Meu Garoto

By LilithEvans

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Lia foi traída por seu marido e mesmo sem o apoio da família, decide deixá-lo. Do alto de seus trinta e três... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15

Capítulo 9

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By LilithEvans

Amélia que era mulher de verdade? Era, é? Para mim, Amélia era falsa, passiva. Aposto que se masturbava quando o marido ia trabalhar. E duvido que pensava nele quando gozava. Amélia era um tipo de mulher sem personalidade própria: já veio com manual de instruções e tudo. Todo homem lida bem com uma Amélia. Quero ver é lidar comigo!

Ana Paula Fernandes Venturra

- Então você foi ao motel com o Augusto?! - gritou Daniela, após eu relatar-lhe os acontecimentos da noite anterior.

- Shiu!!! - pedi, indicando Clara e Francisco que dormiam no banco de trás do carro.

Bufando, ela cruzou os braços diante do peito e ajeitou-se raivosamente no banco do passageiro.

- O que foi? Por que a indignação? - perguntei.

- E você ainda pergunta?

Fiz cara de desentendida e ela explicou:

- Lia, isso não está certo! Você não pode fazer isso!

- Isso o que?

- Ficar agindo como uma adolescente! Saindo cada dia com um! Pense nos seus filhos! Pense no que irão falar de você!

- No que irão falar de mim?! Ora Daniela, que falem o que quiserem! Ninguém tem nada a ver com minha vida!

- É? E sua família? O que diria se soubesse que você saiu com meu irmão?

- É o que vamos descobrir agora. - respondi, enquanto estacionava ao lado do carro de Jonas, que havia sinalizado para que parássemos num restaurante à beira da estrada para almoçarmos.

- Lia, você não vai fazer isso! - berrava Daniela, enquanto eu saía do carro e me dirigia até meu irmão.

- Jonas, o que você acha de eu sair com o irmão da Daniela? - disparei, enquanto ele tirava Rebeca, sua filhinha, da cadeirinha de bebê do banco traseiro do carro.

- O que?! - perguntou ele, surpreso - O Felipe?

- É.

- Ele não é muito novo para você? - disparou meu irmão, para minha agonia.

Daniela exultou ao meu lado.

Ao ver que Clara e Francisco se aproximavam, ainda sonolentos, limpando os olhos, ele emendou:

- E sabe do que mais? Você não deveria ficar falando esse tipo de coisa perto dos seus filhos! Você deveria era se acertar com o Augusto de uma vez e parar de besteira!

Ótimo. O machismo mais uma vez venceu. Eu deveria, segundo a opinião geral da nação, aceitar passivamente a traição de meu marido e continuar posando de mãe e esposa exemplar. Amélia, minha cunhada, que aceitara por anos e anos as mais diversas traições de Jonas, apenas me olhou, um pouco sem jeito. Fiquei a observá-la, com os ombros curvados, carregando Rebeca enquanto meu irmão se dirigia ao banheiro. Seus cabelos estavam sem corte, mal pintados, suas roupas velhas, gastas e largas, denotavam o quanto sua autoestima estava comprometida. Após enfrentar uma gravidez de risco aos quarenta anos, numa tentativa desesperada de "segurar" o marido, ela largara o serviço e dedicava-se apenas ao "lar".

- Amélia, você é feliz? - interroguei, arrancando-lhe um olhar de espanto e surpresa.

- Eu?!

- Sim, você.

- Lia, deixe Amélia em paz, ela não tem nada a ver com suas sandices.

- Não Daniela, agora quero saber, de alguém que passou pelo mesmo que eu e decidiu perdoar, se ela é feliz.

- Olha Lia... Você e eu, nós somos muito diferentes...

- Diferentes como?

- Ah, você sempre foi tão segura de si, independente, forte, decidida...

- Mas você também é Amélia! Por que aceita as traições do meu irmão?

- Lia, agora chega. - interrompeu Daniela, me arrastando para o banheiro.

- O que foi? - quis saber, intrigada.

