Veia de Lutador REPOSTANDO

Від GiuliannaTavares3

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PLÁGIO É CRIME COM FORÇA DA LEI 9.610/98 OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL. OBRA REGISTRA EM CARTÓRIO... Більше

Sinopse
Prólogo
Capítulo II
Capítulo III

Capítulo I

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Від GiuliannaTavares3

Fiquei algumas horas conversando com a dona Marta e ela decidiu fazer uma reunião mais tarde comigo para que eu ficasse a par de tudo. Fui para casa e não encontrei as meninas, queria contar a grande novidade, mas o apartamento estava em silêncio e foi até melhor assim, acho que aquelas duas iriam me enlouquecer. Horas antes de ir para a reunião eu estava ansiosa demais e com a sensação de que algo muito bom iria acontecer.

O ruim de não se ter um carro é ter que pegar várias conduções e ônibus para chegar até o local combinado, a casa de dona Marta. Assim que cheguei reparei que não era uma simples casa e sim se tratava de uma bela e grande mansão. Não precisei tocar a sirene, logo a mesma estava com a porta aberta e sorria para mim. Já dentro da casa eu pude perceber que era bastante luxuosa, só tinha visto casas assim em novelas ou por revistas. Dona Marta mostrou toda a casa e os empregados que haviam ali e fiquei curiosa para conhecer o seu filho. Fomos para a sala e ela me pediu para me sentar.

— Lily. Acho, acho não, tenho certeza que foi Deus que te colocou em meu caminho. — Sorri para ela. — Mas antes que você aceite esse emprego eu devo tudo.

— Não estou entendendo, dona Marta. — Falei insegura.

— Por favor, eu te pedi para me chamar apenas de Marta. — Ela segurou a minha mão. — Eu tenho dois filhos, o Igor e a Laís. — Seus olhos brilhavam ao falar dos filhos. — Eles são gêmeos, mas quero ter falar outra coisa. O Igor desde pequeno ele foi influenciado pelo pai a aprender todo o tipo de lutas e com isso o meu menino cresceu e se tornou um lutador de MMA profissional. — Arregalei os olhos.

— O nome do seu filho é Igor? — Ela sorriu com os olhos. — O rei do MMA?!

— Sim esse mesmo. — Ela disse e eu fiquei boquiaberta. Sempre fui apaixonada por lutas do MMA e devo admitir que assistia todas as lutas do Igor e estar em frente a mãe dele me deixou eufórica.

— Caralho! — Acho que falei em voz alta. — Desculpe-me, Marta.

— Bobagem, minha filha. Então... Devo supor que você é uma fã do meu filho. Estou enganada? — Balancei a cabeça concordando.

— Sou fã sim dele, mas pelo que acompanho dos noticiários ele teve um acidente de carro depois do término da luta. — Ela abaixou a cabeça e vi uma lágrima escorrer. — Desculpe.

— Não, tudo bem. O Igor depois da luta foi comemorar com os seus amigos e acabou bebendo demais e na volta para o hotel perdeu o controle do carro causando o acidente. — Me lembrei de ver isso em um noticiário, mas depois disso não ouvi mais falar do acidente e nem como estava a sua recuperação. — Abafamos qualquer tipo de comentários sobre o acidente e para alguns jornalistas que procuravam saber do estado da saúde de meu filho sempre dizíamos que ele estava bem e que a recuperação dele estava sendo um sucesso, mas o que ninguém imaginava era que enquanto mentíamos sobre a saúde do Igor ele estava lutando contra a morte. — Coloquei a mão na boca, incrédula com tudo o que ela estava falando. — Ele ficou na UTI por um mês. Na época fizemos uma coletiva de imprensa e falamos que estávamos trazendo o Igor de volta para o Brasil para que ele se recuperasse totalmente em casa, mas não o trouxemos para cá e sim o levamos para a Suíça, lá ele foi cuidado pelos melhores médicos e mesmo assim me via impotente ao ver meu filho deitado em uma maca inerte quase sem vida. — Seus olhos estavam banhados em lágrimas e aquilo me cortou o coração. — Já estávamos sem esperanças que um dia ele acordasse e para a minha surpresa um dia ele finalmente abriu os olhos. — Segurei a sua mão transmitindo algum conforto. — Mas o pesadelo foi pior quando ele acordou.

