Simplesmente ame

By Joice-Lourenco

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Sinopse Melissa leva uma vida sem grandes emoções, enquanto vive praticamente escondida atrás do balcão da... More

Simplesmente ame
Prefácio escritor por Renata Martins
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
Continuação...

Capítulo 18

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By Joice-Lourenco

Por que ele fez isso? Por que esconderam isso de mim? Por que me trataram daquele jeito? O que eu fiz? Como pude agir daquela maneira com ela?

Melissa estava exausta, cansada de tudo. Segurou até onde pôde, mas não aguentava mais aquele silêncio. Não era apenas o de Érique, mas de todos à sua volta.

Naquele dia ela não queria ir pra casa. Dois meses se passaram e nada de ninguém revelar o que havia acontecido. Não aguentava mais entrar em sua casa. Estava magoada com todos, suas irmãs, seus pais, Érique, Hanna... Sentia-se sozinha, por que ninguém parava pra sentar e conversar com ela? Pareciam temer pelo segredo. Como se com sua presença aquele segredo acabasse sendo revelado.

Apesar de tudo o que estava sentindo, decidiu visitar sua irmã. Ela ainda era a mais sensata da família. Quem sabe poderia simplesmente desabafar e ela compreenderia? Sabia que Valéria sempre enfatizava pra ligar antes de visitá-la. Porém, estava sem crédito no celular e não iria pra casa só pra usar o telefone. A única coisa que poderia acontecer, era ela não estar em casa, então daria uma volta no shopping.

Bateu na porta e um homem alto a abriu. Ele olhou-a surpreso.

— Pois não?

— É... — ela ficou confusa. — A Valéria mora aqui? — Temeu que houvesse apertado a campainha errada.

— Sim. Já vou chamá-la.

Ele distanciou-se um pouco da porta e aumentou o tom de voz:

— Amor, tem uma moça que quer falar com você.

— Já estou indo. Qual é o nome dela? — A voz parecia vir do quarto.

— É a Melissa, irmã dela — ela respondeu, antes que o cara abrisse a boca. Viu que seu semblante havia mudado. Dessa vez, saiu de sua vista e foi para o quarto.

Valéria veio imediatamente com os olhos arregalados.

— Melissa? O que faz aqui? Não disse pra ligar antes de vir?

A irmã encarou-a seriamente. Observou a sala do apartamento. Fotos e mais fotos com os dois juntos. Havia uma mochila masculina em um canto. Começou a chegar a uma conclusão, mas não queria julgar antes de saber a verdade.

— Vocês estão morando juntos? — indagou antes que pudesse pensar mais a esse respeito.

Ela deu uma risada e negou. Melissa não se deu por satisfeita. Valéria estava muito nervosa.

Ficando impaciente, Melissa entrou pela casa e foi ao banheiro. Escovas de dente, creme de barbear e uma cueca jogada no canto. Típico!

— Melissa, o que está fazendo? — A irmã saiu desesperada em sua direção.

— Então o que é tudo isso? Fala a verdade, Valéria. Você saiu de casa pra morar com ele?

Valéria colocou a mão na cabeça, inconformada. Olhou para a irmã e percebeu a decepção em seus olhos, não daria mais pra esconder, ela já havia descoberto tudo.

— Está bem. Estamos morando juntos. É isso que você queria saber? — ficou irritada.

Melissa riu cinicamente, enquanto dizia:

— E a mãe sempre te elogiava. Ah, se soubesse disso!

Ficou pasma ao ouvi-la. Sabia que a irmã não era de falar assim. O que estava acontecendo?

— Vai contar pra ela?

Melissa a encarou seriamente.

— Sinceramente, cheguei a pensar que você era a mais sensata de todas nós. Mas me enganei, assim como você fez com toda a sua família esses meses. Por que não disse a verdade?

Ela não soube o que dizer, então Melissa continuou:

— Não vou contar, porque sei que se você é mesmo a minha irmã, então vai fazer isso, sozinha. — Bateu a porta da entrada e saiu em disparada, chocada pela atitude de Valéria. Como ela pôde fazer isso? Estava cansada de tantos segredos a sua volta. Cadê a confiança nas pessoas?

Andou o mais depressa possível, não se importando que horas eram ou onde estava indo. Precisava caminhar para pensar. Nem o medo de andar sozinha a fez ficar quieta. Não queria ficar calma, queria apenas colocar pra fora tudo o que estava sentindo. Nunca em sua vida havia ficado tão magoada e ferida como nos últimos meses, todos a ignoravam com aquele silêncio. Eles achavam que a estavam protegendo de algo, mas, às vezes, é preciso saber a verdade, por mais que doa. Será que é tão difícil entender isso?

