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ᴇsᴛʜᴇʀ ᴍᴀʀᴛɪɴᴇᴢ
14 de março de 2024
BERLIN, ALEMANHA
Não aguento mais.
Faz exatamente vinte e um dias que estou viajando e já quero estar no Brasil de novo. Porra, estou literalmente contando os dias.
As fotos se estenderam muito além do que eu imaginava. O projeto foi ficando cada vez maior e quando eu percebi já tinham até desfiles inclusos no contrato, e o que era para ser tudo em Nova York foi para França, Espanha e agora Alemanha.
São apenas dois desfiles para expor a coleção nova, um na França, que já aconteceu, e um no Brasil.
O desfile não foi ruim, muitas coisas positivas estão sendo ditas, mas eu não posso impedir meu cérebro de focar nas negativas. Nem me sentia preparada para voltar a desfilar agora, queria esperar mais um pouco, mas como eu poderia dizer não para isso?
É uma pressão absurda que eu não quero enfrentar de novo. Não agora.
Últimamente não tenho dormido direito, estou cansada para caramba, tinha me esquecido o quanto é exaustivo, e ainda tem o fato de eu querer ligar todos os dias para Joaquín. O fuso horário é totalmente diferente e, quando é de madrugada e eu deveria estar dormindo, eu estou conversando com ele.
Ele me ajuda muito o tempo inteiro, me tranquiliza antes dos ensaios e principalmente antes do desfile.
Bom, mas nesse meio não importa o que eu pense.
Mas eu tenho tentado me cuidar, não me permito colocar minha profissão acima da minha saúde novamente, outra coisa graças ao Joaquín.
Embarco de voltar amanhã, nem contei para ele, quero fazer uma surpresa. Falei que ainda não tenho previsão para voltar.
— Essa aqui ficou linda, Esther. — Minha assessora aponta para uma das fotos.
— É, eu gostei também — Digo, soltando um bocejo.
Já se passa da meia-noite e eu acabei de terminar as últimas fotos, eu preferi fazer tudo até o mais tarde possível para poder voltar logo.
Assim que sou liberada para voltar para o hotel, eu faço sem hesitar. Quando chego, a primeira coisa que faço é ligar para ele, deveria estar indo dormir. Meus olhos pesam de sono, mas sinceramente eu não me importo, a saudade é bem mais pesada.
" — ¿No debería estar durmiendo? — Pergunta assim que atende a chamada.
— Não, não estou com sono agora. — Minto — O que você está fazendo?
— Acabei de sair do treino. — Diz — No sabes lo que acabei de descobrir. — Seu tom de voz se anima.
— Conta! — Coloco a ligação no viva voz para ouvir enquanto tiro minha maquiagem.
— Veiga vai ser pai. — Abaixa o tom de voz para ninguém mais ouvir.
— O quê? Como assim? É com a tal da Bruna? Quantos meses? — Faço várias perguntas de uma só vez.
— No, ele já saiu dessa. — Ouço aporta do carro bater, como se ele tivesse acabado de entrar — Es de una morena, no recuerdo o nombre dela, pero sei que no es famosa.
— Eles estão juntos? — Franzo o cenho, não me lembro de ter visto o Veiga com ninguém.
— No, pero de alguna manera ele tem certeza de que es o pai. — Conta — Mudando de assunto, sabes quien preguntou de ti para mi madre?
— Não, quem?
Quem perguntaria de mim para tia Claudia?
— Carlo. — Diz apenas isso.
Uma única palavra que fez meu corpo inteiro gelar. Para que ele quer saber de mim?
— Perguntou onde tu esta morando e disse que siente su falta como se fosse hija dele. — Sua voz sai meio estranha, parece irritado, não sei. — Achei que no tinha una buena relacion com ele.
— O que sua mãe disse para ele? — A única coisa em que consigo pensar em responder é isso.
— Disse que no sabia, yo acho que sei lo porque ela mentiu. — Ouço um suspiro do outro lado da linha. — O que aquele cara fazia com ti, Esther?
Minha boca seca, não quero lembrar de nada disso.
— Olha, Joaquín, amanhã eu acordo cedo. — Pego o meu celular. — Preciso ir dormir.
Desligo."
Ele me liga de novo e eu não atendo, que merda, não sei o que fazer.
ᴊᴏᴀǫᴜɪɴ ᴘɪǫᴜᴇʀᴇᴢ
14 de março de 2024
SÃO PAULO, BRASIL
Paro de tentar ligar novamente depois da quinta ligação não atendida, puta merda, o que é isso?
Agora estou realmente preocupado.
Eu já estava surtando antes, agora então...
Estava surtando porque não aguento mais ficar sem ela, nem parece que já fiquei longe dela por seis anos.
Bom, mas é diferente, agora eu tenho realmente do que sentir saudades.
Me pergunto se vai ser assim o tempo todo, os dois sempre viajando a trabalho. Ela disse que quando voltar não vai aceitar trabalhos tão longes e duradouros assim, mas não sei se acredito.
E nem sou apenas eu que estou com saudades. Ontem levei Stella para dormir lá em casa e a menina chorou, perguntando pela "tia Esther".
