Enquanto Você Dormia - Efeito...

By laribsss

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Quando você é enganado, traído e machucado até certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar ou esp... More

AVISO
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Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44

Capítulo 45

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By laribsss

Dias se passaram, se convertendo em semanas. Melanie e Harry dormiam em quartos separados. Não voltaram a ter nenhum tipo de contato. Ela não conseguia pensar direito quando estava perto dele; parecia que a realidade era oprimida pela presença dele. Ele deu outra batida atrás de Perrie após se certificar que a mãe viajara pra visitar Greg em Dartmouth, mas descobriu que Perrie havia viajado também. Melanie voltou a terapia. O psicólogo receitou algo pra ela mas era um remédio natural, apenas pra tornar o sono mais tranquilo. Funcionava. Harry ficou com o pé atrás nas primeiras noites, mas por fim conseguiu aceitar que ela estava dormindo bem. Ele não a pressionava por uma resposta; sabia que, quando a hora chegasse, essa viria.

Ele estava no elevador, chegando em casa quando o elevador abriu, a musica do piano o encontrou. Era um lamento triste, ao mesmo tempo encantador. Ele parou na sala de entrada, se permitindo ouvir; sabia que ela pararia se ele entrasse. Era um musica antiga, de antes do coma, e ela gostava muito dela antes de esquecê-la. Melanie deixava os dedos acariciarem as teclas do piano, tentando organizar a cabeça. Não conseguia simplesmente esquecer o passado mas não tinha certeza se queria abdicar de um futuro pelo que já fora feito. Ela não fora nenhuma flor de pessoa também.

Melanie: Can we pretend that airplanes in the night sky are like shooting stars? - Ela cantarolava em um murmúrio, só pra ela, olhando os dedos no piano. Os olhos se encheram d'agua conforme a melodia avançaram - I could really use a wish right now, a wish right now, a wish right now...

*Podemos fingir que os aviões na escuridão da noite são como estrelas cadentes? Seria muito bom um pedido agora, um pedido agora, um pedido agora...*

Ele suspirou, entrando em casa, e ela parou de cantar, encarando-o. A melodia continuou: Ela não precisava olhar a tecla pra dar seguimento a melodia. Era irônico, ela não precisava de uma estrela cadente pra fazer um desejo: Ele podia realizar qualquer um... Menos o que ela queria pedir. Ele não disse nada, entrando no corredor e deixando-a lá. Antes de chegar ao quarto a melodia parou quando ela largou as teclas, amparando os cotovelos no piano e agarrando os cabelos pelas raízes, o cenho franzido como se esperasse que a decisão brotasse dali.

**

Melanie: Sim, eu tenho um problema, eu estou com uma coleção em andamento e os tecidos desse catalogo não passam nem perto do que eu tinha em mente. - Disse, de pé no telefone, com um enorme catalogo de amostrar na sua frente. Um par de sapatos pretos pousou do lado quando Louis apoiou os pés na mesa - Não sei se é a tonalidade ou a textura, mas por hora não produza nada com isso, não vai levar meu nome. - Decidiu - Entro em contato quando chegar a uma conclusão. - Disse, desligando o telefone, por fim - Louis, você não tem o que fazer?

Louis: Tenho. Te fazer companhia é parte da minha agenda. - Disse, debochado. Era bem como nos velhos tempos.

Melanie: Dispenso. Eu posso te dar uma sugestão pra esse horário: Cuide da sua vida. - Disse, irônica, virando uma folha do catalogo.

Louis: Minha vida vai muito bem, obrigado. - Disse, satisfeito.

Melanie: Você tem um relacionamento há mais de dez anos, é casado há mais de três e sua mulher está te enrolando pra te dar um filho, coisa que você quer, e vai continuar fazendo isso até que esteja velha demais pra poder fazê-lo. - Disse, maldosa. - Que tal começarmos por ai?

Louis: Auch! - Gemeu, com a mão no peito - Garota, eu tinha sentido falta da sua acidez. - Ela sorriu, debochada.

Melanie: Como está Gemma? - Perguntou, se sentando.

Gemma ficara abalada desde que Melanie recuperara a memória. Havia virado amiga dela, sim, mas aquela que não tinha culpa pelo que foi feito do irmão dela na adolescência. Agora que a culpa voltara, ela estava confusa com o que sentia. Melanie conhecia a sensação.

