Elementais das Trevas - Os Ca...

Par ecarcedt

317K 31.2K 10.5K

Os enigmas que perseguem Selene são mortais. Após sua vida ter mudado completamente - assim como sonhava - Se... Plus

PARTE 1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
PARTE 2
25
26
28
29
30
31
32
33
AVISO
AVISO 2

27

8.1K 838 248
Par ecarcedt

- Mundo Sobrenatural? - exclamou Selene, deixando transparecer o choque. Aquilo não deveria assusta-la, claro, ela vira um alce com chamas negras, folhas tingidas de outras cores, um ogro subterrâneo carrega-la, viu pessoas com tonalidades de peles diferentes. E ela mesma lutava contra demônios, possuía poderes. Estranhou a si mesma naquele instante. - Está falando sério?

- Por acaso existem ogros no Mundo Real? - indagou a mulher, sarcástica. - Não estão sonhando, humanos. Tudo o que vocês leem em livros de fantasia existem; ogros, sereias, lobisomens, vampiros, kitsunes, fadas... Todos existem. Como vieram parar aqui?

Selene encarou Maze. A única coisa que ela sabia era de que fora correndo para dentro do Frick Park encontra-lo, salva-lo, pular no buraco que o levaria para um lugar desconhecido e não iria sozinho. Correu no desespero em perde-lo, perder mais uma pessoa que se importava tanto. Agora, ao lado dele, sabendo que Maze estava inteiro, o alivio pareceu desmoronar sobre ela. Se ele estivesse morto...

- Caímos em um buraco que nos trouxe para cá. - respondeu Maze, impassível como de costume. - Não conseguimos ver o que ocorria durante a queda.

- Certo, porém, como caíram nesse buraco? - perguntou a mulher.

- Uma pessoa me disse que Maze havia caído dentro de um buraco - disse Selene, engolindo em seco. Embora a mulher estivesse mirando uma flecha nela momentos atrás, ela havia salvado Selene e Maze dos alces esquisitos e de outras mais ameaças que estariam por vir. Observando aqueles olhos prateados, pôde ver através da curiosidade da mulher, a sinceridade verdadeira. - E fui atrás dele. O buraco estava lá, se mexendo, mas Maze apareceu na floresta, sendo que era para estar dentro do buraco ou em qualquer lugar que o tenha levado. Alguma coisa me puxou para dentro e eu caí, Maze também caiu.

- Essa pessoa possui alguma magia ou algo assim? - perguntou a mulher.

- Apenas o Elemento Fogo e nada mais. - o estomago de Selene revirou ao lembrar de Trinity.

A mulher observou o rosto dela e de Maze, como se estivesse processando as informações. Selene sabia que se lhe passasse algo além daquilo, se a mulher não fosse confiável o suficiente, poderia usar algum detalhe contra eles. Com um pulsar intenso de ambos os cortes, Selene encostou o braço em Maze, tentando manter a convicção no rosto sem mostrar a dor que sentia.

- Não são todas as pessoas que podem transportar outras para Mundos. - disse a mulher, afinal - Apenas Anjos, feiticeiros de Alto Nível, os integrantes do Governo de Edenyn Erd e demônios de Nível Maior podem abrir Portais Dimensionais pois possuem grande poder para isso. Essa pessoa que fez isso deve pertencer a um deles.

Até parece que Trinity é um Anjo, murmurou Selene mentalmente. Não poderia ser outra pessoa para abrir o tal Portal Dimensional; a garota bronzeada a enganou que Maze havia caído no buraco e este surgiu em carne e osso, enganando-o também. Será que ela usara a mesma desculpa com o Exorcista? Certamente Trinity não gostava de Selene, sabia disso, contudo, por que faria uma coisa como aquela? E com que tipo de poder?

- Não sabemos se foi exatamente essa pessoa - disse Maze - Mas isso não justifica seu interesse por nos trazer aqui. Não tenho dúvidas que algumas das criaturas daqui sejam honestas e que queiram ajudar as outras, porém, somos humanos e você mesma disse que poderíamos ser condenados por estarmos aqui. Se tem esse tipo de conhecimento, por que nos ajudou?

A mulher arregalou os olhos. Selene percebeu a arrogância na voz de Maze e beliscou sua mão.

- Eu já... - ela hesitou - Eu já tive contato humano. Não são todos que são cruéis e um deles já me ajudou. - a mulher fitou o chão, parecendo relembrar memórias. - E diferente do Mundo Real, nós conseguimos saber quem é confiável ou não, saber se está mentindo ou não. Nascemos com esse tipo de discernimento e aguçamos com o passar do tempo. Por que eu os ajudei apesar de saber que vocês podem ser condenados? - ela olhou para Selene, logo em seguida para Maze. - Porque eu já fui condenada e já ajudei outros condenados. Sei o sofrimento de uma criatura sendo condenada.