De repente, no meio da sua caminhada frustrada, sentiu um empurrão forte em seu ombro e caiu na calçada. Ficou atordoada por alguns instantes e logo se reergueu, pronta pra seguir adiante, mesmo não sabendo qual caminho seguir.

— Você está bem? — Melissa ficou irritada ao ouvir aquela voz. Tudo menos ele. Era a última pessoa que queria ver naquele dia.

— Quer saber? Não estou nada bem, Érique.

Ela não olhou pra cara dele, continuou andando, ignorando aquele esbarrão que tiveram, mas ele parecia não fazer o mesmo. Correu atrás dela, preocupado. Nunca a tinha visto daquele jeito. Continuou insistindo em saber o que havia acontecido.

— Me deixe em paz! — começou a gritar, nervosa pela sua insistência.

— Só vou embora quando você me explicar o que está acontecendo.

Ela ficou incrédula ao ouvir aquilo. Parou de andar, cruzou os braços e o encarou.

— Que tal, as pessoas a minha volta mantendo segredos em cima de segredos? Você, a Hanna, meus pais, e até a Valéria.

— Pare de insistir nisso, pelo seu bem — pediu, calmamente.

— Por que não me deixa em paz, Érique? O que você quer comigo, afinal? Me encara e me ignora ao mesmo tempo. Se distancia de mim e depois corre pra saber como estou. Isso é ironia.

— É melhor assim, Melissa.

— Melhor? Pra quem? — indagou furiosa. — Só se for pra você, que continua vivendo sua vida tranquilamente, enquanto tenho pesadelos com aquele homem que sei lá quem é e o que fez comigo.

— Ele não fez nada com você! – esbravejou, erguendo as mãos numa forma de fazê-la entender.

— Ah, é? Agora vai decidir contar a verdade? — Ela o questionou, olhando intensamente seus olhos.

Um silêncio perturbador pairou no ar. Érique respirou profundamente, desviando seu olhar. Temia pela chegada desse dia. Várias vezes pensou em como contaria a verdade pra Melissa, mas nunca conseguia. Sabia que ela não iria perdoá-lo. Achou que a melhor coisa a fazer seria distanciar-se, mas não foi o suficiente. Ainda a amava, se importava com ela, e sabia que a estava machucando com sua atitude. Mas queria apenas protegê-la da verdade. Sabia que não seria mais a mesma coisa entre eles, já não estava sendo e isso o deixava ainda mais triste.

Viver todo dia com aquele segredo estava se tornando insuportável. Talvez devesse ter contato logo, mas aquele momento finalmente havia chegado.

— Você vai ter a verdade, mas não gostará dela — suspirou novamente, enquanto mexia nas mãos, estava nervoso. — Naquele dia, eu fui à sorveteria pra falar com você. Quando estava quase chegando, vi uma caminhonete. O cara tinha acabado de jogar você lá dentro. Fiquei desesperado ao ver aquela cena. Seguindo o seu conselho, de sempre ir com calma, segui-o e chamei a polícia. Estávamos indo para o interior da cidade, o meu bairro... De repente, ele estacionou a caminhonete e te carregou pelo ombro na beira da rua. Fique assustado com o que ele poderia fazer e não me contive. A polícia estava a caminho, mas não sabia se chegaria a tempo.

Érique parou por um momento, parecendo pensar bem no que dizer. Melissa estava com a respiração tensa pelo que ouviria a seguir. Ele espantou algumas lágrimas e continuou:

— Corri e fui pra cima dele. Houve um tiro, mas não conseguiu me acertar. Dei um soco nele e vocês dois caíram. Mas ele continuou a vir pra cima de mim com a arma. Tentei me proteger dela, no entanto, antes que pudesse perceber, alguém apertou o gatilho...

— Você o acertou? — Melissa começou a ficar apavorada.

— Não sei como aconteceu, Melissa. A arma estava entre a gente. Não sei dizer quem apertou, foi um acidente. Não tive nenhuma intenção.

Ela suspirou, enquanto as lágrimas invadiam sua face, tentando manter a calma.

— Quem era ele?

— Marcus, o irmão do Kevin... A polícia viu o que estava acontecendo e alegaram legítima defesa.