Louis: Ela vai voltar a ser sua amiga. Só está tentando administrar, você sabe, tudo. - Disse, dando de ombros.

Melanie: Tire as patas da minha mesa. - Rosnou, furando o tornozelo dele com uma agulha de costura. Louis gritou, tirando os pés e ela sorriu, falsamente doce. No fim ele riu. Era estranho, mas a amizade dos dois seguira intacta a tudo.

Quem dera isso se aplicasse a todas as outras situações.

**

Um mês se passou desde que ela recuperou a memória. Veio o dia de ação de graças. Greg voltou pra casa pro feriado. Houve o desfile da escola de Nat e Blair: Ela não foi uma fada, mas foi uma linda estatua da liberdade rosa. Melanie tirou dezenas de fotos dos dois, orgulhosa. Harry, ao lado dela, apenas sorriu vendo-a leve assim depois de um bom tempo. A noite veio, e como sempre o jantar foi na casa torre branca. Melanie usava um vestido preto, com um decote em V e o cabelo em um coque alto.

Melanie: Garoto, olhe só o seu tamanho! - Disse, olhando Greg, que riu. Fora o único que não se abalara muito com o retorno das memórias dela.

Greg: "Garoto"? - Perguntou, fazendo graça.

Melanie: Exibido também. - Disse, empurrando-o, e ele riu - Nem dá pra acreditar. Quando eu cheguei aqui você era um Gremlin com problemas com lactose. - Alfinetou. Greg riu, derrotado.

Anne: Greg? - Chamou, da cozinha - Querido, me ajude aqui um instante.

Greg assentiu e saiu. Melanie voltou pra sala, onde todos estavam. Ficou perto da porta, parada, pensando. Ver Greg daquele tamanho fora tipo um choque de realidade, mostrando a ela que o tempo continuava correndo. Ela olhou Charles no colo de Madison, que conversava com Niall, e Juliet, que nem existia quando o acidente aconteceu. Tudo estava mudado, tudo estava diferente. Comeu muito pouco durante o jantar. Seu peito estava apertado, o coração batendo descompassado. No fim ela estava parada no pé da escada, com uma taça d'agua na mão, pensativa. Ele a viu e se aproximou. Ela não precisou se virar pra saber que ele estava ali... Nem que essa era a hora. 

(Play no vídeo)

Melanie: Eu vou embora. - Disse, sem se virar pra olhá-lo.

Harry fechou os olhos, respirando fundo. Desde que ela se recordara das coisas ele temera esse momento, mas preferiu ter esperanças de que ela reconsideraria. Aquilo era absurdo. Ele usava jeans escuros e um suéter grafite: Era como se os dois já estivessem de luto por aquilo. Ele a apanhou pelo cotovelo, guiando-a pra sala de estar, agora vazia, e fechando a porta.

Harry: Porque? - Perguntou, se virando pra ela.

Melanie: Porque eu preciso. - Disse, a voz tremula, colocando a taça sobre uma mesa.

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você.

Harry: Será que você não consegue ver que o que construímos juntos é maior, é mais importante do que os erros de anos atrás? - Perguntou, incapaz de manter a voz neutra.

Melanie: Harry, não. - Pediu, do outro lado da sala. Já estava sendo doloroso o suficiente.

Harry: Ok, não, mas me diga PORQUE? - Gritou, avançando - Me dê uma motivo razoável, me diga PELO QUE você está me deixando! - Disse, abrindo os braços.

Melanie: PORQUE EU NÃO CONSIGO PENSAR PERTO DE VOCÊ! - Gritou, desabafando - Quando eu estou perto de você, eu te amo e só existe isso. Mina minha capacidade de tudo. É como se estar perto de você fosse bastar pra qualquer coisa.

Harry: E não é?! Melanie, eu não te dei tudo?! - Ele avançou um passo e ela recuou - Amor, fidelidade, compreensão, carinho, tempo, pelo amor de Deus, eu te dei a minha vida! O que mais eu posso fazer?

Eu serei o escolhido, se você me quiser.

Melanie: Se eu me sentisse assim o tempo todo eu juro por Deus que eu me agarraria a você e nunca mais te deixaria ir. - Disse, quieta - Quando eu estou com você isso basta, é como se não houvesse nada mais importante, mas quando você se afasta tudo volta e eu tenho essa sensação, esse vazio, como se estivesse negligenciando a mim mesma.