Selene a olhou com curiosidade cuidadosa. Ficou imaginando se as cicatrizes fora a condenação da mulher.

- Vocês foram jogados aqui. - prosseguiu ela, apontando o dedo indicador para eles, dando um passo à frente. - Não sabem como o causador fez isso com tão pouco poder e precisam de ajuda. E eu sou uma das criaturas que são honestas a ponto de ajudar os outros. Eu sei a dor de um condenado.

Maze suavizou os ombros e beliscou a mão de Selene. Ela conteve a vontade de chuta-lo.

- Se realmente quisesse nos matar ou anunciar às pessoas sobre nós, você já teria feito - disse ele - E mesmo que queira dizer às pessoas sobre a nossa existência aqui, eles te acusariam por nos manter em sigilo. Não irá adiantar em caso o fizer, será punida da mesma maneira.

A mulher riu com deboche.

- Você é esperto - disse - E é verdade. Se algum dos Governantes de Edenyn Erd ou qualquer outro souber que humanos estão aqui, não voltarão vivos para casa.

- Mas deve haver uma saída, não é? - perguntou Selene, repentinamente ansiosa. Um lampejo de desespero clareou sua mente, focando em Trinity. Se aquela garota os lançou ali certamente faria algo pior com os outros da Academia, enganando a todos e, como na Caçada na qual Liz quase morrera, faria com que os Selecionados voltassem um contra os outros. A raiva fervilhou dentro de Selene.

- Ah, claro que há. - a mulher repousara as mãos na cintura. - Um deles é fingir que são Exilados. Vocês estão na terra onde vivem os Exilados, todo aquele que cometeu algum erro grave o suficiente para ser expulso de sua espécie. A outra maneira é indo até a Terra Negra, local onde possui alguns Portais Dimensionais. No entanto, ir para lá é como trilhar a própria morte.

- Por que fingiríamos ser um Exilado? - perguntou Selene.

- Vocês precisariam de um lugar nada suspeito para ficar. - respondeu a mulher com um sorriso presunçoso. - Todos caminham por qualquer lugar que vá se esconder e seriam descobertos rápido demais. Por isso fingiriam ser um de nós. Não poderiam simplesmente sair daqui e pedir a alguém que os ajude, a única pessoa que pode ajudar vocês sou eu. Pelo menos é o que tem no momento.

Selene respirou fundo, afastando-se de Maze.

- Precisamos voltar, Maze. - disse, fitando-o, o frio na barriga lhe golpeando. - Precisamos voltar por causa de Trinity. Se ela nos lançou até aqui e nos enganou, pode fazer o mesmo com o pessoal da Academia. Ou coisa pior. Sei que não sabemos como ela fez isso, mas é perigoso demais continuar aqui por muito tempo. Não posso deixar que ela machuque as pessoas que eu me importo, ainda mais com outro Elemental das Trevas solto por aí. Eu... - cerrou os punhos, trincando a mandíbula, recordando-se de Cindy - Eu não posso perder mais ninguém.

O Exorcista a encarou, analisando seu rosto. Selene sabia que ele já perdera muitas pessoas mais do que poderia suportar, e se ele tivesse alguém que ainda se importasse, alguém que amasse verdadeiramente, concordaria com ela, não é? Saberia o sentimento de desespero e proteção que ela tinha por imaginar coisas horríveis, não saberia?

- Como chegamos à Terra Negra? - Maze dirigiu o olhar lentamente para a mulher.

- Isso levará um certo tempo, humano - respondeu a mulher, erguendo as sobrancelhas. - Há uma fronteira na qual separa qualquer continente de lá, pois há uma muralha que impede a passagem, sendo que, se alguém tentar ultrapassa-la poderá acabar morto. Há uma onda que surge exatamente no dia de Khurbnium e que, ao toque, a criatura pode morrer. A onda desaparece após este dia. - ela fez uma pausa - Ninguém tentou ousar ir além da muralha. Além disso, é necessário um mapa para chegar lá, já que todos que foram desafiar a muralha não voltou vivo.

- Como conseguimos o mapa? - perguntou Selene, imaginando o que seria o dia de Khurbnium.