— Entendo. — Minha voz saiu fraca. Tinha certeza que ele deve ter tido alguma sequela do acidente.

— Não, você não entende, meu anjo. Meu filho quando acordou se desesperou por que ele não conseguia sentir as pernas. Chamamos o médico e ele nos explicou que ele teve um traumatismo craniano e com o acidente ele teve uma lesão em sua coluna o levando a....

— Meu Deus!

— Com isso ele perdeu parte dos seus movimentos. O acidente fez com que ele perdesse os movimentos das pernas. Meu filho ficou inconformado e se fechou para o mundo. Tentamos de todas as formas fazer com que ele reaja, mas ele apenas desistiu da vida. Trouxemos ele para cá, mas mesmo assim ele continua o mesmo de quando estava fora. Ele não quer saber de fazer o tratamento. O médico não deu garantias, mas que ele poderia fazer algumas cirurgias para poder voltar a andar, mas ele se nega a fazer qualquer tipo de tratamento. Já chamei vários médicos, fisioterapeutas e nada. Ele simplesmente se isolou para a vida. — Ela abaixou a cabeça e nem tinha percebido que eu estava chorando.

— Se ele não quer um tratamento o que faço aqui? — Perguntei e ela olhou para mim.

— Você é a minha última tentativa. Não vou mentir de que estava entrando em desespero. Três dias atrás o Igor tentou se matar com os remédios que ele está tomando e eu como mãe não iria e nem vou deixar meu filho se acabar assim.

— Ele o quê?! — Praticamente gritei e ela se assustou com meu rompante.

— Eu o entendo, mas a morte não é uma solução. Meu filho era um rapaz que amava viver perigosamente, amava a vida e hoje não o reconheço mais.

— Dona.... Marta. Posso pedir para vê-lo? — Perguntei receosa.

— Claro, minha filha. — Ela se levantou e estendeu a mão para mim que aceitei. — Mas já peço desculpas antecipadamente por qualquer ato que venha do meu filho.

— Sem, problemas. — Ela me levou até o quarto dele e não vou mentir meu coração parecia que iria sair pela boca de tão ansiosa que eu estava.

— Aqui fica o quarto dele. — Apontou para uma porta. — Veja o meu filho e depois me diz se vai querer entrar nesta jornada comigo e aí poderemos acertar todos os detalhes. — Ela abriu a porta e o quarto dele estava totalmente escuro, apenas um abajur mal iluminava uma parte do quarto, não consegui controlar as minhas pernas e no momento seguinte já estava em pé ao lado de sua cama.

— Filho. — A Marta se referiu ao filho com tanto carinho que me imaginei no lugar dele se eu tivesse sido criado pela minha mãe. — Filho, quero te apresentar... — Ele estava com o rosto virado pelo lado contrário e nem fez esforço para nos olhar.

— Mãe, por favor! Já chega de trazer essas pessoas na tentativa de me ajudar. — Sua voz era grossa e rouca, mas soou fria. — Eu. Não. Quero. Ajuda! — Dona Marta olhou para mim como se pedisse ajuda.

— Olá, Igor. — Olhei para a Marta que fez gesto para que eu prosseguisse. — Sou uma grande fã sua e....

— Sinto te decepcionar, mas acho que não posso ter mais fãs do jeito como estou. — Se virou e pude encarar aqueles olhos. Meu Deus! Estava de frente para o rei do MMA. — Sai daqui! — Gritou comigo e por incrível que pareça eu não me assustei.

— Olha aqui, Igor. Sou sua fã sim, mas não venho aqui como uma e sim como uma profissional que sou. — Ela me olhou de baixo para cima e sorriu.

— Olha, agora vejo que a minha querida mãe começou a trazer as profissionais, agora. — Pude sentir o duplo sentido na palavra profissional e uma raiva tomou conta de mim.