Harry: Negligenciando O QUE? - Perguntou, exasperado.

Melanie: É como viver dopada. Quando você passa, quando o efeito passa, a dor volta. Vai continuar assim até eu conseguir me resolver comigo mesma. - Disse, decidida - E eu não consigo pensar perto de você, vivendo com você, do jeito que estamos. - Harry assentiu, respirando fundo.

Harry: Quando? - Perguntou, tentando ser razoável.

Melanie: Quando eu sair daqui. - Ela viu o choque nos olhos dele. Ok, foda-se a compreensão.

Eu teria te seguido a qualquer lugar...

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você.

Harry: Embora pra onde, Melanie? - Perguntou, respirando a arfadas. - Nova Jersey, outra vez? Eu não vou te seguir, mas permita-me assegurar algo: Você não vai levar Nathaniel e Blair.

Melanie: Eu não estava pensando em ir pra Nova Jersey. - Cortou, sabendo que a distancia era grande demais para as crianças.

Harry: Eu tenho imóveis pela cidade. Escolha um. - Disse, cansado. Era uma luta sem fim: Anos e anos lutando, e no fim ela parecia escorregar pelos dedos dele.

Melanie: Não. - Ele ergueu os olhos - Eu não quero nada seu. Não vou levar nada. - Harry suspirou audivelmente, totalmente fora de si - Eu tenho meu próprio dinheiro. Primeiro vou a um hotel, depois me resolvo.

Harry: Que dinheiro? - Perguntou, olhando o teto.

Melanie: A casa de New Jersey estava com a fundação presa em dinheiro. Dinheiro vivo. Limpo. - Ele não era louco de ter deixado aquilo lá todos aqueles anos - Você não deixou lá só por vingança, não é?

Harry: Não. Eu tirei, abri uma conta pra você, e apliquei o dinheiro. - Disse, baixando os olhos pra ela - Está rendendo juros esses anos todos. Porém, quando você aplica dinheiro, existe um certo período de tempo de vigência da aplicação, onde você não pode retirá-lo de lá. Vai levar um mês até que você possa mexer nele.

Melanie: Ok, eu vou tomar um empréstimo. - Disse, tentando organizar a cabeça - Tenho algum fundo da empresa, isso não é problema...

Harry: EMPRÉSTIMO? - Explodiu, fazendo-a se sobressaltar - Você é casada com um dos homens mais ricos do continente e quer tomar um EMPRÉSTIMO? OK, QUEM NÃO ESTÁ SENDO RAZOÁVEL AGORA?

Melanie: EU NÃO VOU LEVAR O SEU DINHEIRO! - Gritou, se irritando - FOI SEU DINHEIRO QUE COMEÇOU ESSA MERDA TODA, PRA COMEÇAR, JÁ CHEGA!

E eu estou me sentindo tão pequeno.

Harry: E PRETENDE FAZER O QUE? UM LOFT NO BROOKLYN? NO QUEENS? BED STUY? - Debochou, arrogante - COM MEUS FILHOS? Eu acho que não, Melanie. - Cuspiu, venenoso.

Madison: Com licença, boa noite. - Disse, abrindo a porta. O choro de Blair entrou na sala e Melanie ofegou, afundando o rosto nas mãos - Que diabo vocês acham que estão fazendo?

Louis: Dá pra ouvir os gritos do outro quarteirão. - Disse, sério.

Harry: Faça o que você quiser fazer, mas Nathaniel e Blair ficam. - Encerrou, duro. Melanie ergueu o rosto.

Melanie: São meus filhos também. - Lembrou, erguendo o rosto.

Harry: Ah, são? - Perguntou, debochado, um sorriso irônico se abrindo no rosto - Tome eles de mim então. Vou adorar te ver tentar.

Madison: CHEGA! - Cortou, fechando a porta. - Vocês acham que esse é o caminho pra resolver isso?

Melanie: Harry, eu não quero brigar. - Implorou, olhando-o.

Foi demais pra minha cabeça

Eu não sei absolutamente nada.

Harry: Não, só está, além de me abandonando, querendo pegar meus filhos e levar Deus sabe lá pra que buraco, só pra ter a ultima palavra sobre mim. - Disse, amparado na porta.

Louis: Ok, escute. Tem meu apartamento. - Ofereceu, e Melanie olhou pra ele - Está mobiliado e limpo. Me mudei pro apartamento de Gemma e ficou tudo lá, os moveis... Pode ficar o tempo que quiser.- Concluiu.

