Unforgettable 2

By semnexo

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Segunda temporada de Unforgettable A atraente polícia foi alvejada graças à sua atração por perigo, ou terá s... More

De volta a casa
'O James tem cá uma sorte...'
O prometido gelado
The decision
Gala de rugby
Drunk in love
Saturday Night - I
Saturday Night - II
Go home
Senhora de olhos turquesa
Recovery
Soul's connection
Friends will be friends
Acidente ou crime?
Nota Importante

Raio de miúda!

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By semnexo

A espera fora talvez a parte mais dolorosa. Foi, na parada sala branca, que me apercebi do que estava a acontecer. Quando James me ligou não tive qualquer reação, entrei em choque e o mundo parou. Estava só e rodeado de pessoas. Todos ansiosos por notícias. Tinha arrepios e frio, suava, e nem a porta aberta deixava o ar quente fugir. Sentia-me tão vazio e tão cheio. De sensações e memórias. Jennifer fora alvejada e corria perigo. A sua bravura encaminhou uma bala até si e, por meros centímetros, podia a morena morrer. O meu maior medo concretizava-se. James estava abalado e culpabilizava-se por este incidente. Ele podia ficar sem a sua parceira. Eleanor sem a sua amiga louca. E eu sem a emoção e desafio de ter alguém tão belo e magnífico como ela.

Jennifer pedira a James para "lhe dizer que sim", talvez a mim, talvez prevê-se o pior e queria admitir que a minha teoria estava correta. Não podia ser, não queria que as suas últimas palavras fossem aquelas, para mim. Não queria que os seus últimos pensamentos fossem acerca duma coisa que odiava. Começava a sentir-me mal. Um aperto no coração e um suspirar impaciente vindo de James. Disse-me que me amava e eu cheguei a dizer-lho, todavia ela poderia não ter visto. Ela não poderia partir sem aceitar que eu a amo e a quero para sempre, que se for eu vou também - e não serei o único com certeza. Jennifer teria de ver os pais, percorrer a sua adorada cidade – como ela dizia "o singular Porto" – e ter mais umas quantas aventuras malucas pelo mundo. Ela precisava e o mundo também.

Eleanor chegou ao mesmo tempo que o homem de bata branca se aproximou de nós. Olhou-nos com os seus olhos vermelhos e aguados, sorrindo em seguida, como se nos quisesse lembrar do que Jen faria, da bravura que teria.

- Acompanhante de Jennifer Azevedo? –o doutor questionou seriamente.

Levantei-me com James e as minhas pernas tremeram. A seriedade do médico não nos indicava nada além do profissionalismo e da evidente longa carreira.

- Já a podemos ver? –quebrei o silêncio

- Calma, a maninha é forte –o senhor de cabelos grisalhos falou com uma pequeno riso.

Eleanor gargalhou e o ambiente ficou menos pesado. O doutor parecia estar também menos tenso e mais amigável.

- Não somos familiares –James declarou.

- Colega de trabalho e dois amigos? –o senhor olhou para os papeis que trazia e cerrou os lábios.

Não pode, de uma vez por todas, dizer se ela está bem? Tentei não parecer desesperado. Aguardei com os outros pelas palavras sábias.

- Sabem se os familiares demoram?

Depois de segundos, que pareceram uma eternidade, a única coisa que se ouviu foi a pergunta sobre a família de Jennifer. Eleanor explicou que ela estava sozinha, os familiares em Portugal e ela cá, já há vários anos, e que não tinha maneira de os contactar. Além disso, ambos sabíamos que era uma péssima ideia contactá-los.

- Raio de miúda! –o doutor decretou e os meus olhos arregalaram-se. - Sendo assim –voltou ao silêncio pensativo. Era difícil não falar. Todos queríamos notícias e o doutor parecia estar a adorar brincar com os nossos sentimentos e desejos. – vou abrir uma exceção! Quem é o primeiro?

Sorriu-nos e nós entreolham-nos.

- A miúda é forte, mais do que pensava! Ela veio mesmo sozinha?

Suspirei de alívio e logo gargalhamos respondendo afirmativamente.

(...)

O senhor de cabelos grisalhos acompanhou-me até à porta do quarto onde Jennifer se encontrava. Já nos tinha esclarecido e ela apenas tinha de estar em observação (não corria grande perigo) embora não pudesse fazer esforços. Bati levemente na porta branca e abri-a.

Eu não teria reconhecido Jen. Tinha um tubo de oxigénio enfiado no nariz e um de soro no braço, preso por frágeis adesivos que contrastavam –ela era tão forte. Fios ligavam-na a um monitor, ondes linhas eletrónicas ondulantes traçavam silenciosamente os batimentos cardíacos. O seu ombro esquerdo com um penso, a bata hospitalar folgada, o corpo inerte e a cara um pouco pálida.

Sorriu-me calmamente e eu sorri. Como é bom vê-la sorrir.

- Então coisa boa? –beijei-lhe a testa.

- A cama até é confortável –respondeu baixo, a falta de energia evidente mesmo tentando brincar.

Sorri e abanei a cabeça em negação. Gostava de a ver animada, ou a tentar, contudo, a Jennifer estava numa cama de hospital e isso não permitia gargalhadas.

- Como é que te sentes?

Deu de ombros, como se nada de especial tivesse passado. No entanto, a sua mão direita foi até ao seu ombro esquerdo enquanto ela fechou os olhos.

