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By Ray_Tavares

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AVISO IMPORTANTE
NOTA DA AUTORA
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
PORQUE EU TIREI "BOLA NA REDE" DO WATTPAD
LIVRO DE BOLA NA REDE!!!
CONFIDÊNCIAS DE UMA EX-POPULAR

CAPÍTULO 1

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By Ray_Tavares

- Isso é ridículo - Renata cruzou os braços na frente do corpo. - Eu não vou sair desse carro. Eu não preciso de um padre, pai, eu preciso de umas férias bem longe de vocês!

- E é isso que nós vamos te dar - a sra. Vincenzo estendeu a mão. - Agora vamos, querida, saia desse carro antes que os seus novos colegas de colégio te conheçam como a menina que apanhou na porta da escola.

- Como se você fosse encostar um dedo em mim e correr o risco de quebrar as suas preciosas unhas - a garota soltou uma risadinha sem qualquer humor.

- Ela não vai bater em você, Renata, mas eu vou - o sr. Vincenzo agravou a voz, retirando delicadamente a mulher do caminho. O seu rosto estava tampando o sol, o que deixava os fios grisalhos mais brancos do que o normal. - Você teve todas as chances do mundo. Agora é hora de lidar com as consequências da sua imaturidade. Desça desse carro. Agora.

Algumas pessoas que estavam perto da suntuosa BMW X6 branca de Giuseppe Vincenzo agora cochichavam entre si, e foi o medo da vergonha que iria passar, não as ameaças do pai, que tiraram a herdeira Renata Vincenzo do carro. O sol daquela cidade parecia queimar como o fogo do inferno, e nem os seus imensos óculos escuros pareciam protegê-la do mormaço. Dentro do carro, as últimas notas da música clássica qualquer que os pais ouviram a caminho do internato pareciam fazer questão de lembrá-la que a vida como ela conhecia estava prestes a terminar.

E aquilo a desesperou para a realidade mais do que qualquer outra coisa.

Os pais já a haviam ameaçado tantas vezes que ela apenas continuava fazendo o que lhe dava na telha, pois sabia que nunca seria punida. Nos piores casos, ela só chorava e se dizia arrependida, e logo o seu império era restaurado.

Mas não daquela vez. Não... ela reconhecia que havia passado dos limites, e agora os pais estavam levando muito a sério o que haviam dito. Afinal, eles estavam parados na frente de um internato de padres e freiras no meio do nada, com todos os seus pertences no porta-malas; o seu pai havia tirado um dia de folga para levá-la até lá! Um dia inteiro! Quando foi que ela o viu fora do trabalho durante toda a vida?

- Isso aqui é o fim do mundo - ela murmurou, voltando-se para o seu pai e agarrando a manga do seu terno impecável, levando lágrimas aos olhos com tanta facilidade que não saberia dizer o porquê estava perdendo tempo na escola e desperdiçando todo o seu talento como atriz. - Por favor, papai, por favor, não me deixe aqui. Eu prometo que nunca mais faço nada de errado, eu prometo! Você não pode me deixar aqui, eu vou morrer nesse lugar!

- Deveria ter pensado nisso antes de se envolver com um traficante de drogas - o sr. Vincenzo silvou entre os dentes, soltando-se das garras da filha e sorrindo para todos os que passavam e o cumprimentavam, não porque aquelas pessoas o conheciam, mas sim porque o tinham visto na Tv.

- Eu já pedi desculpas por isso! - ela choramingou. - E ele não é um traficante de drogas, ele só tem 17 anos! Nós só estávamos querendo fazer um dinheiro extra... não é você mesmo que diz que o empreendedorismo corre nas veias da família Vincenzo? Por favor, pai, me desculpe!

- Desculpas não vão trazer de volta o processo que eu levei nas costas - o distinto empresário caminhou até o porta-malas do carro com a filha em seu encalço. - Desculpas não vão melhorar a reputação da sua mãe na Justiça Federal.

- E não é só porque o garoto é menor de idade que deixa de ser perigoso - Laura Vincenzo abanou as mãos recém-feitas, negando com a cabeça. - Você precisa aprender os seus limites, Renata. Entender o que é certo e o que é errado! Meu Deus, ouvindo você dizer essas coisas, achando que o que fez foi só mais uma brincadeira de adolescente... Eu não sei onde foi que erramos na sua criação!

