Acalla

By AllePereira

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Três nações disputam poder em um mundo mágico tomado por guerras políticas. Quando vê sua nação ameaçada, a r... More

🍃 Bem-vindas a Acalla 🍂
Episódio 01 - Origens I
Episódio 02 - Liera: O Início do Fim
Episódio 03 - Dranô: A Cidade em Chamas
Episódio 04 - Agda: Possessão I: Inconsequência
Episódio 05 - Liera: Pacto
Episódio 06 - Agda: Possessão II: Violação
Episódio 07 - Origens II
Episódio 08 - Dranô: Dualidade
Episódio 09 - Agda: Conexões I: Rompimento
Episódio 10 - Liera: Testemunhas
Episódio 11.1 - Dranô: A Palavra de Ordem
Episódio 11.2 - Liera: Anciã
Episódio 12 - Agda: Conexões II: Reconexão
Episódio 13 - Origens III
Episódio 15 - Dranô: Contato
Episódio 16 - Liera: Sacrifício
Episódio 17 - Agda: Decadência
Episódio 18 - Origens IV
Episódio 19.1 - Liera: Cisão
Episódio 19.2 - Dranô: Intrusa
Episódio 20 - Agda: Sentença
Episódio 21 - Liera: Impugnação
Episódio 22 - Agda: Morte
Episódio 23 - Liera: Preservação
Episódio 24 - Leona: Exilados

Episódio 14 - Liera: Traição

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By AllePereira

- Acalme-se! Tente ficar parada! - Kaú tentou me tranquilizar, ele avaliava a reação do meu corpo à ferida no ombro.

- Eu preciso... - A dor aguda ainda me impedia de levantar - Eu tenho responsabilidades a cumprir!

- A tua responsabilidade é a recuperação! Não se esforce tanto!

A despeito da dor e das recomendações do ancião curandeiro, eu me forcei a deixar o leito para caminhar entre os vários feridos. A ordem foi dada para que os sobreviventes do último ataque fossem tratados dentro do palácio contrariando os protocolos de segurança. Meus olhos repousaram em Tagi, eu me aproximei da garota para testemunhar seu estado de quase morte.

- Liera, retorne ao descanso em teus aposentos. Podemos continuar em outro momento, nada aqui te fará bem!

- Ela está fraca demais... O que você pode me dizer sobre o estado da garota?

O jovem ancião suspirou e me olhou com o semblante carregado de preocupação. Ele me conhecia muito bem tanto pela nossa relação hierárquica, quanto pela amizade que mantínhamos desde que ele foi nomeado pela entidade. Pelos cuidados que Kaú almejava prestar a mim, ele se absteria de me responder para não me causar maiores preocupações, exceto se aquela fosse uma ordem direta.

- Você me questiona como uma amiga ou na condição de minha regente?

- Eu te questiono na condição de responsável pela proteção do povo a quem nós dois servimos.

- Ela está particularmente mal... A cura parece surtir algum efeito sobre o ferimento, porém não na velocidade esperada. Vê essas marcas e essa substância viscosa? A pele e a carne estão sendo consumidas pela infecção causada pelos espinhos dos executores. Isso é muito diferente de tudo o que já testemunhei.

- E isso é um padrão?

- Existe um padrão, sim, a infecção se espalha pelos corpos corroendo... tudo.

Uma pausa desconfortante antecedeu minha próxima fala:

- Entendo. Então creio que...

- Não! O teu corpo não reagirá da mesma forma, você é uma anciã! O tempo e as entidades estão ao teu lado! Eu vou achar a cura!

Mesmo que o meu corpo resistisse à infecção, eventualmente ele seria consumido pela ferida crescente que matava a minha carne. A dor latente no ombro perfurado contaminava aos poucos outras partes próximas, eu olhei ao redor e presenciei corpos acometidos quase em sua totalidade pela mancha escura que se alastrava. Uma jovem praticante de magia com certeza sucumbiria antes de uma anciã, mas todos ali estávamos condenados ao mesmo destino. Naquele momento eu senti que falhei, senti que os ministros, anciões e toda a regência de Acalla falhou. Falhas que nem todos estávamos prontos para aceitar. Kaú parecia não compreender as próprias limitações diante da infecção, assim como parecia não aceitar que a cura nem sempre se sobressai à morte. Eu forcei um sorriso para reconfortar o ancião curandeiro e expressei:

- É bom contar com o auxílio do melhor curandeiro do reino.

