Simplesmente ame

Von Joice-Lourenco

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Sinopse Melissa leva uma vida sem grandes emoções, enquanto vive praticamente escondida atrás do balcão da... Mehr

Simplesmente ame
Prefácio escritor por Renata Martins
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
Continuação...

Capítulo 6

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Von Joice-Lourenco

Não acredito que isso esteja acontecendo...

Os meses de verão passaram voando, de tanto trabalho que Melissa e seu Cristóvão tinham na sorveteria. O inverno já havia chegado, mas agora estavam no mês de maio e o clima ficou mais frio, a temperatura havia despencado. Quase não se via mais as pessoas caminhando pela rua no fim da tarde, preferiam ficar agasalhadas em casa, assistindo algo na TV com chocolate quente ou um bom café.

Na sorveteria o movimento era pouco. Melissa e seu Cristovão tentaram colocar outros produtos quentes, mas não deu muito certo.

Aquilo era frustrante. Melissa estava pensando seriamente em procurar um emprego em outro lugar. Tinha sonhos que a falta de dinheiro não conseguia ajudá-la a realizar, mas ficava com tanta pena de deixar seu patrão, que permitia que ele a pagasse como pudesse.

Hanna já estava em seu quinto mês de gestação. Agora dava para notar mais sua barriga e, sempre que sobrava um troco, Melissa comprava uma roupinha para o seu afilhadinho ou afilhadinha. Ainda não sabiam o sexo da criança.

Melissa nunca mais foi à casa do Érique. No último mês toda semana ele ia na sorveteria, como cliente, dizendo que Hanna estava com vontade de comer sorvete. Apesar de ter "desistido" dele, não sabia se era verdade ou se era uma desculpa para vê-la. Sempre sentia seu olhar enquanto pegava o troco, no entanto ficava apenas nisso.

No domingo, Melissa acordou com o celular tocando. Era cedo, estranhou. Quem seria àquela hora? Olhou o visor e não reconheceu o número. Decidiu atender mesmo assim. Só não esperava que a voz do outro lado da linha fosse de Érique. Não soube como reconheceu, só teve certeza que era ele quando falou de Hanna.

— Melissa, o Kevin está na cidade. Você pode vir aqui pra ficar com a Hanna? Ela está muito nervosa.

Ela ficou alguns segundos em silêncio. Estava desnorteada com o que ouvira.

— Melissa? Você está ai? — Escutou a voz grossa dele. Só então acordou para a realidade. Isso está mesmo acontecendo.

Arrumou-se rapidamente vestindo uma calça e um sobretudo e ficou esperando Érique do lado de fora. Como estava todo mundo dormindo, apenas deixou um bilhete dizendo onde estaria. Ficou atordoada pensando na possibilidade do ex-namorado de Hanna chegar perto da amiga. Só de pensar naquilo começava a ficar ainda mais nervosa.

Érique parou o fusca em frente à casa de Melissa. Ela abriu a porta e o encarou. Ele não estava bem, seu semblante era muito sério.

— Oi! — ela disse timidamente e, para sua surpresa, ele não disse nada, nem a olhou. Sem entender aquele clima, fechou a porta e cruzou os braços, olhando para frente. Não sabia o que estava acontecendo.

Houve um momento de silêncio. Érique começou a acelerar e então parou, finalmente a encarando, perguntou:

— Por que você não disse que o pai do bebê era violento?

Melissa ficou perplexa ao ouvir aquilo. As palavras acabaram saindo de sua boca na mesma intensidade com que Érique lhe falara.

— Eu pensei que você não soubesse da gravidez.

Ele acelerou enquanto tentava acalmar-se. Tinha um jeito brusco, quase estúpido, o que a deixou surpresa. Seus olhos estavam pequenos e percebeu que seus músculos estavam contraídos. Ele não estava bem, definitivamente.

— Por que você não me contou sobre a gravidez? — insistiu. Sua voz estava alterada.

Ela ficou furiosa com o seu jeito:

— É sério isso? Agora está me culpando por tudo o que acontece com a Hanna?

— Devia ter me contado... — Ele suspirou por um momento.

— Nem amigos nós somos. Como poderia te contar alguma coisa?

— É esse o seu problema. Dá uma chance para o primeiro que aparece ao invés de conhecer primeiro a pessoa.

Melissa tentou raciocinar por um momento, tentando encontrar alguma lógica para o que ele estava cuspindo tão irritadamente. Ficou muda, enquanto as lágrimas teimavam em cair. Estava cansada de ouvir que estava errada o tempo todo.

Érique parou o carro antes de entrar na rua estreita de sua casa e baixou os olhos.