- Apenas os Governantes de Edenyn Erb e o Oraculo possuem o mapa. - revelou - Não podem ir até os Governantes senão serão mortos e ir ao Oraculo é tarefa de quem tem o poder de se misturar às sombras e ser um bom espião. - ela sorriu - Conheço alguém que pode ir até o Oráculo e pedir para que traga o mapa, porém, com uma condição: terão que ajudar os Exilados a trabalhar durante a estadia ali, já que deixarei que fiquem em meu lar temporariamente.

Maze franziu o cenho e Selene suspirou. Certamente teria uma condição e esta não parecia ser difícil de cumprir, afinal precisavam do mapa e a mulher iria ajuda-los. Ela os salvou e era o dever agradecer.

- Nós aceitamos sua condição - disse o Exorcista - Obrigado por nos ajudar... - ele sugeriu para que a mulher dissesse o nome.

- Alya - disse - Meu nome é Alya.

- Sou Selene e este é Maze - disse Selene sem sorrir, gesticulando para cumprimentar Alya. Ela abanou as mãos amigavelmente.

- Agradecimentos e cumprimentos aceitos. - Alya virava vagarosamente em direção a porta. Antes de abri-la, ela olhou para eles com o sorriso traiçoeiro - Aliás, vocês atrapalharam a minha caçada. Aquele "alce" era a minha presa. Terão que compensar com o trabalho mais duro que existir aqui, entenderam?

***

Alya providenciara pijamas para Selene e Maze, além de um lugar para dormir. Não houve um tour pela casa da mulher, apenas um passeio rápido. Na entrada havia uma sala enorme que constituía a base da casa na árvore, uma parede de madeira dividindo-a pela metade. À esquerda havia uma pequena sala com uma espécie de sofá de madeira e folhas longas, duas janelas sem vidro com alguns galhos finos ultrapassando a entrada; uma estante feita de galhos firmes era recheada de livros com lombadas variadas e belas nas quais Selene queria ter o prazer em saber o conteúdo. À direita havia uma cozinha embora não houvesse fogão e geladeira. Uma mesa de madeira para quatro pessoa situava-se no meio do cômodo; o fogão improvisado era feito de carvalho e havia carvão sob uma espécie de metal manchando de preto. Não havia pia ou qualquer ligação com a água, embora tivesse um balcão embutido a uma parede com uma pequena janela logo acima, repleta de frutas brilhantes, legumes e verduras estranhas.

Alya havia dito que possuía só um quarto, situado no nível superior da casa, onde ela dormia. O caminho para lá era ao final da cozinha, onde havia uma outra escada de madeira com uma abertura retangular no canto do teto, dando a visão de um espaço amplo com pouca mobília. Ali havia um amontoado de algo macio, Selene tinha percebido, porém não fazia ideia do que era; folhas de pigmento azul-escuro formando um tapete grande e redondo no centro; em um canto esquerdo do quarto tinha instrumentos para construção de material artesanal, embora fosse completamente diferente do que Selene estava acostumada a ver nos livros de história. Em uma parede com uma janela retangular havia uma mesma estante de livros como na sala abaixo, flores exóticas decorando-a. Um tipo de armário em outra parede próximo à "cama" de Alya possuía saias variadas, blusas, camisas, camisolas e quaisquer outras vestimentas do Mundo Sobrenatural.

A mulher propôs o pequeno espaço acima de seu quarto para que Selene e Maze dormissem. Subiram outra escada e deram de cara com algo parecido de sótão; o teto era inclinado com uma abertura quadrada. Alya providenciou um estofado macio individual para que eles não precisassem dormir na madeira fria do chão e lençóis.

Selene estava usando uma camisola branca de algodão com decote em V, deixando sua marca à mostra. Era confortável embora a vestimenta só fosse um pouco acima dos joelhos. Seus braços estavam nus e ela sentia a brisa entrar pela abertura quadrada no teto. Maze trajava a blusa preta rasgada nas mangas e uma calça de camponês clara dada por Alya. Ele ficara deitado no espaço próximo à entrada em caso alguma coisa acontecesse e precisava manter-se um pouco inclinado por causa do teto.

Após Alya desejar bons sonhos a eles, Selene fechara os olhos quando se certificou que Maze começara a dormir. Embora o estofado fora separado para ambos, o Exorcista manteve-se virado para ela, o rosto tranquilo enquanto seu peito descia e subia serenamente.

Após respirar profundamente três vezes, Selene pegou no sono. Ficou imersa nos pensamentos aleatórios em como voltar para a Academia, de impedir Trinity de enganar os outros. Levou um susto.

Então Selene os viu.

