Há alguns anos desde aquela noite em Driftmark e desde então os filhos de Alicent e Rhaenyra não se viram.
Alicent e sua família com Viserys em Porto Real e Rhaenyra e Daemon com sua família em Pedrarruna.
No dia seguinte à partida, surgiram notícias de que Rhaenyra e Daemon haviam se casado em Pedrarruna seguindo os costumes dos Deuses Antigos.
Aegon e Helaena também se casaram, exceto que sua cerimônia foi na Fé dos Sete, os Deuses Novos.
Embora o casamento deles não parecesse estar indo muito bem, já que Helaena ainda não havia engravidado, as pessoas começaram a espalhar rumores de que ela era estéril.
Aemma cresceu e se tornou uma jovem deslumbrantemente bonita, seguindo os passos de sua mãe ao ser uma dama educada e cortês.
Embora tivesse espírito, algo que ela e seu irmão compartilhavam em comum, ambos eram os mais quietos da família, mas quando estavam juntos, nunca havia um momento de silêncio.
A saúde de Viserys continuava a declinar, ele agora faltando um braço e um olho, sua doença piorando e se agravando, deixando-o em grande parte confinado à cama e embriagado com leite de papoula.
Isso deixava a maior parte do trabalho para a Rainha e o Mão para assumirem, participando das reuniões do Pequeno Conselho, tomando decisões e assim por diante.
O que levou a esta reunião específica do Pequeno Conselho, embora não fosse exatamente uma reunião do Pequeno Conselho.
As pessoas reunidas na sala do Pequeno Conselho eram Alicent, a Rainha, Otto Hightower, o Mão, e Ser Criston Cole, o Guarda Juramentado da Rainha.
Era normal tê-los lá em cada reunião, mas a presença de Aegon, Helaena, Aemond e Aemma era fora do comum.
Aemond e Aemma estavam sentados juntos como dois grãos de ervilha, quase diante de todos, enquanto eram observados.
Parecia que eles eram os únicos presentes na reunião que não sabiam do que se tratava.
"Estou supondo que ouviram os rumores que circulam", começou Alicent de onde estava sentada na cabeça da mesa, olhando para Aemond e Aemma.
"Sobre o quê?", Aemond questionou para os dois, sempre havia rumores circulando pelo Forte Vermelho, era difícil focar em apenas um.
"Sobre o casamento de seu irmão e irmã", Otto respondeu de onde estava sentado à direita de Alicent.
"Que o útero de Helaena é estéril?", Aemma falou, olhando tristemente para sua irmã.
"Não exatamente", Alicent mordeu o lábio, olhando para seu pai em busca de ajuda para responder.
"Não é Helaena que tem o problema de gravidez", Otto desviou o olhar enquanto olhava para Helaena e Aegon.
"Então o que é?", Aemma franziu a testa, começando a cutucar as unhas, um hábito que ela havia adquirido de sua mãe.
Aemond nem mesmo olhou enquanto estendeu a mão para segurar a dela, impedindo-a de machucar ainda mais suas mãos, acariciando seu polegar sobre as cicatrizes em sua mão esquerda.
"Sou eu!", Aegon falou tristemente, sentado com olheiras profundas sob os olhos. "Não posso ter filhos."
"É por isso que temos um plano para garantir que nossa linhagem familiar continue", Otto explicou.
Aemond e Aemma olharam esperançosos um para o outro ao ouvir isso, sabiam que em algum momento provavelmente se casariam um com o outro, isso era apenas uma confirmação disso.
"É por isso que estamos casando Aemma com Aegon", Alicent revelou com um toque de tristeza em sua voz enquanto observava os gêmeos com apreensão.
Observando como seus rostos passaram da alegria para a confusão e a recusa. Aemma então franzindo a testa enquanto segurava as lágrimas e Aemond ficando vermelho de raiva.
"N-Não podem fazer isso", Aemond gaguejou enquanto se levantava com raiva, a cadeira voando para trás dele, punhos batendo na mesa. "Ele já é casado!"
"Nós vamos anular o casamento dele com Helaena e, em uma semana, ele se casará com Aemma", Otto disse a ele, sem margem para discussão.
"Mãe, você não pode concordar com isso", Aemond bufou, respirando pesadamente enquanto tentava se manter calmo.
Alicent olhou para o rosto angustiado de suas filhas ainda sentada, encarando o chão. Os olhos da mãe então se voltaram para onde sua filha ainda segurava a mão de Aemond com firmeza, sem querer soltar.
"Eu não entendo", Aemma chorou, olhando para sua família.
"Não podemos manchar o nome de Aegon-"
"Então mancharão o de Helaena!", Aemma gritou de seu assento, surpreendendo a todos com sua fúria ao interromper seu avô.
"Helaena quer estudar e se tornar uma septã", Otto argumentou. "E você se casará com Aegon."
"Que diferença isso fará se ele não puder ter filhos", Aemma chorou, sem entender nada, querendo gritar por que ela não poderia apenas se casar com Aemond.
