A Dama da Noite

By RafaelaManicka

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"Otávio mudou-se para o estado de São Paulo há pouco. Não conhecia ninguém, muito menos um bom lugar para tom... More

A Dama da Noite

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By RafaelaManicka

Now I'm my own enemy
I don't hear you now
Perfect tragedy
God bless us denial
(Count your last blessing – Sum 41)

Talvez ele não quisesse fazer mal a ninguém. Talvez. Na verdade, ninguém sabe ao certo o que aconteceu naquela noite. Alguns boatos rolaram, sim, mas nenhum foi forte o suficiente para se tornar realidade. Algumas pessoas disseram que uma garota saiu machucada daquele quarto. Já outras disseram que ele estava lá sozinho, fazendo o que sabia de melhor: passando despercebido pela sociedade.

É óbvio que ninguém é tão alheio a vida, mas ele era. Vivia pra lá e pra cá com um caderno debaixo do braço, anotando tudo o que acontecia ao seu redor. Certa vez, ele o deixou cair sem perceber. Há aqueles que juram ter visto fotos pornográficas. Outros, porém, juram que o que mais tinha naquele caderno eram retratos. Falados. Porém, todos os rostos não tinham bocas.

É estranho assimilar informações assim sem saber de todo o contexto, então preste atenção. Pois essa é uma história do maior e mais sangue frio assassino em série que já existiu nesse país.

***

Otávio mudou-se para o estado de São Paulo há pouco. Não conhecia ninguém, muito menos um bom lugar para tomar um café decente. Café, aquela bebida maravilhosa, doce, às vezes densa, que desce pela garganta, fazendo com que a sensação de satisfação seja automaticamente instalada em seu corpo. Assemelha-se, muitas vezes, com a sensação de transpassar uma afiada faca no dorso de um corpo, seja ele de um animal racional ou não. Pensamentos aleatórios, mas nem tanto assim nesse caso, são constantes na mente do rapaz. Mas muitos dias se passam sem que Otávio vá atrás de uma presa considerada como 'fácil'. Não era tão difícil se controlar, bastava concentração e um saco de pancada pendurado bem no meio de sua sala de estar.

Numa tarde nem tão quente e nem tão fria, Otávio aguardava uma ligação. Mas como nada ocorreu, decidiu sair sem um rumo definido. Os tênis já estavam a postos no canto da porta e o material também. Ele sabia que aquele ato meio suicida e meio sadomasoquista deveria ser executado o quanto antes. Não suportava o pensamento de que vidas ao seu redor não possuíam um propósito assim como o dele, era inadmissível. Por isso, ele precisava dar um jeito naquilo. Se não naquele dia, no próximo.

Em sociedade, Otávio se virava muito bem. De fato era um rapaz muito apresentável e bem apessoado. Suas roupas moldavam muito bem o corpo que possuía, desde a camiseta que se alinhava perfeitamente com os músculos de seus braços, até os tênis que não possuíam um centímetro a mais do que necessário. Era verdade que Otávio vivia indo às baladas mais cobiçadas da cidade onde morava, mas era atrás de um único objetivo: o seu.

Várias mulheres iam ao seu encontro. Algumas por conta própria, outras através de algumas doses que Otávio pagava a elas. Dizia que sempre gostara da estar em contato com o sangue dos outros, por isso escolheu a medicina para ser a sua profissão. Era mentira, é claro, mas não existia uma mentira melhor que se encaixasse naquelas circunstâncias. Algumas acreditavam de imediato, outras demoravam um pouco mais, mas todas, sem exceção, acreditavam. E o prazer de Otávio estava justamente nesse tipo de mulher. Inteligente, sagaz, perspicaz. Em sua mente, a faca já transpassava o corpo esguio daquele ser tão magnífico, mesmo que ele estivesse apenas no meio de uma conversa no momento.

Só de observar as suas possíveis vítimas, Otávio tinha um prazer enorme. Mas o seu prazer aumentava, mesmo, quando estava frente a frente com elas. Diante daqueles olhos tomados pelo pavor e por aquela boca que estava imobilizada com uma fita isolante, impedindo-a de gritar, espernear, pedir ajuda, ou seja lá o que for. Otávio era decisivo em cada passo que dava, fazendo com que nunca fosse descoberto. Tudo o que importava a ele era a estratégia do seu ataque. Tudo era meticulosamente calculado, desde a roupa a ser usada, até o método com que afiava a sua fiel companheira.

Mas voltemos à nossa história.

***

As coisas não estavam como ele havia planejado. O dia já estava na metade, mas metade do que tinha para fazer não estava pronto. O nervosismo tomava conta dele, o que não era normal, já que Otávio sempre foi muito certo de si. Primeiro, foi o despertador. Depois, a lâmpada que queimou. A lâmina que quebrou. E assim foi indo. Mas sua vontade era tanta, que nada disso o impediu de fazer o que realmente queria: se divertir.

Otávio era um cara que sempre se preocupou com sua cautela e justo naquele dia, se descuidou imensamente. O nervosismo estava escancarado em sua face, o que fazia com que as pessoas por quem passava na rua o encarassem por alguns segundos. Otávio estava tão desnorteado que nem se deu conta do que estava prestes a acontecer. Uma pedra. Uma pedra bastou para que ele caísse direto ao chão e, pela primeira vez no dia, se deu conta de que o dia não seria fácil. Filha duma puta, ele diria se já não estivesse num dia daqueles. Preferiu se conter e concentrar toda a sua atenção e concentração para o que estava prestes a fazer.