- É um prazer servir a nação nestes tempos difíceis, minha regente. - O ancião da cura me reverenciou.

Meus conselheiros adentraram o salão reservado.

- Liera! Ser cuidada junto aos súditos não corresponde aos tratamentos previstos para a regente... não se exponha tanto! - Como sempre, meu conselheiro se apressou em questionar a minha autoridade.

- Minha regente, é admirável a tua iniciativa em proteger os teus súditos! É louvável que as atenções dos curandeiros estejam voltadas a todos em condição de igualdade, inclusive a você! - Kassandra atravessou a fala de Cassius encarando-o sem pudor.

- Eu agradeço, Kassandra! Em especial pelas tuas sábias palavras que me aconselharam a prosseguir desta forma! - Respondi à minha conselheira enquanto entreguei à Cassius um sorriso sarcástico.

- O garoto sobrevivente do ataque à Astandor também está aqui. Se estiver bem para isso, ele deseja vê-la! Posso levá-la até ele imediatamente.

Sem hesitar, eu estendi as mãos e Kassandra me levou ao garoto com uma performance mágica. Ao entrar nos aposentos vi que ele tremia como se falhasse em conter as próprias emoções. Havia ainda algo mais, uma energia nova emanava do jovem Dranô, a energia dos Filhos da Guerra.

- Eu não vou mais me desculpar pelas coisas que você tem passado. Penso que palavras não serão capazes de trazer conforto...

Nossos olhares se cruzaram, eu vi um brilho diferente no fundo dos seus olhos que refletiam a minha imagem levemente distorcida. Com as mãos trêmulas ele segurou as minhas e as posicionou em sua cabeça.

- Isso é uma permissão? - Ele assentiu. Eu não queria que restassem dúvidas sobre sua intenção. - Kassandra, cuide dos nossos corpos.

Performar a leitura mental para adentrar a mente de alguém era algo simples, manter-se ali era a parte complexa daquela magia. Todo mentalista sabia que, sendo a mente o cerne da intimidade dos seres, ela é também o lugar onde temos mais força mesmo que não tenhamos consciência do nosso potencial. Mentalistas experientes travaram batalhas dentro da mente de outros seres e morreram no processo, geralmente acontecia em mentes perturbadas, onde o alvo não controlava a própria força ou a de suas aberrações internas que nada mais são do que versões catastróficas de nós mesmos.

A mente de Dranô foi uma das mais críticas que eu entrei. A perturbação por todas as violências às quais ele ficou exposto o tornaram uma pessoa instável, em completo descontrole emocional e com um ressentimento que tinha forma própria, tinha vida própria. Ele estava preso no momento em que abandonou a irmã, quando ele a entregou para a morte pelos exilados naquele ataque. Não, aquela não era a forma como tudo havia acontecido, eu conseguia ver o véu da realidade que separava a fantasia do concreto. Eu vi que a ele não foi concedida a chance de fazer diferente.

Eu vi seu desejo pela despedida apropriada, o anseio pelos ritos justos que o ajudariam a superar a perda da família. Eu senti a culpa atribuída à Tagi e o desejo de vingança, desejo de morte que se associava também ao Executor e... a Leona? Aquele sentimento me causou estranhamento. Eu não consegui encontrar por meios próprios a lembrança que me explicasse aquele desejo, eu precisava que ele a trouxesse a mim e expressar aquilo exigiria extremo cuidado.

- Dranô, eu posso entender sua relação com a regente da Nação Exilada?

O caos de sua mente perturbada tomou a forma de uma densa tempestade. Eu tentei entender se ele estava respondendo com violência ou me expulsando por ter recusado o meu pedido, não havia espaço para interpretações equivocadas ali, era certo que um de nós sofreria uma morte fulminante caso eu precisasse me defender. Mas ele não me atacou, tampouco me expulsou. A tempestade foi causada pela dor que ele sentiu ao acessar aquela lembrança.

