Escolhida || Livro 2 da Trilo...

Da gabsel_

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Em um futuro distante, Claire Roberts é forçada a enfrentar uma cidade apocalíptica em busca de uma vingança... Altro

Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove
Capítulo Quarenta
Capítulo Quarenta e Um
Capítulo Quarenta e Dois
Capítulo Quarenta e Três
Capítulo Quarenta e Quatro
Capítulo Quarenta e Cinco
Capítulo Quarenta e Seis
Capítulo Quarenta e Sete
Capítulo Quarenta e Oito
Capítulo Quarenta e Nove
Capítulo Cinquenta
Capítulo Cinquenta e Um
Capítulo Cinquenta e Dois
Capítulo Cinquenta e Três
Capítulo Cinquenta e Quatro
Capítulo Cinquenta e Cinco
Capítulo Cinquenta e Seis
Capítulo Cinquenta e Sete
Capítulo Cinquenta e Oito - FINAL
Agradecimentos e Última Obra
ÚLTIMO LIVRO SAI HOJE

Capítulo Trinta

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Da gabsel_

Sinto um enjoo me vir, mas seguro para não vomitar.

— Como isso aconteceu? — ouço Tomás perguntar para alguém no meio da multidão que observa o corpo do garoto em um dos galhos da árvore.

Seu corpo não está perto do chão, mas também não está tão longe. Ele provavelmente escalou a árvore para poder fazer isso.

— Vimos ele escalando a árvore com uma corda, mas não achamos estranho, já que alguns sobreviventes aqui sempre estão escalando árvores. — diz um homem que está com uma mulher ao seu lado. — Só soubemos que ele tinha se matado quando ouvimos os gritos das crianças.

Sinto um calafrio percorrer meu corpo. Minhas mãos tremem ao ver a cena do corpo sem vida do rapaz pendurado pelo pescoço girando. Ele emite uma sombra grotesca no tronco de outra árvore.

Nós nos arriscamos por esse garoto. E ele se matou. Ele pediu ajuda para salvá-lo, mas se matou. Por quê? Não faz sentido.

Tomás parece preocupado, mas não triste, ou com medo, ou indignado igual eu estou. Apenas eu sei o que ele fez. Apenas eu sei que ele matou sua mãe quando ela já estava morta. Não contei para ninguém. Será que eu deveria ter contado? Será que evitaria seu suicídio?

— É o rapaz que resgatamos! — diz Mike, que parece ter se tocado apenas agora de que é Luiz.

— Ele estava com medo... — digo. — Estava devastado... Eu... Eu...

— Fique calma, Claire — diz Tomás, tocando em meu ombro. — Algumas pessoas simplesmente não resistem ao apocalipse.

Será que já aconteceu isso antes? Será que outras pessoas já haviam cometido suicídio antes aqui dentro do abrigo? Será que acontece com frequência? É só mais um para Tomás?

Luiz era um rapaz bom. Ele queria salvar sua mãe, mas não conseguiu.

— Ele matou sua própria mãe — digo.

Não é uma boa hora para contar, mas eu preciso. Já é tarde demais para contar. Ele já está morto.

Tomás e Mike olham para mim. Eles percebem que eu estou tremendo e suando. Parecem mais preocupados comigo do que com o corpo rodando acima de nós.

— O quê? — pergunta Mike. — Como assim? Como você sabe?

— Ele me contou, Mike. — digo. — Ele disse que sua mãe se transformou em um zumbi e ele teve que matá-la. Ele só tinha 14 anos.

Não sei se ele tinha exatamente 14 anos, mas ele aparentava estar entrando na fase da adolescência.

Eu a matei. Ouço as suas palavras. Não a salvei.

Sinto meu coração bater fortemente contra meu peito. Minha vontade era de me ajoelhar e despejar o máximo de lágrimas possível. Eu pensava que já havia visto de tudo. Mas eu estava enganada. Ainda há muita coisa para ver.

Tomás se vira para a multidão que continua observando o defunto pendurado por uma corda.

— Saiam, voltem a fazer o que estavam fazendo! — ele diz. — Não tem mais nada para ver aqui!

As pessoas demoram um pouco, mas começam a sair do local. Vejo Tomás parar um garoto e dizer algo a ele. A voz de Tomás soa como um sussurro, mas eu consigo escutar de onde estou. Talvez minha audição também seja aguçada, junto com os outros poderes — ou talvez Tomás não tenha falado tão baixo assim.

— Tira o corpo dali, vamos queimá-lo.