- Lia, percebe o que você está fazendo? Tentando convencer sua cunhada a largar o seu irmão?!

- Ora Dani, era o que ele merecia por ser tão machista e tão infiel. Honestamente, não acredito que vocês querem que eu me torne uma mulher infeliz e conformada como Amélia!

- Não quero que você se transforme numa Amélia! Mas também não precisa se transformar numa rameira!

- Rameira, eu? Olha só quem está falando! Ao menos eu nunca me envolvi com homens casados, sabia?

- Mamãe? Eu quero ir ao banheiro. - era Clara, que nos alcançara.

- Claro meu bem, vamos lá que a mamãe ajuda você.

A discussão cessou com a chegada de Clara. Pelo menos por ora.

Após seis horas de exaustiva viagem, chegamos ao litoral. A casa que alugamos era simplesmente ótima, pois ficava numa praia de mar calmo e poucas ondas. Ainda era dia e as crianças quiseram brincar na água gélida do litoral sul. Acompanhei Clara e Francisco, enquanto os demais arrumavam e limpavam a casa. Quando chegamos, Jonas já estava assando carne e Amélia preparava os acompanhamentos para o churrasco. Dei banho nas crianças e também me arrumei para jantar. Comemos em silêncio, evitando lembrar da desagradável discussão que ocorrera naquela tarde. Apenas o rádio inundava o ambiente de som. Durante uma música e outra, anunciaram um festival de música que aconteceria naquela semana, onde estariam presentes diversos artistas, tais como Armandinho, Ivete Sangalo e Jota Quest. Daniela brincou:

- Ei Lia, me empresta seu carro para eu ir a esse festival?

Não resisti e cutuquei:

- Só se você me der o telefone do seu irmão!

- Lia, vai cagar!

- Amélia, você põe as crianças para dormir, por favor? - pediu Jonas, sem me encarar e percebi que lá vinha bronca.

Assim que minha cunhada saiu do recinto com as crianças, Jonas disparou:

- Escuta aqui Lia, chega de palhaçada. Não tem a mínima graça essa sua brincadeira com o Felipe. Acabou. Especialmente na frente das crianças.

- Ora, e quem é você para me dizer isso?

- Sou seu irmão mais velho e tio da Clara e do Francisco.

- Grande coisa! Acaso esqueceu daquela vez em que Amélia te botou para fora de casa porque o pegou com aquela sua aluna e você foi para minha casa? Acha que aquilo foi um bom exemplo para as crianças?

- É diferente, Lia. Eu sou homem.

- O que?! Ah, me poupe Jonas, eu esperava um argumento melhor vindo de você!

- Esquece Lia, isso não vai acontecer.

- Isso o que?

- Você e o Felipe.

- E por que não vai acontecer?

- Porque você é doze anos mais velha que ele, oras!

- Outra porcaria de argumento, tenta algo diferente.

- Tá bom, então não vai acontecer porque eu não vou deixar! - disse ele, pondo-se em pé e dando um murro na mesa.

- Veremos. - respondi, também ficando em pé e encarando-o.

No dia seguinte, ninguém mais tocou no assunto. Decidimos, pelo bem das crianças, conviver pacificamente. Amélia até se prontificou a ficar com Clara e Francisco para podermos ir ao Festival de música, Daniela e eu. No caminho para o local, Daniela acabou tocando no assunto:

- Jonas me perguntou se era sério o seu interesse pelo meu irmão.

- E o que você disse?

- Que tudo não passava de uma brincadeira sua. Que ele não deveria lhe dar ouvidos. Que você está muito abalada por causa do divórcio e tudo o mais.

- E por que raios você falou isso para ele?

- Para ele parar de encher o saco, Lia. Deixa ele pensar assim. Afinal de contas, o que houve entre você e o Felipe já acabou, foi apenas uma noite, não foi?

