Escolhida || Livro 2 da Trilo...

By gabsel_

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Em um futuro distante, Claire Roberts é forçada a enfrentar uma cidade apocalíptica em busca de uma vingança... More

Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove
Capítulo Quarenta
Capítulo Quarenta e Um
Capítulo Quarenta e Dois
Capítulo Quarenta e Três
Capítulo Quarenta e Quatro
Capítulo Quarenta e Cinco
Capítulo Quarenta e Seis
Capítulo Quarenta e Sete
Capítulo Quarenta e Oito
Capítulo Quarenta e Nove
Capítulo Cinquenta
Capítulo Cinquenta e Um
Capítulo Cinquenta e Dois
Capítulo Cinquenta e Três
Capítulo Cinquenta e Quatro
Capítulo Cinquenta e Cinco
Capítulo Cinquenta e Seis
Capítulo Cinquenta e Sete
Capítulo Cinquenta e Oito - FINAL
Agradecimentos e Última Obra
ÚLTIMO LIVRO SAI HOJE

Capítulo Vinte e Um

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By gabsel_

A primeira visão que tenho de dentro da barraca é de algumas pessoas vestidas com jalecos brancos. Provavelmente são os Curadores. Vejo algumas macas paradas ao lado de cortinas abertas. Algumas delas têm pessoas deitadas.

Começo a andar, procurando Harry ou Dylan em alguma dessas macas. Sou parada por um Curador que parece ser mais novo do que eu. Ele tem o cabelo loiro e os olhos castanhos claros. Sua altura deve ser mais ou menos de 1,50 metros. Eu tenho 1,65 de altura e me considero baixa para a minha idade.

— Quem é você? — o garoto pergunta.

— Sou Claire Roberts, eu e meus amigos fomos resgatados por vocês ontem. — explico.

— O que você quer aqui? — ele pergunta com um tom grosseiro.

— Quero ver meus amigos. Dylan e Harry. Eles estão aqui.

Ele ergue uma prancheta e escreve algo com uma caneta. O homem — ou garoto — tira uma etiqueta da prancheta e me dá.

— Cole isso em seu peito, assim não será parada por mais ninguém.

Ele sai sem dizer mais nada. Olho para a etiqueta e vejo escrito: "Clare Robert". Reviro os olhos. Meu nome não é tão difícil assim.

Colo a etiqueta em meu peito e continuo andando. Passo por diversos curadores e várias macas. A maioria delas está vazia. Percebo que os ferimentos das pessoas daqui são cortes fundos, fraturas ou ferimentos por bala. Não são muitos que estão baleados, mas fico me perguntando como eles levam o tiro.

— Claire! — levo um susto ao ouvir meu nome atrás de mim.

Me viro e então procuro de onde veio isso. Vejo Dylan em uma maca que está entre duas cortinas fechadas e eu acabei passando sem vê-lo.

Sorrio e caminho em sua direção. Ele sorri também. É bom ver esse sorriso. Despreocupado. Relaxado.

Paro em frente à maca dele. Seus olhos transmitem calma. Eu me sinto muito bem ao vê-lo vivi. Me sinto muito bem ao vê-lo feliz.

O problema é que esse sorriso é essa calmaria não vai durar para sempre. Ainda não acabou. Precisamos matar Max. Precisamos matar Brenda.

— Como se sente? — pergunto.

Ele ajeita seu travesseiro e se senta na maca.

— Estou me sentindo ótimo! — fala ele.

Vejo seu braço cheio de ataduras e curativos. Vejo uma gaze também em sua mão. Sei rosto está cheio de cortes pequenos e algumas marcas roxas, como se tivesse levado socos. Mas seu sorriso continua exibindo seus dentes. Ele se sente ótimo.

— É bom poder finalmente descansar — falo.

Ele afirma com a cabeça.

— Não precisamos mais usar uma moita de privada.

Solto uma risadinha, me lembrando do comentário que ele fez quando estávamos na nossa primeira casa. A primeira casa que tivemos que fugir da LPB. É incrível que passamos três dias fora do condomínio, lutando para sobreviver. Incrível que já estamos jo quarto dia.

Parece que se passaram oito meses. Enfrentamos tantas coisas...

— Se sairmos vivos daqui, teremos ótimas histórias para contar aos nossos filhos. — digo.

— Nós vamos sair vivos disso tudo — ele fala. — Todos nós.

Vejo seu sorriso se estender mais. Eu sorrio para ele de volta.

Me lembro de quando conheci Dylan. Não estava encontrando Demi no meio de todos aqueles Sinistros e ele me encontrou. Ele me ajudou a enfrentar tudo. Nunca imaginei que um dia estaríamos no meio de São Paulo tentando destruir a LPB.

Pego sua mão que não está com gaze e a aperto um pouco.

— Vou procurar Harry — falo.

Ele assente.