— Isso quer dizer que ele está morto? — indagou, já sabendo a resposta.

— Sim — respondeu com a voz trêmula. — Por isso pedi pra que ninguém te contasse a verdade. Sabia que você me odiaria por isso — lamentou-se.

Ficaram ali, parados por muito tempo e em completo silêncio. Aquilo parecia não ser real. Por mais que chorasse, isso não ajudava. Desejava que isso nunca tivesse acontecido. Não sabia o que pensar, o que falar e nem como reagir.

Ela foi embora naquele silêncio perturbador, deixando Érique sozinho, totalmente desconcertado com aquela situação.

Caminhou lentamente, enquanto deixava as lágrimas caírem, desta vez não as segurou. Não aguentava mais fingir que estava tudo bem, se fazer de forte pra todo mundo enquanto todos mantinham aquele segredo. Por que não contaram antes? Todo esse tempo, ela vinha sofrendo, tendo pesadelos e se perguntando o que teria acontecido.

Ainda estava em choque com a verdade.

Sentou num banco em uma pequena praça e ficou quietinha, apenas observando a rua, enquanto os pensamentos a torturavam. Repentinamente, viu os seus pais do outro lado da rua. O que estão fazendo aqui a essa hora? Levantou-se e os seguiu, lembrando, em seguida, que dia era. Quarta-feira. Agora sim, iria descobrir o que escondiam da família.

Entraram numa pequena rua com vários prédios e, no final, um hospital. Foi lá que entraram e Melissa ficou cada vez mais confusa.

Conseguiu driblar alguns enfermeiros até uma porta em que seus pais entraram. Eles cumprimentaram a todos como velhos conhecidos.

— Quer ajuda, moça? — uma enfermeira perguntou.

— É... Meus pais entraram aqui.

— Você vai ter que esperar, é permitido apenas um acompanhante por paciente.

Melissa ficou perdida, não soube o que fazer. Afinal, o que eles estavam fazendo dentro de um hospital? Temia pela resposta.

Sem dizer nada, a enfermeira acompanhou-a até a sala de estar.

— Eu aviso que você está esperando. Qual o nome dos seus pais?

Ela fitou a moça e respondeu:

— Regina e Antônio.

A moça ficou surpresa.

— Então você é filha da Regina? Que bom te conhecer. Ela fala muito de vocês. Você sabe que nessa hora a família precisa dar todo o apoio necessário.

Melissa encarou-a, não entendendo o que ela quis dizer.

— Sei que deve ser difícil. Mas ela está bem melhor desde que o marido passou a vir junto.

— É... Sabe quanto tempo isso vai durar? — Melissa arriscou a pergunta, pra tentar entender do que ela estava falando.

— Bom, ela está respondendo bem ao tratamento. Mas, mesmo assim, terá que fazer exames uma vez por mês pra garantir que a leucemia não volte.

— Leucemia? — Melissa levantou-se ao ouvir aquela palavra.

A enfermeira ficou confusa com seu comportamento.

— Desculpe... É...

— Tudo bem — ela disse e foi embora sem dizer mais nada.

Como assim? Leucemia esses meses todos e não nos contou? Agora compreendia por que chegava tarde e vivia cansada, estressada. Muitas coisas vieram em sua mente. A mudança repentina no comportamento do seu pai, que, de repente, virou seu protetor.

Mas por que ninguém contou? Por que decidiram guardar segredo? Qual a finalidade disso?

Leucemia? Ainda não estava acreditando que sua própria mãe estava com essa doença. A enfermeira disse que ela estava bem, o tratamento parecia estar dando certo. Mas e se não desse? E se ela piorasse? Sua mãe iria morrer?

Melissa ficou ainda mais assustada, o segredo era mais sério do que imaginava. E tantas vezes a tratou mal, não a compreendendo, e querendo cada vez mais manter distância. No entanto, naquele momento, tudo parecia fazer sentido. Melissa a ignorou quando mais precisava, porém, como poderia adivinhar o que estava acontecendo?

Ela e suas irmãs ficaram tão cegas pelos mistérios de sua mãe, que não deram bola para as fraquezas dela. Às vezes, passava o fim de semana no quarto. Como pude ser tão ignorante? Tão... Não sabia o que pensar. Por mais que sentisse compaixão por sua mãe, também estava zangada por terem escondido tudo da família. Não podiam ter feito isso.

