Enquanto Você Dormia - Efeito...

By laribsss

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Quando você é enganado, traído e machucado até certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar ou esp... More

AVISO
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Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45

Capítulo 8

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By laribsss

A rotina da manhã de Harry mudara totalmente desde o nascimento de Nate. Antigamente ele pegava trabalho as 7:30, agora pegava as 9:30, assim podia acordar o filho com calma, alimentá-lo, aprontá-lo e levá-lo pra torre branca. Antigamente ele acordava e fazia o que bem queria, agora precisava ser silencioso, porque o menino podia acordar. Mas não se importava. Acordava mais cedo, porque precisava fazer suas coisas, e o deixava dormindo, mas só de acordar e ver o menino aconchegado nele, o rostinho inocente adormecido, o enchia de uma alegria sem explicação. Ele bem tentava fazer Nate dormir no próprio quarto, e as vezes conseguia, colocando-o lá enquanto dormia, mas a verdade é que os dois preferiam dormir juntos. Naquela manhã Harry acordou e sorriu, vendo o filho agarrado em seu braço, se soltou dele e seguiu sua rotina. Foi pro escritório, adiantou algumas coisas, voltou pro banheiro de onde saiu de banho tomado e barbeado, se aprontou e voltou pra cama.

Harry: Você não precisa acordar ainda, mas está pensando seriamente nisso. – Disse, acordando o filho, que assentiu – Está pensando?

Nate: Tô. – Murmurou, dormindo, e Harry riu, beijando o cabelo do menino. Sempre o despertava 20 minutos antes dele precisar levantar.

Ele não sabia que seria um dia cheio. Logo voltou e acordou o menino, levando-o pro banho, então os dois se aprontaram e vieram pra sala, Nate bonitinho em uma calça azul clara e uma camisa branca e Harry impecável em seu terno cinza.

Nate: Bom dia, Ga... Gai... – Ele se atrapalhou, enquanto o pai o colocava na cadeirinha.

Harry: Gail. – Sussurrou, ajudando-o, e ele sorriu.

Nate: Bom dia, Gail.- Disse, todo pomposo, e Gail sorriu, trazendo o prato com o mingau dele.

Gail: Bom dia, menino Nate. Bom apetite. – Disse, tranquila, e Nate atacou seu prato. Harry sorriu, tomando um gole de seu café e abrindo o jornal. Era impossível não gostar do menino.

Mas, falando na exceção a regra... Harry terminou seu café primeiro e foi aprontar suas coisas pra sair, checando o celular, deixando Gail ajudando Nate a terminar o suco, e se bateu com Perrie sentada na sala.

Perrie: Harry, quanto tempo mais vai me dar esse gelo? – Perguntou, parecendo magoada – Eu disse a você, foi um acidente. Não atenda isso, me dê atenção. – O celular chamava.

Harry: O que teria acontecido se eu não tivesse chegado, Perrie? – Perguntou, se sentando numa poltrona. O celular continuou – Teria batido no meu filho?

Perrie: Sabe que eu não seria capaz! – Disse, exasperada.

Harry: Eu não sei de mais nada. – Cortou. O celular parou de chamar e caiu na caixa. A saudação de Harry soou na sala.

- Styles, deixe sua mensagem.

Então veio a voz de Liam. Parecia afobado, apressado, não sabia se dizer ao certo. Harry franziu o cenho.

- Irmão, sou eu. Escute, eu sei que parece impossível, eu não... Não dá pra explicar agora. Melanie acordou. Venha pra cá.

Fim da mensagem. Um silencio pesado se apoderou da sala. Perrie parecia ter acabado de ouvir a noticia da própria morte; Harry estava estupefato. Durou uma fração de segundo, até que ele discou de volta. Liam não atendeu – devia estar ocupado. Harry saltou da poltrona, afoito, ignorando Perrie e indo pra cozinha.

Harry: Filho, papai teve uma emergência. – Disse, limpando a boca de Nate – Hoje você fica com a tia Sophia, ok? – Nate assentiu, satisfeito. Queria brincar com Juliet.

Perrie: Ela não pode ter acordado. – Disse, quando Harry voltou com o menino no colo, sem pasta nem nada, só o celular e a chave do carro. Harry a lançou um olhar letal.

Nate: Quem acordou? – Perguntou, confuso.

Harry: Sophia. Mas tenho certeza que acordou, Juliet chora quando tem fome. – Disse, atravessando Perrie, enquanto esperava o elevador.