Meu coração falha uma batida ao ouvir aquilo. Me aproximo de Tomás quando o garoto já começa a ir em direção a árvore.

— Vão queimar o corpo? — pergunto. — Por que vocês não enterram ele? Não vai haver funeral?

Tomás levanta as sobrancelhas. Percebo que Mike se junta a nós com Anne, mas os dois permanecem calados.

— Claire, se enterrássemos cada corpo que já morreu aqui dentro, teríamos que fazer um espaço para o cemitério e não temos tanto espaço assim — ele explica.

— Mas e o funeral?

— O funeral é organizado por amigos ou família. — ele fala. — Eu sei que no condomínio as coisas eram diferentes, mas o garoto não tinha nenhum amigo aqui e se fizéssemos um funeral, ninguém iria comparecer.

Eu me irrito um pouco. Sei que são as regras daqui, mas acho injusto não houver nenhuma homenagem a Luiz. Ele não teve culpa. Ele não resistiu.

— Ele tinha um amigo aqui — digo.

Tomás demora um pouco para entender de que eu estou falando de mim.

— Desculpe, Claire — ele fala. — Não podemos fazer um funeral com uma pessoa só. Se quiser fazer um funeral, faça.

Então, ele se afasta, indo em direção a árvore para ajudar o garoto a tirar o corpo de Luiz da árvore.

— Sinto muito, Claire — diz Anne. — Se quiser fazer um funeral, eu posso te ajudar.

Balanço a cabeça, negando a oferta. Lembro-me do funeral de Adam. Lembro dos tiros disparados para o céu. Meu peito dói ao lembrar disso.

O condomínio não era melhor que aqui, principalmente pelo fato de ser só uma armadilha para encontrar o Escolhido. Porém o condomínio sempre fez questão de homenagear os moradores mortos, sejam eles Menores, Sinistros, Guardas ou Maléficos.

Será que os moradores daqui se acostumam com o fato de alguém morrer a qualquer instante? Tomás parece acostumado a fazer isso. Ele já deve ter tirado outros corpos enforcados de galhos de árvores antes. Ou talvez tudo que ele tenha vivido o fez ser assim. Frio.

Fico observando os garotos cortarem a corda de Luiz e deixarem seu corpo cair contra a grama com força.

***

— Isso é bem triste — diz Demi.

Estamos sentados em uma mesa no refeitório. Eu, Harry, Mike, Anne, Demi e Niall. Não sei onde estão Ari e Dylan e não me preocupo com Louis.

Contei a eles o que aconteceu. Contei sobre o garoto e sobre a sua morte. Contei o que eu estava sentindo e Harry me disse para não começar a me culpar.

Bom, eu não estou me culpando (por incrível que pareça). Dessa vez, não há como eu me culpar. Não me sinto culpada.

Será que eu parei de me culpar tanto?

Lembro de como me castiguei por todas as mortes que ocorreram ao meu redor. Até hoje me sinto culpada pela morte de Mandy no estacionamento. Mas eu estou certa em me culpar. Ela se arriscou por mim.

Harry também me disse que sair com os Buscadores sem avisar ninguém foi um pouco perigoso, mas não persistiu com o assunto.

— Vamos sair daqui amanhã — digo. — Com ou sem a ajuda de Tomás.

— O quê? — pergunta Anne. — Mas vocês nem chegaram! E além disso, para onde vão?

Tinha me esquecido da presença dela e de Mike aqui. É um pouco estranho ver eles junto com meus amigos.

— Temos um assunto para resolver — digo. — Pedimos para Tomás nos ajudar para conseguir mais aliados, mas ele não aceitou.

— Ajuda no quê? — pergunta Mike.

Respiro fundo. Olho para os outros que exibem uma expressão de não conte a eles.

— É uma longa história — digo.

— Muito longa. — acrescenta Niall. — Muito longa mesmo.

— É sobre a LPB? — pergunta Anne.

Eu me assusto. Não sabia que eles tinham conhecimento sobre a LPB.

— Como sabem disso? — pergunta Harry.

— Tomás escapou da cela deles — diz Mike. — É uma história que todos sabemos.

É claro. Tomás deve ter contado sobre a LPB para eles. Para todos eles. Talvez todos aqui conheçam a LPB.

— Vocês sabem o que eles fizeram, não é? — pergunta Demi. — Não sentem raiva? Vontade de acabar com eles?

Vejo Niall dar um tapinha em seu braço, a repreendendo. Não entendo o porquê dele ter feito isso, até gostei do que ela disse.