- Parece que ser alvejado não é muito bom –a minha mão foi ao encontro da dela, para a reconfortar –especialmente numa zona "perigosa"...

Ela gargalhou.

- É uma sensação diferente...-os meus dedos acariciaram a mão dela enquanto ouvia a sua voz fraca – e foi uma boa causa.

Beijei-lhe a testa novamente e ela sorriu perante os meus atos.

- Ouvi dizer que ele não ficou muito bem...quer dizer, ele não ficou, ele foi-se! – disse ao relembrar-me da descrição de James.

Ela sorriu orgulhosa do seu feito e do meu mau trocadilho.

- O James?

- Está lá fora, junto de Eleanor. -os dedos frios de Jennifer brincaram com os meus e eu baixei-me, ficando ao seu nível – deixaram-me vir primeiro.

- Ele disse-te alguma coisa? – assenti que sim e ela engoliu em seco.

Nos minutos após o tiro, Jennifer assumira que era viciada em adrenalina, não mo disse, mas as suas palavras eram certamente de aceitação a minha hipótese. Ela estava a recuperar de um tiro não muito suave, este era um dos piores momentos para falar disso. Decidi, então, mudar de assunto.

- Também vi as mensagens no Skype – e sorri-lhe. Queria reconforta-la e tratar dela, sabia que agora não o ia negar.

Foi então que me arrepiei ao sentir o leve toque dos seus dedos brancos e frios na minha bochecha. Beijei os seus lábios secos. Jen abriu os olhos depois de uns segundos e agradeceu-me por tudo. Instintivamente disse-lhe que não o tinha de fazer, embora submeter-me a toda a angústia e receio tivesse dado cabo de mim. O amor perdoava.

(...)

- Quase matavas duas pessoas com um único tiro –James expôs com um sorriso –isso é de mestre!

- Eu estou aqui, bem viva, por isso não conta! – a morena protestou e Eleanor revirou os olhos. El tinha razão, a Jennifer estava viva mas podia não estar graças ao seu amor por desafios.

- Falava de mim! –James apontou para ele e falou como se estivesse ofendido –quase morri do coração...ou achas fácil veres a tua parceira a ser alvejada?

Jennifer levantou o braço direito em rendição e os dois riram-se. Agora percebia o porque de se darem tão bem, eles são, praticamente, iguais.

- Mas foi um bom tiro, estou orgulhoso – o agente congratulou-a, fortalecendo a ferida.

- Mas não o repitas ok? Não gosto nada de te ver aí deitada – Eleanor disse ao aproximar-se da amiga.

- Nem eu! Os lençóis nem são só brancos e apenas tenho enfermeiras –Jennifer lamentou-se levando-nos a gargalhar com a sua expressão de entediada, como se afinal, as únicas coisas más fossem a falta dos lençóis preferidos e enfermeiros.

*Jennifer a narrar*

Último dia dentro deste quarto parado, onde a única vida sou eu e admito que não tenho muita. Estou entediada, farta, farta de estar cá, farta de estar parada e sem fazer o que quer que seja. Claro que posso fazer muitas coisas, o problema é que não posso fazer as minhas coisas. Não pode fazer exercício e estou proibida por uns dias, não posso fazer esforços quando sair daqui e o braço terá de andar pendurado ao pescoço. Como podem imaginar fiquei muito irritada ao saber disto. Contudo, isto é o melhor para mim e para ficar ótima o mais rápido possível. Prometi portar-me bem e vou faze-lo!

Eleanor passou por cá antes de ir para a academia. Ia treinar e depois dar uma aula a crianças e não teria tempo para me fazer companhia ou vir buscar. Compreendi e fiquei alegre por ela, ela merece ter sucesso e ter a sua vida sem uma ferida a intrometer-se. Jack saiu mais cedo, tendo já o trabalho organizado e projetos feitos, e veio ter comigo, deixando os treinos para outro dia.

- Devias ir ao treino! -não gostava do facto de ele estar a faltar por minha causa –eu não te quero prejudicar.

- Já decidi o que ia fazer –sentou-se no pequeno sofá do quarto –e tu não prejudicas ninguém, entende isso.

Para já ainda não afeto muito porque estou no hospital mas quando for embora, daqui a umas horas claro que o vou fazer. Tenho menos um braço e vão-me tratar como uma inválida, já sei.

- Só falta o médico passar a alta e posso ir sabias? – sentei-me na beira da cama e balancei as pernas.

- A sério? Então tinhas boas notícias e não dizias?

- Continuo entediada!-deitei-me para trás e suspirei.

- Nota-se – e o rapaz riu-se dos meus atos.

- Deixa de ser um idiota e vem para a minha beira – pedi pouco delicada.

Ele sorriu, vindo até mim a gozar-me.

- Eu amo aquele idiota sentado mas não posso ir até ele – o Jack soltou uma voz feminina, tornando-o pouco atraente - estou tão triste por ele não vir ter comigo...

E nisto pegou em mim, sentando-se na cama comigo no seu colo. Beijou-me antes de eu poder barafustar e depois, quando já me tinha conquistado, roçou o nariz no meu e sorriu como uma criança.

Bateram à porta branca e eu declarei um 'pode entrar'. Quem é que me vinha visitar? O médico e as enfermeiras não eram com toda a certeza, os meus amigos mais próximos estavam a trabalhar e os meus familiares nem sonhavam que eu fora alvejada. Penso nisso agora, devia ter dito algo ao meu pai.

Foi então que um rapaz moreno entrou com um ramo de flores.


***

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