— Tava falando com a sua loira? — Uma voz ao meu lado me assusta. Endrick ri do susto que levei, me encarando pela janela do carro. — Por que não me chamou pra falar com ela também?
Aparentemente, no último treino que a Martinez veio, eles viraram bem amigos.
— No tienes nada pra hablar con ela. — Encaixo a chave do carro na ignição — Vá caçar seu rumo.
— Me dá uma carona aí, o meu motorista arrumou outro filho e me esqueceu. — Faz um drama se referindo à Veiga e dá a volta no carro para entrar — Vou pôr uma música aqui, beleza? — Nem me espera responder e já começa a mexer no som.
Abusado.
— Quando a loira volta? — Volta a falar enquanto eu dou partida e murmuro um "não sei" — Po, Pique, assim não dá, como vamos organizar a festa?
— Por Dios, moleque, que fiesta? — O olho com os olhos arregalados.
— Pra receber ela, ué. — Diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Vai ser na casa do Rich.
Desde quando isso e por que eu não fui avisado?
— No tera fiesta alguma, tire essa ideia da cabeça. — Não sei se ela gostaria disso, não nesse momento.
— Como assim não vai ter? — Me encara como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo. — A gente precisa enturmar a única mulher que conseguiu colocar coleira em você.
— A gente pode ver isso después, tá? — Suspiro — Espere que ela volte e então podemos hacer algo.
— Tá, mas tem que ser surpresa, belê, não vai abrir essa boca. — Diz, parecendo frustrado.
— Sem chamar mucha gente e sem mucha bebida. — Digo e ele já vai começar a reclamar. — Esther está tomando algunos medicamentos y no puede beber, si la fiesta es para ela, então tiene que ser assim.
— Ela tá doente, é? E tá sentindo o quê? — Me olha esquisito — Não vai me dizer que você fez um filhote também?
— O quê? Claro que no! — Arregalo os olhos. — Esther no estás grávida, por Dios.
— Poxa, mula, já tava imaginando um mini Pique correndo pelo CT. — Nega, com a cabeça fazendo drama.
Sem querer, minha imaginação começa a trabalhar também, mas não com um mini eu, mas sim uma menininha com a cara dela.
Puta merda, o que eu tô pensando? Como faz para esse moleque calar a boca?
— Tá entregue. — Digo, aliviado por finalmente ter chegado em frente à casa dele.
O menino me agradece e enfim desce do carro, só então solto o ar preso em meus pulmões. Por que fiquei tão nervoso com esse assunto?
Assim que chego em casa, vou direto para o banho e depois para a cama. Até tentaria ligar para ela de novo, mas provavelmente deve estar dormindo, e eu não tenho certeza se ela quer falar comigo.
Fiquei tão imerso com o papo do Endrick que me esqueci totalmente sobre a reação estranha dela ao falar sobre seu antigo padrasto.
Pensar que ele pode ter feito algo com ela me deixa com raiva, principalmente de mim mesmo, que percebi na época que tinha algo estranho e não fiz nada. Ela me mandou não me intrometer e eu apenas obedeci.
Minha raiva aumenta mais ainda quando me lembro da maneira com que ele tocava ela, que olhava para ela, que falava com ela...
Passo a mão pelo cabelo e puxo alguns fios, segurando o impulso de ligar imediatamente para Esther.
Porra, isso é uma merda, ter ela longe é uma merda. Nem sei se ela está se cuidando e tomando os remédios certinho.
Do jeito que a loira é, provavelmente não.
Não tinha um trabalho mais perto não?
Meu celular apita e eu pego o mais rápido possível na expectativa de ser ela, mas, na verdade, é o Richard.
Tá me chamando para uma festa.
Se eu decidir ir, deveria avisar a Esther? Apenas avisar, o que é diferente de pedir permissão, eu não preciso de permissão para fazer nada.
Apesar de que eu acho que se ela me pedisse para não ir, eu não iria.
É melhor não ir mesmo, qual é a graça de ir a uma festa e não poder ir embora com alguém? Quer dizer, eu posso? Eu odiaria que ela ficasse com outras pessoas.
Meu Deus, tô muito confuso.
Sem nem falar do papo do bebê, que tá martelando minha cabeça. Espero que Endrick não fale sobre isso com ela, não quero parecer precipitado ou que pareça que eu comentei algo com ele sobre querer isso agora.
Como se o universo estivesse brincando comigo Julia me manda uma foto de Stella jantando e depois um áudio dela me dando "boa noite".
Minha mente não para de imaginar que poderia ser Esther me mandando uma foto assim de um bebê nosso.
Não, não, não, não.
Balanço minha cabeça tentando afastar isso.
Uma criança não seria ruim, né? Na verdade, a ideia me agrada muito. E sendo bem sincero, eu só consigo pensar em uma pessoa que quero que me dê isso.
OIEE,
Tudo bem?
Já peço desculpas pelos erros.
Capítulo chatinho, mas eu juro que o próximo tá MUITO melhor
Não queria dar essa notícia mas acho que faltam no máximo cinco capítulos para encerar...
Referências a outra fic aqui do perfil, vão lá leer (THAILAND — Raphael Veiga)
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