Sábado chegara acompanhado de chuva - e ressaca para Jack. O jovem ainda dormia quando voltei do pequeno-almoço e abri um pouco das persianas formando linhas de luz no quarto. O seu corpo quase nu foi parcialmente iluminado e um gemido de frustração após o meu embate contra a cama foi ouvido.
- Dói-te muito a cabeça?
- Sim, já não estava assim há muito...- O braço de Jack caiu sobre o meu corpo e tentou puxar-me até ele. – Preciso de beijinhos...
Logo desistiu do esforço e limitou-se a olhar-me. Sorri-lhe, numa mistura estranha do terno e do divertido, e beijei-lhe a bochecha carinhosamente.
- És mesmo minha namorada?
- Estavas assim tão mal? – Questionei com ar sério e intenção de brincar.
- Oh Jenny, tu sabes, tinhas dificuldades em assumir...e depois foi tudo...oh, é a sério ou não? – O ressacado falou atrapalhadamente sem deixar o seu ar mais carinhoso fugir.
- Oficialmente tua. – Beijei-o depois de sorrir. – Namorada.
Completei de olhos fixos nele e o sorriso atraente de Jack regressou.
- Isso quer dizer, que, hum, o teu namorado pode dar-te beijinhos...–O corpo musculado sobrepôs-se ao meu.- Ser lamechas...chamar-te amor...- Os seus lábios secos, mas não menos atraente, passaram no meu pescoço oferecendo-me um calafrio. – E dar-te prazer, muito prazer...
Os meus olhos já estavam cerrados quando a mão de Jack subiu da minha coxa para a minha barriga debaixo da t-shirt larga. Assenti ao agarrar as costas fortes num pedido, e não demorou, o arquiteto retirou-me a t-shirt e beijou-me profundamente. Sabia demasiado bem e eu não podia dar-lhe a esse luxo.
Terminei o beijo e deixei que ele me observa-se.
- A cicatriz está pequena. – Com um dedo acariciou a marca deixada no meu ombro. – Combina contigo.
- Obrigada. – Agradeci com um beijo casto e comecei a mexer-lhe no cabelo.
- Não sei como tudo isto é possível...- O sussurro foi ouvido assim que Jack beijou o meu peito e analisou as minhas mamas.
- O quê? – Levantei a cabeça dele na minha direção a rir-me e encarei-o.
- Apaixonares-te por mim, namorarmos, ter resistido tanto tempo. – A boca de Jack voltou para o meu pescoço e o seu membro já com vida encostou-se a mim.
- Oh, também não, mas vais aguentar mais um tempo...- Fugi da sua boca e um grunhido de frustração foi ouvido. – Tu não estavas com dores de cabeça?
- Sexo ajuda as dores de cabeça a passarem!
Abanei a cabeça negativamente incentivando-o a prosseguir.
- Além disso íamos fazer amor...numa manhã com uma luz fantástica e um ambiente ainda melhor.
Os seus olhos encontraram os meus e a sua expressão querida quase me convenceu a não resistir a algo que eu não queria resistir.
- Não quero insistir, mas olha que vais arrepender-te de não o ter feito.
Gargalhei e depositei um beijo no pescoço.
- Podias ser menos convencido...
- Bem sabes que me vais deixar muito feliz...e tu queres um namorado feliz certo? – A sua voz rouca era sugestiva e a mão a passear pela minha pele sensível não ficava atrás.
- Sou tão boa pessoa!
(...)
Combinara dar boleia a Jack e Thomas uma vez que o enorme estacionamento se tornaria pequeno numa noite de espetáculo e assim o fiz. Eleanor já se encontrava há horas a correr de um lado para o outro no local iluminado que agora pretendíamos chegar e, com a falta de coordenação de horários, o namoro mais recente – e talvez o mais esperado - ainda não tinha sido anunciado.
- A Eleanor não vai poder estar connosco antes do espetáculo. – Thomas, ao meu lado, anunciou aborrecido. – Ah, ela pede desculpa.
- Não consegues ir aos bastidores? – Jack sugeriu ao apaixonado expectante pelo seu amor.
Um sorriso apareceu nos lábios de Thomas enquanto este escrevia a nova mensagem entusiasmado. Entretanto, e com alguma sorte, encontrei um estacionamento relativamente perto da entrada.
- Meus meninos, vamos lá! Thomas, vais ter connosco lá dentro? - Peguei no meu telemóvel e dei a Jack para guardar já fora do carro.
- Não devo demorar. – O namorado da bailarina assentiu visivelmente mais animado e encaminhou o seu corpo para as traseiras do edifício.
- Ele ama-a tanto. – Jack comentou ao colocar o braço por cima dos meus ombros e começarmos a caminhar.
Sorri ao lembrar-me de vários momentos passados como os tempos em que Thomas me pedia para convirmos algo pois queria ver Eleanor ou quando Eleanor insistia que não estava apaixonada.
- Então?
- Tu nem sabes metade...- Olhei para o azul do Jack e depositei um beijo nos seus lábios. – Eles são a coisa mais fofa!
- Eih, pensava que isso era eu!
O meu namorado roubou-me um beijo enquanto gargalhava dele.
- Jovens. – O senhor que recolhia os bilhetes VIP falou com pouco animo e eu entreguei-lhe os dois papéis com uma expressão amigável.
A passagem foi cedida e as nossas gargalhadas foram ouvidas.
- Acabamos por passar por sermos um casal todo meloso e a culpa é tua!
Os bilhetes foram guardados no bolso de trás das minhas calças e o meu corpo caminhou frente a frente com o de Jack, com um espaço, em provocação.
- A menina é que não resiste ao jeitoso homem que tem à sua frente e agora culpa-o...que vergonha! – A cabeça de Jack abanava negativamente quando o meu corpo persentiu a música e começou a mover-se ritmadamente. – Sabe que além de exibir a sua má performance está a envergonhar-nos?
- Sei que és...
O jogador de rugby ainda começou a verbalizar o meu nome, contudo, as minhas costas embateram num homem musculado e alto fazendo-me parar de falar. Encarei a figura alta desagradada e, com uma mão, abri a casaca de cabedal mostrando a minha arma, e com a outra mostrei o cartão de agente guardado no bolso interior da casaca.
- Peço desculpa. – O matulão disse com um sorriso e desviou o seu corpo permitindo-me passagem.
Agarrei a mão de Jack, até agora imóvel, e puxei-o atrás de mim.
- Isto não acabou de acontecer. – Já fora da confusão consegui ouvir o sussurro de Jack.
(...)
***
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