Os flashes continuaram a tentar nos cegar e todo mundo voltou a gritar perguntas. Aron estava mais do que satisfeito com o que disse, sorria vitorioso porque pagou de fodão com a resposta dele.
Não, eu não me iludi com aquela conversinha de "ela é mais do que isso".
-Então ela é sua namorada?
O mesmo homem voltou a perguntar curioso.
-Secretaria! Sou a secretaria dele!
Falei bem alto. Aron ficou rígido ao meu lado. Bem feito.
-Quem é mais importante do que nossa secretaria?
Aron comentou, todos riram.
Maldito charme, contornou a situação com maestria.
Sem dizer mais nada ele acenou e me puxou pra dento.
Assim que passamos pela porta desencostei dele.
O ambiente estava a meia luz, cheio, no fundo do salão tinha uma pista de dança, do outro lado uma passarela. Logo perto da entrada tinha um bar. Mulheres lindas desfilavam por toda a parte.
Definitivamente não era lugar de secretária.
-Eu só vou ficar meia hora e nem mais um minto.
Falei furiousa.
-Você vai ficar até quando eu quiser te levar pra casa.
Rebateu convicto. Olhei indignada.
-Eu não...
Fui interrompida.
-Você está aqui como minha secretaria, Amanda, tenho relações profissionais, você vai ter que ficar por dento de tudo.
Continuei irritada.
-Pra que eu preciso estar por dento de em um mês eu vou voltar pra meu cargo antigo?
Ele sorriu apenas e me puxou pela mão.
Aron
Estava óbvio que Amanda não ia facilitar minha vida hoje, mas para nossa sorte eu sou muito perseverante e não desisto fácil.
Tudo estava combinado, hoje a noite Amanda é toda minha.
Nem preciso dizer que Christopher surtou quando eu avisei que ele teria que cuidar do menino até amanhã sei lá que horas, mas família é família e em nome da amizade de nossos pais ele tem certo tipo de obrigação moral em me ajudar. Além do mais, Tyler é só uma criança, que mal ele poderia fazer com dois adultos responsáveis?
Mais cedo, Martin ligou dizendo que conversou com Marre no telefone e fez brotar o assunto da vez, eu e Amanda. Minha prima, caidinha por ele como obviamente está, deixou escapar que Amanda não fica comigo porque eu sou de todas e ela teve uma experiência ruim com o ex que a tratava apenas como um troféu.
Eu só preciso mostrar que ela é especial. Comecei falando aquilo para os fotógrafos e repórteres e mesmo ela tendo passado por cima do que eu disse, eu contornei muito bem a situação e tenho certeza que ela ficou mexida com isso.
Qual mulher não fica?
Bom, não foi tão mentira. Amanda é sim uma conquista, ou será, e por ser tão difícil isso a torna diferente das demais, um diferente bom, especial, isso não tem como negar.
Pra melhorar, eu vou amar esfregar na cara daquele idiota que ela saiu comigo, linda, que estava nos meus braços e que é a minha garota.
Minha!
Levei Amanda que ficou muda até nossos lugares na primeira fila. Vamos ver o desfile esta noite, aproveitar a festa, conversar com uns clientes em potencial e vamos embora.
Preparei uma reserva em um hotel maravilhoso e no restaurante do mesmo.
Vai ser bom pra nós dois, disso não tenho dúvida.
Minha excitação está tão alta que posso ouvir meus batimentos cardíacos só de imaginar.
Olho para a mulher maravilhosa sentada do meu lado, encarando o celular e penso em algo a dizer.
-Por favor, preste atenção no desfile, vou precisar de sua opinião depois.
Ela continua me ignorando.
-Tudo bem, então vai ter que fazer um desfile vip pra mim usando todos os biquinis da coleção. Ouvi falar que algumas modelos vão desfilar de topless.
Ela olhou pra mim instantaneamente me fazendo rir.
-Você é absurdamente irritante.
