–Tsc... Eu não entendo por que não podemos ir! –Resmungou Alex cruzando os braços e lançando olhares furiosos para a central de polícia do outro lado da rua. Felix, que estava sentando ao seu lado, rolou os olhos com aquela atitude. O que ele esperava? Que com aquela cara feia poderia mudar de alguma forma a situação a qual se encontravam?
–Não acha que os policias poderiam estranhar um grupo tão grande de pessoas adentrando lá só para perguntar sobre um veiculo que está sobre investigação? Isso pareceria muito suspeito. –Explicou o dragão negro mais velho.
Alex deu os ombros, ainda chateado por ter sido deixado de lado, Pablo, tio Erich e seu pai tinham entrado já fazia alguns minutos, provavelmente Arthur iria usar suas habilidades para manipular a mente dos humanos, caso fosse necessário, para que assim pudessem conseguir as evidências recolhidas do local da explosão e logicamente o veiculo. Talvez ali estivesse mais informações sobre a misteriosa organização liderada por um dragão verde que comercializava dragões brancos indefesos.
–Devíamos estar participando das buscas junto com os outros dragões vermelhos... –Continuou a resmungar.
–Às vezes acho que você é meio burrinho...
Alex rosnou para o primo que apenas levantou as mãos em sinal de paz.
–Por acaso esqueceu o que Pablo disse sobre dragões púrpuras que estão visitando nosso território? E se esbarramos neles? Como explicar nossa existência? Nossa localização deve perpetuar em segredo para evitar que lunáticos vingativos nos ataquem (de novo)... Além disso, dragões púrpuras não são nossos maiores fãs ou esqueceu da nossa ultima visita do membro desta raça?
–Eu sei... Mas é que... Não quero só ficar sentado e observar tudo!
–Paciência é uma boa qualidade sabia?
–Tsc... –Cruzou os braços, ainda carrancudo.
–Que tal conversarmos um pouco para passar o tempo?
–Já não estamos conversando?
Felix suspirou, seu priminho realmente estava se fazendo de difícil.
–Então, vamos mudar de assunto, sim? Que tal falarmos agora do seu romance com a Amélia? Hummm? –Sorriu provocador arqueando as sobrancelhas de forma dramática. Agora era a vez de Alex rolar os olhos.
–Não existe romance nenhum...
–Ora, não? Mas vocês até tiveram um primeiro encontro!
–Encontro que foi meio que forçado por sua culpa! –Enfatizou com um rosnado cada palavra.
–Até parece que você não gostou! –Riu divertido –Eu só deu um empurrãozinho, afinal vocês pareciam não ter coragem para dar um primeiro passo!
–Tsc... –Resmungou o mais novo e virou o rosto para o lado.
"Meu primo é tão eloquente!" Pensou Felix chateado.
–Você ganhou até um beijo! –Lembrou triunfante.
–Foi na bochecha!
–Bem , já é o começo! A minha primeira vez, digo referente a beijo, com o Pablo foi...
–Não! Eu não quero saber! –Cortou o mais novo.
–Ora, por que não? –Fez biquinho –Seria algo meio que educativo!
–Não quero imaginar você e o Pablo...Beijando e fazendo coisas.
–Que tipo de coisas?
–Você sabe! COISAS! –Rosnou, mas suas bochechas estavam totalmente vermelhas. Felix teve que se controlar para não rir.
–Owt... Meu priminho é tão fofinho quando fica embaraçado!
–AH! Cala boca!
–Quer que eu explique como o dragãozinho macho se relaciona com uma humana ou uma dragão fêmea? Posso ampliar a aula para como dois dragões machos se relacionam, se quiser! Posso fazer esquemas e desenhos...
–Felix! –Choramingou –Sério...Isso seria traumatizante!
O outro dragão negro teve que soltar uma gargalhada da expressão de medo do seu priminho.
–Tsc...Eu estou falando sério!
–Desculpe, mas é que você agiu de forma tão fofa que não pude evitar. –Disse limpando as lágrimas no rosto –Mas enfim, você deseja iniciar um relacionando com a Amélia, não é?
–Eu não quero procriar com ela...
–Oh! Céus! Não fale desta forma... Sinceramente, pare de andar perto do tio Erich ele está te tornando em um dragão bruto que nem ele. Nem toda a relação deve resultar em procriação! Você bem sabe disso... Esqueceu daquele lance de parceiros por toda a vida que os dragões tem? Sobre achar alguém que cuide de você e que confie a sua vida a ele? Esse papo de proteção e amor...