Harry: LOUIS, QUE. PORRA. É. ESSA? - Perguntou, lívido, e Madison o agarrou pelo braço.

Madison: Ele morava no Upper West Side. É do outro lado do parque, muito mais perto do que pra onde ela ia. Seja racional. - Harry ofegou, se amparando na porta de novo. Estava perdendo-a. A dor que estava tomando conta dele o fazia ter certeza disso.

E eu tropeçarei e cairei

Ainda estou aprendendo a amar, estou apenas começando a engatinhar.

Melanie: Eu aceito. - Disse, grata, e Louis assentiu. - Quanto as crianças... Hoje elas ficam com você. Amanhã também, provavelmente, mas vamos precisar encontrar um modo de repartir o tempo. - Harry gemeu, apertando a ponte do nariz.

Madison: Você está indo agora? - Melanie assentiu e ela suspirou.

Melanie: Você tem as chaves? - Perguntou, e Louis assentiu.

Louis: Em casa. - Respondeu, quieto.

Melanie: Aceito a carona, então. - Louis assentiu, e Melanie olhou Harry, respirando fundo, e saiu em seguida. Pra dar de cara com uma Blair assustada, chorosa e um Nate apreensivo. - Deus, venha aqui. - Disse, apanhando a menina no colo. Sophia apenas a observou. - Nate. - Chamou.

Louis: Vou tirar o carro, estou esperando lá fora. - Ela assentiu.

Melanie levou Blair e Nate pra sala de jantar, agora vazia. Podia sentir o alvoroço lá fora. Ela ninou Blair até que a menina se acalmou, então se sentou. Nate estava quieto, sentado em uma cadeira, os olhos cheios d'água.

Nate: Você vai embora. - Disse, a vozinha quebrada. Blair era muito nova pra entender, mas ele não.

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você!

Me desculpe por não ter conseguido chegar até você.

Melanie: Nate...

Nate: Porque? - Isso cortou o coração dela, que já estava sangrando. O pai dele lhe fizera a mesma pergunta minutos antes - Eu fiz alguma coisa?

Melanie: Não! De jeito nenhum. Escute, isso é entre seu pai e eu. Você e Blair não tem nada a ver, vocês são os filhos mais maravilhosos que alguém poderia ter. - Tranquilizou, se ajoelhando na frente dele.

Nate: E por que você vai embora? - Perguntou, uma lagrima grossa caindo pelo rosto. Ela a secou, se segurando pra não chorar.

Melanie: Às vezes... Os pais tentam muito fazer as coisas funcionarem. Tentam mesmo. Mas as vezes eles estragam tudo. - Admitiu, a voz tremendo no final - Mas eu não estou abandonando vocês. - Blair a olhava, tristinha - Nunca vou fazer isso. Depois que eu me acomodar na casa nova, seu pai e eu vamos entrar em um acordo, e nós vamos nos ver sempre.

Nate: Mas não como antes. - Impôs, e ela respirou fundo.

Melanie: Não. Não como antes. Mas eu amo vocês, eu sempre vou amar. E eu sempre vou estar aqui. - Disse, acariciando o cabelo do menino - Parece horrível agora, mas vai ficar tudo bem. - Prometeu - Venha, me dê um abraço. - Nate a abraçou pelo pescoço e Blair pela cintura (Melanie estava ajoelhada) e ela se permitiu um soluço, abraçada aos dois. - Mamãe ama vocês.

A despedida foi complicada, triste, mas no fim ela conseguiu. Saiu da sala e entregou Blair a Sophia. A família toda estava no pé da escada, todos sérios, em silencio, menos Harry, que não estava a vista. Melhor assim. Nate passou e se abraçou a Madison.

Melanie: Cuidem dos meus filhos por mim. - Murmurou e Madison assentiu, quieta.

Melanie saiu da torre branca sem olhar pra trás. Se olhasse se lembraria, se lembrasse fraquejaria, se fraquejasse voltaria lá e se lançaria nos braços dele. Louis esperava na frente da escadaria. Ela entrou no carro e ele não disse nada, dando a partida.

Cinco minutos depois o carro de Harry passou, no rastro dos dois. Ele bem tentou deixá-la ir com dignidade, sem interferir... Mas não conseguiu. A amava demais pra aquilo acabar assim.