Harry deixou Nate com uma Sophia que parecia também ansiosa e partiu, cantando pneu pelas ruas de NY até chegar no hospital. O Desmond Richard Styles General Hospital era um hospital de luxo, enorme... Grande demais. Harry esperou o elevador impaciente, e notou a alteração ao chegar no quarto de Melanie: Haviam médicos demais. Um neurologista e um cardiologista, além de Liam. Haviam fios novamente ligados a cabeça de Melanie, alguns em sua testa e alguns debaixo dos cabelos, e ela... Ela encarava o teto. Os olhos estavam abertos. Havia uma maquina do lado da cama, com a imagem de um cérebro, totalmente cinza, exceto por dois pontos nas laterais que estavam em um laranja que ficava cada vez mais vivido.

Harry: O que... – Perguntou, sem fôlego pela corrida.

Liam: Ela abriu os olhos de madrugada. Não sei quanto tempo passou de olhos abertos, mas a enfermeira veio fazer a ronda das 3 da manhã e ela estava encarando o teto. – Resumiu – Eu estava em casa, voei pra cá. Eu não sei o que aconteceu, o cérebro dela simplesmente reagiu, sem nenhum estimulo, sem nada.

Harry: Porque ela está parada assim? – Perguntou, ansioso.

Liam: Ela passou 4 anos quase morta. O cérebro está reagindo aos poucos, mas os lobos temporais dela estão ativos. Ela está ouvindo. – Ele se aproximou, checando a maquina e olhou o neurologista, que assentiu – Melanie, sou eu, Liam. Você está no hospital. Pode me ouvir?

Melanie não respondeu, mas virou o rosto na direção do som, como se quisesse segui-lo. Liam apanhou uma caneta, levando uma lanterna aos olhos dela, que nem pestanejou com a luz. Não estava enxergando quase nada. Harry se lembrou dela na gincana de Greg, anos atrás. "Você é uma cega terrível", ele dissera.

Liam: Tudo bem, eu vou pegar sua mão. Faça alguma coisa se me sentir. – Ele apanhou a mão dela, apertando-a.

Levou um instante, então a mão de Melanie, tremula, retribuiu um aperto fraco. Liam sorriu e o neurologista anotou algo.

Liam: Lobo occipital quase inativo. – Disse, olhando o monitor. A única parte que havia reagido eram as da audição. O neurologista assentiu – Você consegue falar comigo? Aperte minha mão se conseguir.

Não houve nada. Melanie só tinha a cabeça virada na direção do som, piscando os olhos azuis cegos, mas definitivamente acordada.

Liam: Hemisférios inativos. – Avisou aos médicos, que continuaram com suas anotações.

Harry: Ela vai ficar assim? – Perguntou, em um murmúrio.

Liam: Não, o coma dela só foi muito severo. Acredito que as funções vão voltar. – Disse, confiante.

Harry encarava Melanie, que não o via, como quem testemunha algo sobrenatural, então algo caiu com um peso morto em seu estomago. Ele desenvolvera respeito e carinho por ela durante esses anos, e desejara que sinceramente que ela acordasse, mas só ao ver os olhos azuis piscando, vivos novamente, se atentou a algo: Melanie o odiava. O momento em que mais o odiara foi justamente quando sofreu o acidente. Agora que acordara, o ódio dela acordara com ela. E ela era mãe do filho dele, tinha direitos. A compreensão veio com um choque desagradável: Ela voltara pra lhe tomar Nate.

**

Levou dias até que as funções de Melanie voltassem. Todas menos a voz, o que era estranho, porque segundo os aparelhos o cérebro dela estava funcionando totalmente.

Harry: Ela me odiava. Me odeia, é claro, com razão. Tenho medo de que ela tente me tomar Nate. – Confessou ao irmão, enquanto os dois olhavam Melanie pela porta de vidro do quarto.

Liam: Dê tempo a ela. Até agora ela reagiu bem a sua presença. – Melanie não demonstrara nenhuma aversão à presença de Harry no quarto.

Harry: Eu tento, mas não consigo não me preocupar. Fiquei cheio de vida desde que ele nasceu. – Murmurou, quieto.

Gemma: Porque ela não diz nada? Ela passou 4 anos em coma, qualquer pessoa ia querer saber as coisas! – Disse, exasperada – Saber do filho, qualquer coisa!

Madison: Ela precisa de tempo. – Disse, quieta. Também estranhara. Achara que a primeira reação de Melanie ao acordar seria procurar pelo filho.

Sophia: Ou... Liam. – Ela passou pelos outros, se aproximando do marido, olhando a vidraça – Olhe aquilo.