Começo minha busca por Harry. Passo por mais algumas macas e me assusto ao ver a situação de um paciente em uma maca. Ele está com os braços e pernas engessados e seu rosto está cheio de ferimentos enormes. Tem um Curador observando o paciente. Ele fica anotando coisas na prancheta.

Tento imaginar o que aconteceu com ele. Como ele ficou assim? Por que ele ficou assim?

Balanço a cabeça para espantar os pensamentos. Preciso me concentrar em encontrar Harry.

Vou passando de maca em maca para ver se Harry está em alguma delas. Após alguns minutos de busca, eu o encontro no final da barraca, onde há outra abertura por perto, provavelmente é outra entrada.

Vou na direção da maca de Harry com um enorme sorriso. Ele se assusta ao me ver e sorri. Ele está sem camisa, mas um monte de ataduras bloqueiam grande parte do seu ombro. Isso tudo de ataduras apenas para um tiro no ombro? Eles exageraram na quantidade. Será que é tão fácil assim para eles conseguirem essas coisas?

Meu coração aperta ao ver os diversos ferimentos no rosto e no abdômen.

Quando estou chegando perto dele, vejo a abertura da barraca abrir e então várias pessoas armadas entram. Levo um susto e me paraliso. Fico observando as pessoas entrarem. Seis pessoas entram, dois homens e quatro mulheres. Três ficam de um lado da abertura e os outros três ficam do outro lado. Vejo a luz do sol entrar enquanto as pessoas seguram o tecido da barraca para manter a passagem.

Vejo uma silhueta se aproximar. Um homem com uma barba bem feita, cabelo castanho e bem arrumado, olhos verdes e com cara de ter uns trinta anos ou mais.

— Claire, me siga por favor. — ele fala.

Engulo o seco. Olho para Harry. Ele parece um pouco preocupado, mas faz um sinal com a cabeça apontando para eu ir com ele.

Respiro fundo e então começo a caminhar na direção do homem.

***

Enquanto caminhamos pelo parque, vários olhares se viraram para mim. Alguns sorriem para o homem que estou seguindo. Eu imagino que seja Tomás. Os homens armados que nos seguem devem ser aqueles "Maléficos" que Anne falou que Tomás tinha.

Passamos por um monumento enorme chamado Obelisco de São Paulo e começamos a entrar no meio de diversas árvores. Saímos em uma rua onde pessoas passeiam tranquilamente. Atravessamos a avenida e passamos por cima de uma cerca caída. Atravessamos mais árvores e saímos em uma espécie de campo. Depois, mais árvores.

Eu não sei para onde ele está me levando. Olho para cima e tento ver alguma coisa. Levo um susto ao ver o quão estamos perto de um prédio. No meio das árvores, pessoas passam rindo. Talvez aqui seja o leste, onde eles ainda habitam. Tomás realmente tem uma enorme civilização.

Saímos em uma rua lotada de enormes árvores muitas pessoas estão aqui. Vejo uma cerca bloqueando a saída da rua. Lá no outro lado da rua, consigo ver outra cerca. Eles utilizam só essa rua. E pelo que eu consigo contar, são sete prédios enormes nessa rua. Eles habitam sete prédios, sendo que um é a Goteira.

Nós entramos em um prédio aberto, onde pessoas entram e saem com toalhas jogadas nos ombros e levando coisas de banho.

Espera... Estamos na Goteira. Mas por que ele me trouxe aqui?

O homem misterioso que estou seguindo para em frente a um balcão e sorri para a mulher que está do outro lado.

— Dê uma chave para essa garota e peça para alguém a levar para o apartamento que foi designada, por favor — fala.

— Claro, Tomás! — a mulher sorri e se vira, procurando uma chave no mural cheio de Chaves atrás dela.

Como eu imaginei... É Tomás.

— Ah, e um quarto que já tenha toalhas, sabonete e shampoo. — Tomás completa.

Ele se vira para as pessoas que nos seguiram até agora.

— Estão dispensados — ele fala.

Eles fazem uma reverência à Tomás e saem. Eu e o presidente de toda essa população ficamos nos encarando por alguns segundos

Ele pede para eu me aproximar e eu obedeço.

— Claire, eu moro nesse prédio. É o único que a rede hidráulica funciona, então eu o deixo aberto para todos virem utilizá-lo para fazer suas necessidades. Moro no último andar, na cobertura. Assim que acabar seu banho, quero que venha falar comigo.

Ele sorri para mim. Tomás é diferente de todos os tipos de chefes que conheci. Ele é simpático. Ele é bom.

Uma rápida lembrança de Louis passa pela minha cabeça. Me lembro que eu pensava a mesma coisa dele. Me lembro que achava que Louis era bom.

Me lembro de suas mãos me empurrando.

Meu coração aperta e eu afasto essas lembranças. Ele mentiu sobre minha irmã estar no Centro. Eu ainda preciso perguntar para ele o motivo disso. Preciso saber qual o motivo de sua mentira.