— Olha aqui seu ogro, eu não sou nenhuma puta se foi isso que você quis deixar a entender. Sou sim uma profissional, na verdade quase, mas estou me formando em fisioterapia e você mesmo estando como está não deveria agir assim com as pessoas. Sua mãe só está tentando te ajudar! — Não consegui ter filtro, cérebro e boca. Coloquei a mão na boca e olhei para a Marta que estava olhando para mim e depois para o filho. — Desculpe-me dona Marta, mas acho que não dá para mim. — Olhei para ele e ele me fitava incrédulo. — Sabe o porquê eu era sua fã? — Ele nada falou. — Todas as vezes que eu assistia as suas lutas e via os seus rivais te trucidando no octógono, você sempre virava o jogo ao seu favor. Você nunca desistia de uma luta, por mais ruim que ela estivesse. — Ele arregalou os olhos. — Quem eu vejo deitado aqui em cima dessa cama não é o mesmo cara por quem eu sou fã. O Igor, o rei do octógono ele sim nunca desiste de uma luta, mas esse que está aqui diante de mim não passa de uma pessoa sem vida. — Lágrimas saiam dos meus olhos livremente. — Eu sinto pena.

— Não preciso da sua piedade ou pena, garota! — Esbravejou.

— Não sinto pena de você! — Gritei. — Sinto pena de você estar matando o melhor de você. Sua vida era as lutas, mas ela ainda não acabou!

— Você não sabe do que está falando!

— Não sei?! — Não estava me reconhecendo. — Não é só por que você está assim que deve entrar a luta facilmente. Só covardes param de lutar pelos seus objetivos. — Me virei e olhei para dona Marta. — Sinto muito senhora, mas não vejo motivos para pegar esse emprego, ele não quer a sua ajuda e nem a de ninguém, por que não podemos ajudar quem já está morto. — Me virei para sair, mas fui interrompida por um grito.

— Você fica! — Ele falou e me virei para encará-lo. — Não pense que pode me falar essas coisas e sair daqui. — Sorriu. — Mãe, a senhora poderia nos dar licença, por favor? — Olhei assustada para a dona Marta e depois para ele.

— Claro, meu filho. — Ela se aproximou de mim. — Estarei lá fora se precisar de mim, minha querida.

— Eu não tenho que ficar aqui ouvindo desaforos dele. — Apontei para o meu até então ídolo com uma cara feia.

— Escute o que ele tem a dizer. — Dona Marta beijou minha testa e saiu.

— Qual o seu nome? — Ele me perguntou de forma contida, mas ainda tinha resquício de raiva em sua voz.

— Me chamo Liliane. — Ele arqueou a sobrancelha.

— Então, Liliane.... Como ousa falar comigo daquela forma que falou? — Seu tom era baixo, mas não deixou de ser ameaçador.

— A partir do momento que vi a sua mãe desesperada atrás de qualquer pessoa que pudesse te ajudar, mas a pessoa que vejo não precisa de ajuda. Até porque ele sabe se virar sozinho não é? — Meu Deus! O que estava acontecendo comigo?

— Você não sabe de nada de minha vida.

— Sei sim, você começou a lutar profissionalmente aos seus dezoito anos, por influência de seu pai. Você é faixa preta em várias modalidades. — Ele arqueou a sobrancelha. — Você no começo de sua carreira perdeu várias lutas, mas com persistência começou a ganhar e não parou até hoje. Você tem vinte e oito anos, é embaixador de uma ONG que defende mulheres de abusos sexuais. Você é ou era um típico galinha, sempre era clicado com várias mulheres diferente, mas nunca se casou, apesar de ter rumores sobre um possível noivado com uma modelo russa.

— Você só sabe coisas minhas que a mídia coloca. — Me repreendeu.

— Pode até ser Igor, mas aquele Igor que eu narrei a pouco esse não desistia dos seus objetivos. — Ele se ajeitou na cama e percebi que ele estava sem camisa. Aquele peitoral me distraiu por um momento. — Sabe o que é mais triste nisso tudo? — Ele nada falou. — O triste é ver uma pessoa com a sua potência se destruindo gradativamente. Eu vim até aqui por que a sua mãe me pediu. Ela está lutando pela sua vida, mas ela não pode lutar sozinha.

— Não sei se consigo. — Ele falou tão baixo que quase não conseguia ouvir.

— Em uma entrevista você falou a seguinte frase: "No octógono os nossos adversários estão ali com o intuito te de derrubar, de fazer você desistir de lutar pela sua vitória, mas o poder de ganhar uma luta ou não está na forma como você reage ao ser derrubado. Cabe a você se levantar e lutar ou permanecer no chão e desistir e eu nunca desisto fácil, se quiserem me ver no chão podem até conseguir, mas eu irei sempre levantar.". — Olhei para ele e seu rosto estava banhado em lágrimas. — Essas foram as suas palavras, agora cabe você as segui ou não. Sua recuperação só você pode conseguir.