**

Começou a chover no caminho. Não uma garoa; chuva forte mesmo. Era como se o céu estivesse pranteando a decisão dela. Ela se manteve quieta o caminho todo. Seu peito doía, como se tivesse algo comprimindo-a, querendo fazer o coração dela sumir. Não seria de todo mal, no fim das contas.

Louis: Aqui. - Disse, voltando do cofre - Porta da frente, dos fundos, e dos quartos. - Disse, apontando - O caseiro vai lá toda semana. - Melanie assentiu.

Melanie: Obrigada. - Disse, olhando as chaves.

Louis: Melanie, você tem certeza? - Ela o olhou - Não sou ninguém pra me meter, mas eu vi você ser mais feliz nos últimos 4 anos do que na sua vida inteira.

E eu teria te seguido a qualquer lugar!

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você.

Melanie: Eu não quero ir, acredite, mas eu preciso. - Disse, segura.

Louis: Tudo bem. Tome seu tempo. Fique lá o quanto precisar. - Disse, dando de ombros - Você tem algum meio de locomoção?

Melanie: Tenho. Um taxi. - Cortou, respirando fundo. Louis revirou os olhos - Chega de favores por hoje, já está ótimo.

Louis: Cale a boca e tome essa porcaria. - Disse, empurrando o chaveiro na mão dela - Gemma comprou porque "gostou da cor". Odeia o carro em si, mas comprou pela cor. - Ele revirou os olhos - Só usamos umas duas vezes, está criando poeira na garagem.

Melanie: Obrigada. - Disse, abraçando-o. Ele hesitou um instante e a abraçou de volta.

Louis: Boa sorte. - Desejou, sincero.

Melanie entrou em casa decidida: Queria ser rápida. Não levaria nada demais, apenas o necessário. Jogou duas malas na cama, uma colocando roupas de casa e outras de trabalho, mais refinadas, e uma terceira com sapatos. Não pegou jóia alguma, apenas o rolex que pai lhe dera, que ela desconfiava que Perrie devolvera. Saiu do closet com uma braçada de blusas na mão e viu ele parado na porta.

Melanie: Por que você veio? - Perguntou, exausta.

Harry: Tentei não vir. - Admitiu, encostado na porta - Não consegui.

Melanie: Já não foi doloroso o suficiente? - Perguntou, quieta.

Harry: Vai piorar quando você for. Acredite. - Ela respirou fundo - Eu não queria ter te tratado daquele jeito, eu só...

Melanie: Perdeu o controle. - Ele deu de ombros.

Harry: Eu não entendo o porque. Já fui um grande filho da puta com você, mas eu achei ter me redimido. - Admitiu, coçando a lateral do rosto, olhando o chão.

Melanie: É isso que eu estou tentando descobrir. Se eu superei aquela merda toda que fizemos, ou se ainda resta rancor. Não me condene por não querer montar uma vida em cima de uma duvida, Harry. - Pediu, o tom quase implorando por compreensão.

Harry: Eu vou esperar por você. - Disse, quieto.

E eu... Eu engolirei meu orgulho.

Melanie: Harry...

Harry: Você pode tomar o tempo que quiser pra decidir. Se um dia se arrepender, eu vou estar esperando. - Continuou, sereno - Nunca houve outra mulher pra mim, de outra forma. Perrie foi só um erro, e eu estou pagando por eles agora.

Melanie respirou fundo, se virando e começando a fechar as malas. Não podia ficar ali daquele modo. Não havia convicção que se sustentasse. Ela fechou a mala dos sapatos e a das roupas de sair, e parou na penteadeira pra pegar seus remédios e a escova de cabelo.

Harry: Ok, eu não tenho dignidade pra não tentar isso. - Disse, entrando no quarto - Melanie, não me deixe. - Implorou, os olhos grudados nos dela. Duas lagrimas caíram pelo rosto dela. Abriria uma represa em breve, se ela não se controlasse.

Melanie: Eu amo você. - Respondeu, parada, olhando-o - Amo tanto que eu cairia de uma ponte de novo por você, se isso significasse que eu ia esquecer. Pra que nós dois tivéssemos outra chance. - Admitiu, sincera - Eu amo você mais que a mim mesma, se é que é possível amar alguém tanto assim.

Harry: Então não vá. Fique. - Insistiu, e ela respirou fundo - Fique aqui, comigo.