Finalmente, eu afirmo com a cabeça para Tomás. Ele sai e vai em direção ao elevador. Eu o vejo apertar o botão do elevador e uma luz se acender em cima da porta.

Energia... Como ele conseguiu tudo isso? Será que há pessoas que trabalham para gerar energia de alguma forma? Será que há um gerador?

Não sei como ele faz para ter tanta organização e tantas coisas funcionando desse jeito. Mas isso não importa. Não vou ficar aqui por muito tempo.

A mulher me entrega uma chave e pede para uma das pessoas que estava por perto — que eu desconfio que também trabalhe nesse prédio — me guiar até meu quarto.

Subimos as escadas. Quatro andares cansativos e após meu banho, ainda teria que subir mais uns quinze.

Quando chegamos ao apartamento que fui designada a tomar banho, o homem que me guiou me alerta que eu não posso demorar mais do que trinta minutos. Agradeço ele e entro.

Me surpreendo com o apartamento. O chão de madeira está tão limpo que reflete meu corpo. Vejo a cozinha sem absolutamente nada e a sala com um sofá enorme, uma televisão enorme, um tapete enorme e uma mesa de centro — enorme.

Olho para baixo, para ver se meus sapatos estão sujando o chão, mas percebo que meus sapatos não são os mesmos que eu estava usando noite passada e eles estão extremamente limpos — por mais que eu tenha pisado em muita terra antes de vir para cá.

Caminho até a primeira porta que vejo e entro. Vejo que estou em um banheiro, mas não está tão limpo como o resto do apartamento. O boxe e o espelho estão muito embaçados, como se alguém tivesse acabado de tomar banho. Há três toalhas, uma em cima da outra, em cima da pia. Vejo caixas de sabonete ao lado das toalhas. Shampoo eu vejo dentro do boxe, no chão. O chão do banheiro inteiro está bem molhado.

Acho estranho ao perceber que ao lado do boxe, há uma banheira enorme.

Eu só tenho trinta minutos aqui. Preciso aproveitar. Começo a me despir.

Tiro a camisa xadrez vermelha que me deram, a dobro e coloco em cima da tampa do vaso sanitário. Tiro minha regata e ponho em cima da camisa xadrez. Tiro meus sapatos e minhas meias. Dispo minha calça jeans e tiro minhas peças íntimas.

Me olho na frente do espelho embaçado, nua. Respiro fundo. Parece que faz séculos que eu não tomo banho.

Desfaço meu rabo de cavalo. Pego um sabonete na pia. Entro no boxe e deixo a água quente cair sobre meu corpo. Uma sensação ótima me atinge. Deixo a água se espalhar por todos os cantos de meu corpo. Alívio me atinge. Me sinto relaxada. Quando olho para baixo, vejo água preta indo para o ralo.

Sempre utilizei o banho como uma forma de deixar meus pensamentos fluírem. Aqui é onde tenho minhas melhores ideia. É onde eu posso pensar em paz.

Talvez seja a melhor parte do meu dia. Ou era. Antes disso tudo acontecer. Com "isso tudo" não quero dizer de termos fugido do condomínio ou estarmos na guerra com a LPB. Quer dizer a destruição. Quer dizer quando todos se transformaram em mortos vivos.

A sensação que estou sentindo agora, é a mesma que senti há dois anos atrás, quando encontrei o condomínio e pude tomar meu primeiro banho em quatro dias suando e correndo.

Passo o sabonete pelo meu corpo. Passo quatro vezes, deixando toda aquela sujeira sair junto com a água. Suspiro.

Pego o shampoo e encho minha mão. Começo a passá-lo pela minha raiz e desço para o resto do cabelo. Esfrego. Esfrego.

Penso em Bia. Penso no que ela estaria fazendo agora. Ela sente minha falta. Eu consigo sentir.

Eu queria tanto que eu e minha irmã pudéssemos ir no cinema. Pudéssemos estudar. Pudéssemos estar juntas.

A LPB roubou tudo. Eles destruíram tudo que eu tinha. Preciso acabar com isso. Preciso vencê-los. Max não vai conseguir a Escolhida. Eu não vou deixar.

Acabo de passar o shampoo e enxáguo o cabelo. Mais sujeira sai de mim e vai para o ralo. Me sinto livre de todo aquele suor. De todo aquele sangue. Me sinto livre de toda a sujeira. Mas sei que esse banho não foi o suficiente para que eu me limpasse por completo. Ainda há muita coisa para se limpar.

Desligo o chuveiro e quase derramo uma lágrima ao fazer isso. Saio do boxe e pego uma toalha. Respiro fundo antes de me secar com a toalha. Eu a passo por todo o meu corpo e por meu cabelo, mesmo sabendo que não vai secar totalmente desse jeito.

Visto minha roupa e prendo meu cabelo ensopado. Olho para o espelho. Está muito embaçado. Eu não consigo ver nada no meu reflexo, além de meus olhos.

Que estão vermelhos.

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