Melanie os observara conversar por um bom tempo, e agora batia os lábios, uma expressão curiosa no rosto, meio frustrada. Liam franziu o cenho, e agora todos observaram. Ela tinha uma mão na garganta e batia os lábios, parecia tentar falar.

Liam: Eu não acredito nisso. – Murmurou, puxando a porta de correr e entrando no quarto. Melanie os olhou, quieta – Melanie? – Nada. Ele tocou a garganta, imitando-a, e ela o olhou – AAAAAAAAAAH. – Disse, só usando a voz. Melanie demorou um instante, parecendo concentrada...

Melanie: AAAAAAAH. – Repetiu, a voz clara e firme, e Harry sorriu de canto ao ouvi-la de novo. Liam, entretanto, parecia frustrado.

Gemma: Qual é o seu problema? Ela finalmente falou alguma coisa. – Disse, olhando o irmão.

Sophia: Ela não falou; ela o imitou. – Corrigiu, parecendo penalizada também. Louis e Gemma lançaram um olhar irritado.

Liam: Ela não estava calada porque queria. – Constatou, olhando Melanie com algo que beirava pena – Ela estava calada porque não se lembra de como falar. Ela esqueceu. Tudo. – Completou.

Já havia lidado com casos assim: Após um coma severo a pessoa perdia parte da memória, ou em casos mais graves toda ela. Parecia que esse era o caso. Curioso, no mínimo.

**

Liam apanhou o celular, discando alguns números e falando rapidamente, chamando algumas pessoas, e Melanie foi levada a uma ressonância magnética, logo voltando ao quarto. Os médicos estudaram os resultados, mas não havia outra resposta. Os outros esperaram, ansiosos, até que Liam se voltou pra Melanie, que olhava sem interesse.

Louis: Pode explicar agora? – Perguntou, debochado.

Liam: Ela não rejeitou a presença de Harry, não perguntou por Nathaniel, não disse nada... Porque ela não lembra. Aparentemente o cérebro dela foi zerado. – Disse, do modo mais claro que podia.

Sophia: Ela dormiu os últimos dias tranquilamente, sem precisar de remédio algum. Devíamos ter notado. – Disse, olhando Melanie.

Niall: E você devia fazer faculdade de medicina. – Cortou – E agora?

Liam: Nós vamos ensiná-la outra vez. Temos uma ala no hospital dedicada a pacientes com amnésia. Ela já ia precisar de fisioterapia de qualquer forma, por causa do coma, mas vamos ensiná-la a falar, a comer, a escrever... A viver de novo. O cérebro dela não reteve nada. – Disse, resignado.

Madison: Como isso pode ser possível? – Perguntou, totalmente exasperada.

Liam: Depois do acidente ela teve um traumatismo craniano, um inchaço e uma hemorragia. A hemorragia, juntamente com o inchaço, pressionou o cérebro dela contra o crânio. Um traumatismo nunca é igual ao outro, então só podemos supor. – Explicou. Melanie parecia entediada agora.

Louis: Mas ela pode se lembrar, não é? – Tentou, angustiado. Harry olhava Melanie, calado. Ele apanhou a mão dela, o dedão acariciando o pulso, um carinho familiar dos dois, e ela olhou, parecendo gostar do afago.

Liam: Pode, como não pode. É como toda amnésia. – Finalizou.

Harry: Eu preciso conversar com vocês. Todos vocês, incluindo Perrie, então precisa ser na minha casa. – Disse, decidido, olhando Melanie. Os outros o olharam, curiosos – Vou sair agora, vou ver Nate, encontro vocês na minha casa. Todos. Hoje à noite. – E saiu, parecendo atordoado, mas obstinado.

Voltas, voltas, voltas. Melanie observou Harry sair com o olhar tranquilo, enquanto os outros pareciam confusos. Bastava esperar pra saber o que é que ele tinha de tão importante a que dizer.

**

Melanie começou a fisioterapia e a terapia naquela mesma tarde. A fisioterapia era o mais fácil, já havia um padrão estabelecido, mas a terapia era diferente. Ela precisava aprender a falar, aprender o significado das palavras, das ações, saber distinguir quando sentia fome, sede, aprender todas as coisas que no normal temos a infância inteira para aprender. Era complicado. À noite, o apartamento de Harry estava anormalmente cheio. Havia um clima de curiosidade mutua ali (principalmente do porque Perrie tinha que estar em algo relacionado à Melanie).

