-Há uma coisa que um homem quer que você acaricie mais do que seu pênis: o seu ego. Junte isso com dinheiro e poder e você tem um ego do tamanho do Hulk que precisa ser alimentado o tempo todo.
Levanto do meu lugar com um sorriso diabólico, brincando com meus lábios. Estou melhor hoje, minha cabeça não está nublada com pensamentos de merda que não devia ter e minhas bolas não doem a cada vez que toco nelas. E, depois de me matar com corrida e natação, meu corpo está apenas dolorido o suficiente pra que eu tenha um lembrete físico de que eu não deveria dar a mínima pra ele, pro seu rosto perfeitamente sardento e pra seu cabelo castanho com aspecto de pós-sexo.
Isso não é pra mim, nada disso é. Louis não veio porque ele quer que o Harry Styles foda com ele, ele veio porque quer que Zayn Malik, seu marido covarde e traidor, transe com ele. Ele quer que ele o queira, que o ame, ele não estaria aqui se não o quisesse.
- Alimente o monstro senhoras e senhores e ele vai chegar até você a cada vez que tiver fome. Faça seu homem se sentir como se ele fosse o maior e melhor filho da puta na Terra, pois assim, dentro e fora do quarto, ele vai te adorar.
- E se ele não é o melhor? E se é um velho enrugado que não leva nem cinco minutos antes de explodir seu gozo?- Rose pergunta e levanta as mãos.
Algumas pessoas riem, mas minha expressão continua de pedra.
- Mentira- digo.
-Mentira?- Rose pergunta admirada.
-Sim, mentira. Minta pra ele. Diga o quão grande ele é e de quão cheia ele te faz sentir. Diga a ele que quase dói quando ele está dentro de você, diga que a sensação é tão boa que você quer morrer. Quem nunca fingiu um orgasmo?
Cabeças abaixam e murmúrios ressoam ao redor da sala, sem surpresas, mas há rostos desgostosos com a minha audácia. Depois de uns dias da instrução, as minhas palavras quase tem perdido sua importância de chocar, ainda assim, de vez em quando eu tenho que agitar estas pessoas do seu pedestal confortável de santidade.
- Se fingem orgasmos, bom, então podem fingir todo resto. Regue seu homem com adoração e você não deixará espaço para outra mulher ou homem tomar seu lugar. Os homens são como crianças, precisam constantemente de um reforço positivo e se eles não conseguirem isso, eles procuram este reforço.
- Você quer dizer que é por isso que os homens traem?- Rose me interrompe, seus olhos azuis me fixando e seus lábios fazendo um beiço tão grande que suas bochechas parecem ter dois pacotes gigantes de chiclete.
-Correto. Esse é o maior dos motivos. Não porque uma mulher é mais bonita ou mais jovem, mas pelo fato de que ela o faz se sentir. Um homem quer ser como um Super-Homem fodedor, incrível e todo-poderoso fodedor. Eles querem acreditar nessa fantasia.
Rose fica de um modo que cada olhar é atraído pra ela e ela coloca as mãos no quadril.
-Então se isso não tem nada a ver com idade ou beleza, porque eles saem brincando com essas franguinhas recém-saídas do ensino médio?
Algumas pessoas murmuram em concordância e muitas fazem uma cara fresca de reprovação.
- Honestamente? Inteligência, senhoras. Essas meninas são rapidamente impressionadas, portanto é fácil de levar pra cama. Uma garrafa de champanhe e uma limusine é praticamente um acordo fechado. Eles não querem alguém que tem que trabalhar pra seduzir.
- Então, eles querem uma transa fácil? – Rachel Crawley pergunta.
- Certamente sim. – eu respondo.
- Mas isso não faz sentido! Somos suas esposas. É claro que eles poderiam vir até nós para fazer sexo sempre que quiserem! – Rose rejeita, balançando a cabeça com descrença.
- Sério? – eu saio do meu assento e ando passos largos até onde ela está confusa e ainda não convencida.
Dou um passo mais perto do que seria confortável pra ela, mas isso é o que eu preciso dela, que ela fique desconfortável. Preciso que ela perceba onde sua culpa se encontra, pra que ela não tenha motivos pra desconfiar de mim. Eu preciso que ela precise de mim.
