix sabia que deveria se sentir irritado com aquelas calúnias, pois a verdade é que nem se lembrava de como eram seus pais, a única coisa que sabia era que eles tinham morrido tentando protege-lo... Não tinha fotos e nem nada... Difícil criar laços afetivos com uma sombra de seu passado. Além disso, o que mais lhe doía não era os comentários maldosos em si, mas sim a verdade escondida por trás daquelas palavras proferidas por seus colegas de classe: por mais que tentasse nunca poderia ser uma criança normal, eles estavam certos, era um estranho e esquisitão. Afinal, não era totalmente humano e com o passar dos anos sua outra natureza se manifestava... O único legado de seu pai: ser um dragão, ou pelo menos meio dragão, tendo em vista que sua mãe era humana. Todavia, isso gerava outro problema: como se controlar? Ninguém nunca lhe ensinou nada a respeito dos dragões, de modo que as mudanças que ocorriam em seu corpo sempre foram recebidos com bastante surpresa e desespero... Quase tivera um ataque cardíaco ao ver seus olhos mudarem subitamente de cor, adquirindo uma coloração avermelhada. Pensara que ficaria cego, porém o efeito logo passou, mas agora aprendeu que qualquer flutuação de humor poderia ocasionar essas estranhas consequências. Uma vez acordou com escamas negras cobrindo o seu braço, teve que usar camisas com mangas compridas e luvas durante dias, em pleno verão, alguns alunos começaram a espalhar um boato dizendo que Felix estaria com uma doença de pele contagiosa, de modo que todos passaram a evita-lo, tornando o garoto ainda mais solitário. Outra vez, tivera enjoou por não conseguir controlar o seu sentido de olfato, podendo sentir todos os cheiros advindo da cantina da escola, odor do lixo misturado com a comida que estava sendo servida o fez vomitar. Fora alvo de risadas e provocações por parte de seus colegas durante semanas...

Sua tia o pedia para se controlar, temia que tais manifestações de sua descendência draconiana chamassem atenção de um seleto e perigoso grupo. Outros dragões poderiam descobri-lo e logo seria perseguido e provavelmente morto, assim como seus pais. Porém, a questão persistia: Como se controlar? Ultimamente outros questionamentos surgiam em sua mente... Será que queria mesmo saber mais sobre sua outra metade dragão? Talvez, se ignorasse seus poderes, com o tempo, eles sumiriam e assim poderia ser um garoto normal.

–Normal...-Sussurrou, pensativo. Estava tão confuso... Queria ter alguém que pudesse conversar e revelar suas dúvidas e inseguranças. Sua tia o ajuda, isso era verdade, todavia ela também tinha suas próprias dúvidas e medos...

–Não! Você não é normal e sim anormal! –Disse um garoto que estava sentado ao seu lado. Felix levantou o olhar para encara-lo, mas foi surpreendido pelo estudante que o molhou com tinta vermelha, sujando não só o rosto como também seu uniforme.

A sala toda começou a rir, ninguém iria ajuda-lo... Todos o viam como uma aberração. Mas Felix se esforçava tanto para ser normal! Por que eles ainda o tratavam assim?

–Anormal! Anormal! –As crianças começaram a cantarolar, batendo suas mãos nas carteiras, como para ritmar aquela canção malévola.

Olhou para suas mãos meladas de tinta...

–Anormal! Anormal!

Cerrou o punho, sentido a raiva fervendo em seu interior.

–Anormal! Anormal!

Sim, ele não era normal... Tão pouco era um anormal... Ele era um dragão!

–AHH! –Uma garota gritou ao ver seu estojo flutuando no ar. Ela não foi a única, logo outros alunos a seguiam em gritos e expressões de terror. Materiais escolares, até mesmo cadeiras e carteiras, flutuavam no ar. O único local que parecia normal era aonde Felix estava. O garoto observava surpreso o que ocorria a sua volta... Quem estava fazendo isso? Sentia algo estranho em sua cabeça, como uma espécie de cócegas em seu cérebro...Algo impossível de ocorrer, não é? Cérebros não sentem cócegas! Mas não sabia como descrever melhor aquela estranha sensação...Será que era ele mesmo que provocava tal fenômeno?

–A sala está possuída! –Choramingou uma garota.

