Simplesmente ame

By Joice-Lourenco

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Sinopse Melissa leva uma vida sem grandes emoções, enquanto vive praticamente escondida atrás do balcão da... More

Simplesmente ame
Prefácio escritor por Renata Martins
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
Continuação...

Capítulo 12

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By Joice-Lourenco

Como ele pôde agir daquela maneira comigo? O jeito como ele gritou, não saía da minha cabeça!

— E então, doutor? Como ela está? — Melissa perguntou, levantando-se da cadeira onde estava, na sala de espera do hospital.

— Ela está bem, mas vai precisar de um tratamento psicológico — respondeu seriamente, em tom profissional.

— E o bebê? — Érique perguntou.

— Infelizmente, não sobreviveu.

Ficaram chocados ao ouvir aquilo. Aquela criança tão linda e há meses esperada, não iria chegar? Sonhavam com ela, contando os dias para pegá-la no colo.

Hanna estava muito mal, Melissa sentia isso. Apesar de toda a situação, sabia o quanto amava aquela criança em seu ventre. Havia se apegado muito a ela.

Érique ligou para todos avisando que Hanna estava bem, mas, infelizmente, havia perdido a criança. Os pais dela logo apareceram, abatidos. Ficaram sabendo do acontecido há menos de uma hora.

— Por que ninguém nos informou? — seu Adilson indagou.

— Desculpe, tio, não queríamos preocupar vocês.

Ele respirou profundamente, enquanto as lágrimas escorriam pela sua face. Estava indignado com tudo aquilo. Como Kevin pôde ameaçá-la daquele jeito?

— Tudo bem, Érique, o importante é que ela está bem — disse enquanto olhava para a realidade bem à sua frente, afinal, sua filha estava viva, e era isso que importava.

Durante alguns dias ficaram se revezando no hospital para cuidarem dela. Apesar da angústia e sofrimento, teriam que seguir adiante. Aos poucos, as coisas ficariam melhores. Era o que Melissa desejava profundamente. Sua amiga estava mais quieta que o normal, quase nem comia e seu olhar era vago. Estava muito preocupada, não estava gostando daquilo.

Melissa avisou seu pai que conseguiram encontrar Hanna, mas não mencionou o que, de fato, aconteceu, disse apenas que estava tudo bem e que antes do fim de semana estaria de volta. Tem coisas que é melhor contar pessoalmente.

Depois de tudo o que aconteceu, os pais de Hanna, Adilson e Margareth, decidiram voltar para Jaraguá do Sul. Infelizmente, Kevin havia falecido, e isso era um motivo a mais para saírem daquela cidade. Seria bom ficar longe da família dele. Temiam que quisessem vingança ou algo do tipo.

Uma semana havia passado e Hanna recebeu alta. Ainda estava estranha, calada e triste. Melissa sabia que não estava sendo nada fácil pra ela passar por toda aquela situação e ainda mais ter perdido o bebê.

— Estou com você, amiga. Vamos superar isso, juntas! — afirmou, pegando em sua frágil mão.

Ela não sorriu, apenas olhou dentro dos seus olhos. Melissa sentiu algo arder dentro dela através daquele olhar. Fechou os olhos e deixou que as lágrimas a invadissem naquele momento. Inesperadamente, juntou-se ao choro de Hanna que soluçava numa aflição que a atormentava.

***
Seu Antônio abraçou a filha assim que ela contou toda a história. Estava aliviado pela menina estar bem. Nunca imaginou que um dia ela passaria por isso e temia só de pensar que algo ruim poderia ter acontecido.

— Você está bem, Melissa?

— Estou, pai, graças a Deus. — Ela sorriu com o seu carinho.

Logo sua mãe chegou na sala, tinha um semblante nada agradável. Estava tão feliz em estar de volta em casa, só não esperava aquilo.

— Temos que conversar, mocinha. — Seu sorriso se desfez rapidamente. Não gostava daquelas "conversas".