De longe ele a avistou. Estava em seu restaurante favorito, lugar onde marcara um encontro com uma velha amiga. Olga era bonita e carregava em seu rosto um sorriso simpático e acolhedor. Os dois se conheceram há 7 anos, num balcão de um bar qualquer. A atração entre os dois foi instantânea, o que acabou gerando uma cumplicidade incrível entre eles. Namoraram por alguns meses, mas ele sabia que não era o cara certo para Olga. Ela ficou arrasada após a separação dos dois, mas nada poderia ser feito, pois Otávio estava certo sobre a decisão. O que ela não sabia é que ele selaria a união dos dois para sempre dali alguns anos.

Os anos se passaram e o dia da união finalmente chegou. Estavam prestes a se encontrar naquela mesa do restaurante e Otávio estava mais nervoso do que o habitual. Ele não era homem de ficar dessa maneira diante de uma função tão importante que tinha pela frente. Por isso, respirou fundo por duas, três vezes, até que seu coração pulsasse no ritmo correto. Quando terminou a sua última respiração, avistou Olga entrando pela porta do local. De nada adiantou todo o exercício que fizera até ali, pois ficou nervoso novamente. Só de ver aquele sorriso, Otávio já estava com taquicardia mais uma vez. Realmente não foi bom negócio escolher uma pessoa conhecida para ser a sua próxima vítima.

Conversaram por horas, riram de situações antigas, lembraram-se de momentos íntimos que tiveram, como aquele em que fizeram amor pela primeira vez, ou aquele outro em que, sem pudor algum, saíram nus andando pelas ruas da cidade onde moravam na época. As risadas daquele encontro já não eram mais controladas, pois por mais que tentassem, só lembravam de momentos felizes que tiveram quando estavam juntos. Otávio queria que o próximo momento entre eles fosse feliz para os dois. Mas sabia que, infelizmente, apenas um deles sairia feliz. No caso, era ele.

Quando houve uma deixa, Otávio segurou as duas mãos de Olga tão firmemente, que ela não teve como negar quando ele perguntou se queria ir até a sua casa. Ele ofereceria algumas doses a mais quando chegassem ao local, mas Olga percebeu que ele insinuara algo a mais. Ela, sem pensar duas vezes, aceitou o que quer que tenha sido lhe oferecido. E lá foram eles, andando rapidamente, quase correndo, pelas ruas daquela cidade ainda inexplorada pelos dois.

Ao chegarem a seu destino final, Otávio já foi tirando o casaco de Olga e colocando-o no cabide que havia atrás da porta de entrada. Ela, sem entender muita coisa, deixou as coisas rolarem. Quando finalmente se deu conta, estava deitada sobre a cama de Otávio e, ele, estava sobre ela, num êxtase enorme que dominava o seu corpo. Ah, um brilho no olhar que ela nunca vira antes se fazia presente também. No ápice de tudo aquilo, Otávio se ausentou rapidamente para buscar os seus brinquedinhos. Pelo menos foi o que disse a Olga, mas mal sabia ela que os brinquedinhos a que ele se referia eram, na verdade, suas ferramentas de 'trabalho'.

Otávio almejava, e muito, dominar aquele corpo por completo, por isso teve cautela ao dar início ao seu ritual de paz. Primeiro, prendeu os pulsos e tornozelos de Olga nas quinas da cama. Depois, pôs um pedaço de fita isolante sobre a boca da mulher, para evitar que fosse descoberto. O medo estampado no rosto de Olga já era visível e, isso, extasiava ainda mais o assassino. Após garantir o silêncio da vítima da noite, Otávio começou a se despir para, logo depois, despir sua companheira também. Ela se debatia sobre a cama, parte por medo, parte pelo prazer involuntário que sentia no momento, já que dois dedos do rapaz tomavam conta de sua intimidade, num vai e vem absurdamente delicioso para ele. Após o líquido jorrar pelo ventre de Olga, Otávio o bebeu por completo, sem deixar uma gota sequer de fora. Toda a situação assustava demais aquela pobre mulher. Assustava tanto que, mesmo sem ter muita fé na religião, começou a rezar e a implorar por ajuda.

Ao ouvir a súplica de Olga, Otávio não pensou duas vezes antes de decidir em acabar logo com a sua tortura. Escolheu dentre as suas 23 facas a mais afiada e brilhante, olhou bem no fundo dos olhos daquela mulher, pediu perdão e transpassou o objeto pelo seu abdômen. Conforme a lâmina entrava no corpo, sangue jorrava do corte com uma intensidade apavorante. Ao mesmo tempo, o membro inferior de Otávio ficava cada vez mais rígido, implorando para explodir a qualquer momento. E assim o fez. O sangue que escorria do corpo de Olga, agora sem vida, misturou-se ao gozo que saía de dentro de Otávio. Esse, num prazer imensurável.

Finalmente ele conseguiu cumprir com o que prometera a si mesmo anos atrás: selar a união dele com Olga de uma forma única e inesquecível. Mas, para finalizar de uma vez o seu ato selvagem e prazeroso, algo ainda precisava ser feito. Foi então que Otávio aproximou-se do cadáver da mulher, alcançou a faca que descansava ao lado e, lentamente, retirou a fita que cobria os seus lábios. Quando nada mais os cobria, Otávio retirou-os, cuidadosamente, a fim de guardá-los para um eventual 'remember'. O remember número 144 da dama daquela noite.

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