Caminhando pelo Red Keep, Aemma se apressou em direção à porta que a levaria ao pátio, querendo ver Aemond treinar.
Sempre a emocionava assistir ele duelar com Ser Criston ou quem quer que se atrevesse, observando como ele segurava sua espada e como a girava intricadamente.
Era como se, sempre que ele segurava uma espada, ela se juntasse e se estendesse para se tornar parte de seu braço.
Ela saiu por uma porta que a levou a uma das muitas varandas que o Red Keep continha, esta com vista para o pátio, uma escada ao lado levando até ele.
Ela se lembrou quando seu pai, Viserys, costumava sentar aqui em seus melhores dias para assistir todos os meninos treinarem, mas ele não fazia isso há anos, com sua saúde diminuindo e também porque Rhaenyra levou seus filhos para Pedra do Dragão, sendo a última vez que Viserys os viu treinando.
Chegando à beira do muro de pedra, Aemma olhou para baixo, para o pátio abaixo, procurando por seu irmão gêmeo.
Ele não era difícil de ser visto, com seu longo cabelo loiro com apenas as mechas da frente amarradas para trás, sua espada de aço valiriano brilhando contra o sol e, sem mencionar, a enorme multidão ao seu redor e Ser Criston, todos apostando em quem eles achavam que ia ganhar.
Aemma sabia quem ia ganhar, ela já tinha visto Aemond derrubar Ser Criston muitas vezes, embora não duvidasse que Ser Criston não fosse bom.
Era difícil apostar, pois ambos eram habilidosos e familiarizados com os estilos de luta um do outro, tornando difícil saber quem venceria.
Mas Aemma tinha a sensação de que Aemond ia ganhar dessa vez, ele sempre parecia se esforçar mais quando ela estava assistindo e Ser Criston quase parecia diminuir a intensidade de seus golpes.
Ser Criston queria que Aemma ficasse impressionada com Aemond, mesmo que isso significasse que ele caísse de bunda de vez em quando.
Percebendo algo no canto do olho, Aemond olhou para cima na varanda onde Aemma estava agora.
Ela lhe lançou um sorriso gentil enquanto ele devolvia um sorriso convencido, jogando seu escudo de lado, que caiu na terra com um som abafado.
Voltando-se para Ser Criston justo quando seu Mangual quase o atingiu no rosto, distraindo-se um pouco com a beleza lá em cima.
Desviando no último segundo enquanto trocavam de posição, indo em círculo quase, Aemond se abaixando enquanto segurava sua espada contra Ser Criston.
Ser Criston então partiu para cima dele com seu Mangual, seus golpes teriam sido letais para qualquer outro homem, menos Aemond.
Aemond os desviava com graça, como se isso fosse uma dança para ele, movendo-se no último segundo, quase para fazer Ser Criston acreditar que ele ia acertá-lo antes de se mover sorrateiramente.
Isso lhe dava a vantagem, pois Criston não saberia seu próximo movimento até ele fazê-lo, atacando-o de surpresa, o que o permitiu desarmar seu Mangual, segurando sua espada em seu pescoço.
Aplaudindo, Aemma chamou a atenção para si mesma enquanto as pessoas viravam suas cabeças para ver sua princesa, suspirando ao vê-la, o belo vestido que ela usava e seu cabelo em cachos perfeitos, um sonho.
Entre a multidão estavam os dois filhos de Rhaenyra, Jacaerys e Lucerys, Jace e Luce. Ficando ali chocados enquanto observavam sua tia e um tio.
Quão habilidoso seu tio era com uma espada, fazendo com que Luce ficasse aterrorizado, já que ele tinha arrancado o olho de Aemond e se Aemond estivesse procurando vingança, ele estaria definitivamente perdido.
Eles observaram enquanto Aemma começava a descer as escadas, não podendo negar que ela era tão bonita quanto uma rosa.
Os dois meninos observavam com ciúmes enquanto viam as pessoas no pátio se curvarem para sua princesa.
No entanto, as mesmas pessoas os olhavam com desprezo por também não terem características valirianas, deixando um sentimento de raiva e ressentimento em Jacaerys especificamente.
"Bem feito, meu príncipe. Logo estará ganhando torneios em pouco tempo", Ser Criston parabenizou com um pequeno sorriso enquanto olhava discretamente para Aemma.
"Eu não dou a mínima para torneios", Aemond revelou, guardando sua espada na bainha, indo encontrar Aemma nas escadas, segurando sua mão e usando a outra para segurar o belo vestido dela para que não sujasse na lama.