Renata observou atônita enquanto o pai retirava as suas duas imensas malas Louis Vuitton do porta-malas e as colocava no chão. Aquilo não estava acontecendo. Aquilo não podia estar acontecendo com ela!

O que as suas amigas iriam dizer quando ela voltasse para São Paulo?

Atrás do carro de seu pai, uma Mercedes classe A antiga buzinou e uma senhora de meia idade irritada fez gestos para que a BMW continuasse andando.

- Vocês esperam aqui - Giuseppe fechou a porta com um estrondo -, eu vou estacionar o carro e já volto.

Renata subiu na calçada com seus chinelos personalizados e segurou ambas as alças das malas até que os nós dos seus dedos ficassem brancos, enquanto a sua mãe respondia algum e-mail qualquer pelo celular. A BMW branca desapareceu no bolsão de terra, dando lugar a barulhenta Mercedes prateada. Uma típica senhora branca de meia idade saiu do carro e caminhou rapidamente até o porta-malas, enquanto uma garota baixinha, negra e com dreads no cabelo saía da porta da frente em câmera lenta, balançando a cabeça com qualquer que fosse o conteúdo dos seus fones de ouvido.

Ela usava uma saia jeans muito curta, revelando suas pernas também curtas e uma tatuagem de dragão que envolvia a panturrilha direita. Renata foi subindo os olhos pela garota, que estava coberta por uma camiseta larga com estampa do Star Wars e tinha um piercing prateado no septo do nariz, quando foi surpreendida pelos próprios olhos negros da garota a observando.

- O que foi, Barbie, não está sabendo que a princesa Isabel aboliu a escravidão? Nós estamos livres!

- Lívia, por favor - a motorista caminhou até a garota com uma pequena mala de rodinhas preta, entregando-a sem qualquer cerimônia e voltando-se para a mãe de Renata. - Me desculpe por isso. Ela não tem filtro entre o cérebro e a boca.

- Então acho que as duas vão se dar muito bem - Laura respondeu, dando um de seus sorrisos "fecha negócio" e voltando a mexer no celular.

Renata revirou os olhos, desviando-os da garota, que já voltava a balançar a cabeça ao ritmo da música no iPod.

- Lívia - a senhora virou-se para a garota. - Lívia. Lívia!

A tal Lívia retirou os fones de ouvido com uma expressão magoada.

- Como você ousa atrapalhar um solo de guitarra de Brian May, mãe?

- Por favor, Lívia, pare com as gracinhas e me dê um abraço, eu preciso voltar para Bauru.

Sorrindo, a baixinha entrelaçou os ombros da mãe com carinho e disse algo em seu ouvido que a fez rir. Depois, as duas se separaram e a senhora de meia idade voltou para o carro, não sem antes acenar para a mãe de Renata, que a cumprimentou de volta.

- Te vejo daqui seis meses! Por favor, não adote outra afrodescendente para colocar no meu lugar e fazer as tarefas de casa! - a garota berrou, chamando a atenção de todos a sua volta e fazendo com que a sua mãe acelerasse o carro e desaparecesse pelo corredor, visivelmente constrangida. Outro automóvel de luxo ocupou o seu lugar e Lívia se voltou para metade da família Vincenzo parada em frente ao arco de boas-vindas que dizia "que a graça de Deus cresça em nós". - Ah, é o seu primeiro dia, Barbie? Primeiros dias são sempre assim, os pais entram no colégio, conhecem as instalações, te acompanham até o quarto, beijam a sua testa e dizem que vão te ligar todos os dias. Mas depois de algum tempo eles percebem que você é só mais um caso perdido e mandam o motorista vir te buscar de seis em seis meses. Aproveite a estadia! Diego, seu anormal, você ainda me deve 20 reais!

A garota deixou mãe e filha para trás, caminhando em direção a um garoto qualquer que acabava de chegar. Renata poderia ter ficado horas analisando aquela incrível criatura, se o pai não tivesse retornado naquele exato momento com um sorriso meio sádico nos lábios.

- Vamos conhecer a sua nova casa, querida? - ele a cutucou, segurando uma das malas pela alça, enquanto a sua mãe levava a outra.

Renata olhou de um para o outro, e depois para a entrada brega do colégio interno, e sentiu uma vontade imensa de chorar.

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