A Menina dos Olhos Bicolores...

By LoveElvisPresley

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Esse é um Especial de Natal do livro A Menina dos Olhos Bicolores. Espero que gostem! More

Uma Mágica no Natal
Um Desastre no Natal
Uma Surpresa no Natal
ÚN HAPPYZITO MERRY CHRISTMAS DO JUANITO

Uma Rebelião no Natal

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By LoveElvisPresley

*** Ariel ***

Assim que abri meus olhos, pensei: "Porra. É hoje". Todos os anos isso se repete. Eu acordo pensando a mesma coisa, olho para o lado e Zack está dormindo só de cuequinha boxer. Nossa, que dejavu de cores... Cara, ele usou a mesma cueca no ano passado! Será que ele tá usando a mesma desde aquele dia? Bom, é possível. Então, continuando... Aí eu vou no banheiro e faço tudo o que tenho que fazer e já vou pra cozinha, porque é a vida. Faço panquecas com calda de frutas vermelhas e cookies natalinos (isso era mais emocionante quando Théo e Ekena eram pequenos e faziam comigo) e a gente come. Aí eu começo a fazer o almoço, que é alguma carne que demora mais de duas horas pra cozinhar, e a gente come. Aí nem acaba direito e eu já começo a fazer o banquete que é a ceia de natal. Eu faço os pratos quentes, Lucy faz os pratos frios e Melissa faz as sobremesas. Sim, já aconteceu das duas derrubarem a comida no carro.

Comecei a fazer a massa das panquecas e pensei: "Não. Esse ano e quero que seja diferente". Uh, esse pensamento é novo... Joguei tudo no lixo e subi. Me deitei na cama e Zack acabou acordando.

- Já fez o café-da-manhã?

- Não.

- E não vai fazer?

- Não.

- E eu vou comer o que?

- Não sei. Faz miojo. Ah, e eu não vou cozinhar hoje, viu? Nem vou entrar na cozinha.

- Amor - ele tocou meu ombro -, cê tá ligada que hoje é 24 de dezembro, né? Virão praticamente 20 pessoas comer aqui.

- Eu sei que dia é hoje, Zack. Mas eu não vou cozinhar hoje, quem vai cozinhar será você.

- Oi?!? A menos que você queira comer miojo de manhã, no almoço e de ceia de natal, sugiro que faça a comida.

- E eu sugiro que você comece logo, porque eu tô com fome.

- Você está falando sério?

- Mas é claro! - Peguei meu celular e liguei pra Lucy. - Amiga, o que está fazendo?

- Café-da-manhã.

- Pare. Agora. Eu estou promovendo uma rebelião hoje. - Zack me encarou, inconformado.

- Interessante. Me conte mais.

- Todo ano, quem é que faz o café-da-manhã, o almoço e a ceia?

- Eu, tu e Melissa, as mulheres... Acho que tô começando a te entender... Continua.

- Vou propor o que? Deixar os homens fazerem tudo hoje. O Zack tá aqui me encarando com uma cara de cu, porque ele sabe que eu tô falando sério.

- E se o Tom recusar?

- Fala que aí ele vai decepcionar 20 pessoas, por não ter uma ceia de natal.

- Adorei. Tchau, amiga.

- Tchau. Ah! Liga pra Melissa e diz a mesma coisa.

- Pode deixar. O Andy vai ficar puto, cara. Você é um gênio! Por isso que eu sou sua amiga, miga.

- Tchau, miga, até hoje à noite.

- Quero ver o que vamos comer. - Ela riu alto e desligou.

- Você. É. Maligna - Zack disse e se levantou da cama. - Aviso: hoje à noite você não terá esse corpinho. - Ele apontou pro seu corpo.

- Você sabe que terei. E se não tiver, eu tenho isso. - Mostrei meu dedo pra ele.

- Maligna. THÉO, EKENA, ACORDEM. VOCÊS QUE VÃO FAZER O CAFÉ-DA-MANHÃ.

- SEU CU - Ekena gritou.

Eu ri maleficamente e voltei a dormir.

*** Zack ***

- Elas não podem fazer isso! - Andy gritou.