"Você e Aemond realizarão essas obrigações e as crianças produzidas serão nomeadas herdeiras de Aegon", Otto explicou, tentando chamar a atenção de Alicent para apoiá-lo.
Mas Alicent não olhava na direção de seu pai, nem na de mais ninguém. Sentindo-se extremamente culpada.
"Então por que não posso simplesmente me casar com Aemond", Aemma reclamou, expressando suas opiniões anteriores.
" você quer que eu seja pai de crianças que não posso chamar de minhas?", questionou incrédulo.
"Isso é o fim", interrompeu Otto com um tom elevado, impedindo-os de continuar falando. "Aemma se casará com Aegon! Aemond realizará os deveres maritais que Aegon não pode!"
Tanto Aemond quanto Aemma estavam prontos para continuar com uma discussão acalorada entre eles e Otto.
No entanto, ambos olharam ao redor da sala para os rostos dos outros membros da família.
Alicent tinha a cabeça entre as mãos, Aegon tinha as olheiras mais escuras sob os olhos, Helaena estava olhando para a parede à frente e até Ser Criston não conseguia manter seu rosto estoico.
Era definitivamente uma ideia de Otto.
Vendo o quanto essa decisão afetava o restante da família, Aemond e Aemma respiraram fundo e apertaram mais as mãos um do outro para se acalmarem.
"Está bem", eles respiraram juntos, relutantes.
"Então vamos terminar com isso", concordou Otto, já saindo da sala quando terminou de falar.
Helaena e Aegon também saíram da sala atrás dele, Ser Criston seguindo e fechando as portas atrás deles e ficando de guarda do lado de fora da sala do conselho.
À medida que se preparavam para sair juntos, Aemond e Aemma voltaram-se para sua mãe, que ainda estava sentada com a cabeça entre as mãos no topo da mesa.
"Mãe", chamou Aemma gentilmente.
"Sim, Flor?", Alicent fungou, limpando o rosto com as mãos enquanto olhava para cima e forçava um sorriso para seus dois filhos.
"Por que você não simplesmente deixou Aemond fazer seus... deveres com Helaena?", perguntou Aemma nervosamente.
Alicent então deixou escapar um sorriso verdadeiro ao olhar para seus dois filhos. "O Mão", Alicent revirou os olhos. "Tentou sugerir isso, mas eu cedi e disse a ele que Aemond faria isso com você, então você teria que se casar com Aegon."
"Por quê?", Aemond falou, olhando para sua mãe, feliz por ela ter feito isso, mas questionando por que ela o fez.
"Porque eu sei que vocês se amam", Alicent revelou enquanto se levantava da mesa e caminhava até eles.
Parando diante deles, ela ergueu as mãos e acariciou as bochechas de ambos com sua mão.
"Vocês, meus queridos filhos, eu faria qualquer coisa por vocês", disse a eles com um sorriso, observando seus rostos.
"Sua felicidade é tudo o que eu quero neste mundo."
"Nós sabemos", Aemma sorriu, inclinando-se para a mão de sua mãe.
"Não, vocês não sabem", Alicent balançou a cabeça com um sorriso ainda estampado no rosto. "Vocês não podem realmente saber. Não até terem filhos seus."
Acariciando a cicatriz sob o olho de Aemond, Alicent então trouxe sua mão do rosto de Aemma para sua mão que não estava segurada por Aemond e acariciou as cicatrizes nela.
"Eu faria qualquer coisa por vocês. Qualquer coisa para mantê-los longe do perigo", ela enfatizou para eles, parecendo se perder em seus pensamentos enquanto seus olhos se desviavam por um segundo. "Eu queimaria cidades até o chão."
Respirando fundo, ela piscou os olhos e sorriu suavemente para eles. "Vocês são tudo que importa. Vocês dois e seus irmãos. Desde o momento em que entraram neste mundo, juntos", Alicent brilhou ao lembrar de seus gêmeos.
"Meu garoto", ela colocou a mão plana em seu rosto enquanto olhava para seus olhos violeta, depois virou os olhos para Aemma, onde, se você não prestasse muita atenção, nem perceberia o roxo nadando entre as cores. "Minha garota."
Ela então os puxou para um abraço materno caloroso e reconfortante, apertando-os com força enquanto fungava levemente.
Se afastando, Alicent tentou se recompor o máximo possível. "Agora vão, ouvi dizer que os cozinheiros estão fazendo bolos de limão, e se alguns deles desaparecerem antes do jantar..."
Alicent parou de falar, vendo a alegria se espalhar nos rostos dos gêmeos, seus covinhas aparecendo quando ambos lhe deram um beijo na bochecha, correndo para fora da sala em busca de alguns bolos de limão.
Alicent riu enquanto os via correndo pelo corredor, de mãos dadas enquanto Aemma segurava sua saia, ouvindo Ser Criston também rir na porta.