"Existem lembranças que não te causem dor, Dranô?" Pensei ressentida.

Nós voltamos ao momento do ataque ao Vilarejo da Fronteira. Eu senti a energia dos Executores, em particular a assinatura daquele que já era conhecido por ele. O garoto queria vingança à sua forma, morrer em seus próprios termos. A performance da levitação se fez presente... era ali que ela entraria? Sim, ela o salvou da execução. Ela lhe deu a palavra de ordem e... atuou em auxílio ao Executor? Eu precisava de mais detalhes.

- Eu preciso que se esforce para me mostrar mais. Tudo o que você tiver, tudo o que se lembrar!

Ele me trouxe a lembrança das palavras da regente.

"Os Filhos da Guerra te saúdam, a Nação Exilada está aberta às vítimas da negligência de Acalla. Clame por mim quando decidir juntar-se a nós!"

Existiam dúvidas sobre a escolha das palavras, mas em suma ele teve certeza quanto ao sentido e a intensão da mensagem. Seus sentimentos quanto a isso eram verdadeiros e concretos. Os meus próprios sentimentos diante daquela revelação me tornaram instável e a dor pungente exigia atenção. Eu precisava sair dali e me concentrei para deixar a mente de Dranô quando alguém me agarrou brutamente pela mão impedindo o retorno. A primeira coisa que senti foi a hostilidade, me voltei para minha nova companhia e encontrei Dranô... Não, aquele não era o jovem. A cavidade vazia dos olhos demonstrava que um outro alguém habitava aquela casca. Eu fiquei imensamente assustada com a interação, mas não poderia de forma alguma perder o controle.

- Leona? É você?

- Agdaaaaaaaaa!

Era ela! Só poderia ser ela! O rosto da criatura se rachou como o objeto quebrado, como a visão que já havia se apresentado a mim em Verídia através do espelho. Ela parecia se esforçar para manter a forma do garoto. O que tudo aquilo significava? Ela me apertou ainda mais mão, do vazio dos olhos escapava a infecção dos executores que contaminava o rosto rachado, os dentes serrilhados caíram um a um quando a cabeça se decompôs pela podridão da ferida. Eu não podia lutar ali pelo bem da mente do jovem, era preciso me retirar com urgência.

- Corpo e mente conectados pelo nascimento para sempre serão uma unidade, o momento da morte é a força única capaz de romper a ligação com brevidade...

A casca sem cabeça ainda se agarrava a mim pela mão que começava a se solidificar. A petrificação do corpo se espalharia por mim se eu não escapasse, eu ficaria presa ali sem ter a mínima ideia do que aconteceria depois. Eu me abaixei e apanhei um dos dentes afiados.

- ... a mensagem do socorro pela conexão mental percorrerá, e no mundo físico em meu corpo se apresentará!

Com cuidado, eu feri com o dente afiado o meu próprio pulso que estava preso à criatura, um filete de sangue escorreu pelo meu braço como um pedido de socorro ao mundo carnal. Não demorou para eu ouvir ao longe a voz familiar e acolhedora de Kassandra, minha conselheira sabia bem o que fazer naquela situação, sua fala estimulou minha mente me guiando para o retorno ao mundo natural.

Eu abri os olhos para encontrar a face de Dranô que também recobrava a consciência. Era evidente em sua expressão que ele não fazia a menor ideia do meu encontro com Leona. Eu limpei o pulso manchado pelo sangue em minhas próprias vestes. Kassandra me olhava com um olhar questionador e preocupado, mas ela sabia que não deveria questionar coisa alguma diante de um súdito, não tínhamos tempo ou privacidade para explicações ali. Eu me recompus para tentar acalmar meu coração e me voltei ao jovem:

- Você foi muito corajoso trazendo essa informação até mim. A Grande Nação de Acalla agradece o seu compromisso com o nosso povo.

Cassius chegou ali naquele mesmo instante, eu me levantei e me dirigi à minha conselheira:

- Certifique-se que o garoto tenha as necessidades atendidas, designe a ele uma cuidadora de sua confiança e depois venha a mim!

Eu me voltei ao conselheiro:

- Você, encontre Salazar e traga-o ao salão comunal, diga que é uma ordem direta da regente!

