Abro os olhos aos poucos, sinto a luz entrando em meu campo de visão. Dou meu primeiro suspiro consciente da manhã, nos primeiros momentos já sinto o estresse se aproximando do meu dia. Nesse instante, está ocorrendo uma grande obra na minha cozinha onde o assoalho está sendo quebrado para que ocorra a colocada de uma nova porcelana no chão. Respirei fundo, passei as mãos no cabelo e fui tomar um breve café da manhã. Assim que termino meus afazeres, mando uma mensagem para a minha melhor amiga, chamando ela para bater um papo comigo na rua. Larissa é minha amiga desde os primórdios da minha vida e além de tudo, somos vizinhas. Ela tem cabelos pretos, pele bronzeada, unhas grandes e um gigante carisma.
L - Oi Manu - fala Larissa com um grande sorriso no rosto.
E - Oi amiga, você viu que tem gente nova se mudando para a nossa rua? - aponto para o fim da rua, onde há um caminhão de mudança.
L - Vi, é um casal que tem um filho da nossa idade!
E - Da nossa idade ? Legal, você já conversou com ele então?
L - Não, eu não falei com ele. Foram meus pais que me disseram sobre a idade dele.
E - Como que ele é?
L - Bom, ele é uma gracinha. E você sabe que eu nunca elogio os garotos da nossa idade, ele é branco, tem os cabelos lisos, ele é estilo surfista, cabelos pretos.
Ficamos conversando na calçada, esse menino de certa forma me interessou e eu mal vi ele. Acho que a descrição sobre ele me despertou curiosidade, Larissa nunca fala assim de ninguém, principalmente de meninos da nossa idade. Passando duas horas, um menino sai de dentro da casa que foi alugada. Realmente, nem Van Gogh imaginaria tal obra de arte.
E - Lari, por acaso, é ele ali? - Falo apontando para o garoto.
L - Acho que sim... A gente poderia ir falar com ele né? Nos apresentar.
Concordei com a ideia de ir lá, a cada passo que nos aproximávamos dele, meu coração palpitava cada vez mais de nervosismo. Assim que chegamos na frente dele, ele levantou os olhos para nos e sorriu.
L - Oi, meu nome é Larissa e o dela é Manoela - fala ela apontando para mim - nos moramos ali em cima e vimos que vocês estão de mudança. Imagino que vocês não conheçam muita coisa por enquanto, mas juro que aqui é legal.
F. Oi meninas, prazer, meu nome é Frederico. Mas vocês podem me chamar de Fred. Nos realmente não conhecemos nada, não só aqui pela vizinhança como no próprio Brasil. Pelo menos, eu não conheço né, não sei meus pais. Nós morávamos em Phoenix, nos Estados Unidos.
E - Legal Fred - dou um leve sorriso - e qual foi o motivo da mudança de vocês ?
F - Eu acho que foi a necessidade de conhecer novos lugares, chega uma hora que ter a mesma coisa sempre, cansa. Vocês sempre moraram aqui nesse condomínio?
L - Desde sempre, não, mas faz muito tempo que estamos aqui. - ela aponta para a nossas casas - moramos ali.
F - Legal, é bem pertinho.Vocês estudam na onde?
L - Ah, no storm high e vc?
F - também, minha mãe me colocou lá, e me parece que já me entregaram o papelzinho da sala, acho que vou cair no 3 G.
E - Nos também somos dessa sala, talvez você possa ir com a gente para a escola. Caso queira.
F - Sera um prazer. - Diz ele olhando no fundo dos meus olhos, nesse momento, foi como se o mundo tivesse parado.
No meio da conversa a gente escuta uma voz gritando:
... FREEEED!! Entraaa Agooraa, E Vaai Lavaaar Louça!
F - Já tô indo !.. Tenho que ir meninas, vocês podem me mandar o número de vocês ? Para que possamos manter contato.
Eu e Lari passamos o nosso numero pra ele, e nos despedimos com um beijo no rosto, senti minhas bochechas ficarem vermelhas... Assim que ele foi em bora eu e Lari ficamos conversando um pouco mais e falando sobre o que a gente tinha achado dele. Eu achei que ele tem uma educação impecável, um sorriso encantador. Pensei nele por uns minutos, eu admito, mas logo voltei a mim mesma. Fui para casa e encontrei minha família lá. Ficamos conversando por um tempo até eu decidir ir para a cama.