-Eu sei, meu bem. Presta atenção, vai.
Ela me lançou o último olhar de dona da morte e encarou a passarela a nossa frente.
O desfile começou, ela ficou vidrada nas modelos, toda rígida, ereta e séria.
Eu ignorei completamente aquelas magrelas desfilando e foquei na minha secretaria cheia de curvas ao meu lado.
Eu sei que foi Marrie que arranjou esse vestido para Amanda e vou me certificar que da próxima vez ela coloque mais pano nessas roupas. Eu não sei nem o que posso fazer se pegar alguém admirando os peitos dela como eu estou fazendo no momento.
Quando o desfile terminou, antes de encerrar a chuva de palmas eu a puxei pela mão e levei para o outro lado do salão.
Os três clientes Ferreira, donos da marca vieram até nós sorridentes.
-Boa noite, estamos felizes que vieram a nossa festa,o que acharam?
Os três olharam para Amanda ao meu lado sorrindo de forma simpática.
-Ah foi maravilhoso, as peças são muito bonitas.
Respondeu.
-Quem sabe nossa próxima estrela não é alguém mais encorpada. Não gosto muito dessas meninas magras.
O segundo mais velho comentou.
-Estamos certos de que teremos a modelo que os senhores desejarem em nossa próxima conta.
Falei em tom profissional. Eu sakei a cantada na minha secretária.
-Por favor, aproveitem a noite.
Os três beijaram a mão de Amanda e apertaram a minha.
Quando eles saíram do campo de visão decidi que era hora de beber alguma coisa.
Fomos para o bar. Um garçom veio nos servir e eu reparei os olhos famintos nela.
-Boa noite, o que querem beber?
Perguntou sorrindo demais pro meu gosto.
-Eu quero um refrigerante.
Ela pediu.
-whisky.
Falei seco, ela me olhou indignada assim que o homem saiu.
-Você está sem motorista hoje. Se quiser morrer essa noite, tá ótimo pra mim, mas vai morrer sozinho, ouviu.
Eu sorri.
-Isso não vai fazer diferença nenhuma, relaxe.
Ela continuava irritada. Mas quando essa mulher não está irritada comigo?
-Ótimo, vou de táxi pra casa.
O cara aparece com as bebidas.
-Certo, só esse então.
Pego o copo.
-Nem esse, Aron.
Insistiu. Respirei fundo.
-Mudei de ideia, um energético.
Falei , ele levou a bebida e caiu fora. Ela aliviou a expressão mas não deu risada.
-Olha só...que tal uma trégua? Em nome de nossa relação.
Dei a idéia, ela me avaliou desconfiada.
-Relação?
Questionou contrariada.
-Sim, de trabalho. Eu sei que me odeia, não sei por qual motivo, mas eu estou de saco cheio disso. Quero conviver com você numa boa. Amigos?
Entendi minha mão sorrindo como um anjo.
Amanda
-Amigos não, colegas de trabalho.
Apertei a mão de Aron que por sinal era enorme, ele continuou sorrindo mesmo com minha resposta.
Eu não sei qual o motivo dele para se bonzinho comigo mas eu vou me manter um passo a frente fingindo que acredito mas sempre desconfiando.
Eu estava preocupada com meu filho. Apertava meu celular entre os dedos doida para ligar, mandar uma mensagem, mas eu tinha que confiar em minha amiga Isabelle. Ela vai cuidar bem do meu filho.
Meu pensamento foi interrompido com a chegada de uma loira alta e maravilhosa que de atirou nos braços de Aron. A mulher estava com um vestido longo perto de renda completamente transparente e por dento apenas uma lingerie preta um pouco maior que o normal.
-Aron meu amor, você veio!
Ela falou animada. Ele ficou visivelmente desconfortável e apenas sorriu da mesma forma que sorri para os clientes.
-Oi, Kelly, como vai?
Perguntou afastando a garota dele.
