Antologias

By RoseaBellator

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Guerras entre dragões e demônios? Conversas de bruxas? Ou mulheres poderosas mostrando a que vieram? Amores m... More

A Irmã
Au Revoir
O Peregrino
Friendzone
O Príncipe Dragão
O Sacrifício
Feitiço de Amor
Fighter
Um Professor do Além
Entre Bruxas
A Senhora do Lago
Carreguem-me para Valhalla
Sonata de Inverno
A Domadora de Pesadelos
A Cigana da Meia-Noite
Viagem entre as Brumas...
No Basic Bitch
A Sombra Dentro de Mim

O Julgamento das Amazonas

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By RoseaBellator

Nossa general estava louca com todos aqueles acontecimentos. Perdemos a batalha nas Praias do Arco, perdemos toda a plantação de trigo, nossa Majestade estava doente e delirando em seus aposentos, a muralha caiu... e agora...

- MOVAM-SE! - ela gritava, procurando por uma luz no fim do túnel - Eu quero cada espada afiada! Cada uma de vocês MARCHANDO! MATANDO! QUERO OS INVASORES SECANDO AO SOL!

Era minha primeira vez na guerra. Não sabia ainda se ter facilidade com a lança foi algo bom ou ruim. Fiquei atrás das guardas de espada. Meu coração disparava a cada berro das comandantes. Quando vi a maior guerreira, abençoada com o nome de nossa deusa Diana, passar por nós... eu perdi o fôlego. Ela estava incrível com sua armadura leve, feita de couro de Dragão Negro. Seu machado duplo, feito de dentes, do mesmo dragão, era do meu tamanho! Minha Deusa!

Eu queria ser como ela! Não sei se me faço entender, mas sentir essa inspiração, num momento caótico como ter sua terra invadida... não sei se você entende o quanto é importante.

Eu sabia, bem como minhas irmãs de armas, que aquela guerreira era nossa heroína! Uma saraivada de flechas surpresa! Justo quando começávamos a batalhar de verdade! Pensei que fossemos morrer daquele jeito! Minhas pernas tremeram e eu quase caí, só que ainda não era a hora! Nossa protetora, Sirèn, surgiu do lago e puxou todas as flechas para si. Como seu corpo é pura água, as flechas foram lançadas à terra. Aumentando a munição de nossas arqueiras.

Não podíamos falhar.

Era nossa última chance. Diana já estava longe, girando seu machado, emprestando sua coragem para as outras lutarem com paixão! Subi em minha égua e segui aquela marcha, mas com toda velocidade! Ah! O vento me acariciava a face, me trazendo o cheiro da morte... ... Da morte de nossos inimigos!

- MATEM TODOS!

Uma de nossas comandantes perdeu um braço. Rapidamente uma irmã cedeu o cavalo e desceu para a luta corpo a corpo. Ergui minha lança, decidida a impressionar, assim como Diana. Sempre fiquei imaginando como seria matar alguém. Quando se trata de vida ou morte, você não pensa muito. Não existe esse romance todo.

Cravei a lança no coração dele, sem dó. Puxei-a de volta. Atravessei outro soldado, de costas. Alguém vinha importunar minha égua! Tirei a espada curta da cintura e decepei-lhe a mão. Girei a lança, troquei de braço, matei-o na hora. Nunca tenha dó, pois os desgraçados podem voltar no dia seguinte!

Segui Diana, não tão de perto, claro. Quando ela gira aquele machado não se deve estar ao seu lado. Voltei a atacar aqueles que me pareciam ao meu nível de iniciante. Atropelei, empurrei, atravessei alguns corpos e até decepei uma cabeça. A armadura deles era da pior qualidade.

Que ótimo!

Fizemos uma chacina. Ouvi novamente nossa general vociferar:

- REVISTEM OS CAÍDOS! ENFIEM A LÂMINA NO CORAÇÃO E NÃO HAVERÁ ENGANOS!