–Mas eu não sei se ela seria a minha parceira...-Confessou.
–Você algo por ela?
–Sinto...Digo...Eu não sei...É algo diferente que eu nunca senti antes por outra pessoa seja dragão ou humano. Tipo, quero protege-la... Não gosto quando outros machos ficam perto dela...E o cheiro? Ela tem um cheiro maravilho. Não conte para ela isso que estou falando!
–Não se preocupe, primo, isso é segredo entre bros.
–Bros? O que isso?
–Esquece...-Rolou os olhos Felix – Bem, nem todos sabemos logo de cara se encontramos nosso parceiro ideal, temos que continuar tentando até que a peça perfeita para completar o nosso coração apareça.
–Você acha que o Pablo é ...Sua peça perfeita? –Inqueriu, relutante.
Felix sorriu.
–Eu acredito sim... Sei que somos.
Alex soltou um grande suspiro e olhou novamente para a central de polícia, agora a sua mente estava dividida, uma parte estava frustrada por não estar ajudando em nada na investigação e a outra parte também estava frustrada devido a sua confusão de sentimentos em relação a irritante humana (também conhecida como Amélia).
–Os humanos costumam ser mais abertos em seus relacionamentos, eles ficam, namoram, noiva e depois casam... Normalmente. Bem que existem muitas relações muito complicadas, mas enfim, de forma geral é assim que eles se relacionam. Ao contrário dos dragões que tem dois tipos de relacionamentos : Procriar e parceria. E que ambos, nem sempre se misturam.
Os dois permaneceram em silêncio por alguns minutos, até que o mais novo tomou a coragem para perguntar por fim:
–Supondo que eu queira namora-la.
–Sim? –Felix tentou não parecer ansioso, só os deuses sabem o quão está sendo difícil fazer Alex falar sobre os seus sentimentos.
–O que eu devo fazer?
O dragão negro mais velho deu um grande sorriso, dentro de sua mente estava gritando de felicidade, tinha conseguido alcançar seu objetivo!
–Bem, acho que primeiro você deveria ligar para ela...Acho que a minha priminha estava se sentindo meio que excluída de todo esse grande evento. Você poderia anima-la.
–Só isso? –O tom de Alex parecia uma mistura de confusão e irritação –Para que eu tenho que anima-la? Lógico que ela não pode participar! Ela é uma humana, não tem poderes e tão pouco resistência para enfrentar humanos armados ou mesmo dragões! Ela está muito melhor aonde está, segura dentro da escola!
–Se continuar falar deste jeito, metido a macho-alfa, não irá conseguir conquistar a Amélia! –Repreendeu o outro –Se ela for a sua parceira , deve ter uma relação mutua de companheirismo! Ambos devem se proteger, lembra?
–Mas ela não é um dragão...
–Isso não significa que ela não tenha direito de ser independente e também querer ajudar do seu modo. Deve dar uma chance a ela... Aposto que irá se surpreender com o que os humanos podem fazer.
Alex não respondeu, agora seus olhos estavam voltados para baixo, para o seu celular.
–Ligue para ela...
–E o que eu falo? Não sou bom em animar ninguém!
–Sei que dará um jeito! –Deu tampinhas de encorajamento nas costas do primo.
Alex novamente soltou um suspiro e se resignou a missão...Ligou para a Amélia.
***
Felix não estava gostando nem um pouco das expressões que seu primo estava fazendo enquanto falava no telefone, infelizmente os dragões não eram conhecidos por sua grande audição e nem seria educado ouvir a conversa particular de um casal, mas... Sentia que tinha algo muito errado.
–O que houve? –Disse por fim ao ver Alex encarar o telefone como se o aparelho estivesse amaldiçoado ou algo do tipo.
–Nós temos que ir atrás da a Amélia! Agora!
–Ah? C-como assim? O que houve com ela?
–Dragão verde... –Rosnou o rapaz, suas mãos seguravam o cinto de segurança com tamanha força que quase rompeu as fribras e para completar o cinto estava começando a se congelar, o poder de Alex estava fora do controle.
Aquelas duas palavras foram o suficiente para fazer Felix ligar o carro.
–Devemos avisar ao resto? –Perguntou Alex, olhando de relance aonde estaria seu pai e os outros.
–Não... Não temos tempo, vamos logo atrás dela! –Nisso Felix manobrou o carro e saiu, cantando pneu.
Tinham uma humana para salvar.