Arranho o seu queixo com as pontas dos meus dedos, acariciando a pele do queixo até a sua orelha. Ela se move ao meu toque, absorvendo o meu carinho como se estivesse fria e faminta e sei que de alguma maneira, ela está. Ela está faminta por atenção, por carinho e fria por ser deixada sozinha e sem amor. E estes são sentimentos que eu entendo. Pois estes são os sentimentos que eu tenho explorado pra fazer de mim um homem muito rico.
- Rose. – minha voz um pouco mais de um sussurro, baixa e rouca:
- Você o vê pelo que ele é. Você o vê além do dinheiro, dos seus carros, da sua fama. Você o vê despido e nu de tudo isto e isso o assusta. Então, ao invés de encarar sua covardia, ele fode pequenas idiotas burras para fazê-lo se sentir como um homem maior. Mas você quer isso também não é?
Eu vejo os movimentos do seu pescoço esbelto, enquanto ela engole à seco, antes de responder:
- Não... Sim. Claro que sim.
- Então o que você tem que fazer? Você tem que ser a sua pequena idiota burra, tem que ser a prostituta, a sua musa. Você tem que fazê-lo se sentir como se estivesse no topo do mundo quando ele está com você.
- Então você quer que ela se rebaixe ao mesmo nível das outras?
Eu olho pra cima, tirando minha mão de Rose, liberando ela de seu pequeno transe. Louis está de pé, seus olhos arregalados e seus lábios franzidos. Mesmo com a irritação clara em seu rosto, uma sensação serpenteia até minhas coxas com a visão dele e trinco meus dentes, mordendo meus lábios para liberar os sentimentos espontâneos.
- De certa forma, sim. – respondo me afastando de Rose, eu quase sinto vergonha, como se não devesse estar tocando essa outra mulher.
- Vocês são quem conduzem o navio, Sr. Malik. Vocês são os mestres das marionetes e para fim de manter um lar feliz, vocês devem deixar o homem acreditar que ele é quem dá as ordens.
- Não é o bastante carregarmos o seu nome e deixar eles ditarem o nosso futuro? E agora temos que fingir ser idiotas apenas para que nossos maridos não se sintam intimidados em nos procurar? – Louis zomba.
Eu quero dizer a ele como ele está certo em se sentir indignado, mas isso seria uma total oposição do que sei e acredito.
- Mais ou menos, Sr. Malik.
- Isso é besteira! Você e eu sabemos disso. Mas diga-me Harry Styles, as garotas e garotos idiotas te excitam? Você gosta de rir dos alunos a cada palavra sua? A estupidez te excita?- ele me desafia, na esperança de me fazer comer minhas próprias palavras.
Eu olho fixamente pra ele, inabalável e totalmente no controle. Bem... Quase, menos a rigidez na parte da frente das minhas calças e sem quebrar o contato visual eu passo para trás da minha mesa para esconder a minha ereção.
- Não, Louis, eles não excitam. Mas como você apontou semana passada, eu não sou parte do seu mundo, lembra? Não preciso de idiotas burros pra me excitar.
Eu solto pra ele um olhar zombador, desafiando-o a contestar a minha afirmação, mas odiando o jeito que ele está, pois de alguma forma prova a mim mesmo que ele não pertence a mim. Quem é ele para mim afinal? Ele é um cliente. Um dono de casa solitário, um cheque, uma calça Tommy Hilfiger e nada mais, nada menos.
Louis não me responde, só permanece de pé em silêncio. Tenho prazer em sua reação, desejando mais dele, quero continuar o empurra-lo até que ele finalmente recue.
Me inclino pra frente e descanso o cotovelo na mesa, meus olhos treinados como um atirador de elite, preparando pra matar e continuo:
- E Sr. Tomlinson, por que você se importa com o que me excita? Você não deveria estar mais preocupado com o que excita o Sr. Zayn Malik?
Observo enquanto o rosa de suas bochechas sangram em vermelho.
- Eu... Eu não. Eu não estava dizendo... – ele gagueja.
- Oh? Então você não se importa com o que me excita?
- Você é um imbecil! – Louis diz, se vira e prossegue para fora da sala.
Ótimo, missão cumprida.
...
O céu brilha na escuridão, trazendo com ele uma brisa fresca aliviando o calor da noite. Sento na varanda, bebendo minha cerveja, enquanto escuto a conversa abafada de dentro da casa principal. Fecho os meus olhos bloqueando os ruídos, saindo da realidade deste mundo em que vivo.
- Qual merda é o seu problema?