O som das lâminas atravessando cada um deles, o som do sangue esguichando...

Eu aprendi a apreciar rapidamente. Sei que não contei metade do que vivi, desculpe... é que tudo acontece muito intensamente. Muito rápido. Lembro-me perfeitamente de ter levantado muito antes de nossos galos cantarem, e agora o céu já nos presenteava um pôr do sol avermelhado.

Vi alguém esquentar uma espada até ficar incandescente, e depois cicatrizar aquelas que foram dilaceradas. Poucas gritaram. As que um dia tiveram filho sequer abriram a boca. São muito mais fortes do que eu. Somos muito mais fortes que aquele monte de homem tentando invadir nossa ilha sagrada.

A guerra não tinha acabado.

Era apenas um período de descanso. Só a Deusa sabe quantos navios, quantos intrusos, ainda teríamos que matar. Você não sabe o que eles querem? Eu te digo: eles querem nossos tesouros. Querem rasgar nosso nome da história. Acham um absurdo vivermos aqui, sem depender de nenhum deles. Acham um absurdo viajarmos para termos nossos filhos e então deixar os meninos para adoção e trazer as meninas para cá. Mal sabem que nossa maior ligação é com o falso deus deles. Entramos em suas igrejas, como freiras, e logo conseguimos sexo com algum padre, que se fará de santo em alguma missa depois. Ou mesmo com seus nobres guerreiros, que fazem questão de beijar a mão de suas esposas e dizerem que as amam.

Eu não tive filhos ainda, mas com todos esses relatos, eu não pretendo deixar a ilha. Sei que essas enganadas esposas não sabem o que é liberdade. Nada podem escolher sem a devida "bênção de seus maridos". Desde criança são doutrinadas a abaixar a cabeça e aceitar. E por causa disso, eles não aceitam as amazonas.

Querem nos destruir a todo custo. Pois que venham.

Afiamos nossas espadas todas as manhãs.

Sabemos de nossa luta. É diária, talvez eterna. E iremos agir assim, enquanto for necessário. Mulheres do mundo todo ainda saberão de nós e aprenderão a defenderem-se. Até lá, nós lutamos. Nos banhamos em sangue. Parimos guerreiras e seguimos honrando nosso templo.

- AMAZONAS, ATENÇÃO!

Largamos tudo que estávamos fazendo para olhar para a general. Ela tinha um rasgo horrível no peito. Não parecia notar.

- NOSSOS INIMIGOS ESTÃO À LESTE. ESTÃO TRAZENDO SEUS MAGOS E ARQUEIROS. QUERO CADA UMA DE VOCÊS EM FÚRIA! ENTENDERAM? EM FÚRIAAAAAAAAAAAAA!

Gritamos, todas juntas, reacendendo as chamas em nossos corações.

Somos todas por uma, até mesmo em nome de camponesas que apenas erguem ancinhos. Somos todas por uma, até mesmo em nome daquelas que nunca tocaram uma espada. Somos todas por uma. Todas. Dormimos naquela noite, abraçadas em nossos escudos e nossas armas.

Algumas nem mesmo retiraram o elmo. A armadura pesada nem incomodava mais. E quem precisa de banho, quando o sangue dos inimigos lhe cobre o corpo, trazendo o cheiro doce de vitória? Eles morrem de medo de nossos gritos! Ahahah... haha....

Acordamos com Diana nos chamando. Sobre sua égua, agora com armadura completa, nos chamava para a próxima marcha.

- VITÓRIA OU MORTE!

Não gostei de como aquilo soou, mas era nossa sina.

Seguimos em nossas éguas, insanas. Nosso café da manhã eram as frutas que encontramos em nossas abençoadas árvores. Temos um lar tão próspero e verdejante... Ó Deusa, eu agradeço. Sei que existe e que luta por nós. Pois que faça de meu corpo seu instrumento!

Ao avistar aqueles imundos subindo em nossas praias, defecando em nosso solo... ah, não teve perdão.