A Academia estava pegando fogo e ela pôde ouvir os gritos horrorizados dos Selecionados, o pânico enquanto as chamas se alastravam por toda parte. Ela avistou Liz, gritando enquanto ficara presa sob um teto caído em cima de seu pequeno corpo, o fogo consumindo sua pele. Agatha estava com um corte imenso na diagonal de seu peito, sangrando sem parar. Flechas prateadas estavam enterradas na direção dos corações de Melanie e Alexander, caídos no chão em chamas. Sombras em formato de lanças cravavam no corpo de Ethan, ele gritava por socorro, esticando os braços para desvencilhar do sofrimento. Seu pai surgiu, lágrimas de sangue banhando o rosto, várias espadas ultrapassando seu corpo.

A dor era real. Não conseguia fazer nada, ajoelhada por entre as chamas. Cobria o rosto com as mãos, berrando. Seu grito fora interrompido por um urro que fez seu mundo desmoronar. Ela conhecia aquele urro. Retirou as mãos do rosto e viu Maze, sendo consumido por alguma coisa sombria que não conseguia saber o que era, diante dela. Selene estava com os olhos arregalados quando o avistou, a imagem lhe atravessando a alma. Ela estava perdendo Maze. Perdendo.

Quando os cortes de ambos os braços arderam como fogo, Selene abriu os olhos, berrando de dor. Seu corpo sacudia como se estivesse tendo uma convulsão, a imagem de Maze passando em seus olhos, um dos piores filmes de terror que já assistira em sua vida. As lágrimas caíam ardentes no rosto, uma agonia invadindo seu ser como uma faca cortando seu corpo inteiro e lentamente. Sentiu mãos cálidas segurar seus braços dormentes, sentindo também o sangue escorrer quente na pele.

- Midnight? - Selene ouviu a voz grave e desesperada de Maze, contudo, conseguia ver apenas a face dele a fitando, os olhos desaparecendo... - Midnight?

A voz do Exorcista saiu alta o suficiente para que a visão voltasse ao normal; ele estava a encarando, o semblante carregado de preocupação, os olhos dourados faiscando em desespero. Maze estava ali, a segurando pelos braços, os rostos próximos outra vez. Ele não estava morrendo.

- Maze... - Selene soou falha, completamente arrebatada pela dor física e do sentimento de perda. Não conseguira sentir o alivio por vê-lo ali, vivo, próximo a ela. A dor era intensa demais. - Não vá embora, por favor... Por favor... - clamou ela, cravando as unhas nos braços de Maze. Um sussurro tentou sair de sua boca, no entanto, a garganta fechou e abriu, saindo um soluço por causa do choro.

Selene abraçou Maze, apertando seu corpo com o dele, sentindo-o presente, ninguém o tirando dela. Soluçando, percebeu que as mãos do Exorcista espalharam por seus cabelos soltos, retribuindo o afeto.

- Eu nunca irei - disse ele em um sussurro - Eu estou aqui. Eu não vou embora, não sem você.

Ao ouvi-lo dizer aquilo, Selene pressionou os lábios, enterrando o rosto no peito de Maze, ainda chorando. O coração estava tão acelerado e o frio na barriga lhe esmurrou tão forte que engasgou.

- O que houve aqui? - Selene escutou Alya perguntar. Não ergueu o olhar para vê-la.

Maze a afastou, deitando-a no estofado. Ele olhou para trás para ver Alya.

- Ela está sangrando. Tem algo para que possa diminuir o sangramento?

- Espere, eu já trago alguma coisa!

O mundo girava ao redor de Selene agora, fazendo-a levar a mão até a testa. A pele queimava, febril. Nem mesmo o vento lhe fornecia algum resfriamento ou qualquer outra coisa. Todas as coisas que vira dissolveram ao nada apesar de não tranquiliza-la, apenas agradeceu por tudo aquilo ser sua imaginação maluca.

Mãos trabalharam em seus braços e Selene tentou abrir os olhos agora. Sentiu o sangue dos cortes serem limpados, alguma coisa liquida espessa adentrou na pele e ela cravou as unhas nos antebraços.

- Calminha aí... - disse Alya. - Pronto.

Após o término do curativo, a respiração de Selene voltou a ser controlável, uma onda serena preenchendo o peito, amenizando a dor. O corpo relaxou, os braços cessando o formigamento.

Antes mesmo de abrir os olhos, agradecer Alya e ver Maze, Selene adormeceu.





- O que houve, de verdade? - perguntou Alya à Maze. Ela levara um pequeno recipiente com um liquido esverdeado, agora se afastara de Selene, soltando um suspiro. - O que eram aqueles berros, pelo amor do Anjo?