–Fantasmas! –Gritou outra criança que tentava afastar o estojo raivoso que lhe batia a cabeça. O estudante que lhe tinha jogado tinta agora estava totalmente coberto de tinta e purpurina, todos os potes de pintura e arte estavam o perseguindo e lançando o seu conteúdo por sob o alarmado garoto.

Felix sabia que era errado, mas não podia deixar de rir da situação.

–O que está acontecendo aqui? –A professora adentrou na sala subitamente, o que fez Felix se sobressaltar, os objetos antes vivos agora caíram pesadamente no chão –Mas que zorra é essa? Eu só saí alguns minutos para ir a diretoria e vocês transformam a sala em uma zona de guerra?

Felix soltou um suspiro de aliviou, parecia que a professora de matemática não havia notada a estranheza da situação.

–Quem é o responsável por essa bagunça? –Inqueriu, furiosa.

O jovem dragão não se surpreendeu ao ver o dedo de todos os seus colegas apontarem para si.

Estava realmente encrencado...

***

–O que você pensou que estava fazendo? –Perguntou pela décima vez a sua tia enquanto retornavam para casa de carro, Felix soltou um suspiro e observou a paisagem que passava rapidamente em sua janela, tal como as perguntas anteriores a aquela, não sabia o que responder. Se tinha planejado fazer os objetos da sala de aula dançarem no ar, como um truque de mágica? A verdade era que não, apesar de ter sido algo muito divertido de se ver...Entretanto, não sabia como tinha feito e nem se poderia fazer de novo. Mais um poder dragão que não sabia controlar, a lista destes ditos poderes estava aumentando cada vez mais...

–Acho que teremos que nos mudar...De novo. –Agora o garoto teve que morder o lábio inferior, um sentimento de culpa o dominou, aquela cidade tinha sido a que mais tempo tinham residido. Sabia que sua tia, finalmente, tinha conseguido o emprego que almejava e estava até namorando... E agora teriam que ir? Parecia tão injusto! Tudo por que não sabia se controlar e aguentar algumas provocações? Apesar disso tudo, estava já acostumado a aquela rotina...Se mudar significava reiniciar tudo de novo, o que era muito estressante.

–A professora não notou nada de estranho... –Tentou argumentar.

–Isso não importa! As outras crianças viram tudo! Boatos irão surgir, isso já é o bastante!

–Quem vai acreditar neles? Nós, crianças, falamos cada besteira fantasiosa... Provavelmente irão pensar que é apenas imaginação fértil.

–Não podemos baixar nossa guarda... Ainda mais, sei como você sofre nessa escola, quem sabe se nos mudarmos para outra cidade seja o certo a fazer.

Felix negou com a cabeça.

–Não importa aonde vou sempre serei um estranho... Podemos mudar de cidade, escola e até de nomes, mas ainda serei o mesmo garoto meio dragão.

–Ser diferente não é ruim... –Ela forçou um sorriso, sempre tentado ver o lado positivo de tudo, entretanto em relação a aquele fato, não se podia tentar amenizar a verdade.

–E se um dia eu machucar alguém? –A pergunta surgiu mais como um sussurro. Sua tia nada falou, pois como Felix já previra, era um temor que sua guardiã também detinha... Até o momento os poderes não tinham prejudicado de verdade ninguém, a não ser o próprio Felix, mas sempre havia essa possibilidade... Além do mais, esse poder de fazer os objetos se moverem, podia ser bem perigoso se usado de forma errado ou mesmo se perder o controle.

Permaneceram o resto da pequena viagem a casa em silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos.

–Tem um homem parado na frente de nossa casa... –Notou Felix enquanto estacionavam. De fato, uma figura vestindo um terno negro estava apoiado na cerca de metal em frente da pequena casa aonde moravam.

–Oh! Meu deus... –Murmurou sua tia, havia um tom de surpresa em sua voz e até mesmo de alegria. Felix encarou a figura estranha, confuso. Não o conhecia.

A sua tia abriu a porta e praticamente correu para abraçar o desconhecido. Aquilo deixou Felix ainda mais confuso, afinal, sua guardiã sempre foi desconfiada, na verdade, era um milagre que ela estivesse namorado!

–Arthur...-Ela disse com a voz meio embargada, estava contendo o choro –Você está vivo! Graça a deus! Eu pensei que... Depois de todos esses anos sem notícia...