— Desculpe. Exagerei. — Suspirou, batendo com os dedos nervosamente no volante.

— Tudo bem. — Deu de ombros, como sempre fazia, enquanto enxugava as lágrimas.

Escutou ele bufar. Seguiram alguns minutos num silêncio atordoante, até que ele teve coragem para perguntar:

— Você pode ir comigo a um lugar?

— E a Hanna?

— A minha tia conseguirá acalmá-la. Qualquer coisa, ligam pro meu celular.

— Tudo bem, então. — Deixou ser levada, sem discutir ou dar palpites. Estava cansada e só queria ficar quieta no seu canto.

Andaram novamente em silêncio por dois quilômetros e pararam em frente ao cemitério.

— Vem comigo! — pediu, abrindo a porta.

Passaram por vários corredores de túmulos e Melissa ficou intrigada com aquele silêncio, com aquele lugar. O que estamos fazendo aqui? Sentiu um arrepio importuno percorrer seu corpo ao cogitar a resposta.

Respirou profundamente, tentando espantar aquela sensação estranha de estar naquele lugar.

— Suzane Donly — leu, quando pararam em frente a uma lápide.

— Era minha irmã. Morreu há um ano — Érique murmurou com tristeza em seu olhar.

Aquelas palavras cortaram o seu coração. Viu a dor estampada em seu semblante. Lembrou vagamente que Hanna havia mencionado algo sobre a morte de sua prima. Achava que tinha a ver com um ex-namorado que acabou violentando-a... Nossa. Que horrível!

Ele respirou fundo, parecendo espantar as lágrimas. Melissa então compreendeu seu sentimento em relação à situação de Hanna.

Aproximou-se, mas ele não a encarou por falta de coragem. Melissa não sabia se foi por ele estar com os olhos vermelhos ou por achar que talvez ela não compreendesse a sua atitude minutos atrás. No entanto, ela fez algo que só em momentos marcantes e tocantes teria coragem para fazer. Entrelaçou os seus dedos em sua mão. Érique então a fitou com o semblante um pouco mais sereno. Olharam-se profundamente, como se pudessem transmitir tudo o que sentiam. Então, ele beijou sua testa num gesto de ternura que a fez suspirar. Aproximou-se levemente, enquanto acariciava seu rosto. Seus lábios ficaram a poucos centímetros de distância, enquanto os olhos trocavam segredos. Foram poucos os segundos em que tudo isso aconteceu, mas o suficiente para nutrir algo que nem ela compreendia naquele precioso instante.

Não tocaram mais no assunto. Não era preciso explicações, aquele momento já havia deixado bem claro a dor daquilo tudo.

Hanna estava dormindo quando chegaram. No momento não tinham muito o que fazer. Apenas ela mesma poderia mudar o rumo das coisas, se denunciasse Kevin. Entretanto, tinham que tomar algumas precauções e urgentes. Então foram comprar spray de pimenta, enquanto os tios Manfred e Suelen ficavam de vigia. Já haviam perdido uma filha e fariam de tudo para proteger a sobrinha, que lhes havia dado um novo brilho em suas vidas.

Melissa e Érique saíram ao meio-dia. Tiveram que ir à cidade vizinha, já que as lojas da cidade que teriam esse produto estavam fechadas. Ele não se importou em usar o pouco dinheiro que tinha para o combustível e a compra do produto. Era algo necessário e urgente. Sua mãe havia preparado uma cesta com sanduíche, bolo e uma garrafa com café, para a pequena viagem. Melissa ficou encantada com seu gesto.

Durante metade do trajeto, ficaram calados, apenas escutando a rádio da região, mas tinham várias perguntas que estavam turbinando suas mentes.

— Como o Kevin soube que ela estava aqui? — ela perguntou, e então ouviu a respiração pesada dele.

— É o que não paro de me perguntar.

— Os pais da Hanna já sabem da gravidez?

— Ela não te contou?

Ao ouvir isso, Melissa ficou muda, triste por um momento. Algo havia acontecido e sua amiga não dissera nada. Ele pareceu adivinhar seu pensamento, então respondeu:

— Logo que ela chegou, percebi que estava estranha e acabou revelando tudo pra mim. Não tinha como esconder isso por muito tempo dos meus pais e, um mês depois, ela falou sobre a gravidez... Os pais dela souberam há algumas semanas.

— E como reagiram? — ela perguntou, ainda magoada por Hanna não ter lhe contado.

— Primeiro ficaram tensos, preocupados... — Érique ficou com o semblante sério. — Depois aceitaram e voltaram a ficar tensos por causa do gênio do Kevin. Eles queriam voltar pra cá, mas todos concordamos que seria mais sensato cada um ficar em seu canto. E Hanna fica tranquila com a gente, longe dele. Kevin é um ciumento possessivo e, pelo que minha prima disse, também é violento. Não aceitou o rompimento deles.