Melissa ficou quieta enquanto sua mãe sentava no sofá.

Poxa, nem um abraço, um "Está tudo bem?", nada disso.

— Acho que não quero mais que você namore com o Érique — disse seriamente, assim que Melissa fechou a porta do quarto. Aquilo formou uma bomba dentro dela.

— Como assim? — Arregalou os olhos, indignada.

— Desde que você começou a namorar com ele, piorou. Não faz mais as coisas direito dentro de casa, daí tem a história com essa prima que ficou grávida. Não é boa influência pra você.

Ela olhou para o seu pai procurando apoio, mas ele nada disse, o que a fez ficar ainda mais impaciente.

— Mãe, acho que a senhora está se enganando de filha. Toda semana eu limpo essa casa, a Fernanda quase não ajuda e, a Valéria, desde que começou a namorar, não faz mais nada.

— Filha, não vem descontar nas suas irmãs. Estou falando das suas atitudes. Como você sai e nos deixa apenas um bilhete e volta uma semana depois? Você acha isso justo com seus pais?

— Mãe, não fiz por mal. Fiz apenas o que achava correto naquele momento. Era a vida da Hanna que estava em risco. Ela podia ter morrido se não tivéssemos saído atrás dela.

— Melissa, estou falando de você como nossa filha. Não agiu certo. A Hanna tem a família dela pra se preocupar.

— Ela é a minha melhor amiga...

— Então acho melhor afastar-se dela e procurar uma pessoa melhor. E do Érique também. Tente achar alguém como o Carlos.

— Isso tá errado... — Levantou-se irritada.

— Melissa, me deixa terminar de falar. Eu nunca posso dizer nada nesta casa? — Dona Regina começou a chorar. — Estou muito triste com você. Ficou a semana toda fora de casa e sem maiores explicações. Como quer que eu me sinta?

— Mas, mãe...

— Melissa! — Aumentou seu tom de voz.

Ela suspirou, percebeu que não adiantaria falar nada. Teve que escutá-la e, como sempre, ficou triste e concordando que fez algo errado.

Estava transtornada pela situação em casa. Que direito sua mãe tinha de falar alguma coisa se vivia com um segredo que as filhas não sabiam? Não entendia a mudança repentina entre seus pais. Primeiro, ela vinha pra casa tarde da noite e sozinha, sempre com uma desculpa. Agora, os dois saíam e voltavam tarde, sem nenhuma explicação. Tudo bem que eram seus pais, mas as filhas ainda não tinham esquecido as mentiras sem explicações.

Assim que Valéria e Fernanda chegaram em casa, Melissa contou toda a história. Elas ficaram apreensivas, surpresas, e logo a abraçaram, aliviadas por todos estarem bem. Ela realmente ficou surpresa com aquilo, pois suas irmãs não eram do tipo de abraçar ou mostrar algum sentimento de ternura. Se bem que nas últimas semanas isso havia começado a mudar.

— Você fez o certo — concordaram.

Respirou fundo, um pouco triste.

— Mas não foi o que a mãe achou. Ela nem me deixou terminar de contar a história.

As duas ficaram quietas por um momento, até que Valéria quebrou o silêncio.

— Eu sei, às vezes ela é difícil.

— Não sabem do pior, ela quer que eu me afaste do Érique e da Hanna. Acreditam?

Ficaram boquiabertas com a notícia.

— Nossa! Ela disse isso?

— Disse Valéria, e mais: quer que eu tenha um namorado como o seu.

— O Carlos? — Ficou ainda mais indignada. — Estou cansada de tanta bajulação em cima dele.

— Você percebeu?

— E quem não notou, Melissa? Fico com pena do Érique, ele é sempre tão legal com todo mundo — Fernanda confessou.

— É, mas tem uma coisa que a mãe não vai gostar — Valéria disse sorrindo.

— O quê? — perguntou curiosa, assim como Fernanda.

— Vou terminar com o Carlos. Cansei da nossa relação.

— E você... Está feliz? — Fernanda assustou-se.