–Sinto muito, Mariane...Eu estava impossibilitado de me comunicar. Temia se eu o fizesse que alguém descobriria e ...Bem...Não queria que nada de mal acontecesse com você ou com... –Os olhos verdes do estranho, não, o seu nome era Arthur, se voltaram para Felix – O meu sobrinho.

O garoto sentiu seu coração acelerar com aquela revelação. Ali, diante de si, estava um parente do seu lado paterno da família? Isso significava que ele era um dragão!?

–Se você veio até aqui, significa que... –Mariane não terminou a pergunta, pois Arthur sorriu e ele mesmo terminou a questão.

–Sim, agora não tem mais perigo. Os dragões negros estão seguros. Ainda temos inimigos, é lógico. Mas não somos mais considerados inimigos pelo o conselho.

–Isso é maravilhoso! Não é mesmo, Felix?

Agora os dois detinham sua atenção no garoto que engoliu em seco.

–A-acho que é algo bom sim...- Falou baixinho, devia ser algo bom, realmente, afinal significava que não precisavam continuar fugindo, constantemente.

–Eu vim aqui não só para lhe dar as boas notícias, mas para fazer uma proposta. –Agora toda a alegria do rosto da tia de Felix se esvaiu.

–Você veio para pega-lo... –Disse em uma voz trêmula.

–Mariane, eu falei que tinha uma proposta. Seria injusto da minha parte simplesmente afasta-lo de você.

Com aquela declaração, a tia de Felix parecia ter se acalmando. Todavia, o estado de espírito do pequeno dragão estava justamente o oposto.

–Que tipo de proposta? –Inqueriu Felix, nervosamente.

Arthur sorriu e se aproximou, ficando de joelhos em frente da criança. Pegou algo que estava no ar, só então Felix percebeu que estava fazendo as folhas secas em volta de si flutuarem. Mariane levou as mãos a boca, para conter um grito de surpresa.

–Bela habilidade. Pelo visto já despertou seu poder de dragão negro... –Falou, casualmente, seu tio dragão – Isso é impressionante, tendo em vista que você esteve todo esse tempo sozinho...

–Sim...

–Eu sinto muito por isso, Felix. Era mais seguro que não tivesse contato com outros dragões, sejam eles negros ou de outra classe... Vivíamos uma época perigosa. Era mais seguro viver como um humano do que ao meu lado, como um dragão. Você entende isso?

–Acho que sim... –Respondeu baixinho, realmente entendia que a situação era perigosa, sua tia sempre enfatizava isso toda as vezes que justificava por que tinham que se mudar tanto e também tentar não chamar atenção, mas com o surgimento dos poderes, não chamar atenção estava se tornando uma tarefa quase que impossível.

–Mas agora surgiu a oportunidade para nós, dragões negros, vivermos em paz. Contudo, não acho correto que eu simplesmente apareça aqui e te leve comigo. Você pode escolher o que queres do seu futuro.

–Eu posso escolher? –Felix estava surpreso, afinal, não imaginara que tivesse escolha... Sua vida sempre foi baseada em fugas e tentar conter suas habilidades. Não tinha escolha, não podia ser um dragão, tão pouco conseguia ser humano... Isso sempre o frustrava. O que realmente era?

–Lógico que pode. –Arthur sorriu dando um leve cafune nos cabelos negros do menino – Mas quero que pense bem a respeito. Vindo comigo, viveras como um dragão, te ensinarei a se controlar e outras habilidades que nós, dragões negros, temos. Somos uma raça muita especial, sabia? Somos praticamente únicos...

Sua tia nunca falou nada sobre os dragões, sempre que tentava adentrar nesse assunto Mariane se tornava evasiva, talvez ela temia tal conhecimento ou mesmo a realidade dos dragões, afinal, sua irmã foi morta por adentrar nessa realidade.

–M-mas se eu escolher ficar...O que irá ocorrer?

–Bem, eu posso ficar com vocês temporariamente, tentarei criar alguma magia de contensão e...

–Você disse magia? Tipo igual a Harry Potter?

–Er... Digamos que a magia dos dragões é um pouco mais complicada do que palavras e movimentos de varinha.

–Eu posso usar magia?! –Felix estava totalmente excitado com a possibilidade.

–Sim, você poderia. Mas se escolher ficar com sua tia, bem... Você não deveria fazer isso.

–Mas por que?