Eu, Andy e Tom estávamos conversando por Skype. Eu estava com o notebook em cima do balcão da cozinha, enquanto lia uma receita de waffles.

- Cara, é tudo isso de manteiga que vai? É muita gordura - comentei.

- É mais fácil você fazer panqueca - Tom disse.

- Óbvio que não. O waffle é só enfiar na maquininha, a panqueca você tem que... Porra, acho que eu não tenho máquina de waffle... Quer saber? - Peguei quatro bananas, descasquei e coloquei em quatro pratos. - Tá pronto o café. - Eles riram.

- Cara, eu não teria coragem de fazer isso. A Melissa me jogaria da sacada do apartamento. Eu moro no 6º andar, gente, não dá - Andy disse.

- A Lucy me mataria - Tom disse.

Eu pensei direito... E comi as bananas e voltei a fazer a massa.

- Mas a Ariel merecia! É tudo culpa dela! Ela que inventou de fazer esse negócio de rebelião, de ancinhos e tochas e mulheres querendo nos matar...

- Eu já avisei pra ela. Isso aqui - apontei pra mim mesmo - não estará disponível hoje. Hoje eu não serei usado!

- Ah, sei... O que a Melissa normalmente faz, cara, é muito difícil! Eu sou uma merda pra fazer sobremesa!

- E eu sou maravilhoso pra fazer aquelas saladas loucas, né! A Lucy mistura uns trinta mil ingredientes e mexe mexe mexe o dia inteiro aquela merda.

- A Ariel faz o peru de natal. - Fiz uma cara de cu.

- Você tá ferrado - os dois disseram.

Continuei tentando fazer aquela merda de waffle e até que ficou gostoso... Mentira, ficou super salgado, mas né? Eu resolvi que o almoço seria miojo mesmo. É claro que os desgraçados reclamaram, tinha que reclamar! Nada está bom pra eles! Eu lavo, passo, cozinho, nunca está bom! Eu sou mulher guerreira... Ah, não, espera... Deixa quieto.

Eu resolvi procurar vídeos de como fazer um peru de natal. Eu tinha que enfiar a mão no peru! Tipo, lá dentro! Cara, não dá! É nojento! Depois de fazer isso e enfiar uns trinta mil ingredientes e temperos, a senhora do vídeo disse que era pra passar um pouco de tempero na parte de fora e ficar passando a mão pra "deixar entrar na carne". Dava vontade de dar um tapa nela e dizer "Para de viadagem, senhora! E isso não é carne! É peru!".

- Tá acariciando o peru, Zack? Sobe e desce, sobe e desce - Ariel disse, entrando na cozinha.

Ela riu quando me viu de avental. O único avental que tinha aqui era um que ela tinha mandado fazer. O bagulho tinha babadinhos e um laço enorme na cintura. Eu tinha certeza de que estava super gay naquilo.

- Já fiz muito isso na vida, quando era mais novo, claro. Quer me ajudar agora?

- Não acaricio perus, sabe?

- Jura? O ET que fica na prateleira do quarto não diria isso, dona Ariel. Ele vê muitas coisas, querida.

- Cala a boca e enfia a mão nesse peru aí.

Ela se sentou no balcão e ficou me encarando. Quero ver cair dali e quebrar os dentes... Não, aí buga o bebê, não pode.

- Sai daqui, sai daqui, a cozinha é minha, não quero ninguém aqui dentro. - A empurrei.

- Grosso.

- Sou mesmo. Bastante.

- Só uma dica: não deixa o fogo muito alto, porque aí deixa dourado e bonitinho por fora, mas não cozinha por dentro.

- Eu já sabia. - Mentira, não sabia não. Eu ia colocar no mais alto pra acabar logo. - O que mais que tem que fazer?

