- Sim, estamos alugando. Por favor, entre senhor... - Ela dá uma pausa, esperando que ele continue.
- Styles. - Ele entra, tirando seu casaco e em seguida acompanhando meus pais até a o centro da sala.
Eles conversam por mais alguns minutos, mas não escuto já que decido colocar meus fones e ficar sentada na escada. Para minha infelicidade, meu IPod descarrega e eu fico com preguiça demais para ir lá em cima buscar o carregador. Então decido me levantar ouvir mais sobre o cara que quase me causou um ataque de pânico na noite passada.
- A quanto tempo você está na cidade? - Minha mãe pergunta, enquanto meu pai continua calado. Observando-o.
- Cheguei ontem, preciso de um lugar para ficar. - Sua voz era grave e pesada, como se ele estivesse em um enterro.
- Não sei se o que temos a oferecer é o que você procura. - Minha mãe hesita, pensativa.
- Tenho certeza que é! Posso dar uma olhada? - Ele se levanta, e meus pais fazem o mesmo. Eu continuo na mesma posição, de pé e encostada no batente da porta.
- Na verdade, é um galpão. Ele está com algumas coisas espalhadas lá dentro porque usávamos como um deposito, e a cama ainda está aqui dentro. - Meu pai, finalmente, entra na conversa.
O tal Styles continua parado, esperando uma resposta convincente para sua pergunta.
- Claro, vamos lá! - Minha mãe diz e eles caminham até onde eu estava. Sinto algo estranho, um desconforto, quando ele passa por mim.
Vou com eles até o espaço atrás de casa, as portas rangem quando o cadeado é destrancado e elas são abertas. Havia um armário em um canto da parede, com uma fina camada de poeira cobrindo-o e varias coisas, como brinquedos de quando eu e Thomas eramos pequenos e algumas maquinas que meu pai não usava mais, havia alguns anos. Em outra ponta estava uma cômoda de madeira com alguns livros velhos por cima. Mais à cima havia uma pequena janela redonda, perto do telhado de formato triângular. A cama que colocaríamos ainda estava no quarto da empregada, dentro de casa.
- Como pode ver, esse é o estado do lugar! - Fala meu pai, colocando as mãos na cintura e respirando fundo.
- Não está tão ruim, eu realmente preciso de um lugar para ficar. - O rapaz de olhos verdes e chapéu preto fala, olhando tudo a seu redor.
- Bem, estamos à sua disposição! - Minha mãe sorri.
- Se o senhor precisar de ajuda, podemos mover a cama para cá! Posso pagar adiantado. - Ele coloca sua mão no bolso e tira um maço de dinheiro, preso por uma liga amarela. Ali devia ter dinheiro suficiente para pagar umas dez diárias de um hotel de luxo.
- Eu... - Meu pai gagueja, acho que ele nunca vira tanto dinheiro de uma vez só. - Claro, não estou tão velho assim! - Ele coloca a mão em suas costas e se alonga.
Voltamos para dentro de casa o rapaz tira seu chapéu, mostrando seu cabelos cacheados, logo depois o terno e a camisa sócial, ficando apenas com uma camiseta branca que deixava as tatuagens, que eu não imaginei que ele teria, a mostra.
Eu subo para o quarto e observo pela janela todo aquele movimento no quintal. Não estou familiarizada com o que está acontecendo, desde criança vi aquele galpão desocupado, não consigo imaginar uma pessoa completamenteestranha vivendo ali.
Após terminarem meus pais entram e o 'Styles' fica olhando para dentro do galpão, fazendo meu coração disparar quando olha para mim e dá um pequeno - e talvez, sínico, sorriso. Ele faz o mesmo gesto de ontem anoite. Mas dessa vez, pega na "aba invisível" antes de curvar a cabeça e logo depois voltar a ergue-la.
Ele sai, e ouço alguma coisa sobre "se mudar amanhã" enquanto desço as escadas, me aproximando da sala.
- O que foi isso? - Meu tom sai mais alterado que o pretendido.
- O quê? - Minha mãe me olha, assustada.
- Jura que vocês vão deixar o primeiro estranho que aparecer se mudar para nosso quintal? - Vou atrás da minha mãe, que caminha devagar para a cozinha.
- Skye, ele parece ser um bom rapaz. Disse que veio à cidade para ficar mais próximo de alguns parentes.
- Ótimo, então por que ele não ficava na casa deles? - Estou realmente preocupada, ele me dá arrepios.
- Skye. - Minha mãe me lança um olhar severo. - Esse rapaz é a nossa salvação, e você não vai estragar isso! - Fico com um pouco de medo pelo fato dele estar segurando uma faca, para preparar o jantar.
- Pai... - Sussurro, olhando para a sala, buscando um suporte.
- Desculpe docinho, sua mãe tem razão! - Ele dá de ombros, e bebe mais um gole do refrigerante. Ele não bebe cerveja hà alguns anos.
Subo para o quarto, bufando e batendo os pés com força sobre o solo de madeira. Ao passar pelo quarto de Thomas, percebo sua porta a berta e ele deitado na cama. Jogando algum tipo de videogame.
- Hey, como você está? - Abro caminho entre as roupas e brinquedos jogados no chão, sentando-me ao seu lado na cama.
- Bem. - Ele responde, sem olhar diretamente para mim. - Mas você não está.
- É esse cara, acho ele meio assustador. - Respondo, enquanto brinco com os desenhos em seu lençol.
- Nisso tenho que concordar, ele é bem sinistro! - Ele levanta as sobrancelhas e da enfase no "bem".
- Exato! - Exclamo.
- Por mim, o galpão viraria uma sala de jogos. Ou qualquer coisa, menos uma casa pra esse cara. - Ele revira os olhos.
- Até isso seria melhor. - Suspiro.
- Se você quiser, podemos dar um jeito de espanta-lo. - Ele se inclina para mim, com um olhar malícioso.
- Eu não sei... - Antes que eu termine, ele salta da cama e corre em direção ao armário.
- Eu posso fazer uma armadilha, eu jogar aranhas nele enquanto dorme! - Ele estava animado, igual a quando tinha três anos e comeu muito açucar.
- Não acho que isso seja o ideal! - Junto as sobrancelhas.
- Então por que me atrapalhou? - Ele fecha a porta e se joga na cama. Frustrado.
- Queria ter certeza que alguém pensa igual a mim. - Levanto e vou até a porta. - Mas, deixa isso ai. Nunca se sabe quando vamos precisar. - Pisco um dos olhos e ele sorri.