–Podemos estar em paz agora, mas isso não garante nossa total segurança. Alguns dragões negros fizeram coisas muito ruins no passado e todos os membros de nossa raça tiveram que pagar por isso... Existem ainda dragões que não nos perdoaram e não terão misericórdia mesmo que você seja um filhote.

–Então...Eu ainda serei perseguido? –O garoto mordeu o lábio inferior sentindo novamente o peso do medo em suas costas.

–Não, se eu fizer o feitiço de contensão. Irei lacrar seus poderes e também te fazer se esquecer da existência dos dragões.

–Isso é possível? –Perguntou Mariane.

–Sim. Isso se Felix desejar.

–Eu esquecerei da existência dos dragões... Mas...Meu pai foi um dragão. –Balbuciou, sem compreender.

–Posso mudar a sua lembrança, essa é minha habilidade especial, Felix, tal como a sua é levitar coisas a minha é adentrar na mente de um indivíduo e manipula-la, posso fazer lembranças se alterarem e assim modificar a sua memória.

–Assim, Felix seria um garoto normal? –Sua tia parecia esperançosa, contudo Felix não compartilhava de sua alegria. Esquecer de tudo? Ser um garoto normal? Sempre pensou que ser normal fosse um sonho inalcançável e agora existe a possibilidade de ser um simples garoto comum... Contudo, esquecer de tudo seria como perder uma parte de si mesmo. Apesar de temer os poderes, também sentia avido em saber mais sobre a sua linhagem dragão... O que deveria escolher?

–Felix? – Insistiu Arthur –Desculpe ter que pedir que tome uma decisão tão importante, mas eu acredito que isso é algo que você tem que avaliar, não sou eu e tão pouco a sua tia que devemos decidir qual é o melhor, pois não sabemos o que passa em seu interior... Se você se sente feliz como um humano ou como dragão... Seu futuro, quem controla deve ser somente você mesmo.

–Quero que saiba que...-Agora era a vez de Mariane falar, lágrimas rolavam de sua face – Não importa o que decidas, eu sempre irei te amar... Sempre...

Felix sentiu que também estava começando a chorar...

Tinha tomado uma decisão...

Todos aqueles anos se escondendo, aquela era a oportunidade de descobrir o que realmente era...

A verdadeira liberdade...

***

–...Lix? Felix? –Uma voz insistente fez o despertar daquele sonho que nada eram, na verdade, recordações de seu passado. Tudo aquilo lhe deu um profundo sentimento de nostalgia. Uma lágrima solitária vertia por seu rosto.

–Você está bem? Sentindo alguma dor? –Felix piscou os olhos, ainda tentando afastar o sono de si, logo pode identificar quem era que estava fazendo todas aquelas perguntas. Engoliu em seco a ver Pablo, o dragão vermelho estava quase sobre a cama, preocupação e nervosismo estavam estampados em seu rosto.

–E-eu estou bem...-Falou, forçando um sorriso, sentiu uma pontada de dor no ombro, notou que este estava enfaixado. Impressionante como ainda doía, dragões deviam ser mais resistentes e terem uma capacidade de se curar mais rapidamente, isso só implicava que tal bala não era normal... Fora feita para dragões.

Bem o caramba! –Rosnou Pablo – Você tem muita sorte de estar machucado agora, pois eu iria te punir nesse exato momento!

Felix teve que rir daquela ameaça.

–Você nunca me machucaria.

O dragão vermelho abriu a boca para contra-argumentar, mas logo a fechou... Era a mais pura verdade, nunca poderia machucar Felix, mesmo que seu namorado lhe causasse tantas irritações e o aparecimento de cabelos brancos precoces.

–Mesmo assim, eu irie te punir... Não precisa ser algo físico. –Continuou, enfático.

–Será que podemos não falar de punição enquanto eu estiver me recuperando?

–Você não tem direito de exigir nada! –Ralhou o mais velho – Cadê as desculpas? Sabes o quanto nós...O quanto eu... –Pablo apenas rosnou mais, uma chama azulada escapou das suas narinas.

–Owt... Você ficou preocupado. –Felix exibiu um grande sorriso no rosto.

–Obvio que fiquei! –Pablo encostou sua cabeça sob a testa do dragão negro –Como achas que fiquei quando li a sua mensagem? Pelos deuses... Felix... Você quer me ver morrer cedo? Pois eu quase tive um ataque cardíaco!