Ela ficou quieta por alguns instantes, observando a rodovia deserta. Não entendia o porquê de Hanna não ter contado que agora todos sabiam da gravidez.

— Não fique chateada com ela. As coisas estão bem difíceis. Não é nada fácil a situação que ela está enfrentando.

Érique colocou sua mão sobre a dela enquanto falava, numa forma de confortá-la. Aquele gesto a pegou desprevenida. Ficou sem jeito por um momento, enquanto seu coração batia acelerado por sentir aquela mão quente e grande na sua. Ela o fitou por alguns segundos e sorriu.

— Olha pra frente — ela ordenou.

Ele sorriu e voltou seus olhos para o asfalto, mas sua mão permaneceu sobre a dela por alguns segundos. Logo depois, tirou-a, para poder fazer uma curva mais fechada.

— Sua curva chata — resmungou.

Não sabia o que tinha de especial em estar com Érique, apenas sentia-se bem em sua presença. Acho que gosto dele. Às vezes, sentia um friozinho na barriga quando olhava para ele, mas, outras vezes, não. Vai entender o coração?

Érique estacionou no shopping e ligou para saber como Hanna estava. Melissa apenas o observava. Se não fosse pela urgência da situação, queria ficar o dia inteiro ao seu lado, apenas conversando, longe de tudo e de todos. Não era de ficar assim, mas depois do que aconteceu no cemitério, uma parte do seu coração se abriu para uma nova possibilidade.

— Ela está melhor?

— Sim. Conseguiu dormir e tem vários vizinhos de guarda. Ela está bem segura. — Pensou por um momento e então um sorriso singelo surgiu em seus lábios. — Que tal um cineminha?

Melissa o olhou surpresa.

— Cinema? Agora?

Érique deu de ombros.

— O spray de pimenta é apenas uma garantia pra quando não tiver muita gente em casa. Os vizinhos estão se revezando pra ficar de guarda.

Ela ficou fascinada pelo cuidado dos vizinhos. Isso era algo realmente raro, pelo menos pra ela.

— Vamos? – indagou Érique.

Ela sorriu em resposta e então saíram do carro.

Melissa aproveitou para observá-lo, seu semblante mudara completamente em relação há uma hora antes. Era bom vê-lo animado daquele jeito. Os últimos encontros não haviam sido bons. Ele sempre estava de cara amarrada, tentando a todo custo evitar a presença dela, mas agora estavam lado a lado, querendo desfrutar da companhia um do outro. Estavam se tornando amigos e isso era um bom sinal.

Foram assistir a uma comédia. Sentaram no fundo e então o filme começou. Mas Melissa não conseguiu prestar atenção no filme, seu coração estava agitado com Érique bem ao seu lado. Olhou de relance para ele e ficou estarrecida quando seus olhos se encontraram.

— Tudo bem? — Escutou aquela voz perto de seus ouvidos. Ele sorria para ela. De alguma forma parecia ler seus pensamentos.

— Gosto da sua companhia — revelou e alcançou a mão de Melissa, pegando-a desprevenida. Queria falar que também gostava dele, mas nada, absolutamente nada saiu de sua boca. Apenas conseguiu sorrir e então voltou os olhos para a tela enquanto estava de mãos dadas com Érique.

Apesar da turbulência dos acontecimentos, aquele foi um dia especial. Melissa não lembrava da última vez que havia conversado tanto com alguém.

Eram assuntos variados, desde gosto pela música até ex-namorados. Nesta área, não tinha muito que dizer. Teve apenas um "namorinho", e colocou no diminutivo porque não foi muito legal. Sabe aquela paixão boba e cega? Pois é, era tudo tão sei lá, que Melissa não conseguia ser ela mesma com o garoto. Resultado: ficou traumatizada por um tempo. Mas, inesperadamente, sem que percebesse, Érique reascendeu algo dentro dela.

Depois daquele domingo, ele foi toda noite em sua casa. Conversavam e davam risada. Seus pais já o conheciam por ser um cliente antigo da sorveteria.

Estava apaixonada. Sentia que poderia ser ela mesma com Érique, e isso a fascinava. Amava quando ele demonstrava interesse em tudo o que falava. Era algo novo pra ela.

Enquanto conversavam na cozinha, sua família ficava na sala. Não demorou pra que suas irmãs pegassem no seu pé, dizendo pra pararem de enrolar. Eles apenas se olhavam e sorriam, sem nada dizer.

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