Valéria continuou sorrindo:

— Vou estar solteira de novo! Ele é muito ciumento, não gosto disso.

Melissa balançou a cabeça, rindo do jeito dela. Suas irmãs realmente a surpreendiam quando menos esperava. Gostou da conversa naquela noite. Era bom saber que não estava totalmente errada.

***

Érique ligou várias vezes na semana seguinte, mas Melissa não atendeu. Era final de agosto, e o verão já estava chegando. O calor estava começando a ficar mais intenso. Naquela semana ficou dias inteiros fazendo sorvete. Ainda estava chateada por descobrir que ele tinha uma arma e por ter gritado daquele jeito com ela. Sabia que haviam passado por uma situação jamais vivida antes e tinha que compreendê-lo, mas, ainda assim, estava triste. Desde o incidente não chegaram a conversar direito. No hospital, trocaram apenas algumas palavras, quando necessárias. As emoções ainda estavam intensas e ninguém conseguia dizer nada.

Seu Cristóvão foi muito compreensivo com o acontecido. Melissa pediu desculpas para ele, que sorriu dizendo que estava tudo bem. Ela ficou aliviada, ainda continuava com o seu emprego, mesmo não sendo o melhor do mundo. Sabia que não ficaria ali por muito tempo, a sorveteria estava falindo e não queria largá-lo, ainda mais depois da morte de sua esposa. Agora já fazia um ano e ele sentia-se um pouco melhor. Sempre o aconselhava a sair mais, passear, ir ao cinema, e que ainda havia vida lá fora. Pelo jeito, estava dando certo.

***

A situação estava toda estranha em casa. Sua mãe querendo que ela se afastasse do namorado e da melhor amiga, e Hanna ainda estava calada, sem falar com ninguém. Presa em seu próprio mundo.

E, para piorar, Melissa não poderia sair de casa por um mês, um castigo imposto pela mãe por causa do incidente da semana anterior. Como poderia resolver as coisas daquele jeito?

Precisava de ar puro para pensar. Em casa era complicado. O terreno era pequeno, o espaço que teria era na varanda da casa, só que não gostava de sentar ali porque, às vezes, vinham alguns clientes fora de hora querendo comprar sorvete, e não suportava isso. A sorveteria tinha horário, por que não poderiam respeitar como qualquer comércio?

— Melissa, vai ao mercado pra mim? — seu pai pediu, fazendo-a despertar de seus pensamentos.

Seu Antônio nunca viu alguém tão feliz pra ir ao mercado.

— Claro! O que o senhor vai querer?

Ele deu o dinheiro e uma lista que sua esposa havia feito. Ela pegou a bicicleta na mesma hora e começou a pedalar rapidamente. Como era bom sentir o vento tocar seu rosto daquela maneira! Sentia-se livre como um pássaro. Aproveitou pra dar uma volta no parque. Amava aquele lugar e realmente estava precisando disso. Depois iria ao mercado.

O sol quente ardia em sua pele, no entanto, não se importava. Trancou a bicicleta assim que chegou ao parque e começou a caminhar em volta da lagoa.

Agora, sim, aspirava aquele ar da mata e enchia os pulmões, respirando profundamente. Isso a lembrou de algo muito especial, Érique. Sentia saudades, mas também era teimosa e não atendeu suas insistentes ligações. Não que não quisesse falar com ele, apenas não sabia como agir depois de tudo o que aconteceu. Talvez estivesse fugindo da situação. Odiava discussão e não queria ter uma com ele, mas sentia que isso teria que acontecer, afinal, qual casal não discutia? Isso não era o fim do mundo.

Parou de caminhar e sentou na calçada, tirando suas sandálias e colocando os pés dentro da lagoa. Ficou brincando com eles, sentindo a água fria nos tornozelos, isso a acalmava, a sensação era gostosa. De repente, sentiu alguém ao seu lado. Prendeu a respiração, ficando tensa em seguida. A pessoa colocou os pés dentro da lagoa e a observou. Melissa ignorou e estava se preparando pra sair dali, quando uma mão a impediu.

