ISABELLA
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Aqui estou eu, sentada na cama do motel e repensando na merda que fiz.
Adam, o meu ex-namorado, me ligou e pediu para conversarmos. A idiota aqui aceitou. Sara bem que me avisou para não vir, mas não a escutei.
Adam me pediu para voltar, fez mil e uma declarações de amor. Caí feito uma idiota. Mas como poderia ser diferente? A pessoa que mais amei chega e fala tantas coisas bonitas... Diferente do ex de Sara, Adam nunca me traiu, eu sei disso. Ele é um idiota, não nego, mas eu o amo de qualquer forma.
Sim, isso me irrita. Depois do que ele me fez eu ainda o amo, ou acho que o amo.
Adam me trouxe para esse motel, me fez juras de amor e começou a me beijar. Estava feliz por aquilo acontecer, mas quando ele tentou tirar a minha blusa... Travei, simplesmente não consegui ir adiante. Pensei em Sara falando sobre ele me querer apenas para sexo, nada mais que isso.
E essa sempre foi a causa das nossas brigas, o fato de Adam quer muito sexo, e eu não querer. Assim ele me chamar de frígida, dizer que nenhum homem me querer por ser tão travada e sem graça.
Depois ele volta como um homem carinhoso e eu aceito.
Respiro fundo.
Sara está certa, como sempre.
Não fui adiante. Mesmo com Adam insistindo. Encheu-me de beijos, mas não adiantou. Adam ficou irritado, tentei explicar a minha situação, claro que ficou revoltado. Tão revoltado que saiu do motel e me deixou aqui. Sozinha.
Agora já deu pra mim.
Chega!
Acorda pra vida, Isabella!
O telefone do quarto toca. Atendo:
- Sua hora aqui acabou. - a mulher fala, do outro lado da linha.
- Já estou saindo.
Pego o resto da minha dignidade e saio do quarto. Desço às escadas, mas sou barrada pelo segurança.
- A senhorita não pagou. - ele informa.
- Como assim? - pergunto. Meu rosto queimando de vergonha.
- O seu acompanhante saiu e deixou a conta com você. - a recepcionista informa.
Sinto-me humilhada. Já não bastava ser abandonada em um motel, ainda tenho que pagar e olhar para cara dessas duas pessoas que, com certeza, já sabem da situação.
Pago com cartão de débito e saio do motel, fico mais irritada quando percebo que o lugar é simplesmente deserto. Viemos de táxi e esse motel fica à beira de uma estrada.
Pego um aplicativo de táxi e seleciono para ser uma motorista mulher. Depois de vinte minutos ela chega. Conversamos sobre a vida, desabafo com ela. Que é igual a Sara.
Eu sou a tonta mesma.
Depois de quase meia hora chegamos a frente do meu prédio, pago a mais pela conversa que tivemos e assim nos despedimos.
Chego à porta do apartamento e preparo para ouvir o sermão de Sara. Não contarei o que aconteceu, apenas direi que eu e Adam conversamos até tarde.
Quebrei um juramento com minha melhor amiga, aquele onde eu dizia que não seria mais manipulada, não seria mais trouxa pelo Adam.
Entro em casa e vejo tudo calmo. Vou até o quarto de Sara para me certificar que ela está dormindo, mas não está. Procuro no banheiro e no meu quarto. Nada dela.
A preocupação me consome.
Por que eu não vim com ela? Por que fui atrás de Adam? Eu sabia que a rua estava perigosa, só falávamos disso e ela já estava bastante paranoica com esse assunto, mesmo assim pensei em mim e não nela.
Tento controlar a minha respiração e parar de tremer. Procuro o número de Sara e ligo. Tento duas vezes e não atende. Logo depois, ela retorna a ligação.
- Onde você está? - pergunto com preocupação e alívio. Pelo menos, sei que ela está viva.
- Estou bem, não se preocupe. Passarei a noite fora. - não está nada bem! - Está tudo bem.
Sara jamais passaria a noite fora sem avisar antes.
- Sara, você está bem? - sei que não está, preciso de uma dica, uma luz do que posso fazer. - Vou ligar para a polícia.
- Não! - ela grita em desespero... Se não posso ir a polícia, o que farei? - Eu conheci um cara faz um tempinho. Não se preocupe, está tudo bem.
- Você jamais sairia com um cara que acabou de conhecer. - ela está sendo induzida, ameaçada, a mentir. - O que faço? Merda, sou uma péssima amiga. Você foi sequestrada...