Harry se ausentou por um instante, pra colocar Nate pra dormir – um golpe de sorte o menino ter sono aquela hora: Como todos correram pro hospital com a noticia de Melanie, as crianças ficaram com Anne, e uma reunião Clair + Nate + Greg + Juliet foi exaustiva. Enquanto os Styles chegavam Harry cuidou do filho, dando banho e alimentando, e o menino simplesmente apagou, inocente de tudo. Gail colocara uma empregada pra servir bebidas e tira-gostos enquanto a reunião durava, mas ninguém tinha muita fome.

Louis: Imagine encontrar vocês aqui. – Disse, debochado, saindo do elevador com Gemma.

Liam: Você mora aqui agora ou o que? – Perguntou, no mesmo tom de deboche, sentado no piano.

Gemma: Morará. – Cortou, simples, se abaixando pra dar um beijo em Juliet, no colo de Sophia.

Niall: Como assim "morará"? – Perguntou, exasperado.

Gemma: Quero me casar em comunhão total de bens. Como mamãe e papai. – Disse, dando de ombros – O meu apartamento será dele também. Não gostaria de me mudar daqui.

Louis: Não olhem pra mim, eu tentei fazer ela desistir. – Cortou, antes que os outros pudessem tomar fôlego. Já tinha problemas de aceitação demais mesmo sem colocar dinheiro no meio. Niall e Liam se encaram, em uma exasperação muda.

Mas antes que um dos dois pudesse falar, Harry saiu do quarto, fechando a porta com cuidado. O silencio se abateu sobre a sala. Era palpável.

Louis: Certo, eu preciso beber pra passar por isso. – Disse, apanhando um martini na bandeja que a empregada obedecia.

Perrie: Estamos aqui, como você pediu. – Disse, dando voz ao resto. Estava de pé do lado de uma poltrona, a mão no recosto.

Harry: E eu agradeço. – Ele respirou fundo, tentando encontrar um modo razoável de falar aquilo – É sobre Melanie, é óbvio. Eu quero pedir algo a vocês. A todos vocês. – Os outros esperaram, mas Madison sorriu, deitando a cabeça de lado.

Madison: Você não quer que ela lembre. – Disse, suave, estudando a reação dele. Harry suspirou.

Niall: Como é? – Perguntou, como se tivesse perdido alguma parte.

Madison: Essa Melanie, a Melanie que está se recuperando no hospital, ela não sabe nada. Ela não humilhou você quando adolescente, ela não guerreou com você por anos, ela não tentou te matar. – Era exatamente o que estava na cabeça de Harry. Ele franziu a testa, desconfortável – Você não quer que ela lembre porque, enquanto ela não lembrar, não tentará tirar Nathaniel de você. – Completou. Harry se sobressaltou.

Harry: Não. – Os outros esperaram. Liam saiu do piano, indo pro lado de Sophia, pensativo – Não é só por Nathaniel. – Aquilo era totalmente desagradável – Eu não quero que ela lembre, porque não quero que ela me odeie. Eu quero ter a chance de tentar. Quero fazer meu casamento dar certo.

Houve um instante de silencio enquanto todos absorviam o que foi dito, então um bombardeio de vozes, todas falando ao mesmo tempo, subiu. Juliet riu, animada. Cada um parecia ter um ponto de vista sobre o assunto, mas não dava pra entender o que ninguém dizia.

Harry: SHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Sibilou, batendo palmas. Aos poucos as vozes pararam. – Vão acordar Nate!

Sophia: Ok. Você está aqui, olhando no meu olho, e me dizendo que quer uma chance de "tentar". – Harry assentiu, passando a mão no rosto.

Harry: Nunca daria certo se ela soubesse o que já aconteceu, mas ela não sabe, então há uma chance. – Ponderou.

Madison: E você quer que, depois da série de barbáries que aconteceram nos últimos anos, incluindo espancamento, tentativas de assassinato e envenenamento, nós entreguemos uma Melanie mais indefesa que nunca pra viver com você. – Continuou. Harry ficou quieto.

Harry: Ela é minha mulher. – Disse, por fim – Eu quero tentar. Por ela. Por Nathaniel. Por mim.

Liam: Harry, a condição de Melanie é muito complicada. Ela pode acordar amanhã e se lembrar de tudo, ou pode nunca mais lembrar. O cérebro humano não tem padrões totalmente seguros onde se guiar. – Lembrou.

Harry: É nessa esperança a que eu me prendo. Que ela não lembre. – Disse, tentando se fazer claro – Nesse momento, ela não sabe de nada que sofreu. Não sabe de nada do que me fez sofrer. Ela conseguiu esquecer, e essa é a minha chance de arrumar essa confusão.

Gemma: Irmão, me diga especificamente o que você está me pedindo, porque minha cabeça está começando a doer. – Pressionou, no colo de Louis.