Minha flecha assobiou no vento gelado, até que entrasse em sua espinha desnuda. Pegamos os invasores de surpresa. Descemos a colina somente depois que esgotamos nossas flechas. Nossas bruxas ficaram para trás. Elas invocavam um ser das águas profundas. Aqueles navios que ainda estavam para chegar jamais teriam a simples visão de nossas espadas, de nossas lanças.

Troquei o arco pela lança. Estava pronta para atravessar um babaca que matava uma das minhas...

Diana desceu de sua égua, puxou o homem do cavalo, jogou-o no chão e pisoteou seu rosto até que se transformasse numa massa disforme. Bradou alto, para que ficasse bem claro quem somos:

- RIAM MAIS, E TEREI MAIS PRAZER EM FAZER DE VOCÊS ADUBO PARA A TERRA!

Vi muitos fechando a cara. E foi a oportunidade perfeita para nossas bruxas atacarem. A terra tremeu, mas foi no mar que o espetáculo aconteceu. Baleias enormes trombaram nos navios, até que quebrassem... e afundassem. Aqueles que estavam em terra não podiam voltar para casa. Enlouquecemos de vez. Meu corpo aqueceu como nunca senti antes. Em minha mente, só havia a imagem de nossa Majestade, nos abençoando. Eu corri. Dilacerei.

- PELA DEUSA! POR NOSSAS TERRAS! POR NOSSA LIBERDADE!

Finquei a lança com tanta força, até que ela se partiu. Larguei-a e peguei minha própria espada. Não tinha tanta habilidade com ela, mas serviu bem. Uma de nossas guerreiras trouxe fogo e óleo para banharmos nossas armas. Cada golpe era um espetáculo de pirotecnia.

Vi homens se lançando ao mar, pedindo perdão, chamando seu deus, clamando pela vida.

Nos chamavam de demônias. Invadimos os navios quebrados, que estavam ancorados. Arrancamos seus padres de lá, que diziam que nunca teríamos salvação por não nos rendermos a eles. Foram decepados num único golpe. Não precisamos de pregação.

A luta foi além.

Algumas marcharam para o outro lado da praia, pegar os malditos que tentavam entrar sorrateiros. Estavam tão loucos quanto nós, mas nossos objetivos eram totalmente diferentes. Queríamos nossa paz. Eles queriam nossos corpos, nossas terras, nossos ouros.

Matamos todos, menos um que conseguiu fugir de volta para seu barco. Como estávamos sem flecha, tivemos que deixa-lo ir. Certamente voltaria, com mais camaradas. Afinal, alguém sentiria falta daqueles milhares de homens que destroçamos. Demos as costas, o sol já estava se pondo.

Foi quando senti a pontada atravessar meu peito... O infeliz ainda teve a chance de me acertar, mesmo tão longe...

Caras irmãs, sei que somos brutas. Sei que nós, amazonas, temos métodos muito diferentes dos seus, mas por favor, entenda: Nós estamos defendendo o último Templo da Deusa na Terra. A última sabedoria feminina. Lutamos para que todas as mulheres possam viver, só que infelizmente estamos em desvantagem... e isoladas do mundo.

Imagino que você não faça ideia de porque uma mulher se isolaria de tal forma, e ainda construiria uma comunidade... não, um país, como o nosso! Somos a resistência. Somos aquelas que lutam por todas. Somos a prova de que você não é um objeto a ser usado e jogado fora.

Você não é uma peça de um jogo.

Morro hoje, mas sempre haverá uma nós, em algum lugar... Quando um dia sofrer, e por algum motivo rirem ou diminuírem sua honra... Lembre-se que todos somos uma. E também há uma amazona em você.

***

Abençoadas sejam aquelas que lutam

Que morrem

Abençoadas sejam aquelas que nos removem das prisões

Que sejam eternas em nossos espíritos

Gratidão

Amazonas!

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