- Confie em mim, ficará tudo bem. Não faça nada sem falar comigo.
Oh merda! O que eu faço?
Começo a chorar e a me desesperar. Sem saber o que fazer, ando de um lado para outro em busca da solução. Entendi a dica, não posso falar com a polícia, mas essa é a única solução.
Não tem outra saída!
Saio de casa determinada a salvar a minha única amiga, aquela que eu deveria estar ao lado, não atrás de Adam.
Não é hora para lamentações.
Chego à delegacia. Fico do outro lado da rua esperando a minha coragem.
E se eu não for e Sara morrer? Mas e se eu denunciar e ela morrer? Essas dúvidas me consomem.
Decido seguir a minha intuição. Dou um passo em direção à delegacia.
- Eu não faria isso se fosse você. - ouço uma voz masculina atrás de mim.
Começo a respirar muito rápido, como se tivesse corrido uma maratona. Viro-me aos poucos e vejo um homem em pé, olhando para mim. Ele está em uma parte escura da rua; ele usa boné e óculos escuros, atrapalhando a minha visibilidade.
- Eu não entraria aí se fosse você. - estica a sua camisa e vejo algo com o formato de uma arma.
- O-o que vo-vo... - não consigo terminar, o meu medo é maior que tudo.
- Sua amiga está bem. - responde. - Ninguém fará mal a Sara. Aqui está. - ele me entrega um celular com algumas fotos. Vejo Sara conversando com uma mulher, loira. Sara não parece estar mal, mas conhecendo do jeito que a conheço, sei que seu semblante é de puro ceticismo, desconfiança. - Se você envolver a polícia, será pior para vocês duas.
- Não pos...
- Sua amiga está bem e continuará assim. - se aproxima, tento dar um passo para trás, mas ele me impede. - Não fale com ninguém, isso será pior para todos, isso inclui Sara, você e a família das duas.
A nossa família? É pior do que pensei.
- Não se preocupe, sua amiga entrará em contato em breve. Pense bem no que te disse. Conte para polícia e muito sangue será derramado, e por sua culpa. - ele sai de perto e entra em um carro.
Olho para a delegacia e depois para o carro que vai embora.
A consciência pesada, de não saber e não ter o que fazer.
Agora
Desligo o celular, após falar com Sara e ela dizer que está tudo bem. Olho para o homem a minha frente. Agora eu vejo seu rosto.
Quando eu disse que queria o Chris Evans, eu queria o verdadeiro, não a cópia bandida dele!
Mas também, que boca! Tudo o que brinquei aconteceu!
- Pronto? - pergunta, sua cara de puro deboche. - Acredita que sua amiga está bem?
- Quem me garante que ela não está sendo forçada? Que não tem um cara ao lado dela como eu?
O homem loiro vai até a mesa e pega a arma, colocando por dentro da calça.
- Se fosse tudo uma grande ameaça, tenha certeza que você não estaria aqui. Isabella, você vai ao trabalho, vai para...
- Você me vigia! - grito e ele sorri. O seu sorriso arrogante me irrita em um nível absurdo.
- Para me certificar que não fará besteira.
- E eu tenho que agir como se minha amiga estivesse em uma colônia de férias? Como se ela não estivesse com vocês?
- Sabe quem somos? - cruza os braços, com o mesmo olhar desafiador.
- Não, eu nem sei seu nome. - levanto do sofá, encarando-o em desafio. Na verdade, eu tenho medo, mas não quero demonstrar isso.
- Não precisa de nomes, só precisa saber que pode confiar em mim. Sua amiga está bem.
- Claro, eu confio fielmente na pessoa que está mantendo a minha amiga presa. Pode deixar, eu confio muito em você, pessoa que não sei o nome.
- E não é que é verdade? As latinas tem sangue quente.
Somos todos latinos... Mas se ele fala desse modo... Italiano? Mas ele não tem qualquer sotaque.
- Já pesquisou sobre a minha vida?
- Você ainda tem sotaque de Porto Rico, assim como sua amiga.
- Como sabe que eu ''ainda'' tenho sotaque? Você sabe da minha vida, não é mesmo? Como sabe tanto? Já pesquisou sobre tudo?
Como pesquisaria tão rapidamente? Como...
- Até mais, Isabella Vergara.
Ele abre a porta do meu apartamento e me deixa para trás, sem me dar qualquer resposta.
Quem é essa gente para saber tanto em tão pouco tempo?
Ou já sabiam?
E por quê?