Ela me entregou uma lista cheia de nome de comida. Putz. A maioria eu tive que procurar na internet como fazer, porque eu não tinha a mínima ideia nem dos ingredientes que iam. Porra, vai manteiga em quase tudo! Esse povo quer morrer cedo, hein! Tive que fazer os biscoitos de gengibre e decorar, mas saiu um cocô. Não, assim, tinha quatro daqueles negócios pra fazer formas: um bonequinho de gengibre, uma estrela, uma árvore de natal e um círculo. Fui eu, todo malandrão, fazer dos quatro tipos. O único que ficou legal foi o da estrela, que eu só decorei de uma cor mesmo. O resto ficou meio abstrato - e queimado, mas o doce do glacêzinho pra decorar disfarça. Fui provar... Disfarça não. Tive que ligar pro Tom e pro Andy e mandar eles tentarem fazer, porque dos meus cinquenta biscoitos, apenas oito tinham ficado ok.

Quando eu terminei, já estava quase na hora. Eu subi pra tomar banho e Ariel estava seminua, olhando para dois vestidos estendidos na cama. Observei os dois vestidos.

- O verde - eu disse, pouco antes de entrar no banheiro.

- Valeu.

Saí um homem renovado, com a barba feita, cheirosinho, com o cabelo molhado e cheio de gel. Coloquei uma camisa, uma calça e um sapato meio social. Ariel tinha colocado o vestido verde e um salto brilhante.

- Vem cá. - A abracei. - Me desculpe por todos esses anos te deixando fazer tudo sozinha. Agora eu reconheci o tanto de trabalho que dá. - Lhe dei um beijo.

- Ano que vem você vai fazer também, né?

- Junto com você.

A campainha tocou e ela saiu correndo. Escutei uma voz feminina... Lucy. Agora eu tenho que conversar com o Tom.

*** Ariel ***

- E aí, o que achou? - perguntei a Lucy, quando já estávamos sentadas.

- Deu tempo de fazer minhas unhas! Olha isso! Eu hidratei o meu cabelo também! Gente, vou fazer isso ano que vem também! E o Zack, como que foi?

- Ele se realizou acariciando o peru.

- Ô ZACK - Lucy o chamou. - VOCÊ GOSTOU DE MEXER NO PERU?

- ADOREI, MIGS. ERA MEU SONHO.

- Não disse? Bom, eu acho que ele fez tudo certo... Eu acho, né?

- O Tom não sabia nem qual folha era o alface. Mas deixei ele se virando. Ah, Deus. Que porra é essa? - Lucy perguntou, vendo pela janela que fica ao lado da porta.

*** Zack ***

- Cara... Eu não vou comer peru - Tom me disse.

- Por que?

- Você ficou enfiando a mão nele. Tenho certeza que nem lavou a mão antes de começar a preparar.

- Lavei sim! Se é assim, eu também não vou comer sua comida!

- Nem eu vou comer minha comida. O negócio que eu fiz está ainda em testes. Tenho que mandar pra NASA analisar.

- Tá tão ruim assim?

- Horrível.

- Tio Zack... - Jade me chamou. - A Esmeralda terminou o namoro dela. Ah, e nós fizemos os cookies que você pediu pra fazer pois não estava conseguindo! - Então quer dizer que o Tom as escravizou. Capaz de até o coitado do Devonne ter ajudado!

- Sério, meninas? Vocês são especialistas em biscoitos, eu tinha que deixar pra vocês fazerem, né?

- Claro! Tia Ariel! Sabia que a Esmeralda terminou o namoro dela?

Na hora em que fomos comer, eu fiquei com medo. Bom, a Ariel cortou o peru e fez uma cara boa, então acho que está certinho. E ninguém reclamou também. É, gente, talento natural, vou fazer o que, né? Enquanto todos iam pegar seus presentes e "se preparar" pro Amigo Secreto, eu e Ariel fomos até nosso quarto pra pegar os presentes.

- Amor, cadê o Josh? - perguntei.

- Longa história. Depois te conto. - Ela veio pra perto de mim e segurou na gola da minha camisa. - Te subestimei hoje.

- Por que?

- Achei que não saberia fazer nem o miojo. - Ela riu. - Me desculpe. Juro que nunca mais te subestimo.

- Você podia jurar nunca mais me obrigar a cozinhar.

- Não vou jurar. Você sabe que farei de novo.

- Eu sei. Mas eu te amo mesmo assim.

- Também te amo, amor.

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