-Muito melhor agora que achei a melhor companhia da noite!
Falou empolgada.
-Onde está sua companhia?
Perguntou com um fundo de ironia.
-Você seu bobo!
Tentou abraça-lo novamente mais foi impedida.
-Impossível, estou acompanhado.
Apontou para mim. Sorriu de forma divertida.
A mulher olhou pra mim igual aquele esquilo do vídeo. Eu quase ri disso. De frente ela era mais bonita, porém seu rosto não passava de uma carranca de desgosto.
Sorri e dei tchauzinho.
-Quem é ela, amor?
Ela deu ênfase na palavra amor e olhou pra ele novamente.
-Ela é minha garota!
Respondeu sorrindo. A mulher perdeu a cor imediatamente.
-Secretaria...prazer!
Estendi a mão pra ela mas fui ignorada e recolhi.
Não vou mentir, amei ver a cara de desgosto dela, mesmo não entendendo o motivo do maior galinha que já conheço, dispensar uma fêmea da espécie dele, eu fiquei satisfeita.
-Ah, então tá bom. Me liga depois?
Perguntou sem jeito, meio irritada com a rejeição.
-Desculpa Kelly, não estou mais disponível.
Não consegui conter minha cara de surpresa.
Eu ouvi direito?
-Ah, entendi, então tchau.
A mulher virou poeira cósmica na multidão dançante.
- Você acabou com a alegria da pobre moça.
Falei, ele olhou nos meus olhos.
-Eu não sou tão galinha assim, já parou para pensar nisso? Além do mais, meu coração é de outra no momento.
Tentei manter minha expressão de humor mas foi difícil quando meu coração batia tão alto quanto a batida da música ao nosso redor.
-Eu já falei que você é minha e quero que fique claro que eu sou seu, Amanda.
Eu entendi naquele momento qual era o joguinho. Não podia mais ficar ali com ele. Foda-se festa de trabalho, não fui contratada pra essa merda, muito menos por ele. De uma coisa eu sei, meu emprego eu não perco.
Apertei minha bolsa na mão e sai furiousa entre as pessoas.
Ouvi gritar meu nome mas ignorei.
Aron Collins está me manipulando, fazendo joguinho pra me levar para a cama, claro!
Está dispensando mulher, fica dizendo que sou dele, quer ser bonzinho mas tudo isso tem uma maldita intenção por trás.
Saí do prédio e desviei dos fotógrafos que continuavam lá na porta. Eu só precisava de um táxi.
Acenei para um que passou mas ele tinha passageiros.
Droga de táxi que quando precisamos não passa logo.
Respirei fundo, sentindo frio no meio da rua a noite, arrumada demais e abracei meu próprio corpo.
Olhei pra frente e vi uma pessoa parada me olhando. Apertei os olhos e consegui ver, mas não queria acreditar.
Ele sorriu pra mim de forma nada gentil, era como uma ameaça de que estava muito perto de mim. Meu coração gelou meus membros paralisaram.
-Amanda, espera!
Aron apareceu na minha frente como algum tipo de salvação. Olhei para ele assustada, abalada, sua expressão mudou para preocupação.
Quando ele me tocou meu corpo fraquejou.
-Por favor, me leva para longe daqui!
Pedi, ele me abraçou, vendo meu desespero e me guiou até o carro que eu não havia visto como foi para ali.
Logo eu estava no assento da frente esperando Aron dar a volta e ir ao volante. A pessoa não estava mais lá, havia sumido.
-A gente precisa conversar, vou levar você num restaurante e...
-Não!
Falei imediatamente. Longe de pessoas, preciso ficar longe de qualquer um.
Aron
-Eu posso te levar para casa então.
Sugeri. Adeus noite perfeita.
Amanda tremia ao meu lado. Ela parecia ter visto um fantasma tão assustador que esqueceu da raiva que sentia por mim.
-N..Não. Por favor, outro lugar, qualquer um, sem pessoas por perto.