Já quase inconsciente, para ele segurar o vestido dela toda vez que ela descesse para o pátio lamacento, especialmente quando ele ouvia sua mãe reclamando dela por ter manchas de lama por todo o vestido.
"Mesmo? Não gostaria de conquistar meu favor e me dar uma coroa, irmão?", Aemma brincou com ele enquanto voltavam para Criston.
Observando a interação entre os irmãos, Jace e Luce olharam mais de perto para sua tia e tio.
Percebendo que Aemond tinha o olho coberto por um tapa-olho, sua cicatriz marcando-o.
Olhando então para as mãos de Aemma, viram que elas estavam cobertas por um par de luvas, escondendo as marcas, aos olhos dela, de tons rosados e vermelhos.
"Já não conquistei seu favor, irmã?", Aemond brincou de volta com ela.
"Só quando vencer uma luta de verdade, Ser Criston estava indo fácil com você", Aemma sorriu de forma irônica.
"Talvez eu participe do próximo torneio", Aemond murmurou para Ser Criston, que ficou ali com um sorriso presunçoso, compartilhando um olhar divertido com Aemma.
Ignorando os olhares compartilhados entre Aemma e Ser Criston, Aemond então voltou seus olhos para outras duas pessoas que já estavam observando.
"Sobrinhos, vieram para treinar?" ele perguntou com um leve tom de deboche.
Ambos os meninos ficaram parados no lugar com a boca aberta, pegos de surpresa depois que Aemond os mencionou, chocados que ele teria percebido como eles pareciam, já que ninguém mais parecia ter notado.
Eles nem sequer imaginavam que ele teria prestado atenção em sua presença, estando tão concentrado em lutar com Ser Criston e envolvido com Aemma.
Os dois meninos logo descobririam que Aemond, mesmo com um olho, estava muito consciente de seu entorno e do que acontecia ao seu redor.
Aemma sempre brincava com ele que ele deveria se tornar o Mestre dos Sussurros um dia por causa de seu olhar perspicaz e conhecimento sobre tudo que acontecia no castelo.
Os dois meninos então tentaram gaguejar para responder quando viram os olhares expectantes dos gêmeos Hightower e de Ser Criston.
No entanto, eles foram interrompidos, ou alguns diriam salvos, pelo grito de homens.
"Abra os portões!"
Os portões então se abriram, revelando o Senhor Vaemond Velaryon, irmão de Corlys Velaryon, o homem que havia falado no funeral de Laena.
A razão pela qual os dois garotos Strong estavam em Porto Real em primeiro lugar.
Lord Vaemond estava cercado por cavaleiros Velaryon e Hightower enquanto caminhava pelo pátio, olhando diretamente para Lucerys enquanto passava por eles.
Aemond, embora mantendo uma expressão séria, tinha um sorriso nos olhos enquanto observava o homem Velaryon passar.
Aemma olhou entre todos no pátio, sem saber de que lado estava, pois sabia que era o direito de Lucerys ao trono da Madeira Deriva, mas se ele fosse um bastardo então ele não tinha direito algum, ele ou seu irmão.
Puxando o braço de Aemond, os dois começaram a subir as escadas novamente, Ser Criston os seguindo como Protetor Juramentado de Aemma.
"Tia? Tio?" a voz de Jace os parou, o grupo de três se virou para ele e Luce.
Aemma colocou um sorriso gentil e amigável enquanto olhava para ele.
"Parabéns por se casar, desculpe por termos perdido o casamento", Jace pediu desculpas.
O sorriso de Aemma desapareceu e ela olhou para Aemond e Criston com um olhar preocupado antes de colocar o sorriso de volta no rosto, esperando que seus sobrinhos não tivessem percebido.
"Mal posso esperar para conhecer meus primos", Jace disse com um sorriso falso.
"Eu e Aemond não estamos casados", Aemma lutou para dizer, aquelas palavras a machucando e também a Aemond, Ser Criston olhando para ela com tristeza.
"Oh? Tínhamos ouvido dizer que vocês estavam casados-"
"Ela está casada com Aegon", Aemond cuspiu para ele.
"Desculpe pela minha confusão, foi uma longa viagem, com licença", Jace sorriu ao provocar Aemond, parecendo já saber que Aemma tinha se casado com Aegon e não com Aemond.
"Não foi um incômodo, sobrinho", Aemma falou, querendo deixar o pátio. "Até mais tarde", ela acenou para ele.
Os três então continuaram seu caminho subindo as escadas e saindo do pátio, Aemma tendo que cutucar Aemond quando ele sussurrou silenciosamente sobre a legitimidade do nascimento dos dois garotos.