— Eu nunca vou voltar a lutar! Nunca! Acabou para mim!

— E aí você simplesmente desiste de tudo? É mais cômodo desistir da própria vida? — Perguntei e ele me encarou e seus olhos me passaram algo que não consegui decifrar.

— Você não me entende. — Falou baixo.

— Entendo sim, entendo que o homem que habitava em você não existe mais só por causa de uma probabilidade de você não andar mais. Mas quer saber? Existem pessoas piores que você. Pessoas que não têm a metade do apoio que você tem. Pessoas que dariam tudo para estarem ao menos podendo mexer os braços, ou falar, enxergar, mas não.... Você quer enxergar o lado ruim de estar assim.

— Meu Deus!

— Sim, Deus te deu uma nova chance para viver. Viver, Igor! Pare de bancar o mimado que não quer ajuda só por que não pode andar. Não está vendo que a sua vida está passando diante dos seus olhos! — A porta foi aberta e uma mulher entrou por ela e me encarou.

— Cara, você merece os meus parabéns! — Ela olhou para o irmão e depois para mim. — Nunca ninguém jogou a realidade na cara do meu irmão dessa forma. — Irmão?!

— Me desculpe, mas já estou de saída, não perderei mais meu tempo aqui. — Sai e encostei na parede mais próxima e fechei meus olhos. Senhor! Como eu tive a coragem de dizer tudo aquilo para ele? Acho que fiquei um bom tempo com os olhos fechados e nem percebi que a mesma mulher estava na minha frente.

— Ele está te chamando. — Falou e percebi que ela estava com um sorriso no rosto. — Por favor, venha comigo. — Não sei bem o porquê que voltei para aquele quarto, mas voltei.

— Laís, vá chamar a nossa mãe, por favor. — Ela sorriu para mim e saiu. Ficamos nos encarrando por algum tempo até que alguém pigarreou.

— Me chamou, filho? — A mãe dele perguntou com a mesma ternura de antes.

— Sim, quero comunicar uma coisa. — Dona Marta olhou para mim e sorriu. — A partir de hoje a Liliane será a minha fisioterapeuta, mas tenho algumas condições.

— Quais meu filho?

— Ela dormirá nessa casa, mais precisamente aqui no meu quarto. — Arregalei meus olhos e percebi que a sua irmã estava rindo. — Como ela mesmo falou, ela não se formou ainda então.... Depois de sua formatura nós vamos para Londres. — A mãe dele estava com um sorriso largo no rosto. — Quero ver alguns especialistas e quero que ela participe de todo o processo. — Ele olhou para mim. — Algum problema com isso Liliane? — Me perguntou e eu estava petrificada no lugar. Minha boca se abriu, mas nenhum som saiu dela.

— Não posso aceitar isso, quer dizer não...

— Mãe, caso ela não aceite ficarei do mesmo jeito que estou, sem tratamentos, sem cirurgias e nem nada. — Ele não podia estar fazendo chantagem emocional. Poderia?

— Lily. — A Dona Marta me olhou com ar de suplica.

— Eu não posso. — Falei e tentei sair, mas a mesma segurou meu braço.

— Não precisa me responder, não hoje e agora, mas pense com carinho.

— Eu não sei....

— Lily pense que com esse emprego você estará abrindo portas para você e além do mais como você mesmo falou comigo mais cedo.... Você está precisando do emprego, o salário é bem mais do que você poderia ganhar em qualquer outro. — Ela segurou a minha mão. — Apenas pense a respeito. — Assenti e ela sorriu.

— Mãe peça para que a levem em casa. — Ouvi a voz do Igor e ela transpirava autoridade.

— Vamos, Lily. Vou pedir que a levem em casa.

— Ok. Tchau Laís. — Ela sorriu. — Adeus, Igor. — Ele me olhou com tanta intensidade.

— Até breve, Lily. — Ele disse meu apelido de uma forma diferente que não saberia explicar, mas uma coisa teimava na minha cabeça. Aceitar ou não aquela oferta do Igor.

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