Melissa caminhou rapidamente, queria fugir daquele lugar. Não tinha vontade de voltar pra casa. Iria voltar e fingir que tudo estava bem quando todos escondiam segredos em cima de segredos? Seus pais, Valéria, Érique... Todos fizeram isso.

Em quem iria confiar?

O choro brotou novamente dentro de si e, dessa vez, foi um choro desesperador. Soluçava e não conseguia ficar de pé. Sentou no banco de um ponto de ônibus. Já era tarde, não deveria estar na rua àquela hora, mas não se importava com isso. Não ligou para o trauma que tinha, os acontecimentos daquele dia tomaram o seu ser de um jeito como nunca havia sentido. Era tanta dor, tristeza, incompreensão, que não sabia a quem recorrer.

— Deus? Por quê? — Foram suas únicas palavras naquele momento.

Continuou a chorar até cansar.

Um homem apareceu em sua frente. Ela temeu por um momento, mas decidiu encará-lo e, quando fez isso, ficou sem reação. Não queria vê-lo, mas ao mesmo tempo queria estar em seus braços. Érique sentou ao seu lado e abraçou-a fortemente. Melissa estava tão frágil que não se importou. Precisava de um abraço, de alguém para desabafar. Não sabia o que iria falar, no entanto, aquele abraço foi como um desabafo. Voltou a chorar como uma criança pequena.

Érique não aguentou ver o sofrimento daquela garota que tanto amava. Tentou se conter, mas foi em vão. Quando percebeu, suas lágrimas faziam companhia com as de sua amada.

Depois de muito tempo, Melissa afastou-se dele sem encará-lo. Estava com vergonha e ainda não havia esquecido o que ele fizera.

— Tudo bem, Melissa. Vem, eu te levo pra casa — disse calmamente, recompondo-se daquele momento.

— Não quero ir pra casa.

Érique ponderou por um instante.

— Então vou te levar pra casa da árvore. Você dorme lá.

Ela assentiu, porém enfatizou:

— Não quero que ninguém saiba que estou lá.

Ele concordou, mesmo não entendendo o seu pedido. Em silêncio, entraram no fusca e ele dirigiu até sua casa. Já era de madrugada, todos estavam dormindo. Ele a levou até a casa da árvore.

— Tudo bem, eu vou sozinha — Melissa o encarou pela primeira vez.

— Desculpe, mas não vou deixar você aqui sozinha.

— Vou embora então... — Ela foi saindo, mas ele a pegou pelo braço.

— Não, senhorita. Deixa de ser teimosa, você vai ficar aqui ou ligo para seus pais virem te buscar.

Ela o fuzilou com os olhos e subiu na casa. Detestava ser mandada daquele jeito. Érique ajeitou uma cama com o que tinha no armário. Juntou alguns travesseiros e uma coberta.

— Aqui, sua cama.

Ele foi para o outro lado da casa e armou uma velha rede. Melissa sentou na cama e o encarou zangada. Érique apenas a observou. O seu olhar era intenso, nunca a tinha visto daquele jeito.

— Você vai me perdoar um dia? — indagou seriamente.

Ela suspirou antes de responder:

— Você salvou a minha vida, Érique.

Ficou surpreso ao ouvir aquilo, então começou a sentir esperança de que ela o perdoaria.

— Não vai ser fácil esquecer esse incidente, mas, o que mais me magoou, foi a falta de confiança em mim.

Essa ele não esperava, tinha certeza de que ela o odiaria quando soubesse do que havia acontecido, mas, pelo jeito, estava errado.

— Eu odeio segredos. Você sabe como fiquei com os segredos dos meus pais, e por que justamente você, a pessoa em quem mais eu confiava foi fazer isso? E, o pior, levou toda a minha família e até Hanna junto com você. Tem ideia de como me senti?

Érique não soube o que dizer. As coisas ficaram piores do que imaginava.

— Fiquei traumatizada. Precisava das pessoas de confiança ao meu lado, mas todas me escondiam algo, mantinham-se distantes de mim. E o único que pensei que não me abandonaria, me abandonou...

— Melissa, jamais quis fazer isso.

— Mas você fez, Érique, e isso vai ser difícil esquecer — lamentou-se e ignorou a sua aproximação. — Fique longe de mim. Vou ficar aqui essa noite, amanhã vou embora e, por favor, não me procure mais.

Érique não queria acreditar naquelas palavras. Sabia que não iria adiantar falar nada naquele momento. Voltou pra rede e ficaram naquele silêncio que machucava a ambos, sem saber o que fazer.

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