— Fique, Melissa!

Ela virou o rosto, surpresa, e voltou a respirar. Encarou aquele semblante que tanto gostava. Érique! Queria abraçá-lo, beijá-lo, porém se conteve. As coisas não seriam tão fáceis assim.

Ele continuou segurando sua mão, olhando-a com cautela. Estava tentando decifrá-la, o que era difícil naquele momento.

— Como a Hanna está? — perguntou, desviando o olhar e soltando sua mão da dele.

Ele suspirou e deixou os ombros caírem.

— Ainda está daquele jeito, calada. Marcamos um psicólogo, amanhã é a primeira consulta. Espero que isso a ajude!

— Diz pra ela que estou de castigo, por isso não pude vê-la. Assim que puder vou visitá-la.

— Castigo? — Ele ergueu as sobrancelhas, estranhando.

— É. No ponto de vista da minha mãe, minha atitude foi equivocada e muito errada. — Suspirou, enquanto olhava para o horizonte.

— E seu pai?

Deu de ombros.

— Nada a declarar... E tem mais, preciso me afastar de você e de Hanna.

Érique ficou chocado ao ouvir aquilo. Afastar-se deles? Encarou Melissa por um momento e percebeu que havia algo estranho. Ela parecia diferente. Será que acabariam assim dessa maneira? Ele olhou para o lago, não acreditando que aquilo estava acontecendo.

Melissa fechou seus olhos, frustrada pela situação. Não pôde conter as lágrimas, e aquele silêncio estava se tornando insuportável.

— E... Você quer isso? — Érique perguntou com a voz fraca, encarando-a.

Ela demorou em responder. Não estava em dúvida. Apenas queria escolher as melhores palavras.

— Apesar de tudo, não... Não quero me afastar de nenhum dos dois.

Érique sorriu aliviado e gentilmente encostou a mão de leve em seu queixo, fazendo com que se virasse pra ele.

— Você me perdoa pelo jeito como fui com você?

Ela não esperava aquele pedido e não conteve um sorriso. Como poderia ficar de mal, olhando aqueles olhos tão sinceros e incríveis?

— Perdoo — sussurrou e continuou em seu lugar.

Ele continuou sério.

— Não sei onde estava com a cabeça quando comprei aquela arma. Sério, Melissa, não sou esse tipo de pessoa.

— Eu sei disso.

— Prometo que nunca mais farei uma coisa dessas. Nem imagino o que teria acontecido se você não tivesse jogado aquela arma fora. E então eu gritei com você daquele jeito tão estúpido...

— Psiu! — Melissa colocou os dedos em seus lábios — Eu já te perdoei, Érique!

Ele sorriu pela primeira vez e então aproximou seus lábios dos dela, beijando-a de forma mansa e doce, fazendo seu coração despertar mais uma vez para aquele homem que aprendera a amar. E a discussão? Graças a Deus não teve. Se entenderam de uma maneira que ela não esperava. De certa forma, sentia que ele a ensinava muita coisa, mesmo sem perceber. Conversava e a deixava falar, e isso a fascinava.

— Como vamos casar nessa situação? — Érique indagou, pensativo, depois de alguns minutos brincando com os dedos das mãos de Melissa.

Ela deu de ombros, realmente não sabia a resposta.

— Perdi o meu emprego por ter faltado naqueles dias — revelou, entristecido.

Ela ficou surpresa com a notícia.

— Não sabia, Érique...

— Tudo bem, nós vamos dar um jeito. — Beijou-lhe a face, reforçando o que dissera.

_______________________________________________________________

Quero agradecer a todos que estão lendo essa história!
Estou muito feliz em poder compartilhar ela com vocês.
Ah, e não deixe de comentar e/ou marcar uma estrelinha. Isso sempre
deixa os autores felizes  rsrs :D

Fiquem com Deus! E que venham mais capítulos, certo?

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