Melanie: Com qual? O que quase me atirou no poço do elevador ou que montou um borboletário pra mim? - Perguntou, os olhos cheios d'água - O que me manteve presa aqui dentro, ou que pegou minha mão e me mostrou o mundo? - Harry assentiu, recuando. - Eu só preciso de tempo pra me entender.

Harry: Eu fiz você feliz. - Murmurou, certo disso. Perdera, não havia como negar.

Você é aquele que eu amo...

E eu estou dizendo "adeus".

Melanie: De todas as formas como uma mulher pode ser. - Respondeu, indo até a mala e pondo os remédio lá, fechando o zíper depressa. Precisava ir... Precisava ir...

Ele a pegou pelo braço, virando-a. Antes que ela pudesse falar algo, ele a beijou, abraçando-a pela cintura. Se ela ia, que fosse com o gosto dele, marcada por ele, pra saber o que deixara pra trás. Achou que ela o rejeitaria, mas ela o correspondeu. Durou o máximo que os dois conseguiram fazer durar.

Harry: Eu amo você. - Murmurou, derrotado, encarando-a - Sempre amei.

Melanie: Sempre vou amar. - Completou, se afastando dele.

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você!

E ela foi embora. Um empregado ajudou com as malas, e logo ela estava no carro, novamente fugindo dali... Só que daquela vez sofrendo por isso. A viagem foi curta: Era só questão de fazer a volta no Central Park. Um funcionário do prédio a ajudou, e o recepcionista veio até ela, dando as boas vindas e explicando que o Sr. Tomlinson ligara avisando da chegada dela. Disse qual era o andar, e se colocou a disposição.

Melanie começou a chorar no elevador. A dor a dominou, por fim, e ela mal sentia nada.

Eu sinto muito não ter conseguido chegar até você!

Louis morava em um duplex. Tudo estava coberto por lençóis brancos, mas a limpeza estava impecável. Havia uma escada, na sala mesmo, com uma pequena varanda no primeiro andar na sala mesmo, mas ela não teve força pra chegar a subir, ou descobrir os moveis. Só subiu em um sofá, chutando os sapatos e abraçando as pernas, chorando as lagrimas mais dolorosas que ela já havia chorado. Havia uma parede de vidro na sala, mostrando Nova York imersa em chuva, e tudo o que ela via doía, porque aquela cidade era dele. Em algum lugar ali seus filhos estavam sofrendo pela decisão dela, e bem na frente dela, apenas com o parque de diferença, Harry estava sofrendo pelo mesmo.

E eu teria te seguido a qualquer lugar!

Oh... Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você!

Ela não sabia quanto tempo levara ali, mas soube que se ficasse sozinha, não suportaria. Pensou em Bella; não a via há um bom tempo, mas não queria alguém já imerso nisso. Não era do que ela precisava. Jogou uma mala no sofá, abrindo e procurando sua carteira, até achar o que queria. Um cartão.

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você.

Saiu de casa descalça mesma, a maquiagem toda desfeita, o rosto lavado em lagrimas. Parou o carro na frente do prédio, descendo na chuva, e mandou o porteiro interfonar. Um instante depois estava chapinhando pra dentro do prédio, então do elevador, então estava parada na frente de uma porta, tocando uma campainha. Toda molhada, ensopada, tremendo de frio. O único indicio de que estava chorando eram os soluços em serie. A porta se abriu segundos depois dela tocar a campainha.

Edward: Melanie? - Perguntou, exasperado - Deus, o que aconteceu? Você está ensopada! - Disse, exasperado.

Diga alguma coisa...

Ela tentou responder, tentou argumentar algo pra explicar o porque estava ali, se abraçando pra segurar os próprios pedaços juntos, toda ensopada em um vestido de luxo, mas só o que aconteceu foi seu choro se intensificar a um ponto impossível. A dor a estava cegando. Não era aquela campainha que ela queria tocar, mas foi a única que lhe sobrou. Vendo que não ia conseguir uma resposta ele a pegou pelo braço, trazendo-a pra dentro de casa e fechando a porta. Nada se resolveria aquela noite, nada mudaria: Bastava esperar que o dia amanhecesse, a chuva passasse, e então catar os destroços que ficaram da decisão tomada e aprender a viver com eles.

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ

EFEITO BORBOLETA - FIM DO LIVRO DOIS

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