–Desculpe...-Murmurou o outro, suas mãos acariciaram o rosto quente do chefe dos dragões vermelhos. Seu namorado estava fervendo, literalmente, isso indicava o quão nervoso estava – Não era a minha intensão preocupa-lo tanto. Digo, eu não imaginei que seria tão perigoso. Além disso, sabia que Leonard poderia rastrear o meu celular, logo...

–Pare de tecer planos, você sabe que eles nunca dão certo. –Interrompeu Pablo com um meio sorriso.

–Ora, desta vez, deu certo, não é? Você veio me salvar...

–Eu poderia ter perdido você. – A voz de Pablo estava baixa e trêmula, Felix pode ver que lágrimas estavam começando a se formar nos olhos de seu amado.

–Mas você não me perdeu. –Sorriu acariciando a face do outro, seus dedos se afundaram nos cabelos ruivos do dragão vermelho –Estou aqui... E não irei te abandonar novamente.

–Assim espero! –Rosnou baixo, Pablo – Nem que eu tenha que te prender com correntes ou uma focinheira!

–Oh! Não sabia que você gostava de BDSM! Descobri seu fetiche secreto!

O dragão vermelho rolou os olhos com aquele comentário insano.

–Mas com uma focinheira eu não poderia te beijar, sabe? –Nisso Felix puxa o seu namorado para mais perto de si, narizes praticamente se tocando –Ou essa será minha punição, não poder beijar o dragão que amo?

–Eu nunca poderia aplicar esse tipo de punição... –Murmurou Pablo, o ar entorno deles começava a ficar mais quente – Afinal, isso também se aplicaria a mim...

Felix sorriu triunfante.

–Você não conseguiria viver sem meus beijos! –Cantarolou.

–Correção: eu não conseguiria viver sem você. –Falando isso beijo o embaraçado Felix antes que este emitisse mais um comentário sem lógica.

–Sabe? Eu nunca consegui a minha massagem, aquela que você me prometeu. –Sussurrou Pablo, ainda com os lábios conectados aos do seu namorado.

–Humm...Aquela massagem que envolveria corpos nus?

–Essa mesma...

–Tranque a porta e podemos discutir mais sobre esse tema. –Rapidamente Pablo se levantou para cumprir essa tarefa. Felix riu e observou o seu dragão vermelho, de forma apressada, trancando a porta e começando a se despir.

"Se eu tivesse escolhido ficar com a minha tia... Eu nunca teria conhecido Pablo e talvez eu nunca teria realmente me conhecido." Pensou, aquele sonho o fez relembrar do seu passado confuso, a qual vivia com medo de si mesmo. Seu eu passado sentiria orgulho do seu eu presente? Esperava que sim... Finalmente pode entender o que era ser um dragão, tinha conseguido uma família... E um namorado fantástico. As pessoas nunca mais iriam chama-lo de anormal. Do seu passado, a única coisa que sentia saudade era a sua tia, a qual sempre mantinha contato.

–O que foi? –Inqueriu o dragão vermelho – Se estiver se sentindo fraco...Podemos deixar isso para depois.

Felix negou com a cabeça.

–Eu não irei perder oportunidade...Agora que tenho meu quente namorado totalmente pelado na cama!

Era possível um dragão vermelho ficar mais vermelho? Oh! Sim! Principalmente quando estava embaraçado. Pablo estava, naquele momento, totalmente escarlate.

–Idiota...-Resmungou –Não quero ser o único nu aqui...

Felix gargalhou e deixou que seu avido namorado o despisse...

Não se arrependia de sua decisão...

Finalmente estava feliz.

Continue Reading

You'll Also Like

17.7K 2.2K 50
Improváveis alianças interceptam o progresso de Taylor, quando uma guerra toma diferentes lados. Daisy constrói uma rebelião em meio ao castelo de se...
41.7K 1.3K 7
conta sobre a história de um zumbi de 12 anos que se muda e tem que fazer algumas mudanças em sua vida,ele decide não assustar mais os humanos.Essa h...
38.7K 2.1K 11
10 histórias sobre bruxas ao redor do mundo.
1.4K 282 21
Em uma noite escura de Seul, Hyunjin resolve descontar suas frustrações em um bar, em meio a sua crise de relacionamento ele acaba conhecendo dois ho...