Me encaminhei ao ponto de encontro com os pensamentos em completa desordem, cada passo pela escadaria foi dado com as pernas trêmulas pelo pavor que aquele encontro me causou. Na sala comunal aguardei alguns instantes enquanto refleti sobre aquelas descobertas. Kassandra se materializou na entrada da sala antes dos demais.

- Tem algo mais acontecendo em Acalla, alguém se comunicou comigo na mente do garoto. Eu acho que era a Leona, ela chamou a forma que assumiu de Agda...

Cassius adentrou a sala juntamente com Salazar, eu interrompi o diálogo sussurrante dando espaço ao ministro que chegou reportando:

- Perdoe-me o atraso, minha rainha. Preciso informar-lhe que estava redistribuindo as tropas, sofremos baixas significativas nos últimos tempos.

- Ouçam-me! O garoto sobrevivente de Astandor teve um encontro com Leona no Vilarejo da Fronteira. Leona o defendeu do ataque de um dos executores de uma forma completamente questionável.

- Foi por isso que ela não se juntou a você e ao Yuri quando solicitada? - Lembrou Kassandra.

- Talvez. Aparentemente ela estava ocupada recrutando o garoto para o próprio clã. Ela sequer tentou esconder suas intenções. Ela deu a ele a palavra de ordem concedendo-lhe o uso da Telecinese sem o desejo dele! Ela prometeu a ele segurança longe de tudo o que está acontecendo em Acalla.

- Ela está manipulando o povo em um momento de fragilidade? Para quantas vítimas ela vêm oferecendo proteção fora de Acalla? – Cassius levantou a questão?

- Não sei, mas se conseguirmos avançar com a tal investigação vamos ter que olhar para isso também. Existe ainda uma lembrança visual em que ela teria ajudado o executor após atacá-lo.

O silêncio se fez presente enquanto eles, atônitos, absorveram a informação.

- Minha rainha, além da memória visual, qual outra base nós temos para avaliar a veracidade destes possíveis fatos? – Indagou Salazar de forma imparcial.

- Nenhuma. Cassius, vá à Floresta da Fronteira tão rápido quanto as suas responsabilidades lhe permitirem, retome as memórias daquele solo e reporte-se a mim.

Salazar interveio:

- Eu posso fazer isso, minha rainha. As tropas daquela região estão fragilizadas, eu precisarei retornar para lá ao término do nosso encontro. Permita que eu averigue a veracidade dos fatos.

Eu estava cansada demais para me importar com a proposta de Salazar que contrariava minha ordem ao conselheiro, então apenas assenti. Kassandra questionou:

- Um ancião exilado foi descoberto entre os Executores e agora isso? Alguém sabe o paradeiro de Leona?

- Não, e eu não consigo acessá-la também. Entretanto eu me tornei a anciã de um clã exilado, os poderes e a liderança de Sarsir são meus, o conselho administrativo da Nação Exilada exigirá a renúncia dessa autoridade e, quando o fizerem, Leona precisará vir até mim.

Salazar tomou a palavra:

- Eu temo esse encontro, minha rainha. Os rebeldes Exilados não são exatamente amantes dos tratados e dos protocolos, eles poderão tentar reaver a autoridade de Sarsir da mesma forma como você a obteve. Nenhum outro ancião carrega em si duas representações divinas, isso torna a sua cabeça a mais cobiçada. Se você perecer pelas mãos de outro ancião, então teremos alguém com o acúmulo de três representações e uma força nunca antes vista. Na condição de autoridade responsável pela sua segurança eu devo lhe advertir, penso que os nossos súditos não são o único bem que os exilados tentarão roubar de Acalla.

A verdade contida nas palavras do ministro acentuou o meu temor. Aquele foi o momento em que eu aceitei a certeza da minha condenação, pela ferida ou pela espada. A estratégia exilada para o alcance da vitória perpassava pela queda da regente de Acalla.

- Nós precisamos... te proteger! A nação vai te proteger! - Cassius expressou com a voz embargada.