- Há alguma coisa nos cortes que a deixou desta forma. - disse Maze ajoelhado ao lado de Selene. Seu coração palpitava um pouco mais devagar em relação há minutos antes, quase saindo pelo peito. Uma gota de suor escorria pela testa e a secou, respirando fundo. - Já usara outro liquido antes para fecha-los, porém nada mudou desde então.

- E o que causou os cortes? - a mulher franziu a testa enquanto observava as ataduras encharcadas de sangue em um lado de Selene.

- O primeiro foi acidental, por uma arma. O outro fora em uma luta na qual não estava presente quando ela recebeu o corte. - ele quase estalou a língua, pronto para se punir. Selene nunca disse onde fizera o segundo corte. Se ele estivesse presente no momento que recebeu, não deixaria que a ferissem.

- Mas houve mais alguma coisa que a fez gritar daquela forma, parecendo que estava morrendo ou vendo algo terrível. - disse Alya, os olhos prateados repousados no rosto tranquilizado da menina. - E se já usaram um outro remédio para cura-lo, então a situação está feia. Há algo estranho aí.

Maze ficou observando o rosto de Selene. Desde o momento em que ela pedira o liquido angelical na enfermaria, o corte não o deixava descansar nem por um minuto. Mesmo após as Caçadas e mais ferimentos feitos, ele percebia que ela escondia que os cortes permaneciam ali, abertos e dolorosos. Cogitou que fosse pela teimosia que a fazia se esforçar nos Treinamentos ou em quaisquer outras coisas, no entanto, naquele instante, Selene não fizera nada para causar o sangramento. E ela se feria demais para proteger o grupo 13. Se feria demais para protege-lo.

- Essas ervas são uma maravilha - disse Alya, fechando o recipiente - Geralmente os ferimentos se cicatrizam após dois dias, mas já que disse que usara outra coisa e não adiantou nada, não sei se o efeito será o mesmo. Se fosse um ferimento qualquer, o corpo dela já teria o curado por causa do tecido da pele - ela levantou, repousando uma das mãos na cintura. - Contudo, há algo que impede que feche e se cure. Vamos ver como as ervas farão na pele de Selene nesses dias. Se não houver resultado, meu caro...

Maze a encarou.

- Ah, não vou dizer para não se preocupar. Afinal, você se importa com ela, certo? - Alya abanou a mão com o recipiente - Mesmo com o ferimento cicatrizado, surgirá outras preocupações em relação à ela. Agora vá dormir, está cansado demais.

A mulher virou e marchou para a saída do sótão, acenando para Maze antes de desaparecer abaixo. O Exorcista retirou as ataduras sangrentas de perto de Selene, colocando-as em um canto do local. Ajeitou a Selecionada no revestimento macio, cobrindo-a com o lençol, colocando o cabelo longo e negro para trás, observando o rosto suado e suave.

Maze ficou sentado e cobriu o colo com seu lençol, deixando a cabeça pender para trás, soltando suspiros profundos. Lembrava da maneira que Selene o olhava como ela mesma estivesse morrendo e precisava pelo menos ver seu rosto por uma última vez. Lembrava das lágrimas que não cessavam, das unhas cravando seus braços, das palavras que ela havia dito a ele, clamando para que não fosse embora. E, por fim, do abraço como se Selene tivesse medo de perde-lo. Perde-la também não fazia partes de seus planos. O medo consumia o coração de Maze, imaginando como seria sem ter Selene por perto após se acostumar tanto.

Massageou as têmporas, afugentando pensamentos horríveis demais para aquela noite. Já fora horrível presenciar um ataque de Selene e não precisava ficar imersos em pesadelos.

Expirando a pureza do ar profundamente, Maze fitou o céu escuro e estrelado da abertura do sótão, lembrando-se da maneira que os olhos de Selene ficaram glaciais e aquelas coisas misteriosas surgindo em seu rosto.


Continuer la Lecture

Vous Aimerez Aussi

798 172 7
Há duas coisas muito importantes a serem ditas sobre as primas Luara e Ivy: 1) Elas são bruxas 2) Elas se odeiam É a combinação dos dois fatores que...
35.9K 1.8K 40
Quando um certo professor decide reunir vários assaltantes de vários lugares, estilos e tipos diferentes Talvez tudo pode dar errado ou tudo pode dar...
188K 25.9K 45
Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o wattpad, provavelmente está correndo o risco um ataque virtual (malwa...
4.7K 620 7
Após o término conturbado com Hinata, seu primeiro e único amor. Naruto se afastou do Japão por anos para curar suas feridas internas e se reencontra...