Pediu desesperada.
-Tem certeza?
Perguntei receoso.
-Absoluta.
O peito dela subia e descia por causa da respiração acelerada. Ela parecia fora de si. Eu queria saber porque mas não era hora de perguntar ainda.
Dirigi calado. Ela estava virada para a janela com uma mão na testa, parecia querer esconder o rosto de mim. Só podia ouvir Amanda fungando...estava chorando?
Seja lá o que a afligia era algo muito sério e se for alguma pessoa eu vou ficar feliz em tira-la de seu caminho sem pensar duas vezes.
Parei dento do estacionamento do meu prédio, desci do carro, dei a volta e abri a porta e estendi a mão para ajuda-la a descer.
Ela aceitou de bom grado e desceu do carro segurando a bolsa e os sapatos com uma só mão. Por uns momentos pareceu perdida mas logo voltou a realidade e deu uma boa olhada a nossa volta.
-Onde estamos?
Perguntou com uma voz fraca.
-Meu prédio.
Respondi com medo de levar uma sapatada.
Ela respirou fundo, cansada.
-Aron eu não estou....
-Calma, eu não vou fazer nada. É só até você se sentir melhor aí eu te levo pra casa, combinado?
Ela concordou.
Subimos de elevador. Destranquei a porta, liguei as luzes e a puxei para dento.
-Minha casa é sua casa. Pode ficar a vontade.
Tentei parecer animado para ver se ela reagia. Nem quando o elevador parou ela ficou tão desestabilizada como agora.
-Eu...Eu posso ficar aqui?
Perguntou receosa. Tentei esconder meu espanto.
-C..claro, pode, com certeza, e seu filho?
-Eu vou ligar, Belle pode cuidar dele.
Opa, não, ela não pode ligar.
-Eu cuido disso. Aquele quarto, o primeiro do corredor é meu. Vai lá, veste uma roupa minha e já já eu vou ver você.
Apontei para a porta do meu quarto. Ela baixou a cabeça e foi.
Liguei para Christopher e confirmei que Amanda iria passar a noite comigo, mandei ele inventar uma desculpa para Isabelle e desliguei.
Tirei os sapatos e a camisa.
Amanda está com medo de alguma coisa. Eu preciso saber do que.
Entrei no quarto, ela estava sentada na minha cama vestida com uma de minhas camisas de malha que virou um vestido nela.
Amanda estava com os olhos vermelhos, parecia chorar.
-Ei...me conta o que aconteceu.
Pedi. Sentei em frente a ela na minha cama, mas nada ela disse.
Ela precisa entender que seja lá o que for, não está sozinha. Eu estou aqui e vou protege-la do inferno se for possível.
-Eu não...
Não conseguia nem falar. Era tão linda, frágil. Senti uma necessidade estranha de cuidar dela.
Sem dizer mais uma palavra a puxei para mim em um abraço apertado. Ele retribuiu com tanta intensidade que eu fiquei surpreso. Amanda agarrou em mim como se eu fosse a tábua da salvação.
Alguns segundos depois a afastei p suficiente para olhar então seus olhos.
-Eu vou proteger você de quem quer que seja. Você acredita?
Perguntei firme.
As vezes a vida é meio estranha. Você corre atrás de algo que parece inalcançável e inatingível, mas do nada tudo parece perdido e você começa a aceitar. Mas como é louca a vida, você recebe uma oportunidade e entende que precisou perder a primeira luta para antes de ter, aprender a dar valor.
Amanda se jogou em meus braços e me beijou de livre espontânea vontade e desejo.
Estava acontecendo melhor do que eu imaginava.
Lembrando que o próximo capítulo é o bônus. Eu não sei se vai dar para postar o bônus ao mesmo tempo que o capítulo 10.
O prazo entre um capítulo e outro é de um a dois dias, então, por favor, não fiquem ansiosas, viu, suas lindas!
Um beijo! ~De Aron~