Silenciei. Eu desejava ardentemente que não houvesse sido apenas uma noite. Eu queria muito que ele pensasse em mim tanto quanto eu pensava nele. Queria que ele sentisse saudades da minha pele, do meu cheiro, dos meus carinhos, tanto quanto eu sentia saudades dos dele. Liguei o rádio e comecei a cantarolar junto com um cantor de axé qualquer, que compusera uma dessas músicas grudentas que não saem da cabeça nem das rádios o verão inteiro. Eu tentava não pensar nos braços fortes de Felipe, no seu peito musculoso, no seu sorriso de menino, mas eu simplesmente não conseguia.

Estacionamos o carro e dirigimo-nos para a imensa fila de entrada. Haviam duas: uma para maiores de dezoito anos, e outra para menores. Ao entrarmos na fila para maiores, brinquei:

- Ufa, não somos as únicas "tias" por aqui.

- Não mesmo. - comentou uma voz masculina atrás de mim.

Ao me virar, deparei-me com um rapaz loiro, de olhos verdes, estatura mediana, porte atlético, com um sorriso muito simpático estampado no rosto. Ele aparentava ter mais ou menos a minha idade.

- Vim com os meus sobrinhos. - continuou ele, indicando dois adolescentes, que acenaram para gente da fila ao lado. - Vê?

A garota é a Viviane, tem 16 anos, e o menino, é o Igor, de 15.

- Ah, eu deixei a criançada em casa. - respondi, rindo.

- Sobrinhos? - perguntou ele.

- Filhos. Uma menina e um menino.

- Quantos anos eles têm?

- Clara tem seis anos e Francisco, quatro.

- Ah, são novinhos ainda. Ficaram com quem?

- Com a tia. - respondi, rindo.

- Com a outra tia, você quer dizer. Porque eles me consideram tia também. - intrometeu-se Daniela, quase me derrubando para chegar mais perto do rapaz.

Ele a olhou meio assustado, enquanto ela continuava:

- Me chamo Daniela, e você?

- Caio.

- Tem quantos anos, Caio?

- Trinta.

- Solteiro?

- Sim.

- Mora aqui?

- Sim.

Eu apenas observava o interrogatório e ria interiormente. Os sobrinhos de Caio que observavam tudo à distância também.

Extremamente sem jeito, ele se virou para mim e perguntou:

- E quanto a você?

- Me chamo Lia. Trinta e três anos, divorciada. - respondi, como a uma entrevista de emprego.

- O que você faz da vida, Caio? - interrompeu Daniela novamente.

- Sou engenheiro civil.

- Ah, eu sou arquiteta! - vibrou ela, encontrando finalmente um assunto em comum para debater com ele.

Conforme a fila avançava, o interrogatório também avançava.

- Tem namorada?

- Não.

- Eu também não.

- E quanto a você, Lia? - perguntou ele, virando-se para mim.

- Tô com um projetos aí, como diz a garotada. - respondi, rindo.

- Ah, os filhos da Lia a matam se ela arranjar um namorado! - comentou Daniela.

- Eles também não querem que você arranje um Daniela, porque disseram que você deve me fazer companhia, lembra? - respondi brincando e levei um pisão no pé como resposta.

Enquanto eu pulava, segurando o pé ferido, me contorcendo de dor, Caio tinha uma expressão perplexa, já que ele não vira o pisão que eu levara. Seus sobrinhos, entretanto, assistiam a tudo, divertindo-se.

Finalmente adentramos o recinto e como a fila dos adolescentes estava mais longa, Caio parou junto à entrada para aguardar seus sobrinhos. Eu e Daniela seguimos em frente, enquanto ela cochichava em meu ouvido:

- Como assim você diz a ele que seus filhos não querem que eu arrume um namorado? Se eu tinha alguma chance com ele, você acaba de reduzi-la à metade!

- Hã? Por que?

- Ah Lia, você não entende nada mesmo de vida de solteiro!

- Olha, não entendi nada mesmo. Por que reduzi suas chances? Você queria namorar com ele?

- Claro né Lia!

- Mas Dani, ele mora a 600 quilômetros de distância da gente!