Olho pra cima e vejo Louis diante de mim, seus olhos são como estrelas brilhantes de raiva.
- Desculpe?- pergunto com uma sobrancelha levantada e um sorriso divertido.
- Seu trabalho, seu negócio é o problema! Esta é a razão de você agir como se estivesse mijando em nossas caras!
Eu me sento e gesticulo para que Louis tome a cadeira ao meu lado, mas ele não se mexe.
- Eu entendo o seu sentimento, Sr. Malik.
-Louis, porra, Louis.
- Desculpe Louis, eu entendo o sentimento, embora não saiba com certeza do que você está se referindo.
Completamente imóvel, Louis olha pra mim, mas eu nem tenho a certeza se ele está respirando.
- Então esse é o seu ponto de vista? Você acha toda essa porcaria engraçada, não é? Nós somos apenas um entretenimento pra você? O seu reality show ao vivo? Você não se importa em nos ajudar, só quer nos machucar mais do que estamos?- ele diz sorrindo.
Estou em pé no momento seguinte, sentindo a brisa fresca que chicoteia seu cabelo brilhante.
- Nunca questione meus motivos, Louis. E nunca mais pense que nesta porra eu queira machucar você, nunca mais.
Seus olhos se arregalam com minha proximidade e declaração, mas ele não se move.
-Tudo bem, mas você nunca mais pense que eu estou aqui por qualquer outro motivo do que consertar o meu casamento.
Sua declaração fervorosa não combina com seu olhar seduzindo o meu olhar. Vou ao refrigerador ao meu lado e pego outra cerveja, entregando a ele. Retorno a minha cadeira e pego a minha cerveja e desta vez, ele se senta ao meu lado. O ato de trégua é silencioso.
- Eu sei que você não é o idiota que você quer que as pessoas acreditem que você é. - ele diz depois de um longo momento.
- O que faz você pensar que eu quero que as pessoas acreditem que eu sou um idiota?
- Eu não sei, mas seria mais fácil dessa maneira, eu acho. Você rejeita as pessoas antes que elas tenham a chance de te rejeitar. – ele diz, tomando um gole da sua cerveja.
- Hã? Eu não estava ciente que você tinha interesse em psicologia. Parece que eu perdi alguma coisa na minha pesquisa do Google.
- Nada a ver com a psicologia e sim com a experiência. – Louis balança sua cabeça antes de se inclinar na cadeira.
Sentamos vários minutos em um agradável silêncio.
- Então me diga Louis, o que trouxe você aqui? – pergunto olhando para o céu estrelado.
- Eu pensei que você sabia de tudo sobre mim. – ele vira na minha direção e oferece um sorriso triste.
Meus olhos permanecem treinados para o céu, mas eu o vejo. Eu o vi desde o dia em que ele surgiu na minha casa, na minha vida, com aquela cabeleira brilhosa.
- Eu sei Louis. Mas quero ouvir de você.
- Eu pensei... Eu pensei que eu fosse o que ele queria... Eu pensei que se eu pudesse ser... Eu... - ele gagueja
- Mas você é. – eu exclamo, interrompendo-o.
Não sei por que, mas o interrompo. Pois só o pensamento dele acreditando que ele é nada menos do que perfeito, me dói, e no impulso, seguro e solto seu punho antes dele beber outro gole da sua cerveja.
- Quero dizer, você é o que ele quer. Ele se casou com você, não foi?
- Sim. Mas é claro que isso é só um rótulo, não faz sentido pra ele, como pensei que fizesse e agora não faz sentido pra mim.
- Por quê?
Ele não responde, mas eu ouço o seu suspiro. Então sem pensar, sem razão, pego a garrafa de suas mãos.
- Vamos, siga-me.
- Hum?
Eu estendo a minha mão, esperando ansiosamente que ele a pegue. E por que ele não faria? "Um homem sob a influência do álcool dizendo para ele segui-lo, sem nenhuma explicação, tarde da noite?".
Lentamente ele coloca a sua mão na minha, ele está confiando em mim sem questionar, embora eu não mereça tal presente. Mas pelo bastardo egoísta que sou eu o levo. Meus dedos impulsivamente se entrelaçam com os dele, causando uma mistura de alerta e conforto que surge em minhas veias.
- Siga-me. - eu franzo a testa, levando-o para a casa de hóspede. Estou quebrando mais uma das minhas regras: "Nunca traga um cliente para sua casa".