Harry: Eu quero que ela venha viver comigo, e com nosso filho, e quero... Quero que vocês não contem a ela. Quero que me ajudem a tirar do caminho tudo o que possa fazê-la recuperar a memória. – Ele respirou fundo – Eu quero começar uma vida do zero.

Liam: É complicado demais. – Insistiu – Qualquer coisa pode ser o gatilho pra que a memória dela volte, parcial ou total. Ela pode se lembrar ao entrar aqui, onde foi a jaula dela por anos, pode se lembrar ao visitar lugares, ao ver coisas. O gatilho pode estar em qualquer lugar. É pretensão demais dizer que podemos evitar que ela lembre. – Concluiu.

Louis: Digamos... – Começou, apanhando a azeitona no fundo da taça – Que concordemos. – Harry o encarou, quieto. – Você pretende trazê-la pra casa, como se nada daquela merda tivesse acontecido...

Harry: Na cabeça dela nunca aconteceu. – Disse, desesperado em fazer com que os outros entendessem.

Sophia: Mas na sua aconteceu. – Impôs, séria ao lado do marido – Ela pode não se lembrar da infância, do St. Jude, do casamento, mas você lembra. Quem me garante que, colocando-a aqui, nas suas mãos, não estou tornando-a um alvo?

Harry: Eu a toquei hoje à tarde, e ela sorriu pra mim. – Disse, cansado – Ela nunca havia sorrido pra mim daquele jeito. Eu não seria capaz de machucá-la. – Ele respirou fundo, exasperado – Durante nosso casamento, ela sempre teve a chance de revidar! Eu nunca usei o trauma dela no meio disso porque ela não tinha defesa, e não seria justo. Até quando estávamos tentando nos matar, era uma vez de cada um, sempre houve uma chance de contra-atacar... Mas não é assim agora. O jogo acabou. – Esclareceu, respirando fundo.

Perrie: Quando acabou? Quando você decidiu lamber o chão dela porque ela conseguiu te dar um filho? – Se pronunciou pela primeira vez, e Harry negou com a cabeça.

Harry: Acabou no momento em que nós dois caímos daquela ponte. Ultrapassamos todo o limite do normal e do saudável, e o jogo acabou ali. Eu poderia ter morrido, ou ela, isso foi longe demais. – Disse, simples.

Perrie: E se ela soubesse? Se ela soubesse agora, se soubesse de tudo, se não tivesse esquecido? – Pressionou. Harry deu de ombros.

Harry: Íamos brigar pelo nosso filho, porque foi tudo o que nos restou. Mas não precisa ser assim. – Ele respirou fundo – Ela não lembra, então não precisa. Nós podemos criar Nathaniel juntos, mãe e pai, de um modo saudável. Ela vai reaprender tudo, e nós podemos começar do zero, aos poucos.

Louis: Se eu concordar, e eu disse SE. – Harry o encarou de novo – E você atacá-la, o que eu faço com você?

Harry: O que você quiser. – Disse, dando de ombros. Ele respirou fundo por um momento, parecendo exausto, olhando o chão – Eu já perdi essa mulher duas vezes. Ganhei uma terceira chance por intervenção divina, não sei. Quantas vezes mais vou ter que perdê-la antes que isso acabe? – Ele estava quase implorando.

Gemma: E se concordarmos, e um dia ela se lembrar? Não hoje, não amanhã, mas um dia? – Perguntou, observando-o.

Harry: Então vamos pesar o que foi bom e o que não foi. Se no fim o que for ruim ainda prevalecer, vamos seguir nossos caminhos, como pessoas civilizadas, e vamos brigar por Nathaniel, porque desistir dele não é uma opção pra mim, e já ficou obvio que nem pra ela. – Disse, decidido – Mas não precisa ser assim. Eu tenho a chance de mudar as coisas, eu quero usá-la.

Mais silencio. Harry esperou outro estouro de vozes, mas não ocorreu. Todos pesavam o que fora dito ali, e ele esperou. Soube que queria isso desde o momento em que descobriu que ela perdeu a memória. Precisou disso desesperadamente quando a acariciou e ela sorriu pra ele, um sorriso doce, inocente. Pôde ver naquele sorriso tudo o que os dois poderiam ter, se as coisas fossem diferentes, e agora elas podiam ser.

Madison: Você está vendo Melanie como uma maquina. Uma maquina cujo HD foi formatado, está em branco e você pode usá-lo pro que bem quiser. – Devaneou, os olhos distantes, e Harry suspirou, levando as mãos aos olhos – Eu voto sim. – Concluiu, tranquila. Harry piscou duas vezes, confuso. 

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