- Nós precisamos lutar! - Disse Kassandra com firmeza - Já sabemos que o poder dos anciões é equivalente ao dos executores! Vocês presenciaram as performances de Liera e de Yuri em combate! Um executor caiu pelas mãos da anciã! Liera está mais forte agora, essa é uma vantagem que Acalla não deve desperdiçar!

Inspirada pelas palavras da minha conselheira e amiga eu cedi ao desejo. Minha existência estava condenada e meu corpo ferido seria uma perda insignificante em combate, o poder de uma anciã não poderia ser desperdiçado com a minha proteção e mesmo que eu o perdesse para os exilados, Acalla seria capaz de retomá-lo com a estratégia correta. Eu conteria os danos dos executores enfrentando-os em combate.

- Eu renego a proteção de Acalla, tampouco perderei tempo com a investigação enquanto o meu povo morre. Se é certo que os Exilados recobrarão o poder de Sarsir buscando o fim da vida da regente, então que o nosso embate se dê no campo de batalha! Eu vou lutar ao lado da nação!

- Não. Apenas... não. Você não tem autoridade para isso, as nossas leis... existem leis! Tamanha exposição deliberada enfraquece a nação, isso pode ser considerado traição! - Cassius se exaltou em um manifesto de negação.

- Liera, por quê? - Salazar questionou expressando feições de incredulidade - Você precisa de cuidados, de proteção! Você ouviu tudo o que eu disse? Você é valiosa demais para o campo de batalha!

- O que você fez no Vilarejo da Fronteira? O que qualquer um de vocês fizeram no Vilarejo da Fronteira? Os executores são fortes contra o povo, contra os teus soldados! A força combinada de dois anciões foi o suficiente para cessar a investida! Eu sempre sou reconhecida pela minha delicadeza, elogiada pela minha aparência, mas ninguém se preocupa em validar a minha força! E há algo mais, a parte que vocês parecem esquecer ou não aceitar: EU ESTOU CONDENADA! A REGÊNCIA DE LIERA ESTÁ PRÓXIMA DO SEU FIM! Vocês não devem se preocupar comigo, preocupem-se com o povo!

Eu tomei fôlego para tentar me acalmar. Passei minhas mãos trêmulas pelo rosto e baixei o tom de voz antes de continuar:

- Preocupem-se com o povo, é o que eu estou fazendo aqui. É tarde para mim, mas vocês ficarão então sejam fortes como eu estou sendo! É certo que a representação do mentalismo não pode cair em mãos exiladas, por isso eu espero poder contar com qualquer um de vocês para a performance do ato final contra a vida regente.

Todos ali se calaram. Salazar me encarava de forma inexpressiva. Meu conselheiro se dirigiu a uma das janelas para contemplar os entornos do palácio enquanto tentava lidar com as próprias frustações. Havia orgulho no olhar de Kassandra, sentimento este que não ocultou em sua face o medo que ela sentia causado pela mera ideia de me perder.

- Como ficará a representação nas investigações? Você assumiu um pacto... - Cassius questionou sem se voltar a mim.

- Eu posso assumir, minha regente, posso reportar a você todas as ações relacionadas às investigações - Kassandra se prontificou.

Salazar caminhou até a pesada mesa circular no centro da sala enquanto questionava:

- Se a Leona realmente tiver feito isso, por que o Ritual ainda não emergiu para cobrar o preço pela quebra do acordo? - Ele removeu os tecidos colocados para ocultar a criatura que ali crescia em repouso, ela não era agradável aos olhos.

- O compromisso que assumimos ao selar este pacto foi quanto à interferência nas investigações, ela não precisa interferir em nada se cobrir bem os próprios rastros.

Cassius se juntou a nós ligeiramente assustado por um pensamento que invadiu sua mente, ele propôs um outro raciocínio sobre a fala de Salazar dizendo com cuidado:

- Mas o ponto do ministro é válido se o analisarmos pelo viés do outro compromisso que ela tem conosco. Como Leona está fazendo tudo isso sem quebrar o Pacto de Paz?

A resposta para aquela pergunta era tão óbvia quanto desconfortante e ninguém ousou pronunciá-la em voz alta. A melhor estratégia para não despertar a fúria do Pacto de Paz era associando-se a um aliado, alguém que pudesse agir de dentro de Acalla atacando a própria nação.

***

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