— É claro que sentimos — fala Mike. — Pedimos várias vezes para ele nos levar até esse tal de Centro para destruirmos esses desgraçados, mas ele recusa nos mostrar o caminho. Ele diz que é muito perigoso e que iríamos morrer no instante que pisarmos no chão de lá.

Praticamente as mesmas coisas que ele disse para mim. Imagino quantas vezes ele já deve ter recusado essa proposta de ir até o Centro.

Então, eu entendo o motivo de Tomás não querer nos levar até lá. Ele perdeu tudo. Família, amigos, casa... Então, construiu tudo isso. Ele tem medo. Medo de perder o que conseguiu construir. Medo de perder tudo de novo.

Ele tem medo da LPB.

— Acha que podemos convencê-lo a mudar de ideia? — pergunta Harry.

Mike bufa.

— Se não conseguimos em dois anos, não acho que consigam em dias. — ele diz.

— Vamos esperar até amanhã — falo. — Pediremos algumas informações sobre o Centro e partiremos.

***

Sento-me na grama e observo as barracas acesas pelo parque. Estou com uma regata preta e uma calça jeans preta. Não são bem as roupas que as pessoas de luto usam, mas é o máximo que consegui encontrar.

É esse o funeral de Luiz. Comigo e uma garrafa de refrigerante. Posso estar parecendo tola fazendo isso, mas não me importo. Meus braços expostos fazem o frio da noite aumentar dez vezes mais. Eu estou tremendo, praticamente congelando. Mas não me importo. É por Luiz.

Porque é isso que um vírus faz. Ele mata. Mata todos. Por dentro. Por fora. É isso que o apocalipse faz.

Após vivenciar uma série de mortes e destruições, só há uma certeza do que acontecerá. Você nunca sairá totalmente vivo dele. Sempre vai haver uma parte sua que morreu junto com os outros.

Você pode virar um morto-vivo sem estar infectado pelo vírus. Você pode perder sua sanidade. Você pode perder sua bondade e suas memórias mais felizes. Elas serão substituídas pelo ódio que os mortos despertam em você.

Não existe ninguém que eu conheça que esteja vivo ainda.

Meus pensamentos são interrompidos por uma sombra que se senta ao meu lado. Não me assusto, pois já estava ouvindo pés pisarem em folhas mortas atrás de mim.

— Meus pêsames, Claire — diz Harry.

Me viro para ele. Ele está com uma calça preta e uma camiseta escura. Sorrio ao ver que também está de luto, por mais que não conhecesse o garoto morto. Ofereço minha mão e ele a segura. Deito minha cabeça em seu ombro.

Seu toque faz o frio ir embora.

— Não deveria estar nesse funeral — falo. — Você não o conhecia.

— Está me expulsando?

— Não — respondo.

Respiro fundo. Ficamos um tempo em silêncio. Observo a lua cheia que brilha acima de nós junto com várias estrelas. Mas não é real. É só uma projeção da LPB. Uma projeção da cúpula que nos prende dentro da America do Sul.

— Acha que ainda existem pessoas vivas na América do Sul? — pergunto.

— É claro que existe — ele fala. — Estamos vivos.

— Você não entendeu o que eu quis dizer — falo.

Ele se cala por um tempo. Era óbvio que ele não ia entender o que eu queria dizer. Não sei por que disse.

— Ninguém fica totalmente vivo após enfrentar o fim do mundo — falo.

Ele aperta minha mão. Talvez tenha entendido o que eu queria dizer e isso faz o silêncio prevalecer. Ficamos assim por minutos, até que ele suspira e começa a falar:

— Você não quer dizer nada para Luiz?

Dizer o quê? Eu mal conhecia o garoto. Eu apenas sabia o que ele passou. Sabia que ele matou uma coisa que um dia já foi sua mãe.

Balanço a cabeça.

— Ele está com a mãe agora — digo. — Não quero interrompê-los.

O silêncio volta. Ouço uma coruja em uma das árvores por perto e alguns grilos. O barulho da natureza de noite é a única coisa além de nossas respirações que não deixam o local totalmente silencioso.

Então, ouço passos nas folhas atrás de nós. Eu tiro minha cabeça do ombro de Harry e nós dois nos viramos para trás. Vejo Tomás vindo em nossa direção.

— Soube que vão partir amanhã — ele diz. — Posso mostrar um caminho para vocês conseguirem o que querem mais rápido.

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essa história é +18, tem hot e conteúdo sexual (muita putaria)!!!!!