- E daí?

Dei de ombros. Eu não ia entender a lógica dela mesmo. E também, eu achava pouco provável que o encontrássemos de novo. O festival estava lotado e o local era imenso. Eu já havia me esquecido completamente de Caio e seus sobrinhos, preocupada apenas em curtir o show do Armandinho quando houve um intervalo, Daniela quis ir ao bar, para buscar cerveja. Topei acompanhá-la e de lá, ela quis dar uma volta na pista eletrônica, localizada ao lado. Ela foi se enfiando no meio da multidão e qual não foi minha surpresa quando deparei-me com a sobrinha de Caio ao meu lado. Inacreditável. Daniela o havia buscado e encontrado em meio àquela multidão. Ele não fez uma expressão muito satisfeita ao nos rever, mas ela não pareceu perceber e logo começou a interroga-lo novamente.

- Puxa, que milagre encontrá-los por aqui! - comentei com a sobrinha dele.

- Nem me fale! - respondeu ela, rindo. - Pelo jeito, sua amiga não é de desistir fácil.

- Ah, mas não é mesmo!

- E o pior é que o pobre do meu tio estava interessado era em você.

Aquiesci, dando um sorriso amarelo. Eu havia percebido. Mas apesar de Caio ser muito atraente, eu não conseguia tirar um certo moleque dos meus pensamentos. O que Felipe estaria fazendo naquela sexta à noite? Como em resposta aos meus devaneios, meu celular vibrou dentro do meu bolso. Abri um enorme sorriso ao ver que Felipe havia enviado uma mensagem inbox para mim pelo facebook. Meu Deus, ele era meu amigo no facebook e eu nem sabia!

A mensagem dizia:

"Estou com saudades. Me liga quando você voltar, meu telefone é: XXXX-XXXX."

Exultante, dei um salto de alegria que imediatamente chamou a atenção de Daniela. Agarrando-a pelo pescoço, mostrei-lhe a mensagem e disse:

- Viu? Não preciso mais que você me dê o telefone dele! Ele próprio me deu!

Ela fez uma careta e me empurrou, ocupada demais em xavecar

o Caio e sem tempo nem disposição para implicar comigo.

- O que houve? - quis saber Viviane.

- Recebi uma mensagem de alguém especial.

- Hum... Por isso o pouco interesse pelo meu tio. - concluiu ela, rindo.

Emendei um papo com os dois adolescentes, enquanto dançávamos ao som da música bate-estaca que inundava o ambiente. Caio logo veio chamar nossa atenção, para avisar que o show da banda "O Rappa" havia começado. Eu não sou muito fã deles - para ser sincera, nem sei direito que música eles tocam - mas acompanhei-os de volta ao palco de bom grado. Me entrosei logo com Viviane e Igor e aproveitamos muito a noite, que seguiu com shows do Jota Quest e Ivete Sangalo. Daniela finalmente conseguiu trocar uns beijos com Caio e também ficou satisfeita.

Na volta para casa, ela precisou voltar dirigindo porque eu havia bebido demais. Nos perdemos pela cidade e quando percebemos, já estávamos às margens de uma linda Lagoa no lado oposto da cidade. Passamos também pelo centro e ali descobrimos alguns barzinhos da moda. Era uma cidade realmente linda, mas eu não conseguia parar de pensar no momento em que finalmente iríamos embora e eu veria Felipe novamente. Daniela tagarelava sem parar, falando de Caio, e eu apenas concordava, com o pensamento distante.

- Sabe, à princípio, eu achei que Caio estava interessado em você.

- Que bobagem - disse eu, dissimulando - Além do mais, mesmo que fosse, ele não teria a menor chance.

- Por causa de Felipe?

- Sim.

- Você vai mesmo ligar para ele?

- Vou.

- Não há nada que eu possa dizer para fazê-la mudar de ideia, não é mesmo?

- Não.

Daniela suspirou e ligou o rádio. Deu a discussão porencerrada.il3+C79��Q���


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